FRUTICULTURA NO NORDESTE BRASILEIRO: O POTENCIAL DAS ESPÉCIES NATIVAS E DE INTRODUZIDAS POUCO CULTIVADAS*
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- Elisa Bayer Sacramento
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1 ISSN X N" 20, jun.196, p.1-5 FRUTICULTURA NO NORDESTE BRASILEIRO: O POTENCIAL DAS ESPÉCIES NATIVAS E DE INTRODUZIDAS POUCO CULTIVADAS* José Herculano de Carvalho2 A fruticultura apresenta, no Nordeste brasileiro, um enorme potencial para diversificar-se, tanto pelo cultivo de espécies nativas atualmente utilizadas em sistema de extrativismo, como pela ampliação da área ocupada por espécies introduzidas na região, que, apesar de bem conhecidas, são pouco cultivadas comercialmente. O umbu, a cajá, o bacuri e o piqui, entre as nativas, e a ata, a graviola, o sapoti e a carambola, entre as introduzidas, são apenas alguns exemplos de frutas cuja exploração pode ser aumentada. É interessante lembrar, por exemplo, que, há algumas décadas, o cajueiro era explorado extrativamente, enquanto hoje é cultivado em larga escala, possibilitando o surgimento de uma dinâmica agroindústria. Na Tabela 1, é mostrada uma relação de espécies nativas ou introduzidas no Nordeste. Evidentemente, várias dessas espécies apresentam hoje uma potencialidade de comercialização muito reduzida e, talvez, nunca venham alcançá-la significativamente. Entretanto, muitas outras poderão contribuir para incrementar a importância econômica da fruticultura nordestina. Para o desenvolvimento desse potencial, são necessárias ações de pesquisa, de mercadologia e de fomento e política ag~ícola, que serão comentadas brevemente a seguir e sem a pretensão de esgotar esses assuntos. A - PESQUISA a, - Estudos etnobotânicos: permitirão encontrar as formas tradicionais de utilização dessas frutas no Nordeste, incluindo o preparo de doces, sucos, refrescos, etc., que poderão servir como indicação para o desenvolvimento de atividades agroindustriais. a, - Levantamentos botânicos: identificarão as espécies de fruteiras existentes nas diversas zonas ecológicas do Nordeste, definindo os locais de maior concentração de uma ou mais espécies. Por exemplo, nos municipios de Anapurus e Brejo, MA, há uma grande população de bacurizeiros, com uma notável diversidade, o que é valioso para seu melhoramento genético. 'Resumo de palestra proferida no LI Simpósio Piauiense de Fruticultura, realizado em Teresina, de 7 a 11 de novembm de 1995 Tng. Agr., M.Sc., pesquisador da EMBRAPA, Centro de Pesquisa Agropenifiria do Meio-Norte (CPAMN), CEP Teresina, PI.
2 Doc.DO, CPAMN, jun.196, p.2 a, - Coleção e avaliação de fmteiras nativas e exóticas: é importante estabelecer pomares de fruteiras nativas e exóticas, que servirão para estudos básicos de fenologia, produção, tratos culturais, etc., além de constituírem uma fonte acessível de materiais para estudos químicos, bromatológicos, de propagação e outros. Esses pomares serão úteis também para fins didáticos e de divulgação, através de visitas de pessoas interessadas. a, - Métodos de multiplicação (sementes, estacas, enxertia, microenxertia, cultura de tecidos, etc.): estudos nessa área são fundamentais para o desenvolvimento da fruticultura, particularmente daquelas espécies cuja biologia é pouco conhecida. a, - Melhoramento genético: a seleção de matrizes vigorosas e produtoras de frutos de boa qualidade é o passo inicial para um programa de melhoramento genético. Essa é, portanto, a primeira providência que deve ser tomada nesse item. A grande diversidade existente permitirá a obtenção de fmtos com maior valor comercial. No caso de algumas espécies, sugere-se que, nessa fase inicial, sejam também realizados estudos para a redução do seu porte. a, - Manejo (adubação, tratos culturais, imgação, etc.): são necessários estudos para a obtenção de informações básicas sobre o cultivo dessas espécies. a, - Sistemas integrados de produção: deverão ser avaliados sistemas que integrem a fruticultura com outros tipos de exploração, contribuindo para o uso mais racional dos recursos naturais. Um exemplo disso é o cultivo do cupuaçueiro associado a babaçuais, como vem sendo feito por pequenos produtores no Maranhão. a, - Colheita e pós-colheita: deverão ser determinados o ponto de colheita de cada espécie, os períodos recomendados de armazenamento e as perdas que ocorrem, mudanças na composição química dos frutos, métodos de embalagem e de transporte, etc. a, - Tecnologia agroindustrial: deverá ser dada prioridade ao desenvolvimento de tecnologias para o aproveitamento caseiro dos fmtos e para estabelecimentos de pequeno e médio portes. Todas essas ações deverão ser feitas através de um trabalho integrado de instituições públicas de pesquisa (EMBRAPA, universidades, empresas estaduais, etc.) e de extensão rural, de empresas privadas e de fruticultores. O desenvolvimento de uma fmticultura de espécies ainda pouco exploradas comercialmente requer medidas de fomento e política agicola, tais como: b, - Criação de linhas de crédito para o cultivo, agroindústria e aproveitamento artesanal dessas espécies. b, - Estabelecimento de viveiros para a produção de mudas.
3 Doc.120, CPAMN, jun.196 p.3 b, - Utilização de frutas regionais em programas públicos de merenda escolar. b, - Dinamização das açóes do Programa de Apoio a Produção eexportação de Fmtas, Hortaliças, Flores e Plantas Ornamentais (FRUPEX), ou de outros semelhantes, fomentando espécies regionais do Nordeste e ampliando sua área geográfica de atuação. b, -Fazer cumprir regulamentos de proteção existentes, como a lei no 3.888, de 26/09/83, do estado do Piauí, que proíbe a derrubada de diversas espécies, incluindo o piqui, o buriti e o bacuri. b, - Estabelecimento de áreas de proteção em locais de grande ocorrência de espécies nativas de interesse. C - MERCADOLOGIA Deve ser estimulado o consumo dessas fmtas, principalmente levando-se em consideração suas qualidades já conhecidas e apreciadas, assim como outros aspectos que venham a ser descobertos, tais como elevado teor de uma determinada vitamina, de sais minerais, etc. A divulgação da acerola no Brasil e o melhoramento genético, cultivo e exportação do "kiwi" ou quivi pela Nova Zelândia são exemplos de casos de sucesso, envolvendo espécies anteriormente pouco conhecidas. O consumo dessas fmtas deve ser divulgado através dos meios de comunicação, de feiras agropecuárias nacionais e internacionais, de congressos, etc. As agências de turismo também devem participar ativamente dessa divulgação. Incentivar o consumo de fmtas regionais como uma atração turística poderá dar bons resultados.
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5 Doc./2O, CPAMN, jun./96.p.5 Continuação... Nome comum Juw (aç4 Jambo rosa Jambo vermelho Jamelão (azeitona) Jatobá Jenipapo Juá Junibeba (lobeira) Laranja Laranja-da-terra Lima Limão Mamade-cachom Mamão bravo (jaracatiá) Mandam Manga Mangaba Maracujá Murici Murta Mutamba Oiti Olhode-boi Piqui F'itomba Pomelo Quixaba Romã Sapoti Sipucaia Seriguela Tâmara Tamarindo Tangerina Toranja Totó (marmelada) Trapiá Tuturubá Umbu Umbu-cajá Uva Uvaia Xique-xique Nome cieniüiw Euterpe oleraceae Eugenia jambos Eugenia malaccensis Eugenia jambolana Hymenaea spp. Genipa americano Zi~phus joazeiro Solanum grandiflorum Citrus sinensis Citrus aurantium Citrus aurantifolia Citrus limon Vitex flavens Jaracatia dodecaphylla Manilhra sp. Cereus jamacaru Mangifera indica Hancornia speciosa Pussiflora edulis Byrsonima spp. Eugenia insipida Guazuma ulmifolia Moquilea tomentosa Diospyos sp. Caryocar coriaceum Talisia esculenta Citrus grandis Mouriria pusa Bumelia sertorium Punica granata Achras sapota Lecythispisonis Spondius purpurea Phoenix daciylifera Tamarindus indica Citrus reticulata Citrus mmima Alibertia? Crataeva tapia Pouteria macrophylla Spondias tuberosa Spondias sp. vitis spp. Eugenia uvalha Cephalocereus gounellei Fada Palmae (Arecaceae) Myriaceae Myriaceae Myriaceae Leguminosae Caesalpinoideae Rubiaceae Rhamnaceae Solanaceae Vehenaceae Caricaceae Cactaceae Apocynaceae Passifloraceae Malpighiaceae Myrtaceae Sterculiaceae Cbrysobalanaceae Ebenaceae Caryocaraceae Sapindaceae Melastomataceae Punicaceae Lecythidaceae Palmae (Arecaceae) Leguminosae Caesalpinoideae Rubiaceae Capparidaceae Vltaceae Myrtaceae Cactaceae
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