GT: Direito internacional e sua efetivação na ordem jurídica interna

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1 GT: Direito internacional e sua efetivação na ordem jurídica interna Fernanda Holanda Fernandes; UFRN, Natal -RN, Brasil; fernandaholanda.f@hotmail.com Thiago de Oliveira Moreira; UFRN, Natal -RN, Brasil; tomdireito@hotmail.com UMA NOVA PERSPECTIVA SOBRE A CAPACIDADE CIVIL A PARTIR DA CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência (CDPD) é um tratado internacional que instituiu um novo paradigma de compreensão da deficiência, baseado no modelo multidisciplinar em substituição a concepção exclusivamente médica. Sob esse prisma, o tratamento objetiva promover a autonomia desses sujeitos, através da superação das barreiras sócio ambientais e não, apenas, o mero assistencialismo. Nesse contexto, a Convenção, no art. 12, estabelece como dever dos Estados assegurar que as medidas relativas ao exercício da capacidade legal respeitem a vontade e as preferências do indivíduo, sejam condizentes com as circunstâncias individuais e se apliquem pelo período mais curto possível, sendo submetidas à revisão regular por uma autoridade ou órgão judiciário. Considerando que o referido tratado foi incorporado pelo Brasil com status de emenda constitucional, surge a questão de saber se o processo de interdição previsto na legislação nacional é compatível com o dispositivo da CDPD. Para responder a essa indagação, utilizou-se a metodologia da pesquisa bibliográfica, com o objetivo de promover a reflexão acerca do procedimento da curatela no Brasil e suas consequências para o exercício da autonomia do curatelado. Nesse âmbito, buscouse, especificamente, analisar os conceitos de incapacidade civil absoluta e relativa, do código civil de 2002, em relação ao novo conceito de pessoa com deficiência apresentado pela CDPD, bem como o papel do magistrado durante esse processo. Percorrido esse caminho, pode-se constatar que o modelo de interdição brasileiro é inconvencional, pois vai de encontro às disposições da CDPC. A partir disso, surge a necessidade premente de revisão da legislação pátria pertinente à capacidade civil, uma vez que ela se encontra em notório desacordo com a nova definição de pessoa com deficiência e a política de inclusão. Palavras-chave: Capacidade civil. Deficiência. Convenção internacional.

2 1 INTRODUÇÃO Os direitos das pessoas com deficiência (PCD) estão sendo defendidos em diversos âmbitos, nas redes sociais, escolas, empresas, nas ruas e, o mais importante, pelos próprios deficientes, que assumiram a direção dos movimentos sociais sobre esse tema. Contudo, nem sempre foi assim. Por muito tempo esse segmento social estava restrito a ser objeto de legislações e políticas públicas que lhe diziam respeito, mas não atendiam às suas reais necessidades. Visto que eram formuladas por terceiros que enxergavam a deficiência, mas não a vivenciavam e o resultado disso era a produção de políticas assistencialistas que ao invés de promover a autonomia dessas pessoas às tornavam mais dependentes e indefesas. Diante desse panorama, considera-se a elaboração da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) e seu Protocolo Facultativo, ambos de 2006, como o marco da mudança de paradigma na compreensão da deficiência. Visto que foi o primeiro tratado internacional específico sobre essa camada da população, apresentando, portanto, dispositivos que abrangem as singularidades desses sujeitos. Ademais, elaborou uma nova definição sobre deficiência, baseada na substituição do modelo exclusivamente médico por uma visão multidisciplinar. Essa nova concepção possibilitou à Convenção reconhecer a autonomia e independência dessas pessoas, inclusive a liberdade para fazer as próprias escolhas. Buscando efetivar o modelo biopsicossocial sobre a deficiência, pautado na emancipação, a referida Convenção apresenta a autonomia como um dos seus princípios norteadores e, nesse sentido, apresenta vários dispositivos que concedem direitos antes inimagináveis para pessoas com limitações funcionais, como o direito a sexualidade, a constituir uma família, etc. Nesse âmbito, o tratado em estudo apresenta dispositivos acerca do instituto da tutela e da curatela, buscando preservar a autonomia das pessoas tuteladas ou curateladas. Com efeito, o art. 12 discorre acerca do reconhecimento igual da capacidade jurídica para a fruição dos direitos e para o exercício dos atos jurídicos por todas as pessoas com deficiência, inclusive mental ou sensorial, devendo ser respeitada a sua capacidade de decisão, garantindo-se proteção por meio da tutela ou da curatela em caráter suplementar.

3 Nesse, contexto, considerando que a CDPD foi incorporada pelo Brasil com status de emenda constitucional, surge a questão de compreender se o processo de interdição brasileiro está em conformidade com a referida Convenção. Dessa forma, objetiva-se promover a reflexão acerca do procedimento da curatela no Brasil e suas consequências para o exercício da autonomia do curatelado. A importância desse trabalho reside na necessidade de efetivação do novo paradigma de compreensão da deficiência, através do qual as pessoas com alguma limitação física, sensorial ou mental são vistas como parte da diversidade humana e não como incapazes. Pois ter um modo de funcionamento diferente não significa ser menos capaz do que as outras pessoas, estas é que precisam aceitar e acolher as singularidades que fazem parte da espécie humana. 2 PROMOÇÃO DA AUTONOMIA ATRAVÉS DA CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Buscando efetivar o modelo biopsicossocial sobre a deficiência, pautado na emancipação, a referida Convenção apresenta a autonomia como um dos seus princípios norteadores e, nesse sentido, apresenta vários dispositivos que concedem direitos antes inimagináveis para pessoas com limitações funcionais. Dentre esses direitos encontra-se a sexualidade, que segundo Schaaf (2011, p. 116), até aproximadamente 20 anos atrás, era abordada de forma distorcida, pois os estudos consideravam que tais indivíduos eram uma ameaça porque possuíam uma hiper-sexualidade, enquanto outros defendiam que tais pessoas eram assexuadas e primavam pela defesa destas contra abusos e explorações sexuais. Contudo, a partir da CDPD, compreendeu-se que a sexualidade não pode ser negada às pessoas com deficiência, pois faz parte da natureza humana e é possível o seu exercício por elas de uma forma saudável, desde que seja concedido o auxílio necessário. Nessa direção, o art. no art. 8, b, determina como obrigação dos Estados-Partes combater estereótipos, preconceitos, inclusive aqueles relacionados ao sexo; garantir as pessoas com deficiência a conservação da sua fertilidade (art. 23, c); oferecer às pessoas com deficiência programas e atenção à saúde, gratuitos ou a custos acessíveis, inclusive na área de saúde sexual e reprodutiva (art. 25, a).

4 Como decorrência do direito a sexualidade, surge também a garantia para as PCD de poder constituir uma família, como postula o art. 23 sobre o direito de constituir, manter e planejar a família por pessoas com deficiência; preservação do direito à filiação natural ou adotiva, bem como os cuidados inerentes à guarda aos pais com deficiência. Nesse diapasão, Ferraz (2012, p. 329) defende o direito das PCD a um agrupamento familiar como um direito fundamental inerente à natureza do homem, que se constitui como um ser gregário movido pelas trocas afetivas. Estas, segundo a autora, não são afetadas pela deficiência e, portanto, é necessário distinguir a capacidade civil para os atos negociais do exercício dos atos exclusivamente existenciais. Nesse âmbito, o tratado em estudo apresenta dispositivos acerca do instituto da tutela e da curatela, buscando preservar a autonomia das pessoas tuteladas ou curateladas, o art. 12 discorre acerca do reconhecimento igual da capacidade jurídica para a fruição dos direitos e para o exercício dos atos jurídicos por todas as pessoas com deficiência, inclusive mental ou sensorial, devendo ser respeitada a sua capacidade de decisão, garantindo-se proteção por meio da tutela ou da curatela em caráter suplementar. Assim, a CDPD estabelece como dever dos Estados-Partes adotar medidas para prover o apoio que as PCD necessitam para o exercício de sua capacidade legal e assegurar que tais medidas respeitem a vontade e as preferências do indivíduo, sendo condizentes com as circunstâncias pessoais, aplicadas pelo período mais curto possível e submetidas à revisão regular por uma autoridade ou órgão judiciário. Como observado, a Convenção é coerente com o seu propósito promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente. (art. 1 da CDPD). Em face desse panorama, indaga-se se a legislação brasileira acerca da capacidade civil e do processo de interdição estão de acordo com esse novo paradigma sobre a deficiência, pautado na promoção da autonomia. 3 A LEGISLAÇÃO PÁTRIA SOBRE CAPACIDADE CIVIL

5 3.1 CAPACIDADE CIVIL RELATIVA E ABSOLUTA E O NOVO CONCEITO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA O código anterior, de 1916, trazia a expressão loucos de todo o gênero para descrever a ausência de saúde mental para o ato jurídico. O código civil de 2002 usa o termo mais genérico ausência do necessário discernimento para os atos da vida civil e estabelece gradação para a debilidade mental, pois o art. 4 conceitua como relativamente incapazes aqueles que por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido. Segundo, Venosa (2011), essa gradação é mais justa, pois há casos de deficiência mental que comprometem apenas parcialmente a capacidade civil. Nesse sentido, posicionam-se os julgados mais recentes, descrevendo o grau de incapacidade dos interditos. Taborda (2004) ressalta que a partir do CC de 2002 para a decretação da interdição não basta apresentar transtorno mental ou doença, é indispensável que a patologia mental interfira de tal forma no plano psicológico a ponto de impedir que a pessoa detenha a indispensável compreensão do significado e implicações dos seus atos. Dessa maneira, fica evidente que diferentemente da antiga lei material civil pautada no critério meramente biológico, qual seja, o de que a simples existência do transtorno mental era causa suficiente para determinar a incapacidade civil, o atual código civil se sustenta no critério bio-psicológico. Sob esse aspecto, houve uma grande evolução legislativa, pois se admite que uma pessoa possua déficits sem que seja considerada incapaz. Ademais, passa a existir a possibilidade de uma doença biológica não necessariamente implicar em comprometimento da vida social. Nesse contexto, a lei vigente se adapta ao novo conceito de pessoa com deficiência, pois vai ao encontro da ideia de que um indivíduo com deficiência pode estar servido dos instrumentos soció-ambientais necessários para superar a desvantagem que a sua condição fisiológica lhe impõe. Contudo, não se pode olvidar que por mais que tenham ocorridos avanços em relação ao código civil anterior, o atual ainda possui alguns equívocos que o tornam incompatível com o novo modelo de compreensão da deficiência em relação à questão da capacidade civil. Outra questão importante salientada por Taborda (2004) é que em relação a incapacidade relativa, o art 4, inciso II refere-se exclusivamente a ébrios habituais, viciados em tóxicos e portadores de deficiência mental como potenciais pessoas

6 com discernimento reduzido. Enquanto, no inciso III se refere aos excepcionais sem desenvolvimento mental completo, dos quais não se exige demonstração de redução do discernimento. O autor destaca que tal redação dar margem para a questão: A pessoa com retardo mental (deficiente mental na expressão da lei) necessitaria de um comprometimento da faculdade da compreensão para ser declarada como tal ou sempre o deveria ser? No que tange à interdição absoluta, Taborda (2004) observa que a expressão enfermidade ou deficiência mental abrange todos os transtornos mentais existentes, à exceção dos transtornos da personalidade. O art. 4, inciso II, entretanto, substitui enfermidade mental por categorias específicas ébrio habitual e viciado em tóxicos. Segundo o jurista, com tal dispositivo, o legislador, dentre as enfermidades mentais, cinge-se apenas às relacionadas ao capítulo das dependências químicas por substâncias lícitas ou ilícitas. Fecha a possibilidade, portanto, que um sem-número de pessoas com outras enfermidades mentais possam ser protegidas com restrições parciais de sua autonomia. Destaque-se que embora a legislação tenha utilizado termos demasiadamente minuciosos para distinguir a capacidade relativa da absoluta, terminou por deixar a critério do juiz a decisão acerca da limitação à autonomia do indivíduo sujeito a interdição. Caberá ao juiz avaliar o caso concreto e com auxílio da perícia médica definir o grau de limitação mental que autoriza definir a incapacidade relativa. De fato, a dependência de álcool e tóxicos pode ser tal que iniba totalmente a compreensão dos fatos de vida, de modo a implicar incapacidade absoluta. Pela mesma razão nem sempre a situação de ebriedade ou toxicomania será tal que implique qualquer capitis deminutio. (VENOSA, 2011, p.145) Sob esse prisma, é imprescindível a sensibilidade dos magistrados para compreender que a deficiência não deriva apenas do plano biológico, mas também das condições de vida de cada um. É imprescindível, enxergar a pessoa e sua história antes de querer enquadrá-la numa categoria de transtorno mental, que muitas vezes nem a própria medicina consegue precisar com exatidão. Nesse âmbito, conhecer o novo conceito sobre pessoa com deficiência, introduzido pela CDPD, faz uma relevante diferença nesse processo. Ademais, Leite (2012) verifica a inexistência de uniformidade terminológica entre a CDPD e o Código Civil de Visto que a Convenção da ONU emprega expressões mais abrangentes, deficiência mental (patologias mentais) e

7 deficiência intelectual (limitação cognitiva), enquanto a legislação interna é mais minuciosa. Essa disparidade terminológica se acentua em face da classificação do CID-10, da Organização Mundial da Saúde, e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR), da Associação Psiquiátrica Americana, que empregam a expressão transtornos mentais para designar todos os casos de doenças mentais, de transtornos da personalidade e de deficiência intelectual. 1 Leite (2012) conclui que seria mais sensato que o Código Civil tivesse adotado linguagem mais técnica, com menos minúcias, pois é notória a dificuldade que enfrenta a doutrina para diferenciar o alcance jurídico de enfermidade, deficiência mental e pessoa excepcional sem desenvolvimento mental completo. O jurista salienta também que na prática a definição exata dessas expressões tem sua importância reduzida, uma vez que, identificado pela perícia médica que o interditando apresenta transtorno mental, é o grau de comprometimento de sua inteligência e do seu discernimento o fator preponderante para a qualificação como absolutamente ou relativamente incapaz. Sublinhe-se que é importante não só a adequação do código civil de 2002 a CDPD, que possui status de emenda constitucional, mas também ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Visto que, segundo Moraes (2010, p. 47 apud Leite, 2012) para essa legislação infraconstitucional, pessoa é tão somente aquele que participa da relação jurídica, o sujeito de direitos. Essa definição artificial levou a um tratamento jurídico também distante e formal da capacidade civil. Com isso a proteção da capacidade deixa de ser um instrumento de tutela da personalidade, aqui compreendida como valor jurídico, para figurar como meio de resguardo de interesses estritamente patrimoniais. 3.2 O PROCESSO DE INTERDIÇÃO E SUA INCOMPATIBILIDADE COM A CDPD A interdição é um instituto de direito civil que, a princípio, visa preservar o patrimônio de alguém que se encontra incapacitado para realizar todos ou alguns atos da vida civil. Contudo, a partir da Constituição Federal de 1988 que estabeleceu a centralidade do princípio da dignidade da pessoa humana e da internalização da

8 CDPD que preza pela autonomia de das PCD, este objetivo da interdição civil precisa ser revisto. Nesse contexto, impende destacar as críticas em relação ao tratamento concedido a capacidade civil pelo Código Civil brasileiro (2002). Leite (2012) destaca que os limites da curatela variam conforme se trate de incapacidade absoluta ou relativa. O art do Código Civil autoriza o juiz, ao decretar a interdição de relativamente incapaz, estabelecer a curatela parcial apenas para os atos definidos na sentença. O autor observa que como não há semelhante previsão legal para os absolutamente incapazes, deduz-se, mediante a aplicação literal da norma, que na interdição do absolutamente incapaz a curatela será sempre total, ou seja, para todos os atos da vida civil. Leite (2012) salienta as consequências nefastas dessa situação, como a transferência ao curador do exercício de todos os direitos do incapaz, pois ele passa a cuidar não apenas dos bens deste, mas também de sua pessoa, implicando a perda de autonomia pelo interdito em todas as esferas da vida. Isso demonstra o caráter eminentemente patrimonialista das normas brasileiras, que em nome da proteção ao patrimônio sacrificam os direitos do sujeito, sendo este reduzido, no código civil (2002), aquele que tem aptidão para adquirir direitos e deveres, figurando no polo ativo ou passivo de uma relação jurídica. (LEITE, 2012, p.313) Observa-se que a CDPD, no art. 23, inclui como dever dos Estados tomar medidas efetivas para a discriminação contra pessoas com deficiência, em todos os aspectos relativos a casamento, família, paternidade e relacionamentos, em igualdade de condições com as demais pessoas. O art. 23 dispõe, ainda, sobre o direito de constituir, manter e planejar a família por pessoas com deficiência; preserva o direito à filiação natural ou adotiva, bem como os cuidados inerentes à guarda dos pais com deficiência. Ante o exposto, pode-se constatar que o modelo de interdição brasileiro é inconvencional, pois vai de encontro às disposições da CDPC, adotada pelo Brasil com status de Emenda Constitucional. Ademais, a referida Convenção apresenta, no art. 4, como obrigação dos Estados-Partes: a) Adotar todas as medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra natureza, necessárias para a realização dos direitos reconhecidos na presente Convenção; b) inclusive legislativas, para modificar ou revogar leis, regulamentos, costumes e práticas vigentes, que constituírem discriminação contra pessoas com deficiência.

9 A partir disso, surge a necessidade premente de uma releitura da legislação pátria pertinente à capacidade civil, a partir da interpretação conforme o Direito Internacional e a CDPD, uma vez que ela se encontra em notório desacordo com a nova definição de pessoa com deficiência e a política de inclusão. Nesse âmbito, sublinhe-se que o novo Código de Processo Civil, cujo projeto já foi aprovado pelo Senado, trás importantes avanços na adequação de suas normas a CDPD. O texto aprovado em 17/12/2014, concebe a interdição como um instituto para administração dos bens do interditado e apenas se for o caso, também os atos da vida civil. Nesse contexto, admite a interdição parcial que deve ser fixada de acordo com o desenvolvimento mental do curatelado, considerando suas potencialidades. Ademais, o juiz ao investigar sobre a capacidade civil deverá perscrutar também sobre os aspectos existenciais de sua vida, acerca de suas vontades, preferências, laços familiares e afetivos Art Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que demonstram a incapacidade do interditando para administrar seus bens e, se for o caso, praticar ato da vida civil, bem como o momento em que a incapacidade se revelou. Parágrafo único. Justificada a urgência, o juiz pode nomear curador provisório ao interditando para a prática de determinados atos. Art O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante o juiz, que o entrevistará minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bens, vontades, preferências, laços familiares e afetivos, e sobre o que mais lhe parecer necessário para convencimento quanto a sua capacidade para prática de atos da vida civil, devendo ser reduzidas a termo as perguntas e respostas. Art Na sentença que decretar a interdição, o juiz: I - nomeará curador, que poderá ser o requerente da interdição, e fixará os limites da curatela, segundo o estado e o desenvolvimento mental do interdito; II - considerará as características pessoais do interdito, observando suas potencialidades, habilidades, vontades e preferências 3º A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas naturais e imediatamente publicada na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por seis meses, na imprensa local, uma vez, e no órgão oficial, por três vezes, com intervalo de dez dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição, os limites da curatela e, não sendo total a interdição, os atos que o interdito poderá praticar autonomamente. De acordo com a deputada Mara Gabrilli, a mudança no texto provocará na Justiça um novo olhar para a questão da interdição e das reais capacidades da pessoa com deficiência. Para isso, o juiz terá de considerar a importância pedagógica que envolve o processo, ou seja, o desenvolvimento e amadurecimento do curatelado.

10 Nessa mesma direção, encontra-se o Estatuto da pessoa com deficiência, PL 3638/00 que estava em discussão no Congresso Nacional desde 2003, e tinha por objetivo estabelecer as diretrizes gerais, normas e critérios básicos para assegurar a inclusão social e o exercício dos direitos individuais e coletivos da pessoa com deficiência (art. 1 ). Com a incorporação da CDPD, o texto passou por uma reformulação para tornar-se compatível com o tratado. Nesse contexto, foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 05/03/2015, devendo, ainda, ser avaliado pelo Senado. Em relação à capacidade civil, o Estatuto apresenta os seguintes dispositivos: Art A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. Parágrafo único. Qualquer limitação à capacidade legal será estabelecida em processo de interdição como medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e capacidades do interdito e pelo menor tempo possível. Art A curatela parcial, adotada como regra, afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial, não alcançando o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho, ao voto, dentre outros. Parágrafo único. A curatela total será medida extraordinária, devendo constar da sentença de interdição as razões e motivações, que devem ser de interesse do interditando. Como observado, o Estatuto é mais enfático que o código de processo civil, ao garantir a interdição parcial e resguardar os atos existenciais, não incluindo-os na curatela. Com efeito, ambos os diplomas representam um grande avanço na luta das PCD por autonomia e reconhecimento. Contudo, é importante evidenciar que o código civil de 2002 ainda apresenta varias incompatibilidades em relação a esse documento internacional e também precisa ser reinterpretado. 5 CONCLUSÃO A CDPD é um importante tratado internacional que instituiu um novo modo de compreender a deficiência, tendo como princípio fundamental desse novo paradigma a promoção da autonomia ao invés do mero tratamento assistencialista. Visto que visa reconhecer as capacidade e potencialidades da pessoa com deficiência, contribuindo para o seu desenvolvimento na sociedade. Dessa forma, ao ser

11 incorporado pelo Brasil com status de emenda constitucional a Convenção de Nova York pode revogar a legislação com ela incompatível e afastar a sua aplicação através de um controle de convencionalidade. Nesse sentido, analisou-se a legislação interna acerca da capacidade civil e interdição e constatou-se a sua inadequação em relação ao novo conceito de deficiência, pois longe de promover a autonomia do curatelado, o processo de interdição brasileiro ainda visa apenas proteger o seu patrimônio. Sob essa perspectiva, é imprescindível uma releitura desse diploma eu além está em desacordo com a referida Convenção e com o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, também apresenta termos confusos e pouco técnicos em relação a incapacidade, dificultando o trabalho dos juízes e peritos. Destaca-se que repensar a questão da capacidade civil, concedendo mais autonomia às pessoas com deficiência mental é um importante passo na construção de uma sociedade livre, justa e solidária, na qual a diversidade é aceita como fator de crescimento do indivíduo e não como mazela a ser abolida. Por mais que já se tenha avançado na defesa dos direitos das pessoas com deficiência, a deficiência mental ainda é um ponto que merece destaque. Pois quando a deficiência não está visível à primeira vista, obriga às pessoas a encontrar maneiras de se relacionar com aqueles que têm um modo de funcionamento mental diferente e não apenas realizar gestos eventuais como ajudar alguém a atravessar uma rua ou pegar um ônibus. REFERÊNCIAS LEITE, Glauber Salomão. O regime jurídico da capacidade civil e a pessoa com deficiência. In: FERRAZ, Carolina, Valença. (Cord) et al. Manual dos Direitos das Pessoas com Deficiência. São Paulo: Saraiva, Parte III, Cap. 4. P VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 11ed. São Paulo: Atlas, (Coleção Direito Civil; v.1) TABORDA, José G.V. et. Al. A avaliação da capacidade civil e perícias correlatas. In: Psiquiatria Forense. TABORDA, José. et.al. Porto Alegre: Artmed, p FERRAZ, Carolina Valença. O direito das pessoas com deficiência nas relações familiares. In: FERRAZ, Carolina Valença. et al. (Cord).Manual dos Direitos das Pessoas com Deficiência. São Paulo: Saraiva, Cap. I, p SCHAAF, Marta. Negociando Sexualidade na Convenção de Direitos das Pessoas com Deficiência. Revista Internacional de Direitos Humanos. v. 8, n. 14,

12 2011. Semestral. Disponível em: < Acesso em: 20 ago. 2013

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