DIFERENÇAS ENTRE AS REGRAS ADOTADAS INTERNACIONALMENTE, NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E NO BRASIL
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1 FACULDADE SÃO FRANCISCO DE ASSIS CURSO CIÊNCIAS CONTÁBEIS Osmar Leandro Moraes DIFERENÇAS ENTRE AS REGRAS ADOTADAS INTERNACIONALMENTE, NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E NO BRASIL Porto Alegre 2018
2 Osmar Leandro Moraes DIFERENÇAS ENTRE AS REGRAS ADOTADAS INTERNACIONALMENTE, NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E NO BRASIL Trabalho de conclusão de Curso apresentado à Faculdade São Francisco de Assis, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Ciências Contábeis. Professor Orientador: Fernando Florentino da Silva Porto Alegre 2018
3 RESUMO O presente trabalho foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica e tem por objetivo informar e analisar as técnicas e critérios adotados para a apresentação das demonstrações contábeis Brasileiras e suas conversões para a moeda norteamericana e internacional, de acordo com as regras da FASB Financial Accounting Standards Board, com critérios e princípios aplicados nos Estados Unidos (USGAAP United States Generally Accepted Accouting Principles). A partir da edição da Lei /2007, o Brasil passou a prever, em seu sistema legal, a adoção dos padrões internacionais de contabilidade. Constatou-se que estas mudanças do processo de convergência estão mais relacionadas às questões formais, como a nomenclatura dos grupos patrimoniais, do que a aspectos conceituais. Resultados também apontam que os profissionais, embora tenham conhecimento a respeito das mudanças, ainda apresentam certa resistência em promover as alterações conceituais necessárias, que promoverão a transposição da prática contábil nacional para as Normas Internacionais. Esta mudança foi de grande importância para a Contabilidade Brasileira, pois modelo tradicional foi questionado e analisado de maneira mais abrangente, com o intuito principal de mostrar seu valor nas tomadas de decisões, na geração de valor agregado obtido nas análises extraídas de seus números, destacando a importância do Contador. Palavras Chaves: Demonstrações. Balanço. Comitê Pronunciamento Contábil. Comissão Valores Mobiliários.
4 4 1 INTRODUÇÃO Este artigo científico nos trará as técnicas e os critérios adotados para a apresentação das demonstrações contábeis Brasileiras, de acordo com as regras da FASB Financial Accounting Standards Board, com critérios e princípios aplicados nos Estados Unidos (USGAAP United Stantes Generally Accepted Accouting Principles), uma síntese comparativa dos procedimentos contábeis, a evolução da contabilidade e sua história. As demonstrações contábeis são elaboradas e apresentadas de forma distintas e com necessidades diversas, para órgãos reguladores, autoridades tributárias, instituições financeiras. A elaboração dos relatórios financeiros fornece informações úteis para tomadas de decisões como: quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimoniais; avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados; determinar políticas tributárias e regular as atividades das entidades. O principal documento que uma sociedade anônima divulga para seus acionistas é o relatório anual. Nele são apresentadas uma descrição dos resultados obtidos pela empresa no final do exercício e informações que poderão afetar o futuro da companhia. Apresenta-se também as demonstrações financeiras obrigatórias dos últimos dois anos, as notas explicativas e o parecer dos auditores independentes. (COSTA et al., 2011). O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), o International Accounting Standers Board (IASB) está em pleno processo de atualização de sua estrutura conceitual, sendo este projeto conduzido em fazes. A medida que o capítulo é finalizado, itens da estrutura conceitual para elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, que foi emitido em 1989, vão sendo substituídos. (SANTOS et al., 2015). A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho foi pesquisa bibliográfica, qualitativa, através de levantamentos de livros publicados, documentos eletrônicos e publicações.
5 5 2 HISTÓRIA DA CONTABILIDADE Com a criação da primeira escola contábil, a escola contista preocupava-se com as partidas simples e dobradas, especialmente no processo de escrituração e com técnicas de registros dos sistemas de contas. A escola contista tem seu maior impulso com Edmundo Deranges em 1795, baseando-se na teoria de cinco contas, este baseando seu trabalho no estudo do também Francês Jacques Savary, sob teoria geral de contas, em 1978 segundo Herrmann Jr, tem cinco objetos principais e que lhe servem de meio de troca, as mercadorias, dinheiro, efeitos a receber, efeitos a pagar e os lucros e perdas. Já no século XIX surge a escola Administrativa ou Lombarda, tendo como seu maior mentor Francesco Villa, outro colaborador Antonio Tonzig, teve um fator propulsor, com a conexão entre elementos contabilísticos, técnicos e doutrinários e elementos econômicos-administrativos, com a inclusão na contabilidade de fatores econômicos de produção e consumo que faziam parte da gestão da contabilidade, como forma de melhor qualificar as informações da gestão. Antes de Villa, Cerboni já havia explicitado algumas diretrizes que direcionavam o interesse do estudo da contabilidade para a administração das entidades, em suas definições, identificou a contabilidade como sendo objeto de estudo das leis que governam as empresas e suas aplicabilidades que deveriam normatizar as administrações para melhor alcançarem seus fins das entidades. Schmidt e Santos (2008, p. 22) citam o autor Villa (apud PEZZOLI, 1986), que foi o mais renomado pensador da escola lombarda, definiu contabilidade como sendo um complexo de conhecimento e de operações que serve à aplicação de diversos casos e métodos [...] e deve valer-se segundo a natureza da administração, da qual a contabilidade deve ter ao menos um suficiente conhecimento. A contabilidade para ele não se destinava para a simples escrituração, e sim composta de um conjunto de conhecimento e operações com o objetivo de controle da gestão. Tonzing também contribuiu para o desenvolvimento da escola lombarda, afirmado que a contabilidade ensina a maneira mais segura de se ter com clareza a continuidade e a representatividade do estado de substância, dos acontecimentos e do resultado de toda a administração. Também no século XIX surgiu a contabilidade científica e várias escolas de pensamento, como a personalista ou logismográfica, jurídico-personalista ou toscana, fundada na segunda metade deste século e com vários seguidores como:
6 6 Michele Riva, Francisco Bonalumi, Clitifonte Bellini, especialmente Francesco Marchi, Giusppe Cerboni e Giovanni Rossi. Nesta época para os teóricos do personalismo, as contas deveriam ser abertas as pessoas verdadeiras, físicas ou jurídicas e o dever e o haver representavam débitos ou créditos das pessoas a quem foram abertas. Marchi considerou a entidade como sendo totalmente confiada ao administrador, porque ele é responsável por todo o ativo e passivo da entidade, inclusive pelas próprias contas do proprietário, classificando as contas em quatro categorias, consignatários, correspondentes, administradores e proprietários, se referindo as contas sempre como pessoas de carne e osso. Marchi foi o iniciador, mas Cerboni o construtor da teoria personalista, este que se dedicou as atividades públicas se preocupando em desenvolver os seus trabalhos a possibilidade de sua aplicação a entidade estatais, outras doutrinas estudadas por Cerboni foi a teoria logismográfica. Uma entidade é composta pelos proprietários, dos correspondentes e dos agentes consignatários, as atividades empresariais geram relações jurídicas entre os três, revelando estas relações entre as contas contábeis que se referem e expressam seus direitos e obrigações. As contas dos agentes consignatários e dos correspondentes possuem funcionamentos semelhantes, tonto as contas dos proprietários, como as dos agentes consignatários e dos correspondentes podem ser divididas em tantas contas forem as pessoas correspondentes a cada categoria. A escola Veneziana ou Controlista tem seu principal mentor Fabio Besta, esta escola é conhecida como veneziana pelo fato de Besta ter desenvolvido suas obras na cidade de Veneza, vários outros contribuíram para esta escola, como Vittorio Alfieri, Carlos Ghidiglia, Francesco De Gobbis, Vicenzo Vianello, Pietro Rigobon, Pietro DÁlvise e Benetto Lorusso. Besta distinguiu o conceito de administração geral e administração econômica, para ele governar as produções, trocas, transformações e consumo de bens, os negócios de diversas naturezas, as relações entre pessoas que possuem os capitais e outras pessoas, é administrar e, administração é, portanto, a ação de administrar. Schmidt e Santos (2008) citam Besta (apud PEZZOLI, 1986, p. 109) que entendia por administração econômica o governo dos fenômenos, dos negócios ou relações que se vinculam com a vida da riqueza nas empresas, ou seja, a administração do patrimônio de uma entidade, com o objetivo de produzir novas riquezas.
7 7 Seguindo seus passos, Alfieri também contribuiu para escola controlista especialmente em aspectos ligados a avaliações ou estimativas conforme sua denominação, representa a determinação de valores que ocorrem na ausência de comércio dos bens econômicos, sendo valores unilaterais, já que o comércio futuro ou hipotético. A escola Norte-americana, possui peculiar no seu desenvolvimento, pois grande parte das suas construções teóricas teve origem em entidades ligadas a profissionais da ária contábil, seu inicio foi caracterizado pelo aspecto prático no tratamento de problemas econômicos-administrativos e com limitadas construções teóricas, as grandes questões enfrentas, principalmente neste século, foi um dos elementos responsáveis por transformá-la em uma das mais importantes do mundo, ditando regras no tratamento de questões ligadas à contabilidade de custos, controladoria, análise de demonstrações contábeis, gestão financeira, controle orçamentário, além de outros rumos do conhecimento contábil, posicionando essa escola na vanguarda da contabilidade mundial. Com o interesse na qualificação da informação contábil acabou polarizando o desenvolvimento de sua escola em dois aspectos, o progresso doutrinário da contabilidade financeira e dos relatórios contábeis, a participação das associações profissionais no desenvolvimento prático e teórico da disciplina, e outro foi a enorme expansão da contabilidade gerencial, especialmente na qualidade da informação interna para tomada de decisão, se desdobrando principalmente por estes dois caminhos. Como é uma característica peculiar desta escola a existência de varias associações de profissionais, mesmo que nem todos os contadores norte-americanos aceitem as ideias frente aos problemas contábeis enfrentados, uma grande maioria aceita e acata as recomendações de suas associações. As duas principais associações profissionais relacionadas com a contabilidade financeira são: o American Accounting Association e o American Institute of Certified Public Accountants. A escola matemática teve um dos principais colaboradores o Giovanni Rossi, mesmo que tenha sido um dos grandes colaboradores da escola personalista, Rossi apresentou os primeiros ensaios sobre a concepção matemática das contas, outros teóricos contábeis com menor destaque também colaboraram com a escola, como Pierre Garnier, Jean de Dumarchey e René Delaporte. Esta escola não teve grande magnitude das anteriores, apesar ter surgido como oponente das demais, fundamentando-se contrária à classificação da contabilidade como uma ciência
8 8 Social. Para Rossi, a contabilidade é uma ciência matemática na sua essência e nos seus métodos, ele compara com outras ciências aplicadas, como física, a cinemática e a moderna economia política positiva e outras ciências que são estudadas com princípios e métodos da matemática abstrata aplicada. A Escola Neocontista ou Moderna Escola Francesa, teve novo impulso no final do século XIX, como até então só existia algumas legislações que regulamentavam pontos específicos, como é o caso do código de selvageria que ordenava as atividades financeiras, estabelecendo inventários periódicos nas empresas, este código perdurou até o código de comércio Napoleônico, de 1807, que foi reformulado pela lei das companhias, em 1867, essa lei estabeleceu alguns procedimentos contábeis para elaboração dos balanços das empresas. Embora alguns autores, como Vincenzo Masi, classificassem Besta como um dos precursores do neocontismo, porque os mesmo adotaram o valor como principal base para a contabilidade, mas centraram-se basicamente nos métodos de escrituração contábil, doutrina criticada por Besta. Essa corrente doutrinal iniciou-se com os trabalhos de Jean Dumarchey, que, além de criticar o personalismo das contas, colocou como fundamento das contas e de suas investigações o valor. Para Dumarchey (1933, p. 56) o valor é a pedra angular da contabilidade. A Escola Alemã de contabilidade foi uma das mais fecundas em termos de doutrinamento, vários foram os autores que contribuíram para o seu desenvolvimento, entre os principais destacam-se, Schmalenbach, Schmidt, Gomberg, Schãr, Gutenberg, entre outros. O desenvolvimento da escola alemã junto com a doutrina da contabilidade, se deu no início do século XX, com as crescentes necessidades dos usuários contábeis dos vários setores da sociedade, alguns fatores que contribuíram para essa evolução foi o desenvolvimento dos mercados financeiros, a aceleração crescente da concentração das companhias e a expansão dos grupos empresariais, as crises sociais dos períodos de guerra e pós-guerra. A moderna escola italiana ou economia aziendale, é o resultado de um processo evolutivo da contabilidade italiana, iniciando, pelo menos em termos formais, com Leonardo Fibonacci e encerrando com Fino Zappa. O primeiro teórico que se destacou nas partidas dobradas foi Fibonacci, embora vários outros tenham se dedicado a esse estudo, alguns autores atribuem a origem das partidas dobradas a atividade marítima durante a idade média, em especial nas cidades de Veneza e Genova, outros apontam cidades não marítimas como a Firenze. Mas foi Pacioli o
9 9 grande responsável pelo desenvolvimento das partidas dobradas, tendo em vista que ele estava historicamente no lugar cento e na hora certa, ele foi responsável pela publicação do primeiro livro impresso que tratou sobre partidas dobradas, já que Veneza era um grande centro gráfico e a publicação do livro ocorreu um pouco após o processo de impressão ter sido trazido para a Itália. O processo teórico da contabilidade continuou na figura de Gino Zappa que foi um dos mais brilhantes alunos de Besta, inicialmente adotou o positivismo tradicional quer denominou as ciências sociais no mundo durante o final do século XIX e início do XX, entre 1910 e 1920, Zappa por motivos desconhecidos, modificou sua forma de pensar, escrever e conceituar contabilidade. A escola patrimonialista teve como principal colaborador o italiano Vincenzo Masi, mesmo que tenha sido fundada na Itália, a escola teve melhor aceitação em outros países, inclusive no Brasil. A contabilidade para a escola foi considerada uma ciência com objetivo determinado (o patrimônio), que utiliza nas suas investigações vários métodos, especialmente o descritivo-estatístico, e que realiza os seus fins com auxílios de diversos instrumentos, tais como os registros, livros, documentos, máquinas, cálculos aritmético etc..., Mais defendeu que problemas relacionados com o capital da entidade, com o seu resultado, com seus investimentos e financiamentos, entre outros, são problemas contábeis, não de economia empresarial. Para Masi (1958), o movimento encabeçado por Zappa compreende um sistema de ciências muito amplo que engloba a ciência de Organização e da Economia, além da própria contabilidade, em sua opinião a contabilidade deve ser desenvolvida com problemas estritamente relacionadas com o patrimônio das entidades, desde a sua formação. Entre vários estudiosos dessa escola, destaca-se o Brasileiro Frederico Herrmann Jr. (1978), que defendeu em seus trabalhos a doutrina patrimonialista, para ele a contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio à disposição das empresas. A contabilidade Brasileira pode ser dividida em dois estágios de desenvolvimento, anterior a 1964 e posterior a Mesmo que não haja uma escola Brasileira, existe vários colaboradores contábeis nacionais para o desenvolvimento da prática e da teoria contábil no Brasil. Pode-se destacar nessa primeira fase Carlos de Carvalho, que em seu livro Estudos de Contabilidade de 1915 definiu contabilidade como sendo (SILVA, 2010, p. 22):
10 10 a ciência que tem por objetivo o estudo dos livros, documentos, cálculos e contas por meio dos quais se registram a classificam os atos e fatos administrativos, cujos efeitos sobre o patrimônio ela ensina a pôr em evidência, dando normas para a representação gráfica dos mesmo (CARVALHO apud ALOE, 1967, p. 420). Esta apresentação por Carvalho no início do século traduz sua visão contista de contabilidade, demonstrando sua preocupação com as regras e princípios de escrituração. Além de Carlos Carvalho, destacam-se nessa primeira fase de desenvolvimento contábil, entre tantos, Francisco D Auria e Frederico Herrmann Júnior. 3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 3.1 Demonstrações Contábeis Brasileiras As demonstrações contábeis de acordo com a legislação societária Brasileira são denominadas demonstrações financeiras (art. 176 da LSA), e de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários CVM (Deliberação nº 488/05) são denominadas como demonstrações contábeis. As entidades com ações de capital aberto são reguladas pela CVM. As demais entidades, como ações de capital fechado, sociedades simples, cotas de responsabilidade limitada, etc., estão sujeitas a Lei das Sociedades por Ações (LSA). Para que possa ser determinada qual estrutura correta a ser adotado para as entidades, deve ser analisado cada caso, pois as mesmas têm suas estruturas especificas. (PEREZ JUNIOR, 2005). As demonstrações contábeis nas normas Brasileiras emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), conforme o item 9 do pronunciamento técnico CPC 26 (R1), deve apresentar de forma estruturada a posição patrimonial e financeira dos fluxos de caixa e o desempenho da entidade, estes sejam uteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisões econômicas, e os resultados da atuação da administração na gestão da entidade e sua capacitação na prestação de constas quanto aos recursos que lhe foram confiados.
11 Demonstrações Financeiras (LSA) Para as entidades enquadradas nesta lei (art. 176 da LSA), devem apresentar principalmente para usuários externos, as seguintes demonstrações: O Balanço Social (BP); A Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA); A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR); A Demonstração do Fluxo de caixa; Notas Explicativas. (PEREZ JUNIOR, 2005) Demonstrações Contábeis (CVM) A CVM tem poderes para disciplinar, normatizar e fiscalizar a atuação dos diversos agentes integrantes do mercado, não exercendo um papel fiscalizador em relação a qualquer informação divulgada pelas companhias, mas preocupando-se com sua regularidade e confiabilidade. De acordo com o 8º da deliberação CVM nº 488/05, as demonstrações completas devem ser compostas por: Balanço Patrimonial (BP); Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL); Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), ou quando requerido alternado com a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), exigida pela legislação societária (LSA); Demonstração do Valor Adicionado (DVA), quando divulgado; Notas Explicativas, com as práticas adotadas, principalmente com as do Comitê de Pronunciamento Contábil (CPC). (PEREZ JUNIR, 2005) 3.2 Demonstrações Contábeis Internacionais e dos Estados Unidos da América Nos Estados Unidos da América (EUA), os demonstrativos contábeis são elaborados segundo o United States Generally Accepted Accounting Principles
12 12 (USGAAP). Conforme o USGAAP entende-se por o conjunto de normas e procedimentos contábeis contidos nos pronunciamentos de vários órgãos, que controlam e utilizam-se das demonstrações contábeis, estes órgãos são: American Institute of Certified Public Accountants (AICIPA) - (Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados) Este órgão equivale-se ao Concelho Federal de Contabilidade (CFC), que concede o título de Certified Public Accountant (CPA) Certificado de Contador Público. Securites and Exchange Commission (SEC) - (Comissão de Valores Mobiliários e Cambio) Responsável pela regulamentação do mercado americano de capitais, que se equivale a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Financial Accounting Standards Board (FASB) - (Junta de Padrões de Contabilidade Financeira) Esta que é sucessora da Accounting Principles Board (APB) Junta de Princípios contábeis, órgão responsável pelo pronunciamento contábil de 1959 a 1972 e atual responsável pela emissão de pronunciamentos de padrões contábeis. Governamental Accounting Standards Boards (GASB) - (Junta de Padrões de Contabilidade Financeira e Entidades Governamentais) Esta junta é responsável pela determinação de padrões contábeis para entidades governamentais. As demonstrações contábeis internacionais são elaboradas segundo a Internacional Accounting Standards Board (IASB) Junta de Normas Internacionais de Contabilidade. O IASB é o órgão sucessor do Comitê de Normas Internacionais de contabilidade (IASC), criado em 29 de junho de 1973, pelas organizações profissionais de nove países (Austrália, Canadá, França, Japão, México, Holanda, Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha), o IASB foi criado com os seguintes objetivos:
13 13 Desenvolver um conjunto único de normas contábeis globais de qualidade alta, que seja compreensível, transparente e que resgate a comparabilidade das informações constantes nas demonstrações contábeis, sendo fácil o processo de análise e julgamentos dos participantes dos mercados de capitais do mundo; Promover o uso e aplicação rigorosa das normas internacionais de contabilidade; Provocar convergências de normas nacionais e internacionais de contabilidade bem como apresentar soluções de alta qualidade. (PEREZ JUNIOR, 2005). 3.3 Adesão às Normas Internacionais de Contabilidade Em 2005 a adesão das normas contábeis internacionais (Internacional Financial Reporting Standards - IFRS), foi exigido e adotado em cerca de 92 países, especialmente todas as empresas listadas em bolsas de valores dos 25 países membros da União Europeia (UE) foram obrigados a elaborar demonstrações financeiras em IFRS. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) exige a apresentação de demonstrações contábeis em USGAAP ou IFRS para empresas com registro no novo mercado e no nível II de governança corporativa. Para que o Brasil aderisse às normas internacionais, foi elaborado em 2000 o projeto de lei 3.741/2000, que altera a Lei Lei das Sociedades por Ações que determinava princípios e normas contábeis. A partir daí a entidade que foi criada com a aprovação desse projeto de lei, terá o objetivo de emitir pronunciamentos de contabilidade que permitam, maior transparência e qualidade das informações, harmonização das práticas contábeis Brasileiras com as melhores práticas contábeis internacionais, exigidas nos principais mercados financeiros, diminuir ou eliminar dificuldades de interpretação e aceitação das informações contábeis Brasileiras, reduzir o custo (taxa de risco) provocado pelas dificuldades de interpretação e aceitação das informações e reduzir o custo de elaboração, divulgação e auditoria das demonstrações contábeis Brasileiras. Com as alterações desta lei, com as recomendações do International Accounting Standards Board (IASB), responsável pelos profissionais de
14 14 contabilidade na maioria dos países do mundo, com as seguintes entidades como conselho consultivo: International Finance Corporation (IFC), Organização das Nações Unidas (ONU), International Chambel of Commerce (ICC) e The World Bank. Em 2002, a FASB e a IASB anunciaram a emissão de memorando de entendimento (Norwalk Agreement), formalizando as convergências das normas americanas e dos padrões internacionais. Desta forma, o FASB empreendeu as seguintes iniciativas para atingir o objetivo da convergência de USGAAP e com a IFRS. Articular projetos que estavam sendo desenvolvidos e reconhecimento de receitas e combinação de negócios, convergência de projetos de curto prazo, admitir membro do IASB no escritório da FASB, monitoramento dos projetos do IASB, convergência dos projetos de pesquisa e explícita consideração de convergência de critérios em todos os projetos. Para que as convergências da FASB e IASB sejam empreendidas, surgem algumas ações, IASB cancela dois pronunciamentos, negócios em descontinuamentos e provisões, a FASB cancela três pronunciamentos, mudanças em políticas contábeis, mudanças em métodos de depreciação e trocas de ativos e pontos ainda divergentes como, contabilidade de investimentos societários, ágio ou deságio na aquisição de investimentos, perda de substância econômica de ativos (impairment), cálculo e contabilização de imposto de renda, reconhecimento e mensuração de ativos intangíveis e benefícios a empregados. (PEREZ JUNIOR, 2005). A partir de 2010, muitas sociedades Brasileiras estão obrigadas a adotar, por exigência de diversos órgãos reguladores contábeis Brasileiros, as normas internacionais de contabilidade emanadas do International Accounting Standards Board (IASB) (International Financial Reporting Standards - IFRSs) em suas demonstrações contábeis consolidadas. (SANTOS et al., 2015). 3.4 Comparações das Normas Internacionais e Brasileiras Com base nas práticas contábeis adotadas no Brasil, vigentes em dezembro de 2005, bem como as IFRSs divulgadas pelo International Accounting Standards Board (IASB), entidade internacional responsável pela emissão das Normas Internacionais de Contabilidade, na última edição disponível Edição de 2005.
15 15 Apesar de as normas contábeis estarem em permanente processo de evolução e, consequentemente, existirem estudos e processos em andamento para novas alterações, tanto as locais quanto as internacionais, a edição de 2005 das IFRSs é considerada pelo IASB como uma plataforma estável, de forma que foi considerada apropriada pelos profissionais envolvidos no projeto para ser uma razoável base de comparação neste momento, contudo nas figuras temos as tabelas com as comparações principais, tais como a apresentação das demonstrações contábeis, os estoques, a demonstração do fluxo de caixa, as práticas contábeis, mudanças de estimativas contábeis e erros, o imposto de renda, as receitas, a adoção de IFRS pela primeira vez, demonstrações contábeis consolidadas e controladora e as sociedades coligadas que segue: No quadro 1, está a apresentação das demonstrações contábeis e suas diferenças entre as normas adotadas no Brasil e as internacionais.
16 16 Quadro 1 Apresentação das Demonstrações Contábeis (continua) Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
17 17 Neste quadro, está a continuação da apresentação das demonstrações contábeis e suas diferenças entro as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Quadro 2 Apresentação das Demonstrações Contábeis (conclusão) Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
18 18 No quadro 3, está a comparação dos estoques nas demonstrações contábeis e suas diferenças entro as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Quadro 3 Estoques Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
19 19 No quadro 4, consta a comparação do fluxo de caixa nas demonstrações contábeis e suas diferenças entro as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Quadro 4 Demonstrações de Fluxo de Caixa Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
20 20 No quadro 5, consta a comparação das práticas e mudanças nas estimativas contábeis e erros nas demonstrações contábeis e suas diferenças entro as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Quadro 5 Práticas contábeis, mudanças de estimativas contábeis e erros (continua) Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
21 21 No quadro 6, consta a continuação da comparação das práticas e mudanças nas estimativas contábeis e erros nas demonstrações contábeis e suas diferenças entro as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Quadro 6 Práticas contábeis, mudanças de estimativas contábeis e erros (conclusão) Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
22 22 No quadro 7, consta a comparação do imposto de renda nas demonstrações contábeis e suas diferenças entro as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Quadro 7 Imposto de Renda Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
23 23 No quadro 8, consta a comparação das receitas nas demonstrações contábeis e suas diferenças entro as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Quadro 8 Receita Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
24 24 No quadro 9, consta a comparação dos efeitos das mudanças em relação adoção de IFRS pela primeira vez nas demonstrações contábeis e suas diferenças entro as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Quadro 9 Adoção de IFRS pela primeira vez Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
25 25 Neste quadro, consta a comparação das demonstrações contábeis consolidadas e controladora e suas diferenças entre as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Quadro 10 Demonstrações Contábeis Consolidadas e da Controladora (continua) Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
26 26 No quadro 11, consta a continuação da comparação das demonstrações contábeis consolidadas e controladora e suas diferenças entro as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Quadro 11 Demonstrações contábeis consolidadas e da controladora (conclusão) Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006).
27 27 Quadro 12 Sociedades Coligadas Fonte: Grupo de Estudo sobre Convergência das Práticas Contábeis (2006). No quadro 12, consta a comparação das sociedades coligadas nas demonstrações contábeis e suas diferenças entro as normas adotadas no Brasil e as internacionais. Todas essas importantes alterações que visam melhorar a qualidade da informação contábil divulgada, a consequência mais relevante se dá no âmbito cultural, visto que a contabilidade hoje no Brasil está muito mais focada na interpretação dos pronunciamentos do CPC do que na mera aplicação de regras. Esse fato certamente passa a exigir do contador as habilidades de análise e interpretação, fato que consideramos bastante positivo, pois contribui para a valorização da profissão no Brasil
28 28 4 CONCLUSÃO A partir de 2008, com a promulgação da Lei , de 28 de dezembro de 2007 (BRASIL, 2007), o Brasil passou a adotar as Normas Internacionais de Contabilidade, mais comumente conhecidas como International Financial Reporting Standards (IFRS). Essa nova lei introduziu importantes conceitos do direito societário, tendo sido adaptados conceitos legais bastante utilizados em economias mais desenvolvidas, alinhando, também, a normatização Brasileira às legislações dos Estados Unidos e de países da Europa. Com essas mudanças a prática contábil Brasileira passa a estar muito mais baseada na interpretação dos pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) do que na mera aplicação de regras nacionais, como no passado recente. Essa inovação traz implicações relevantes para a qualidade da informação contábil para o profissional da contabilidade, para outros profissionais que utilizam essa informação (como os economistas), para investidores, analistas do mercado financeiro e para outros interessados. Também cabe salientar a importância destas informações para o andamento e continuidade das empresas, pois são dados fundamentais para o planejamento, o controle e a tomada de decisão. É o Contador quem fornece essas informações, fazendo toda a diferença no processo decisório. Essas mudanças causarão grande impacto no perfil do profissional, pois irão elevar o grau de conhecimento técnico exigido para o desempenho da função de Contador. No que diz respeito às demonstrações contábeis, estas serão apresentadas com mais qualidade e credibilidade, pois quando padronizadas, poderão ser interpretadas por profissionais de empresas em todo o mundo. A normatização dos procedimentos contábeis frente à globalização da economia é uma realidade que permite ao contador atuar com mais segurança no mercado internacional.
29 29 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n o 6.404, de 15 de dezembro de Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: < Acesso em: 15 jun Lei nº , de 28 de dezembro de Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: < Acesso em: 15 jun COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). Deliberação CVM nº 488, de 03 de outubro de Aprova o Pronunciamento do IBRACON NPC nº 27 sobre Demonstrações Contábeis Apresentação e Divulgações. Disponível em: < 8.pdf>. Acesso em: 15 jun COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis Disponível em: < Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57>. Acesso em: 15 jun COSTA, Luiz Guilherme Tinoco Aboim et al. Análise econômico-financeira de empresa. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, DUMARCHEY, Jean. Teoria positiva da contabilidade. 2. ed. Porto: Revista de Contabilidade e Comércio, GRUPO DE ESTUDO SOBRE CONVERGÊNCIA DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS. Sumário da Comparação das práticas contábeis adotadas no Brasil com as Normas Internacionais de Contabilidade IFRS. Brasília, DF: Conselho Federal de Contabilidade; São Paulo: Ibracon, Disponível em: < Acesso em: 13 jun HERRMANN JR., Frederico. Contabilidade superior. 10. ed. São Paulo: Atlas, MASI, Vincenzo. Francisco D Auria e a contabilidade contemporânea. Revista Paulista de Contabilidade, São Paulo, n. 379, p. 8-9, PEREZ JÚNIOR, José Hernandez. Conversão de demonstrações contábeis. 6. ed. São Paulo: Atlas, SANTOS, José Luiz dos; SCHMIDT, Paulo; MARTINS, Marco Antonio. Fundamentos de análise das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, SANTOS, José Luiz dos et al. Manual de práticas contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
30 30 SANTOS, José Luiz, Schmidt dos; SCHMIDT, Paulo; FERNANDES, Luciane Alves. Demonstrações contábeis das companhias abertas. São Paulo: Atlas, SCHMIDT, Paulo. Contabilidade internacional: consolidação e combinação de negócios. São Paulo: Atlas, ; SANTOS, José Luiz dos. História da contabilidade. São Paulo: Atlas, SILVA, José Carlos da. A análise contábil na gestão empresarial f. Monografia (Especialização em Gestão Empresarial) Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, RJ, Disponível em: < Acesso em: 15 jun
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