CONTRATO DE TRANSPORTE (Art. 730 a 756, CC)
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- Alexandre Figueiredo Taveira
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1 CONTRATO DE TRANSPORTE (Art. 730 a 756, CC) 1. CONCEITO O contrato de transporte é o contrato pelo qual alguém se vincula, mediante retribuição, a transferir de um lugar para outro pessoas ou bens. Art. 730, CC. Pelo contrato de transporte alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas. Pela dicção do art. 730, observamos que o contrato de transporte se compõe de três elementos: o transportador, o passageiro e a transladação. Transportador: Aquele que executa o transporte. Passageiro: Pode ser a pessoa que adquiriu a passagem ou quem recebeu deste. Aquele que entrega as coisas para o transporte se chama expedidor. Transladação: Que é a transferência ou remoção de um lugar para outro. O contrato de transporte se caracteriza precipuamente na atividade desenvolvida pelo transportador, de deslocamento físico de pessoas ou coisas de um local para o outro, sub sua total responsabilidade. Constitui, bem a verdade, o objeto específico do contrato de transporte. Necessário ainda que o objeto do contrato seja especificamente o deslocamento (pessoa/coisa), vez que em algumas situações a relação de transporte pode apresentar-se
2 como acessória de outro negócio jurídico, como a venda de uma mercadoria que deverá ser entre em outra localidade. Diante do exposto, o contrato de transporte gera, para o transportador, uma obrigação de resultado, qual seja, a de transportar o passageiro são e salvo, e a mercadoria, sem avarias, ao seu destino. E a não obtenção do resultado importa o inadimplemento das obrigações assumidas e a responsabilidade pelo dano ocasionado. 2. CARACTERÍTICAS Contrato de adesão: Categoria de contrato em que as partes não discutem amplamente as suas cláusulas, como acontece no tipo tradicional, ou seja, cláusulas préviamente estipuladas por uma das partes, às quais a outra simplesmente adere. Há uma espécie de preponderância da vontade de um. Via de regra existe um regulamento, previamente redigido por um deles, e que o outro aceita ou não contrata. O regulamento é baseado em normas legais inclusive. Exemplos: Quem toma um ônibus, avião, taxi, etc...tacitamente celebra um contrato de adesão com a empresa transportadora e adere ao seu regulamento. E o transportador assume a obrigação de conduzi-lo ao seu destino, são e salvo. Bilateral ou Sinalagmático: pois gera obrigações para ambas as partes; Consensual porque se aperfeiçoa com simples acordo de vontades; Oneroso porque as partes buscam vantagens recíprocas, o destino para a coisa ou para o passageiro e preço para o transportador;
3 Típico porque previsto no CC de 2002; De duração pois sua execução não se limita em um só ato ou instantaneamente, necessitando sempre de um lapso temporal para ser cumprido; Comutativo porque as partes conhecem as obrigações respectivas de início, não dependendo de evento futuro ou incerto; Não solene porque não depende de forma prescrita para ser concluído. 3. ESPÉCIES DE TRANSPORTE: O Código Civil de 2002 disciplinou o contrato de transporte em capítulo próprio, dividindo-o em três seções intituladas: Disposições gerais, Do transporte de pessoas e Do transporte de Coisas. Portanto, o transporte é de pessoas e coisas, e pode ser terrestre, aéreo e marítimo ou fluvial. O terrestre, por sua vez, se subdivide em ferroviário e hidroviário. Em função da extensão coberta, pode ser também urbano, intermunicipal, interestadual e internacional. Observação: O transporte de bagagem é acessório do contrato de transporte de pessoas. O viajante, ao comprar a passagem, assegura o direito de transportar consigo a sua bagagem. Ao mesmo tempo, o transportador assume, tacitamente, a obrigação de efetuar o transporte. Art. 734, CC: O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da indenização.
4 4. DISPOSIÇÕES GERAIS APLICÁVEIS ÀS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO DE TRANSPORTE Art O transporte exercido em virtude de autorização, permissão ou concessão, rege-se pelas normas regulamentares e pelo que for estabelecido naqueles atos, sem prejuízo do disposto neste Código. Na seção de disposições gerais o Código traçou regras comuns a todos os contratos de transporte, fazendo, porém, certas ressalvas. Assim, nos termos do art. 731, sempre que o transporte for privativo do Poder Público, pode este conferir a exploração a particulares por meio de institutos do direito público, como a autorização, permissão ou concessão. Nesse caso, o Estado fixa as regras, as condições e as normas que regerão os serviços, sobretudo no tocante a itinerários, tarifas, prazos e normas regulamentares, sem prejuízo das disposições do Código Civil. 5. O CARÁTER SUBSIDIÁRIO DA LEGISLAÇÃO ESPECIAL, DOS TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS. Art Aos contratos de transporte, em geral, são aplicáveis, quando couber, desde que não contrariem as disposições deste Código, os preceitos constantes da legislação especial e de tratados e convenções internacionais. 6. TRANSPORTE DE PESSOAS: No transporte de pessoas, mediante o pagamento do valor da passagem pelo usuário, o transportador obriga-se a cumprir o contrato, deslocando a pessoa e sua eventual bagagem, com
5 segurança, sem danos, até o lugar previsto, obedecendo aos horários e itinerários. E a partir do momento em que o indivíduo incide na direção de esfera do transportador, responde pela integridade/incolumidade da pessoa. - O art. 734 do CC prescreveu a responsabilidade objetiva do transportador, proibindo qualquer cláusula de não indenizar, inclusive não afastando quando o dano for causado por culpa de terceiro, vez que nesse caso o transportador permanece responsável perante o passageiro, tendo, todavia, ação regressiva perante o terceiro (art. 735). Transporte ferroviário: início quando o passa pela roleta e ingressa na estação de embarque. Transporte rodoviário: A execução se inicia com o embarque. Transporte aéreo: Início da execução da avença. Transporte Ferroviário. Passageiro atingido por uma bala de revólver enquanto aguardava o trem na plataforma de embarque. Ferrovia que se responsabiliza pela incolumidade física do usuário a partir do momento em que este adquire o bilhete de acesso, até o instante em que ele chegue ao seu destino. Inocorrência de caso fortuito ou força maior. Indenização devida aos familiares da vítima. (RT, 795/228). A única excludente de responsabilidade seria a forcaa maior (derivada dos acontecimentos naturais), como raio, inundação, terremoto, etc...não abrangeu situações como greve, motim, guerra, que seriam Casos Fortuito (que decorre do fato alheio à vontade das partes). - Exemplos: estouro de pneus, quebra de barra de direção, rompimento dos freios e outros defeitos mecânicos não afastam a responsabilidade do transportador. Não elide a responsabilidade a culpa de terceiros: Art. 735, do Código Civil. Em matéria de responsabilidade civil o transportar e a jurisprudência já na vinha admitindo como excludente o fato de
6 terceiro. Justifica-se o rigor, tendo em vista a maior atenção que deve ter o motorista obrigado a zelar pela integridade de outras pessoas. Súmula 187: A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. - Assim, deve primeiro indenizar o passageiro para depois discutir a culpa pelo acidente, na ação regressiva movida contra terceiro. - O fato de terceiro só exonera o transportador quando efetivamente constitui causa estranha ao transporte, isto é, quando elimina, totalmente, a relação de causalidade entre o dano e o desempenho do contrato, como na hipótese de o passageiro ser ferido por uma bala perdida. Responsabilidades do passageiro: O passageiro tem a obrigação de observar as normas estabelecidas pelo transportador, especificadas no bilhete ou que de outra forma lhe tenha sido dado conhecimento, bem como de se comportar de maneira a não incomodar ou prejudicar os demais passageiros, a não danificar o transporte, dificultar ou impedir os serviços de transporte (Art. 738, CC). - Regras de rescisão do contrato de transporte pelos passageiros. 7. TRANSPORTE DE COISAS - No transporte de coisas, o transportador tem a obrigação de levar o bem que lhe foi entregue ao destino solicitado, dentro do prazo contratado ou previsto, devendo tomar todas as providências e os cuidados para manter o seu bom estado.
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