Eficiência do inseticida Clorfenapir (240 g L -1 ) no controle de Capitophorus fragaefolii na cultura do morango

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1 Eficiência do inseticida Clorfenapir (240 g L -1 ) no controle de Capitophorus fragaefolii na cultura do morango Valdenir Catapan 1 ; Paulo Francisco Maraus 1 ; José Usan Torres Brandão Filho 1 ; Ana Cláudia Buzanini 1 ; Gustavo Panice 1. 1 Universidade Estadual de Maringá. Av. Colombo, 5790 Departamento de Agronomia, CEP , Maringá- PR; ana_buzanini@hotmail.com. RESUMO O presente trabalho teve como objetivo a eficiência agronômica de cinco doses do produto Clorfenapir (240 g L -1 ) visando o controle do pulgão verde, Capitophorus fragaefolii, na cultura do morango. Este trabalho foi realizado em lavoura experimental estabelecida no município de Cianorte-PR (23 o S e 52 o W). Adotou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constituíram-se de uma Testemunha sem pulverização; cinco tratamentos com Clorfenapir (240 g L -1 ) nas doses de 12,0; 24,0; 48,0; 96,0 e 120 g.i.a 100 L -1. Foram realizadas cinco avaliações, sendo uma prévia e as demais aos 07, 10, 14 e 21 dias após a aplicação (DAA). Clorfenapir nas doses de 48;0 e 96,0 g.i.a 100 L -1 tiveram eficiência superior a 80% no controle do pulgão até o décimo dia após a aplicação, e Clorfenapir na dose de 120,0 g.i.a 100 L -1 foi eficiente até o vigésimo primeiro dia após aplicação. PALAVRAS-CHAVE: Fragaria x ananassa Duch, fitossanidade, pulgão verde. ABSTRACT Efficiency of insecticide Chlorfenapyr (240 g L -1 ) to control Capitophorus fragaefolii in strawberry crop This study aimed to evaluate the insecticidal action and agronomic efficiency of five doses of the product Chlorfenapyr (240 g L -1 ) in order to control the strawberry aphid, Capitophorus fragaefolii, on strawberry. This work was conducted in an experimental area located in Cianorte-PR-Brazil. The experimental design was randomized blocks with six treatments and four replicates, the treatments constitutes a control without spraying, five treatments eith chlorfenapyr (240 g L -1 ) at doses of 12,0; 24,0; 48,0; 96,0 and 120,0 g a.i. 100 L -1. Were performed five evaluations: previous, 07, 10, 14 and 21 days after spraying (DAA). The treatments with Clorfenapir at doses of 48;0 e 96,0 g.a.i 100 L -1 efficiently exceeds 80% in the control of aphid until 10 days after spraying, and Clorfenapir at dose of 120,0 g.a.i100 L -1 was efficient until twentieth days after application. Keywords: Fragaria x ananassa Duch, plant health, Strawberry aphid. O morango (Fragaria x ananassa Duch) é uma das frutas mais apreciadas, sendo amplamente consumida em todos os estados brasileiros, tanto in natura como industrializado, destacando-se a produção de geleias, sorvetes, balas, sucos e iogurtes. No Brasil, a produção anual de morango (Fragaria x ananassa Duch.) é estimada em 90 mil toneladas em uma área de aproximadamente ha, destacando-se os estados de Minas Gerais (32,3%), São Paulo (31,4%) e Rio Grande do Sul (16,5%) como maiores produtores. No Paraná são cultivados aproximadamente 380 hectares, principalmente na região metropolitana de Curitiba (S. J. dos Pinhais, Araucária e Colombo) e região do Norte Pioneiro (Jaboti e Pinhalão). Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 1445

2 A cultura caracteriza-se pela utilização de mão-de-obra familiar, pequenas áreas de cultivo, podendo gerar um incremento significativo de renda e ocupação de mão-de-obra no campo, conferindo uma elevada importância socioeconômica. Nos últimos anos, o morango superou sua forte característica de fruta sazonal, ou seja, a safra que ocorria uma vez ao ano, durante o inverno, sofreu mudanças com a introdução de novas variedades aliada à evolução da tecnologia de produção da fruta (túneis, adubação, mudas, controle fitossanitário, entre outros). Um dos fatores que exerce grande influência na produção do morango é a sanidade, pois a cultura é gravemente atacada por várias doenças e pragas que, se não controladas, podem causar grandes prejuízos, não só na quantidade, mas também na qualidade do produto colhido. Dentre as pragas que atacam a cultura do morangueiro, o pulgão verde, (Capitophorus fragaefolii), e o pulgão escuro, (Cerosipha forbesi) tem apresentado ocorrência esporádica no Sul do Brasil, porém os danos indiretos causados pela inoculação de viroses exigem atenção especial. Os pulgões são insetos de corpo mole, de coloração amarelo esverdeado, com a cabeça escura (pulgão verde); e corpo escuro, aspecto brilhante, cabeça preta (pulgão escuro). Vivem agrupados, em colônias, na face inferior das folhas. A constatação da presença do pulgão verde pode ser feita pelo exame da face ventral das folhas baixeiras e, também, pela presença de formigas miúdas. Estas formigas (formiga lava-pé, doceira) não atacam as plantas, mas vivem associadas com os pulgões. São carnívoras e alimentam-se destes pulgões. O dano dos pulgões ao morangueiro é devido à sucção da seiva da planta e pela possível transmissão de viroses que levam ao enfraquecimento e eventual morte da planta. O controle com inseticidas só se justifica quando, 5% das plantas, pelo menos estiverem infestadas com colônias. Frente ao exposto, objetivou-se avaliar a eficiência agronômica de cinco doses do produto Clorfenapir (240 g L -1 ) visando o controle do pulgão verde, Capitophorus fragaefolii, na cultura do morango. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado em lavoura experimental no município de Cianorte-PR. O solo da área foi classificado como Latossolo Vermelho, textura arenosa, o qual foi previamente corrigido com calcário dolomítico e adubado com 5 t/ha de cama de frango, 500 kg/ha de P 2 O 5 e 200 kg/ha de K 2 O. Em seguida a área foi preparada com rotoencanteirador, de modo a obter canteiros com Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 1446

3 aproximadamente 20 cm de altura. Os tratos culturais realizados foram: cobertura morta com maravalha, irrigações por gotejamento e adubação de cobertura utilizando 180 kg/ha de nitrogênio e 120 kg/ha de K 2 O, parceladas em seis aplicações mensais, a partir do pegamento das mudas. A cultivar de morango, utilizada foi a Dover, cujas mudas foram transplantadas no dia 20 de novembro de 2010, em canteiros de 1,20 m de largura e 0,40 m de corredor entre canteiros. O espaçamento adotado foi de 0,40 x 0,40 m entre linhas, em delineamento experimental de blocos ao acaso, com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos adotados foram: 1) Testemunha; 2) Clorfenapir (240 g L -1 ) na dose de 12 g.i.a. 100 L -1 ; 3) Clorfenapir (240 g L -1 ) na dose de 24 g.i.a. 100 L -1 ; 4) Clorfenapir (240 g L -1 ) na dose de 48 g.i.a. 100 L -1 ; 5) Clorfenapir (240 g L -1 ) na dose de 96 g.i.a. 100 L -1 ; 6) Clorfenapir (240 g L -1 ) na dose de 120 g.i.a. 100 L -1.). Cada parcela ocupou uma área de 8,0 m 2 (1,6 m de largura x 5,0 m de comprimento). Para efeito de avaliações, consideraram-se apenas as 24 plantas centrais, pois se desconsideraram as três plantas de cada extremidade das três linhas longitudinais de plantio. Momentos antes da pulverização, foi realizada uma avaliação prévia da infestação e, com a finalidade de verificar a eficiência de controle dos respectivos tratamentos foram realizadas avaliações aos 07, 10, 14 e 21 dias após a aplicação (DAA), respectivamente em 28/12/10, 31/12/10, 04/01/11 e 11/01/11. Em todas as avaliações foram realizadas amostragens de modo a coletar uma folha recém-madura de cada uma de 15 plantas sorteadas entre as 24 plantas da parcela útil. Em seguida procedeu-se a contagem dos indivíduos vivos. Considerou-se a soma dos indivíduos encontrados nas quinze folhas e a média aritmética das quatro repetições expressou o nível de ataque da praga em cada tratamento. Os resultados foram submetidos à análise de variância. Os dados originais foram transformados de acordo com a recomendação do teste de homocedasticidade (Box & Cox, 1964) e, em seguida, as médias foram comparadas entre si por meio do teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade, de acordo com Canteri et al. (2001). As porcentagens de eficiência dos inseticidas testados foram calculadas pela fórmula de Abbott, de acordo com Nakano et al. (1981), sendo considerados eficazes os tratamentos que superaram os 80%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Por ocasião das avaliações não foram observados sintomas visuais de fitotoxicidade nas plantas ou qualquer anormalidade atribuível aos tratamentos experimentais, a fatores nutricionais, climáticos ou ao manejo da cultura. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 1447

4 Os resultados quantificados no experimento estão apresentados na Tabela 1 e corresponde a soma do número de indivíduos vivos encontrados em quinze folhas compostas. O coeficiente de variação e a ausência de diferenças significativas verificadas entre o número de indivíduos quantificados na avaliação prévia mostraram que a praga encontrava-se uniformemente distribuída na área experimental. Apurou-se, ainda, uma infestação inicial, cujas médias variaram de 22,75 a 34,00 pulgões vivos por amostra. Portanto, tal uniformidade e intensidade de ataque foram consideradas suficientes para, nas avaliações posteriores à aplicação dos tratamentos, permitirem a verificação de relação de causalidade entre os tratamentos experimentais e os níveis de ataque, ou seja, entre a ação de doses e produtos químicos (causa) e o controle proporcionado por eles (efeito). Em todas as avaliações, os valores verificados nas amostras realizadas nas parcelas tratadas com o produto com doses a partir de 24 g i.a. 100 L -1 foram significativamente inferiores ao ataque quantificado na testemunha não pulverizada, ou seja, estes tratamentos químicos apresentaram significativa redução da infestação da praga. Em todas as avaliações foram verificadas diferenças significativas de doses no controle da praga, no entanto, o que se destaca é aumentar a dose além de 48 g i.a. 100 L -1 não é estatisticamente vantajoso. A avaliação da eficiência com que os produtos controlaram a praga evidenciou que o inseticida Clorfenapir, na dose de 48 g i.a. 100 L -1, foi eficaz no controle do pulgão verde (Capitophorus fragaefolii) até os 10 DAA. Na dose de 96 g i.a. 100 L -1 a eficiência prolongou-se até os 14 DAA e na dose de120 g i.a. 100 L -1 até os 21 DAA. Portanto, o inseticida Clorfenapir na dose adequada, mostrou-se uma boa opção dentro do manejo de controle da praga na cultura do morango, o que assegurou a vitalidade da planta e, consequentemente, reduziu os riscos de perdas quantitativas e qualitativas na produção. REFERÊNCIAS BOX, G. E. P.; COX, D. R. An analysis of transformation. Journal of the Royal Statistical Society, B. London, v. 26, p , CANTERI, M. G.; ALTHAUS, R. A.; VIRGENS FILHO, J. S.; GIGLIOTI, E. A.; GODOY, C. V. SASM Agri : Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scott-Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, v. 1, n. 2, p EMBRAPA CLIMA TEMPERADO. Cultivo de arroz irrigado no Brasil. Série Sistemas de Produção n. 5, Disponível em Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 1448

5 < ap07.htm>.acesso em: 26 de janeiro de GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C. de; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIN, J. D. X.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002, 920p. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R.A. Entomologia Econômica. São Paulo: Livroceres, 1981, 314p. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 1449

6 inseticida Clorfenapir (240 g L -1 ) no controle de Capitophorus fragaefolii na cultura do morango. Horticultura Tabela 1. Média do número de pulgões por amostra (M) e porcentagem de eficiência (%Ef.) dos tratamentos com diferentes doses e inseticidas visando o controle do pulgão verde (Capitophorus fragaefolii), na cultura do morango. Cianorte-PR, (Average number of aphids per sample (M) and percentage of efficiency (Ef%.) of the treatments with different doses and insecticide for the control of strawberry aphid (Capitophorus fragaefolii) on strawberry crop. Cianorte PR, ) Tratamentos (Igrediente ativo) Doses g i.a. 100 L -1 Avaliação Prévia Avaliações (dias após a pulverização) número de pulgões por amostra 2 a Av. - 7 DAA (28/12/2010) 3 a Av DAA (31/12/2010) 4 a Av DAA (04/01/2011) 5 a Av DAA (11/01/2011) M* M 1 % Ef. 2 M % Ef. M % Ef. M % Ef. 1- Testemunha - 34,00 a 84,75 a - 95,00 a - 103,75 a - 114,25 a - 2- Clorfenapir (240 g L -1 ) 12 30,00 a 33,00 b 61,1 44,00 b 53,7 57,25 b 44,8 66,00 b 42,2 3- Clorfenapir (240 g L -1 ) 24 22,75 a 20,75 b 75,5 28,75 b 69,7 30,25 b 70,8 47,75 b 58,2 4- Clorfenapir (240 g L -1 ) 48 22,75 a 6,50 b 92,3 11,25 b 88,2 24,00 b 76,9 39,00 b 65,9 5- Clorfenapir (240 g L -1 ) 96 31,75 a 0,00 b 100,0 7,75 b 91,8 18,75 b 81,9 25,50 b 77,7 6- Clorfenapir (240 g L -1 ) ,50 a 0,00 b 100,0 4,75 b 95,0 12,50 b 88,0 21,75 b 81,0 C.V. % - 16,49 35,46-24,99-8,66-6,90-1/ Médias das quatro repetições referentes ao número de pulgões vivos por amostra correspondente a 15 hastes coletadas em 15 plantas por parcela, as quais quando seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, em nível de 5% de significância. 2/ Porcentagens de eficiência, calculadas de acordo com a fórmula de Abbott. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 1450