GUILHERME ALBUQUERQUE TAVARES DE OLIVEIRA *1 ; CAMILA HADDAD SILVEIRA 1 ; CARLA DETONI EZEQUIEL 1 ; GABRIEL DORNELAS 1 ; CRISTIANE MULLER 1

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1 Eficácia de Delegate WG no controle de Helicoverpa armigera na cultura do tomateiro Efficiency ofdelegate WG to control Helicoverpa armigeraon tomato GUILHERME ALBUQUERQUE TAVARES DE OLIVEIRA *1 ; CAMILA HADDAD SILVEIRA 1 ; CARLA DETONI EZEQUIEL 1 ; GABRIEL DORNELAS 1 ; CRISTIANE MULLER 1 1 Dow AgroSciences, Rod. SP 147, Km 71,5, Mogi Mirim/SP, * guilhermeatoliveira@gmail.com RESUMO Entre os insetos-praga na cultura do tomateiro Helicoverpa armigerase destaca por provocar danos nas folhas e frutos. Opresente trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia do inseticida Delegate WG(spinetoram) para o controle deste insetona cultura.o experimento foi composto por 06 tratamentos e 4 repetições, em delineamento experimental de blocos ao acaso, com parcelas de 10 plantas por linha. Foram infestadas artificialmente 7 plantas por parcela, 15 lagartas por planta. As avaliações foram realizadas aos 1 e 5 dias após a aplicação (DAA) por meio da contagem de lagartas vivas nas plantas e, aos 5 e 10 DAAA mensurando o número de frutos danificados e número de lagartas vivas nos frutos. Nos 5 DAA, analisando os dados de número de lagartas encontrados nos frutos verifica-se que as duas menores doses (2,5 e 3,75 g ia/100l) não são eficientes para o controle da praga. Entretanto, as maiores doses conferiram controles excelentes. Para as lagartas encontradas nas plantas, todas as doses apresentaram controle eficaz aos 5DAA. Com isso, conclú-se que Delegate 250 WG, nas doses a partir de 5g ia/100l, foram eficazes no controle de Helicoverpa armigera em tomate. 401

2 INTRODUÇÃO O Brasil é o sexto produtor mundial de tomate e na região Sudeste se concentra a produção brasileira em sistema estaqueado, com produtividade média de 66 t/ha (IBGE, 2015). Apesar disso, os desafios fitossanitários dessa cultura incluem insetos fitófagos e agentes fitopatógenos que exigem a adoção de técnicas de manejo para minimizar as perdas de produção, garantir a lucratividade em função da flutuação de preços, reduzir o impacto ambiental e na saúde humana (SILVA; CARVALHO, 2004). Dentre os insetos-praga associados à cultura do tomateiro,vários pertencem à Ordem Lepidoptera, merecendo destaque Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae), considerada atualmente uma praga-chave por danificar as partes reprodutivas das plantas. Os frutos infestados tornam-se impróprios para o comércio e processamento industrial, pois apresentam a polpa destruída, além de comprometer o controle de qualidade das empresas produtoras de sementes, devido ao menor poder germinativo. São poucos os estudos desenvolvidos até o momento com essa praga, e a maioria dos trabalhos existentes estão relacionados à cultura do algodão e soja. Nessas culturas, a recomendação é que para manejar esta praga se deve adotar os métodos de monitoramento, como armadilhas para adultos, pano-de-batida para lagartas médias e grandes e exame visual das plantas para detecção de ovos ou lagartas pequenas. Posteriormente, a adoção de táticas de manejo deve ser utilizada com orientação do nível de controle, 04 lagartas/m na fase vegetativa das plantas e 02 lagartas/m para a fase reprodutiva (BUENO et al., 2013). No entanto, esses níveis não são validados para a cultura do tomate e a literatura não dispõe desses parâmetros. Sabe-se que, o emprego de medidas de controle de H.armigera possui maior chance de sucesso durante as fases larvais iniciais, já que nesse período se alimentam de folhas, principalmente ponteiros, e assim a contaminação por agroquímicos é maior tanto por ingestão quanto por contato. A partir desta fase, na cultura do tomateiro, o propósito da lagarta é chegar ao interior do fruto (preferencialmente ainda verde), o que consegue por meio da abertura de um orifício junto ao pedúnculo (FIGUEIREDO et. al, 2006). Com isso, além de saber o momento adequado de fazer aplicações químicas para um controle efetivo dessa praga, experimentos que indicam produtos eficazes para o controle de H. armigera em plantas de tomate são necessários para a melhor seleção dos inseticidas, 402

3 dispondo-se de opções de rotação de grupos químicos, minimizando a seleção de indivíduos resistentes. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia do inseticida Delegate WG em diferentes doses para o controle de Helicoverpa armigera nas plantas e nos frutos de tomate. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de 07 a 18 de abril de 2015 na Estação Experimental Dow AgroSciences de Mogi Mirim, Rodovia SP 147, Km 71.5, SP. O plantio de tomate foi estaqueado com espaçamento de 1 m entre linhas e 2 plantas/metro linear. O experimento foi composto por 06 tratamentos e 4 repetições, em delineamento experimental de blocos ao acaso, totalizando 24 parcelas de 1 x 5 m cada, correspondendo a 10 plantas em uma linha.esse delineamento é amplamente utilizado para estudos de campo, e consolidado pelo meio acadêmico quanto à adequação na área agronômica (BANZATTO & KRONKA, 2006). Os tratamentos foram Delegate WG (Spinetoram) nas doses de 2,5; 3,75; 5; 6,25 e 7g i.a/100l e uma testemunha. Não foi utilizado produto como padrão de mercado, pois não havia nenhum com registro para o controle da praga na cultura. A aplicação foi realizada por meio de um pulverizador costal pressurizado por CO 2, equipado com ponta tipo cone TXVK-4 em pressão constante de trabalho de 50 psi e volume de calda de 500L/ha. O volume da calda foi definido em função de teste prévio para identificação de uma cobertura adequada na área foliar. Considerando que baixos índices de infestação já ocasionam danos severos, e que para uma análise mais robusta é necessária uma infestação mais elevada, o estudo foi conduzido com infestação articifial da praga, utilizando-se de terceira geração oriunda de coleta de campo (F3). A infestação foi realizada usando lagartas provenientes do Laboratório de Criação de Insetos da Estação Experimental. Com auxílio de pincel foram infestadas 7 plantas por parcela, e cada planta recebeu 15 lagartas com idade entre segundo e terceiro ínstar.a infestação foi realizada no mesmo dia da aplicação. As avaliações foram realizadas de duas formas: nos dias 1 e 5 dias após a aplicação (DAA) foi realizada a contagem do número de lagartas por planta em trêsplantas centrais da 403

4 parcela, e aos 5 e 10 DAA foram avaliados 10 frutos por parcela, visto que as lagartas já haviam penetrado nesses para alimentação e não era mais possível a avaliação visual. Os frutos foram colhidos nas plantas centrais e foi mensurado o número de frutos atacados e de lagartas encontradas nos frutos. Para isso, os frutos foram levados ao laboratório e com auxílio de instrumento de corte foram cuidadosamente fatiados, para a identificação da presença/ausência de danos e lagartas. Os dados foram inseridos no sistema ARM8 para registro e análise. O percentual de perda em produtividade foi mensurado diretamente pelo percentual de frutos atacados, uma vez que esses são inviabilizados comercialmente.os resultados foram submetidos às análises exploratórias para avaliar as pressuposições de normalidade dos resíduos, a homogeneidade de variância dos tratamentos e a aditividade do modelo para permitir a aplicação da ANOVA. Posteriormente, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,10). A eficiência dos produtos foi obtida pela fórmula de ABBOTT (1925). A fitotoxicidade foi avaliada semanalmente após a primeira aplicação por meio de escala de 0-100, respresentando % de injúria presente na parcela. Para essas avaliações foram tomadas como amostras as cinco plantas centrais de cada parcela. RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisando os danos provocados nas plantas no 1 dia após a aplicação (DAA), foi possível observar que a menor dose de Delegate 250 WG (2.5 g ia/100l) não promoveu controle satisfatório, enquanto que as demais doses atingiram mais de 70% de controle. Esses dados demonstram o rápido efeito letal sobre a praga (efeito de choque) nas doses a partir de 3,75 g ia/100l. Já aos 5 DAA houve um incremento no controle promovido pela menor dose e todos os tratamentos obtiveram resultados estatisticamente comparáveis (Tabela 1). Tabela 1. Percentual de Controle (%C) obtido em diferentes dias após a aplicação (DAA) dos tratamentos em lagartas de H. armigera. Avaliação de plantas. Tratamento Dose 1DAA 5DAA Delegate 2,5 g ia/100l 38,3b 71,4a Delegate 3,75g ia/100l 71,1ab 69,3a Delegate 5g ia/100l 71,8ab 77,9a Delegate 6,25g ia/100l 81,9a 91,4a Delegate 7,5g ia/100l 82,3a 70a Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si por meio de Tukey (10%). 404

5 Quando analisados os dados de número de lagartas encontrados nos frutos (externa e internamente) verifica-se que as duas menores doses (2,5 e 3,75 g ia/100l) não são eficientes para o controle da praga e proteção da parte reprodutiva (Tabela 2). Entretanto, as maiores doses conferiram controles excelentes para esta que, é considerada uma espécie de difícil controle. Foi ainda mensurado o número de frutos atacados, e neste parâmetro é possível identificar o alto potencial destrutivo da praga. Neste caso, quase 100% dos frutos avaliados no tratamento testemunha apresentavam danos devido ao ataque das lagartas (média de 9.8 em 10 frutos por parcela). Delegate WG promoveu uma redução significativa no percentualde ataque da praga atingindo 81,2% na dose de 5 g ia/100l e 90,5% na dose de 7,5 g ia/100l aos 10DAA. Estudos realizados por Pinóia (2012) mostraram que, ao comparar aplicações feitas com Bacillus thuringiensis e spinosade (mesmo grupo químico de spinetoram) não apresentaram diferenças quanto à eficácia no controle de H. armigera, apresentando91,7% e 97,7% de controle respectivamente. Porém, os tratamentos com B. thuringiensis apresentaram maiores estragos provocados pelo inseto praga enquanto que espinosade promove uma melhor proteção. Tabela 2. Percentual de Controle (%C) obtido em diferentes dias após a aplicação (DAA) dos tratamentos em lagartas de H. armigera. Avaliação de frutos. Tratamento Dose 5DAA 10DAA Delegate 2,5 g ia/100l 61,5b 67,9a Delegate 3,75g ia/100l 67,1b 64,1b Delegate 5g ia/100l 78,1ab 81,2ab Delegate 6,25g ia/100l 87,5a 92,3a Delegate 7,5g ia/100l 93,6a 90,5ab Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si por meio de Tukey (10%). Neste tipo de ensaio o critério peso de frutos colhidos não representa um parâmetro a ser analisado, uma vez que o peso não se refere à qualidade dos frutos obtidos e nem sua viabilidade. Neste caso em específico, pode ser feita uma correlação direta entre percentual de perda e percentual de frutos atacados. Assim, as perdas de produtividade seriam de 38% para o tratamento da menor dose e de 20% para o tratamento na maior dose enquanto que no tratamento testemunha a perda seria de 98% da produção (Tabela 3). 405

6 Nenhum tratamento promoveu sintomas de fitotoxicidade e todos foram considerados seletivos à cultura do tomateiro. Tabela 3. Número de frutos atacados por H. armigera em diferentes tratamentos 10 dias após a aplicação e Percentual de Redução de ataque promovido pelos tratamentos. Tratamento Dose Frutos atacados Delegate 2,5 g ia/100l 3,8ab Delegate 3,75g ia/100l 4,3a Delegate 5g ia/100l 2,8ab Delegate 6,25g ia/100l 2,5ab Delegate 7,5g ia/100l 2,0b Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si por meio de Tukey (10%) CONCLUSÃO De acordo com os dados obtidos pode-se concluir que Delegate 250 WG, nas doses a partir de 5g ia/100l, é eficiente para o controle de Helicoverpa armigera em tomate. REFERÊNCIAS ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal ECONOMIC Entomology, v.18, p ALBANO, S. Lagarta do tomate in AMARO, F. & MEXIA, A. Proteção integrada em tomate deindústria. Projecto Pro Agro 189, Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas, 114 p. (2006). BUENO, A. de F.; RUFINO, C.G.; HOFFMANN-CAMPO, C.B.; SOSA-GOMEZ, D.R.; HIROSE, E.; ADEGAS, F; ROGGIA, S. (Org.). Helicoverpa armigera: desafios na cultura da soja. Londrina: Embrapa Soja, IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.Disponível em Acesso em 28/08/

7 BANZATTO D.A; KRONKA SN. Experimentação agrícola. 4. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2006, 237 p. FIGUEIREDO, E. et al., Proteção integrada em tomate de indústria. Projeto Pro Agro 189, Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas, 114p PINÓIA, S.S.F. Eficácia de Bacillus thuringiensis (Berliner) e Spinosade no combate a Helicoverpa armigera (Hbn) (Lepidoptera: Noctuidae) em tomateiro, 89f. Dissertação (Mestrando em Agronomia) Universidade Técnica de Lisboa, SILVA, A.C.; CARVALHO, G.A. Manejo Integrado de Pragas. In: ALVARENGA, M.A.R. (Ed.). Tomate: produção em campo, em casa-de-vegetação e em hidroponia. Lavras: Editora UFLA, p ,