Determinação de isótopos de Urânio em Urina
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- Rita Maria do Loreto Coimbra Antas
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1 Determinação de isótopos de Urânio em Urina I. R. Lellis 1 ; D. V. F. M. Rey Silva 1 ; M. H. T. Taddei 1 ; M. W. Schrage² 1 Laboratório de Poços de Caldas, Comissão Nacional de Energia Nuclear, , Poços de Caldas-MG, Brasil ² Universidade Federal de Alfenas Campus Poços de Caldas, , Poços de Caldas, Brasil iza_dora_lellis@hotmail.com RESUMO Concentrações variáveis de urânio ocorrem naturalmente em águas, produtos vegetais e solos. Desse modo, pequenas quantidades deste elemento são incorporadas rotineiramente pelo homem. Ao mesmo tempo, indivíduos ocupacionalmente expostos (IOEs) estão sujeitos à incorporação de quantidades mais elevadas de urânio em suas rotinas de trabalho. Os efeitos na saúde humana resultantes da incorporação de urânio em doses ambientais não são muito bem estabelecidos, sendo reconhecidos atualmente como pouco relevantes. Por outro lado, a incorporação decorrente de atividades ocupacionais, onde doses mais elevadas podem ser encontradas, representa risco à saúde resultante de danos químicos aos rins. Considerando-se que o urânio é eliminado do corpo humano por meio da urina e das fezes, e que se pode obter a concentração na urina por meio de análises radioquimicas, este pode ser considerado um método indireto eficiente para a verificação da incorporação deste elemento. Neste trabalho analisaram-se os isótopos de 234 U, 235 U e 238 U em amostras de urina de IOEs e verificou-se a taxa de urânio presente nas mesmas. Palavras-chave: Urânio, urina, precipitação de urânio.
2 I. R. Lellis, et. Al. IJC Radio INTRODUÇÃO Urânio é um elemento primordial na crosta terrestre e é encontrado em todos os componentes do ambiente, portanto, é possível identifica-lo em alimentos, na água e no ar, sendo que a exposição humana mais elevada advém dos dois primeiros. Por outro lado, indivíduos ocupacionalmente expostos (IOEs) estão sujeitos a inalação ou ingestão de compostos de urânio estando assim expostos a uma dose mais elevada de Urânio que podem resultar em danos a saúde [1]. Sabe-se que o urânio das fontes citadas acima não é bem absorvido pelo aparelho digestivo e é eliminado em sua maioria em um curto espaço de tempo. Uma parte deste urânio é eliminado através da urina, logo, a análise de urânio em urina é o melhor método indireto para verificar a contaminação interna [2]. A análise da contaminação por urânio na monitoração de IOEs é essencial, pois acima dos limites estabelecidos este radionuclídeo pode causar graves efeitos aos rins e efeitos menos graves ao fígado, pulmão e sistema nervoso. Atualmente existem 22 isótopos reconhecidos, sendo todos emissores alfa e tóxicos para o homem, tanto quimicamente quanto radiologicamente. No entanto, apenas três deles ocorrem naturalmente e estes são o 234 U, 235 U e 238 U, os mesmos fazem parte de duas cadeias de decaimento e serão analisados ao longo do trabalho [1, 2]. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Indivíduos ocupacionamente expostos do LAPOC coletaram amostras de urina durante um período de 24h corridas. Analisou-se nestas amostras os isótopos de 234 U, 235 U e 238 U, utilizando-se a técnica de coprecipitação de urânio com fosfatos, seguida da purificação por meio de resina cromatográfica e eletrodeposição. Realizou-se a quantificação dos isótopos utilizando-se espectrometria alfa com detectores de barreira de superfície. Para monitoração da recuperação química, utilizou-se o traçador 232 U, cujo rendimento varia entre 80% e 95%. A concentração mínima detectável depende, dentre outros fatores, do tempo de contagem e do
3 I. R. Lellis, et. Al. IJC Radio volume tomado para análise. Neste caso a concentração mínima detectável foi de 0,072 mbq/amostra. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados obtidos para os IOEs encontram-se na Tabela 1. Para comparação dos resultados adotou-se os limites encontrados na ICRP 78, considerando monitoração especial realizadas em condições reais ou suspeita de anormalidade. Após sete dias da inalação de urânio, adotou-se a classe F, a mais restritiva de acordo com sua taxa de eliminação, esta considera materiais depositados facilmente absorvidos nos fluidos corporais do trato respiratório [3]. Tabela 1: Resultados obtidos para as amostras de IOEs e limites encontrados no ICRP -78. Amostra Atividade do nuclídeo (mbq/amostra) ± Incerteza U U 238 U A 1,653 ± 0,218 0,186 ± 0,071 1,296 ± 0,233 B 0,798 ± 0,158 0,213 ± 0,081 0,333 ± 0,168 C 1,876 ± 0,256 < 0,087 1,511 ± 0,264 Limite 4,600 4,600 4,600 Observa-se que os valores obtidos se encontram consideravelmente abaixo dos limites estabelecidos na ICRP. Ressalta-se que o valor para 235 U do indivíduo C não consta na Tabela 1 pois estava abaixo do limite de detecção. Outra comparação efetuada foi com o índice de indicador biológico apresentado no manual de orientação sobre controle médico ocupacional da exposição a substâncias químicas. Para tanto converteu-se a atividade dos radionuclídeos apresentados na Tabela 1 para concentração (mg/l). Sabendo-se que o urânio natural consiste em uma mistura dos três isótopos radioativos com porcentagens equivalentes a 99,27% 238 U, 0,72% 235 U e 0,0054% 234 U encontrou-se os limites para cada isótopo a partir do limite de indicadores biológicos apresentado no Manual de orientação sobre o controle médico ocupacional da exposição a substâncias químicas [4]. Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 2.
4 I. R. Lellis, et. Al. IJC Radio Tabela 2 - Resultados obtidos para as amostras de IOEs e limites encontrados no Manual de orientação sobre controle médico ocupacional da exposição a substâncias químicas. Amostra Atividade do nuclídeo (mbq/amostra) ± Incerteza U U 238 U A 4,91x10-9 1,59 x10-6 7,18 x10-5 B 4,66x10-9 1,51 x10-6 6,81x10-8 C 6,77x ,90x10-5 Limite 0,0108 1,44 198,54 Novamente observa-se que os valores encontrados estão consideravelmente abaixo dos limites apresentados. Ressalta-se que a taxa de 235 U na urina do indivíduo C encontrava-se abaixo do limite de detecção e por isso não consta na Tabela CONCLUSÕES Comparando-se os valores encontrados com os limites apresentados tanto pela ICRP 78 quanto pelo manual de orientação sobre controle médico ocupacional conclui-se que não há contaminação dentre os IOEs do LAPOC que foram monitorados, uma vez que todos apresentam valores muito abaixo dos limites utilizados. Entende-se que o serviço de radioproteção bem como o treinamento individual estão sendo eficazes. Para as próximas etapas do trabalho serão analisados indivíduos públicos e seus resultados serão comparados aos dos indivíduos ocupacionalmente expostos para verificar se há uma taxa de urânio maior nos IOEs do que a já esperada advinda de fontes naturais. 5. AGRADECIMENTO Gostaria de agradecer primeiramente a minha família por me apoiar em todos os momentos, agradecer a FAPEMIG e a CNEN/LAPOC por me darem a oportunidade de embarcar neste trabalho. Agradeço também minha orientadora Daniela que me escolheu e sempre acreditou e incentivou meu projeto. A Maria Helena que me ensinou as técnicas necessárias e cedeu o laboratório bem como seus orientandos, Tatiana, João e Flávio que me ajudaram sempre que necessário. Por fim, agradeço cada indivíduo que coletou amostra ou contribuiu direta ou indiretamente para que o projeto fosse concretizado de maneira satisfatória.
5 I. R. Lellis, et. Al. IJC Radio REFERÊNCIAS 1. Gaburo, J. C.; Todo, A. S.; Sordi G. M. A. A. A FLUORIMETRIA PARA O CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO INTERNA DOS TRABALHADORES EXPOSTOS A URÂNIO NATURAL E ENRIQUECIDO. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares Ipencnen/sp, São Paulo. 2. International Commission On Radiological Protection. Individual monitoring for internal exposure of workers. Oxford, Pergamon, (ICRP-78). 3. STARÓSCIAK, E.; ROSIAK, L.. Determination of uranium reference levels in the urine of Warsaw residents (Poland). Warsaw: Central Laboratory For Radiological Protection, Ministério do Trabalho. Manual de orientação sobre controle médico ocupacional da exposição a substâncias químicas. São Paulo, 2014.
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