CONTROLE DA LAGARTA CURUQUERÊ-DO-ALGODOEIRO (Alabama argillacea) COM INSETICIDAS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS

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1 CONTROLE DA LAGARTA CURUQUERÊ-DO-ALGODOEIRO (Alabama argillacea) COM INSETICIDAS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS Ricardo Barros (UFMS), Rodrigo F. Nogueira (UFMS), Izidro dos S. de Lima Jr. (UFMS), Paulo E. Degrande (UFMS /degrande@ceud.ufms.br) RESUMO - A lagarta curuquerê-do-algodoeiro exige freqüente utilização de inseticidas para o seu controle. Em 2004 foram avaliados diferentes inseticidas químicos e biológicos para o controle desta praga. Neste trabalho, os inseticidas Proclaim 50 SG a 0,075 e 0,15 Kg/ha, Pirate 240 SC a 0,5 l/ha e Dipel DF a 0,35 e 0,7 Kg/ha foram eficientes no controle do inseto e interromperam a desfolha provocada pela lagarta depois de aplicados. Fury 400 CE a 0,125 l/ha e Malathion 1000 CE a 1,5 l/ha apresentaram baixa eficiência no controle da praga, e Oberon 240 SC a 0,5 l/ha foi ineficiente. Palavras-chaves: Emamectin benzoate, clorfenapyr, Bacillus thuringienses. CONTROL OF COTTON LEAFWORM Alabama argillacea WITH CHEMICAL AND BIOLOGICAL INSECTICIDES ABSTRACT - The cotton leafworm Alabama argillacea demands frequent use of insecticides for its control. In 2004, different chemical and biological insecticides against this pest had evaluated. In this work, the insecticides Proclaim 50 SG at 0,075 and 0,15 Kg/ha, Pirate 240 SC at 0,5 l/ha and Dipel DF at 0,35 and 0,7 Kg/ha was efficient and interrupted the damage. Fury 400 CE at 0,125 l/ha and Malathion 1000 CE at 1,5 l/ha showed low efficiency in the control of the pest, and Oberon 240 SC at 0,5 l/ha was inefficient. Key words: Emamectin benzoate, clorfenapyr, Bacillus thuringienses. INTRODUÇÃO O curuquerê-do-algodoeiro, Alabama argillacea (Hübner, 1818), é uma das pragas mais antigas e conhecidas da cultura. É considerada praga-chave do algodoeiro podendo provocar perdas entre 21 e 35 %, sendo observadas ocorrências freqüentes em qualquer local onde se plante o algodão, bem como em qualquer estágio fenológico da cultura (BLEICHER et al., 1983; GRAVENA e CUNHA, 1991). De acordo com Ferreira et al (1990), o controle químico deve ser iniciado quando esta praga atingir o nível de controle preconizado, que é de duas lagartas por planta (CRUZ, 1985) ou 25 % de desfolha (PRADO, 1990) e sempre utilizando inseticidas de contato e/ou ingestão de grupos químicos diferentes (GALLO et al, 1988). Seu controle geralmente requer duas ou três aplicações de inseticidas por safra, por isso ensaios com inseticidas químicos e biológicos são importantes para a determinação de novas opções de controle deste inseto, inclusive que substituam moléculas para as quais a praga evoluiu à resistência. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar tratamentos com inseticidas químicos e biológicos no controle de Alabama argilacea.

2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em 04/05/2004 em condições de campo, na área experimental do Núcleo de Ciências Agrárias (NCA) da UFMS, município de Dourados, MS. A variedade utilizada foi a DeltaOpal, cultivada com espaçamento de 0,9 metro entre linhas. Cada parcela foi constituída de 5 linhas de plantio com 7 m de comprimento totalizando 31,5 metros quadrados por parcela. O delineamento experimental adotado foi em blocos ao acaso com quatro repetições e 10 tratamentos. Os inseticidas em estudo, cujas descrições estão na Tabela 1, foram arranjados nos seguintes tratamentos: 1) Testemunha, 2) Proclaim 50 SG (75 g/ha), 3) Proclaim 50 SG (150g/ha), 4) Pirate 240 SC (0,5 l/ha), 5) Fury 400 CE (0,125 l/ha), 6) Malathion 1000 CE (1,5 l/ha), 7) Dipel SC (0,5 l/ha), 8) Dipel DF (350 g/ha), 9) Dipel DF (700 g/ha) e 10) Oberon 240 SC (0,5 l/ha). Tabela 1. Inseticidas utilizados para o controle do curuquerê do algodoeiro. Descrição dos produtos (nome comum, nome comercial, dosagem, sub-grupo químico, local primário de ação e formulação). Nome comum TRATAMENTOS Nome comercial Dosagem (Kg ou L P.C./ha) Sub-grupo químico ou exemplificação pelo i. a. Local primário de ação Emamectin benzoate Proclaim 50 SG 0,075 Avermectina Ativadores de canais de cloro Emamectin benzoate Proclaim 50 SG 0,15 Avermectina Idem ao anterior Chlorfenapyr Pirate 240 SC 0,5 Inibidores da síntese de ATP Desintegradores do gradiente de prótons H+ que desacopla a fosforilação oxidativa Zetacypermetrin Fury 400 CE 0,125 Piretróide Modulador dos canais de sódio Malathion Malathion Cheminova ,5 Organofosforado CE Bacillus thuringiensis Dipel SC 0,5 Inseticida biológico Inibe a enzima acetilcolinesterase Desintegradores das membranas intestinais dos insetos Bacillus thuringiensis Dipel DF 0,35 Inseticida biológico Idem ao anterior Bacillus thuringiensis Dipel DF 0,7 Inseticida biológico Idem ao anterior Spiromesifen Oberon 240 SC 0,5 Derivado do ácido tetrânico Inibe a síntese de lipídios Formulação Concentrado emulsionável Concentrado emulsionável A aplicação dos inseticidas foi feita por intermédio de um pulverizador costal de pressão constante, dotado de um cilindro de CO 2 e um conjunto para aplicação em linha composto de quatro bicos cone vazio (J2, preto), com pressão constante de 40 lbf/pol 2 o que proporcionou uma diluição de 110 litros de calda por ha. Foram feitas três avaliações, aos 3, 6 e 10 dias após a aplicação. As avaliações foram realizadas observando-se o número de lagartas vivas encontradas em duas batidas de pano por parcela, onde eram contabilizados os números de lagartas pequenas (< 7 mm), médias (7 15 mm) e grandes (> 15 mm). Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste F de significância (α=0,05). Como proposto por Gomes (1982), quando F calculado foi maior que o F tabelado a análise teve

3 prosseguimento com a aplicação do teste de comparação de médias Tukey ao nível de 5% de probabilidade, obtendo-se as diferenças mínimas significativas entre os tratamentos. Para o cálculo da eficiência dos inseticidas foi utilizada a fórmula de Abbott (1925). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na primeira avaliação, realizada aos 3 dias após a aplicação (Tab. 2), observou-se que apenas os tratamentos Proclaim 50 SG (150 g/ha) e Pirate 240 SC (0,5 l/ha), ultrapassaram os 80% de eficiência, mínima e satisfatória, para o controle da lagarta curuquerê. Aos 6 dias após a aplicação, (Tab. 3) somente o tratamento com Proclaim 50 SG (75g/ha) se juntou aos tratamentos anteriormente citados atingindo o controle desejável (> 80%). Já no décimo dia após a aplicação (Tab. 4), os tratamentos com Dipel DF nas dosagens de 350 e 700 g/ha atingiram eficiência agronômica desejável, ultrapassando os 90% de controle para a dosagem maior, que atuou inclusive sobre lagartas grandes. Proclaim 50 SG (150 g/ha) e Pirate 240 SC (0,5 l/ha) mantiveram as melhores eficiências até os 10 dias após a aplicação com 99 e 98 % de eficiência respectivamente, configurando adequado efeito de choque e período de controle. Os tratamentos com Fury 400 CE (0,125 l/ha) e Malathion 1000 CE (1,5 l/ha) apresentaram eficiência máxima de 57% durante as avaliações, abaixo do mínimo desejável, já Oberon 240 SC (0,5 l/ha) foi ineficiente para o controle da lagarta curuquerê-do-algodoeiro. Tabela 2. Número de lagartas pequenas, médias e grandes encontradas vivas em duas batidas de e total, aos 3 dias após a aplicação. Dourados (MS), Testemunha 3 23 ab 272 a 298 a Proclaim 50 SG 75 g/ha 4 16 ab 102 bc 122 bc Proclaim 50 SG 150 g/ha 1 4 b 34 cd 39 cd Pirate 240 SC 0,5 l /ha 0 0 b 19 d 19 d Fury 400 CE 0,125 l/ha 7 17 ab 177 ab 201ab Malathion 1000 CE 1,5 l/ha 2 14 ab 115 b 131 abc Dipel SC 0,5 l/ha a 187 ab 248 ab Dipel DF 350 g/ha 7 27 ab 137 b 171 ab Dipel DF 700 g/ha 7 56 a 122 b 185 ab Oberon 240 SC 0,5 l/ha 0 20 ab 236 ab 256 ab C. V. (%) 48, ,7 19,87

4 Tabela 3. Número de lagartas pequenas, médias e grandes encontradas vivas em duas batidas de e total, aos 6 dias após a aplicação. Dourados (MS), Testemunha 1 25 ab 196 a 222 a Proclaim 50 SG 75 g/ha 4 10 ab 21 bc 35 cde Proclaim 50 SG 150 g/ha 0 4 b 9 c 13 de Pirate 240 SC 0,5 /ha 1 3 b 5 c 9 e Fury 400 CE 0,125 l/ha 2 15 ab 85 ab 102 abc Malathion 1000 CE 1,5 l/ha 2 13 ab 84 ab 99 abc Dipel SC 0,5 l/ha 1 29 a 50 bc 80 bcd Dipel DF 350 g/ha 4 15 ab 28 bc 47 cde Dipel DF 700 g/ha 0 15 ab 42 bc 57 cde Oberon 240 SC 0,5 l/ha 1 14 ab 172 a 187 ab C. V. (%) 33,4 33,3 30,1 27,32 Tabela 4. Número de lagartas pequenas, médias e grandes encontradas vivas em duas batidas de e total, aos 10 dias após a aplicação. Dourados (MS), Testemunha a 206 a Proclaim 50 SG 75 g/ha bcd 40 bc Proclaim 50 SG 150 g/ha d 3 c Pirate 240 SC 0,5 l /ha d 5 c Fury 400 CE 0,125 l/ha ab 88 ab Malathion 1000 CE 1,5 l/ha abc 92 ab Dipel SC 0,5 l/ha bcd 47 bc Dipel DF 350 g/ha bcd 35 bc Dipel DF 700 g/ha cd 19 bc Oberon 240 SC 0,5 l/ha a 199 a C. V. (%) 22,7 44,5 31,99 30,07

5 CONCLUSÕES 1. Proclaim 50 SG (0,075 e 0,15 Kg/ha) e Pirate 240 SC (0,5 l/ha) apresentaram eficiência agronômica no controle do curuquerê aos 3, 6 e 10 dias após a aplicação; 2. Dipel DF, nas dosagens de 350 e 700 g/ha alcançou resultados satisfatórios de eficiência aos 10 dias após aplicação, e impediu a desfolha das plantas; 3. Fury 400 CE (0,125 l/ha) e Malathion 100 CE (1,5 l/ha) apresentaram baixa eficiência no controle da Alabama argillacea; 4. Oberon 240 SC (0,5 l/ha) foi ineficiente no controle da praga. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of inseticide. J. of Econ. Entomol., v. 18, p , BLEICHER, E.; MELO, A. B.P.; JESUS, F. M. M.; FERRAZ, C. T. Distribuição vertical de lagartas de Alabama argillacea (Huebner, 1818) (Lepidoptera: Noctuidae) em plantas de algodoeiro herbáceo. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 12, n. 1, p , CRUZ, V. R. da. Algodão: danos e controle das principais pragas. Correio Agrícola, v. 1, p , FERREIRA, L.; SILVA, R. A.; GONÇALVES, N. P. Controle de pragas do algodoeiro em Minas Gerais. Informe Agropecuário, v. 15, n. 166, p , GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P.; BAPTISTA, G. C. de; BERTÍ FILHO, E.; PARRA, J. R. P., ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIN, J. D. Manual de entomologia agrícola. 2 ed., São Paulo: Agronômica Ceres, p. GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. Nobel: São Paulo, 12 ed p. GRAVENA, S.; CUNHA, H.F. Predation of cotton leafworm first ínstar larvae, Alabama argillacea (Lep.: Noctuidae). Entomophaga, v. 36, n. 4, p , 1991a. PRADO, P. C. N. Algodão: danos e controle das principais pragas. Correio Agrícola, v. 2, p , 1991.