1. Os alvores da Idade MédiaM 2. O Portugal medieval (séculos XII a XV)
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- Denílson Bentes Veiga
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1 CET ATNA 2007/2008 CULTURA PORTUGUESA 1. Os alvores da Idade MédiaM 2. O Portugal medieval (séculos XII a XV) Para uma Cronologia 1096 Casamento de D. Henrique de Borgonha com D. Teresa, filha de Afonso VI de Leão. Recebe como dote as terras a Sul do rio Minho: Condados Portucalense e de Coimbra Morte do Conde D. Henrique 1117 D. Teresa começa a usar o título de Rainha em documentos 1128 Batalha de S. Mamede (vitória de D. Afonso Henriques contra as forças de D. Teresa e Fernão Peres de Trava) 1131 Capital em Coimbra; início da construção do Mosteiro de Santa Cruz 1139 Batalha de Ourique: primeira grande vitória contra ocupação árabe D. Afonso Henriques passa a intitular-se rei. Docente: Susana Filipa dos Santos Gonçalves Para uma Cronologia Portugal 1143 Conferência de Zamora: Tratado de Paz entre D. Afonso Henriques e o seu primo D. Afonso VII de Leão (6) Casamento de D. Afonso Henriques com D. Matilde, filha do conde de Sabóia. florestas e brenhas cobriam grande parte do país, apenas se notava um montículo de casas aqui e além 1147 Conquista de Santarém e Lisboa 1153 Fundação da Abadia de Alcobaça 1179 Reconhecimento do título de Rei pelo Papa Alexandre III Bula Manifestis Probatum Sobe ao trono D. Sancho I após falecimento de D. Afonso Henriques apenas em certas zonas o panorama era um pouco diferente: - Minho Povoados mais pequenos - Estremadura mas mais espalhados pelo - Certas zonas litorais território nortenhas e algarvias 1
2 Portugal Portugal Até ao Tejo praticamente não existiam cidades, excepto: Braga Coimbra Guimarães Guarda Porto Os grandes núcleos de habitantes situavam-se no sul, herdeiros da tradição romana e islâmica: Leiria Estremoz Santarém Elvas Tomar Olivença Torres Vedras Évora Lisboa (no século XII era tão importante quanto Guimarães, Coimbra ou Santarém) Beja Almada Mértola Setúbal Entre as diversas regiões do país as comunicações eram escassas e assentavam quase exclusivamente nas condições do solo: se o terreno era plano havia possibilidade de haver veredas de terra batida, atalhos e estradas se os rios eram navegáveis se a linha de costa era pouco distante havia uma certa regularidade e rapidez se as condições não o permitiam, a situação alterava-se, portanto tínhamos zonas a viver completamente à parte, isoladas. População: Portugal 1 milhão de habitantes que se distribuiam irregularmente de norte a sul não excedendo a média de 11 habitantes por km2 Portugal vivia-se principalmente da agricultura: cereais vinho azeite só se exportava vinho, às vezes algum azeite, muito raramente o trigo nas zonas litorais a pesca e o sal desempenhavam um lugar de relevo, tanto na alimentação como na economia a venda da fruta era lucrativa no Algarve: figos, uvas e amêndoas o artesanato era reduzido e confinado às necessidades de consumo: artigos de vestuário calçado objectos de ferro, madeira e barro alfaias domésticas e agrícolas os bons tecidos tinham de ser importados da Flandres e da Itália, assim como armaduras e munições, e uma infinidade de artigos manufacturados. 2
3 Portugal o comércio foi-se desenvolvendo sobretudo a partir do século XIII, quando o intercâmbio marítimo com Portugal começou a substituirse às viagens dos cruzados, sobretudo fomentado pelo Estado pelos incentivos às feiras. também importante foi a tradição comercial que foi aculturada dos muçulmanos no século XIII também houve um estímulo à circulação monetária, embora a troca por escambo se mantivesse durante muito tempo, e não fosse totalmente abalada. Este aspecto é notado pelas poucas espécies monetárias que encontramos em Portugal durante a Idade Média: a moeda de ouro era rara e deixou de ser cunhada a partir do século XIII a moeda de prata não existiu até meados do século XIV só a moeda de bolhão com cerca de uma grama de prata era utilizada havia ainda moeda estrangeira em circulação Portugal Organização social: Todos os grupos eram muito diferenciados por códigos de comportamento, direitos e deveres Nobreza (belatores) função: defesa, guerra durante a Idade Média começa a ganhar mais importância a linhagem que a força física, porque o perigo da limpeza de sangue (burguesia) começava a ameaçar Clero (oratores) função: rezar, orar, ligação com o sagrado, salvação eterna não era homogéneo: regular (muito fechado sobre si) secular - não pagavam impostos - recebiam protecção superior - assumiam direitos sobre os populares Portugal Portugal Povo (laboratores) não privilegiado fraccionava-se em múltiplos grupos burgueses mesteirais ou homens de ofício (incluindo os homens do mar) homens-bons casta superior de lavradores, pequenos proprietários, que possuíam cavalo e armas para ir à guerra (cavaleiros-vilãos) peonagem grupo de rendeiros, foreiros, colonos, fisco caía sobretudo em si servos e escravos assalariados rurais fora de toda esta estrutura vivia ainda uma classe bem diferenciada mas muito homogénea letrados lentes da universidade tabeliães advogados físicos boticários A concepção de tempo era muito diferente do nosso, mais impreciso menos necessária uma contagem rigorosa menos nítida a sua utilidade o tempo era o sol e a treva Estava em vigor a Era de César, com 38 anos de diferença em relação à Era de Cristo, que só muda em 1422 também a contagem dos dias do mês era pelo sistema romano: calendas, idos, nonas os pontos de referência em relação ao tempo eram muitas vezes as festas religiosas e não tanto os dias do mês 3
4 INSTITUIÇÕES E MEIOS DE TRANSMISSÃO CULTURAL NA IDADE MÉDIA M PORTUGUESA Transmissão oral: principal meio de transmissão cultural Actores jograis / recitadores trovadores cantores músicos ambulantes poemas e narrativas versificadas (de onde nascem o poema lírico e o romance) línguas locais destinam-se a um público iletrado inspira-se na vida e interesses deste público com pretensão à imitação dos nobres INSTITUIÇÕES E MEIOS DE TRANSMISSÃO CULTURAL NA IDADE MÉDIA M PORTUGUESA A cultura tradicional fixava: padrões de vida visão do mundo escala de valores património literário oral ditames da sabedoria prática 4
5 INSTITUIÇÕES E MEIOS DE TRANSMISSÃO CULTURAL NA IDADE MÉDIA M PORTUGUESA Transmissão escrita: meio acessório de transmissão cultural livros: folhas de pergaminho cópia manuscrita várias interpretações autoria colectiva produção lenta e cara circulação extremamente reduzida maioria são tratados e obras de devoção latim INSTITUIÇÕES E MEIOS DE TRANSMISSÃO CULTURAL NA IDADE MÉDIA M PORTUGUESA Antes do século XIII só os conventos têm condições para a actividade escrita, num âmbito cultural. Em Portugal dos conventos com scriptorium (oficina de escrita) distinguemse: Lorvão Santa Cruz de Coimbra Alcobaça (maior livraria medieval portuguesa) 5
6 LITERATURA IBÉRICA produtos de uma cultura peninsular comum língua galaico-portuguesa interesses comuns precedente, preparatória da literatura portuguesa cultivada sobretudo na corte de Afonso X, o sábio, e Fernando III, reis de Castela e Leão em Portugal essa continuidade é assegurada por: conventos de Santa Cruz de Coimbra e Alcobaça corte do rei e principais nobres só com a dinastia de Avis encontramos características marcadamente portuguesas: prosa doutrinal original com D. Duarte (Leal Conselheiro) historiografia nacional com Fernão Lopes LITERATURA IBÉRICA Produtos culturais: tradições orais acerca de feitos guerreiros, mais tarde (sobretudo no século XIV) registados em crónicas e anais históricos épicas guerreiras No entanto, encontramos desde o século X crónicas e anais que vinham registando os acontecimentos históricos mais importantes: quase todos em latim efemérides de guerra contra os mouros obras que se destacam: Annales Portugalenses veteres (anais fragmentários, meros registos de acontecimentos importantes ocorridos na região portuguesa entre o Minho e o Mondego) Vita Sancti Teotoni (primerio prior do convento e principal do conselho do rei) De expugnatione Scalabis LITERATURA IBÉRICA livros de linhagens listas genealógicas da nobreza não pretendem ser historiográficas, cronísticas normalmente sem datação cronológica registam tradições épicas demonstram a importância da hereditariedade (bens, cargos, honra, estatuto social) influência árabe no interesse pela genealogia Em Portugal encontramos três exemplares: Livro Velho de Linhagens 1282 Livro do Deão Livro de Linhagens do Conde D. Pedro 1340 LITERATURA IBÉRICA composições em verso, em língua galaico-portuguesa, coligidas em cancioneiros no fim do século XIII e século XIV Esta literatura oral só se fixa por escrito numa época tardia da sua evolução, quando as condições e ambientes já divergem muito das que lhe deram origem. Conhecem-se três cancioneiros ou colectâneas, estreitamente aparentadas entre si, de cantigas de autores diversos: Cancioneiro da Ajuda, provavelmente compilado ou copiado em fins do século XIII. Cancioneiro da Biblioteca Nacional, e Cancioneiro da Vaticana, são cópias realizadas em Itália no século XVI, a partir de uma compilação que data provavelmente do século XIV. 6
7 Vestuário na Idade Média VESTUÁRIO MASCULINO 7
8 8
9 vestuário bizantino vestuário romano vestuário germano saio pelote camisa 9
10 garnacha tabardo calças soladas calças braguilha 10
11 bolsa para moedas gibão tabardo cintos 11
12 VESTUÁRIO FEMININO 12
13 pelote vestuário romano vestuário bizantino brial pelote e manto 13
14 14
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