DESEMPENHO DO INSETICIDA FLONICAMID EM PULVERIZAÇÃO FOLIAR NO CONTROLE DO PULGÃO Aphis gossypii EM ALGODOEIRO

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1 DESEMPENHO DO INSETICIDA FLONICAMID EM PULVERIZAÇÃO FOLIAR NO CONTROLE DO PULGÃO Aphis gossypii EM ALGODOEIRO Rodrigo F. Nogueira (UFMS), Anderson L. Lisboa Rodrigues (UFMS), João F. Ribeiro (UFMS), Ricardo Barros (UFMS), Paulo E. Degrande (UFMS / degrande@ceud.ufms.br). RESUMO - Este tralho teve como objetivo avaliar a eficiência do produto Turbine (flonicamid - F WG) no controle do pulgão-do-algodoeiro, bem como compará-lo com diferentes produtos, doses e misturas. Avaliou-se a densidade populacional do pulgão nas folhas do algodoeiro durante quatorze dias após a aplicação (daa). De acordo com os resultados, verificou-se que o produto flonicamid aplicado isoladamente, ou em mistura com Marshal 400 SC (120 g i.a./ha) foi eficiente até quatorze daa, nas dosagens de 25, 50 e 75 g i.a./ha. Palavras-chave: pulgão-do-algodoeiro, controle químico, Turbine PERFORMANCE OF FOLIAR SPRAY OF FLONICAMID INSECTICIDE TO CONTROL THE COTTON APHID Aphis gossypii ABSTRACT - This study was done with the objective to verify the action of the Turbine (Flonicamid F WG) on cotton aphid and compare it with different products, doses and mixtures. The cotton aphid density in leaves was evaluated during fourteen days after spraying. According the results, it was verified that the separately applied product, or in mixture with Marshal 400 SC (120 g i.a./ha), flonicamid was efficient until the fourteen (daa) in the dosage of 25, 50 and 75 g i.a./ha. Key words: cotton aphid, chemical control, Turbine INTRODUÇÃO A aplicação de inseticidas por via foliar na cultura do algodão é estratégia fundamental para a manutenção de níveis populacionais do pulgão aixo do patamar de dano econômico. Basicamente, dentre os grupos de inseticidas utilizados atualmente para o controle desta praga no algodoeiro, destacam-se os carbamatos (associados ou não com ciclodieno), neonicotinóides e tiouréia. Mais recentemente, a descoberta de um novo grupo de inseticida sistêmico, o flonicamid, veio trazer novas perspectivas no controle deste pulgão por afetar o nervo da glândula salivar do inseto, imobilizando rapidamente seu aparelho bucal, e impedindo o inseto de sugar continuamente a seiva das plantas e em conseqüência inocular vírus (NAKANO et al., 2003). O sítio de ação do flonicamid ainda não é completamente conhecido, mas evidências experimentais indicaram ser um produto de comportamento diferente dos usuais, mostrando ser uma boa alternativa de rotação de modo de ação com os novos e antigos aficidas do mercado. Em outros países, o flonicamid tem mostrado boas eficiências de controle de pulgões e outras pragas sugadoras de cucurbitáceas, fumo, batata e outras hortaliças, além de plantas ornamentais e frutíferas. Este tralho teve por objetivo avaliar a eficácia do inseticida flonicamid (Turbine - F WG) isoladamente ou em misturas com outros inseticidas, no controle do pulgão-do-algodoeiro A. gossypii, a campo, comparando-o com alguns inseticidas atualmente utilizados na cultura do algodão.

2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em condições de campo na área experimental do Núcleo de Ciências Agrárias (NCA) da UFMS, município de Dourados - MS. A variedade de algodão utilizada foi a Fibermax 986, semeada no dia 02/12/2002 com espaçamento entre linhas de 0,9 metro e densidade de dez a doze plantas por metro linear. Por ocasião da pulverização a cultura apresentava-se com 41 dias após a emergência, com plantas de 50 cm de altura, aproximadamente. O delineamento estatístico foi o de blocos casualizados com onze tratamentos e quatro repetições. Cada parcela foi constituída por cinco linhas de plantas com cinco metros de comprimento cada, totalizando 22,5 m 2. As avaliações foram realizadas nas três fileiras centrais, portanto a área útil da parcela foi de 13,5 m 2. A área experimental escolhida encontrava-se infestada naturalmente por ocasião da instalação do experimento. Na véspera da pulverização foi feita uma avaliação prévia onde foi encontrada uma média de 57 pulgões por planta (T. 1). Os tratamentos testados foram: 1. Testemunha, 2. Marshal 400 SC + Mospilan 200 PS ( g i. a./ha) = (300 ml do p.c./ha g do p.c/ha), 3. Marshal 400 SC (120 g i.a./ha) = (300 ml do p.c./ha), 4. Marshal 400 SC (300 g i.a./ha) = (750 ml do p.c./ha), 5. Turbine (Flonicamid - F WG) (25 g i.a./ha) = (50 g do p.c./ha), 6. Turbine (Flonicamid - F WG) (50 g i.a./ha) = (100 g do p.c./ha), 7. Turbine (Flonicamid - F WG) (75 g i.a./ha) = (150 g do p.c./ha), 8. Turbine (Flonicamid - F WG) + Marshal 400 SC ( g i.a./ha) = (50 g do pc/ha ml do p.c./ha), 9. Turbine (Flonicamid - F WG) + Marshal 400 SC ( g i.a./ha) = (100 g do pc/ha ml do p.c./ha), 10. Turbine (Flonicamid - F WG) + Marshal 400 SC ( g i.a./ha) = (150 g do p.c./ha ml do p.c./ha), 11. Mospilan 200 PS (30 g i.a./ha) = (150 g do p.c./ha). Os inseticidas foram aplicados no dia 17 de janeiro de 2003, através de um equipamento pulverizador costal manual de pressão constante, a base de gás carbônico, dotado de um bico do tipo cone vazio JD-10, operando a 45 lbf/pol 2, obedecendo-se a diluição de 124 litros de calda por hectare. Ao todo foram feitas sete avaliações, sendo: uma prévia, na véspera da pulverização (16/01/2003), e mais seis realizadas aos 1, 2, 4, 7, 10 e 14 dias após a aplicação dos tratamentos (daa). Nestas avaliações foram contados todos os pulgões vivos encontrados em dez plantas inteiras por parcela, as quais foram escolhidas e marcadas por ocasião do levantamento prévio. Estas plantas estavam localizadas nas três linhas centrais da unidade experimental. Em todas as avaliações foram avaliadas as mesmas plantas marcadas na avaliação prévia. As variáveis respostas foram submetidas à análise de variância e ao teste F de significância (α=0,05). Como proposto por Gomes (1982), quando o F calculado foi maior que o F telado a análise teve prosseguimento com a aplicação do teste de comparação de médias Tukey ao nível de 5% de probilidade, para a obtenção das diferenças estatísticas entre os tratamentos. Para o cálculo da porcentagem de eficiência de cada tratamento foi utilizada a Fórmula de Abbott (1925).Os dados da avaliação prévia mostraram que não ocorreram diferenças estatisticamente significativas entre os

3 tratamentos (T. 1). Nesta pré-contagem ficou indicado que a infestação era uniforme na área experimental, razão pela qual foi usada a Fórmula de Abbott (1925) para o cálculo das porcentagens de eficiência (%E). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na avaliação realizada 1 daa, observou-se que os tratamentos Marshal 400 SC (300 g i.a./ha), Flonicamid + Marshal 400 SC ( g i.a./ha) e Flonicamid + Marshal 400 SC ( g i.a./ha) tiveram eficácias de 73,6%, 74,0% e 79,0%, respectivamente. Esta primeira avaliação dos resultados permitiu discriminar estes tratamentos como os que tiveram melhor efeito de choque. Tela 1. Número médio de pulgões encontrados em dez plantas marcadas por parcela (média), avaliação prévia, porcentagem de eficiência (%E) aos 1, 2, 4, 7, 10 e 14 dias após a aplicação (DAA) dos inseticidas, e análise estatística. Dourados, MS, TRATAMENTOS DOSAGEM (g i.a./ha) 1 Testemunha 514,5 a 586,75-2 Marshal 400 SC + Mospilan 200 PS Prévia 1 DAA 2 DAA 4 DAA 7 DAA 10 DAA 14 DAA Média Média % E Média % E Média % E Média % E Média % E Média % E ,8 a 331,5 43,5 586,25 365,5 3 Marshal 400 SC ,0 a 249,75 57, ,2 4 Marshal 400 SC ,0 a 154,75 b 73,6 94 b 84,0 107,5 89,3 170,25 5 F WG ,8 a 581,75 0,9 691, a a a - 54 a - 37, ,0 9,5 c 98,7 2,5 c 98,1 0 d 100,0 443,5 c 55, , , ,9 76,7 31,75 76,5 11,75 78,2-367,5 63,3 9,75 c 98,7 4,75 96,5 2,75 cd 94,9 6 F WG ,2 a , , ,7 20,5 c 97,2 9,5 93,0 4 cd 92,6 7 F WG ,8 a 1052,25 a - 8 F WG + Marshal 400 SC ,2 a 565,25 3,7 9 F WG + Marshal 400 SC ,5 a 152,75 74,0 834,25 a 535,75 120, ,6 11,25 c 98,5 1,25 c 99,1 2,25 cd 95,8 8, ,5 40,25 94,5 8,5 c 93,7 1,75 cd 96,8 79,5 85,5 91,5 20,25 c 97,2 2,5 c 98,1 5,75 cd 89,4 10 F WG + Marshal 400 SC ,5 a 123,25 b 79,0 121,5 b 79,3 56,5 c 94,4 15,75 c 97,8 1,5 c 98,9 2,50 cd 95,4 11 Mospilan 200 PS ,8 a ,5 12,9 119,75 88,0 17,5 c 97,6 0,25 c 99,8 5,00 cd 90,7 Coeficiente de Variação (%) 33,18% 44,02 42,61 39,53 55,14 59,44 37,97 *Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de TUKEY a 5% de probilidade.

4 Ce ressaltar que na avaliação realizada 1 daa, muitas vezes fica difícil reconhecer a campo, durante a contagem, a diferença entre um pulgão morto de um vivo, devido à recente intoxicação do inseto, fato que pode contribuir para prejudicar a perfeita discriminação dos tratamentos. Aos 2 daa, os resultados obtidos na primeira avaliação se confirmaram. Os tratamentos Marshal 400 SC (300 g i.a./ha), Flonicamid + Marshal 400 SC ( g i.a./ha) e Flonicamid + Marshal 400 SC ( g i.a./ha) mantiveram o efeito de choque no controle da praga, e somente Marshal 400 SC (300 g i.a./ha) apresentou eficácia acima dos 80% de controle, atingindo 84% de eficiência nesta avaliação, o que o categoriza como o melhor entre os tratamentos testados a proporcionar controle satisfatório sobre a praga nesta avaliação. Mais uma vez, no entanto, a diferença entre os tratamentos com maiores eficiências e a testemunha não foi suficiente para que o teste Tukey (p<0,05) mostrasse as diferenças estatísticas significativas entre suas médias. Observou-se que, nas duas primeiras avaliações (1 e 2 daa), o tratamento com Marshal 400 SC (120 g i.a./ha) isoladamente foi inferior à mistura do mesmo produto com Flonicamid (25, 50 e 75 g i.a./ha). Da mesma forma, os tratamentos Flonicamid (25, 50 e 75 g i.a./ha) foram ineficazes no controle da praga quando aplicados isoladamente, mas na mistura com Marshal 400 SC (120 g i.a./ha) as eficiências de controle ultrapassaram os 70%, exceto com Flonicamid a 25 g i.a./ha, indicando ser importante a mistura de Flonicamid (50 e 75 g i.a./ha) com Marshal 400 SC (120 g i.a./ha) para obter-se o efeito de choque sobre a praga. Outra informação importante obtida no experimento é a eficácia da mistura de Marshal (120 g i.a./ha) com a dose de 50 g/ha de Flonicamid que foi igual àquela obtida com a dose de 75 g/ha, ambas com 79% de controle aos 2 daa. Ce comentar que o inseticida Mospilan 200 PS (30 g i.a./ha), com ou sem Marshal 400 SC (120 g i.a./ha), também não apresentou efeito de choque no controle da praga, com eficiência máxima de 43,5% na mistura (na avaliação realizada 1 daa). Aos 4 daa, os tratamentos: Marshal 400 SC + Mospilan 200 PS ( g i. a./ha); Marshal 400 SC (300 g i.a./ha); Flonicamid + Marshal 400 SC ( g i.a./ha); Flonicamid + Marshal 400 SC ( g i.a./ha) e Mospilan 200 PS (30 g i.a./ha), apresentaram eficiência acima dos 80%, mínimos e satisfatórios para o combate do afídeo, e foram estatisticamente diferentes da testemunha para o teste Tukey (p<0,05). Nesta avaliação há de se destacar que os tratamentos 9 (Flonicamid 500 WG + Marshal 400 SC a g i.a./ha) e 10 (Flonicamid 500 WG + Marshal 400 SC a g i.a./ha) superaram o patamar dos 90% de controle, despontando como os dois melhores tratamentos nesta avaliação. Os tratamentos com Flonicamid 500 WG sozinho a 25, 50 e 75 g i.a./ha mantiveram suas eficiências de controle aixo de 80%. Ainda aos 4 daa, notou-se que não ocorreu melhoria no controle do pulgão com a mistura de Marshal 400 SC (120 g i.a./ha) com Mospilan 200 PS (30 g i.a./ha), uma vez que a porcentagem de eficiência da mistura foi praticamente igual àquela do Mospilan 200 PS (30 g i.a./ha) usado isoladamente. Já o Marshal 400 SC (120 g i.a./ha) sozinho apresentou eficácia de 55,75% aos 4 daa, sendo inferior ao Mospilan 200 PS (30 g i.a./ha) aplicado isoladamente. Na quarta avaliação (7 daa), todos os tratamentos com Flonicamid 500 WG (sozinho ou em mistura com Marshal 400 SC a 120 g i.a./ha) e Mospilan 200 PS ultrapassaram 94% de eficiência, comprovando a ação lenta destes inseticidas, porém altamente eficazes aos 7 daa. Os tratamentos com Flonicamid e Mospilan 200 PS foram estatisticamente diferentes da testemunha pelo teste de Tukey (p<0,05). Ainda aos 7 daa, observa-se uma redução na eficiência do tratamento Marshal 400 SC (300 g i.a./ha) em relação à avaliação anterior, já que este tratamento apresentou eficácia de 76,7% contra os

5 89,3% da avaliação anterior. Por outro lado, Marshal 400 SC (120 g i.a./ha) continuou a ser ineficiente para a praga, como vinha ocorrendo desde a primeira avaliação, com eficácia máxima de 66% de controle aos 7 daa. Aos 10 e 14 daa, todos tratamentos com Mospilan 200 PS e Flonicamid (independente da dose e da mistura) mantiveram a alta eficiência de controle, acima dos 90%, e foram estatisticamente diferentes da testemunha, que a partir dos 10 daa apresentou redução da infestação, corroborando para a finalização do experimento aos 14 daa. CONCLUSÕES 1. O inseticida Flonicamid nas dosagens de 25, 50 e 75 g i.a./ha aplicado isoladamente, ou em mistura com 120 g i.a./ha de Marshal 400 SC, é eficiente no controle do pulgão-do-algodoeiro até os 14 (daa); 2. Flonicamid a 50 e 75 g i.a./ha em mistura com Marshal 400 SC (120 g i.a./ha) antecipa as altas eficiências de controle devido ao efeito de choque; 3. Marshal 400 SC (300 g i.a./ha) é eficiente no controle do pulgão-do-algodoeiro até 4 dias após a aplicação e apresenta efeito de choque para a praga; 4. Os inseticida Mospilan 200 WS foi eficiente no controle de A. gossypii, na dosagem de 30 g i.a./ha, tanto em mistura com Marshal 400 SC (120 g i.a./ha) quanto aplicado isoladamente REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ABBOTT, W. S.; A method of computing the effectiveness of inseticide. J. of Econ. Entomol., v. 18, p , GOMES, F. P. Curso de estatística experimental.são Paulo: Nobel, p. NAKANO, O.; SANTOS, F. G. dos; SAZAKI, C. S. S. F-1785 novo inseticida sistêmico para controle do pulgão do algodoeiro Aphis gossypii Glover, 1877 (Hemiptera Aphididae). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 4., 2003, Goânia. Anais...Campina Grande: Embrapa Algodão, CD-Rom.