A importância do gerenciamento de projetos na engenharia ambiental Renata Lacerda Sousa

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1 A importância do gerenciamento de projetos na engenharia ambiental Renata Lacerda Sousa RESUMO O artigo abordarã a importã ncia da implementaã à o dos conhecimentos de Gerenciamento de Projetos na Engenharia Ambiental. De forma mais abrangente, serã demonstrado como os processos, dentro das à reas de conhecimento de Gerenciamento de Projetos beneficiam uma organizaã à o ambiental, proporcionando-lhe melhor aproveitamento das atividades, respeitando os parã metros da qualidade, dentro do prazo e custos previstos, a fim de atingir seus objetivos estratã gicos, de maneira mais coerente, prã tica e organizada. Este procedimento serã exemplificado em um esquema, atribuindo as boas prã ticas, dentro das normas e leis vigentes, a um fato predominante no mercado atual, relacionado a conhecimentos e competãªncias transversais; caracterã sticas estas que vãªm deixando a desejar nos atuais engenheiros e sã o consideradas vitais para a execuã à o de um projeto bem sucedido. Palavras- Chave: Gerenciamento de projetos, ambiental, implementaã à o e gestã o de sucesso.  1 INTRODUà ÃO O desenvolvimento sustentã vel de um paã s depende de um processo amplo de mudanã as que envolvem o cidadã o, o Estado e o setor produtivo. Isto pressupãµe a integraã à o de soluã ões nas à reas econã mica, social, polã tica e ambiental. O aumento da competitividade da economia, a melhoria das condiã ões de vida da populaã à o, a descentralizaã à o das decisãµes e o respeito ao meio ambiente, sã o os pontos fortes para a construã à o de um novo padrã o de desenvolvimento, no qual todas as regiãµes crescem de forma integrada. (IBAMA, 2002) A Engenharia Ambiental à uma à rea que atua na gestã o dos processos associados à s tecnologias limpas, na administraã à o sustentã vel da produã à o e na prevenã à o da poluiã à o, desde a obtenã à o da matã ria-prima atã o descarte do produto. Ela vem se destacando, quando associada ao objetivo estratã gico de uma organizaã à o, atuando no diagnã³stico, manejo, tratamento e controle de problemas ambientais urbanos e rurais. Alà m disso, realiza os estudos dos possã veis impactos ambientais (EIA/RIMA), imprescindã veis para a implementaã à o de um empreendimento, respeitando à s exigãªncias das normas e leis ambientais vigentes. Para tanto, seria de suma importã ncia aplicar conhecimentos, habilidades, ferramentas e tã cnicas à s atividades de seus projetos, a fim de satisfazer todos esses requisitos, contribuindo para uma gestã o ambiental de sucesso. 2 OBJETIVO Demonstrar como os procedimentos do Gerenciamento de Projetos, seguindo modelo do PMBOKÂ, podem ser aproveitados na Engenharia Ambiental, durante sua gestã o, de maneira que o guia das melhores prã ticas possa contribuir para o melhor resultado esperado de um projeto ambiental em um empreendimento, com melhor aproveitamento das atividades, respeitando os parã metros da qualidade, dentro do prazo e custos previstos, a fim de atingir os objetivos ambientais estratã gicos de uma organizaã à o, de maneira mais coerente, prã tica e organizada. 3 JUSTIFICATIVA O tema deste artigo à sustentado por duas questãµes: a primeira delas estã relacionada à s competãªncias transversais de um profissional; e a segunda, à s exigãªncias legais, que a cada dia ficam mais restritivas. 3.1 Competências transversais SANTANA (2009) defende que: â œo desafio que se apresenta à s escolas de engenharias brasileiras à de formar profissionais que atuem em um cenã rio de mudanã as. O novo

2 engenheiro deve ser capaz de propor soluã ões que sejam nã o apenas tecnicamente corretas, mas que considere os aspectos polã ticos, econã micos, sociais, ambientais e culturais, com visã o gerencial e humanã stica, componentes agora presentes nos processos produtivosâ. Para confirmar esta tese, ele recorreu à s pesquisas encomendadas pelo CNI/IEL/SENAI (2006), nas quais foram ouvidas opiniãµes de representantes de 120 grandes indãºstrias e 5 renomados acadãªmicos sobre o perfil esperado para os engenheiros egressos. O resultado foi apresentado atravã s do grã fico abaixo,  Fonte: CNI/IEL/SENAI (2006) apud SANTANA (2009) onde: Esta pesquisa demonstra que no quadrante inferior esquerdo, representado pelas menores notas, sã o as caracterã sticas principais que os profissionais deixaram a desejar com relaã à o à s habilidades, como: Lideranà a. Conhecimento em à reas correlatas, Comunicaà à o Eficaz, Habilidade Gerencial e Espà rito Empreendedor. E que, atualmente, nota-se que sã o justamente estas competãªncias transversais que tãªm sido exigidas de forma crescente no mercado. 3.2 Exigências Legais Em se tratando de legislaã à o no Brasil, a à rea ambiental conta com normas, como as NBR ABNT Sà rie ISO 14000, e leis vigentes do Poder Legislativo da Unià o, do Estado ou do Municà pio, as quais sã o especã ficas e direcionadas a um propã³sito de atuaã à o. Jà a à rea de gerenciamento de projetos estã amparada apenas pelas normas de certificaã à o, com seus princã pios e diretrizes, em busca de tã tulos para Certificaà à o Empresarial. A mais recente delas, à a NBR ABNT ISO 21500: sistema de Gerenciamento de Projetos: diretrizes, ainda nã o certificã vel, por nã o apresentar requisitos para tal. Embora essas exigãªncias venham se tornando cada vez mais difã ceis de serem cumpridas, devido à s constantes alteraã ões e complementaã ões das leis, alã m da a falta de conhecimento e de estrutura empresarial, o nã o cumprimento das determinaã ões legais de carã ter normativo dos órgà os ou das autoridades administrativas competentes, sujeitarã o os infratores, sejam pessoas fã sicas ou jurã dicas, a sanã ões penais e administrativas, independentemente da

3 obrigaã à o de reparar os danos causados, conforme decreto 6.514/2008. Fato este que reforã a a necessidade de profissionais cada vez mais capacitados e com relativa experiãªncia para constituã rem uma organizaã à o direita, de qualidade e de confianã a perante o investidor. 4 METODOLOGIA A fim de atender à s expectativas administrativas empresariais, serã apresentada a esquematizaã à o de uma suposta gestã o ambiental, adaptando-a de acordo com os grupos de processos de Gerenciamento de Projetos (Iniciaà à o, Planejamento, Execuà à o, Monitoramento e Controle e Encerramento) e à reas de conhecimento (escopo, tempo, custo, qualidade, RH, comunicaã ões, riscos, aquisiã ões e integraã à o), conforme orientado pelo guia de Gerenciamento de Projetos, o PMBOK  (2012, 4ª ediã à o). Para uma boa gestã o, o PMO ambiental deverã implementar e aprimorar o Sistema de Gestà o Ambiental (SGA) da organizaã à o, assegurando-se de sua conformidade com a Polà tica Ambiental definida. Para tanto, o engenheiro ambiental responsã vel e sua equipe deverã o, segundo SANTANA (2009): â Utilizar a metodologia de gerenciamento de projetos para alinhar os planos e as especificaã ões do produto, de forma atender aos requisitos do produto e projeto; â Atender aos requisitos para satisfazer os stakeholders; â e balancear as demandas conflitantes de escopo, tempo, custo, qualidade, recursos e risco para produzir um produto de qualidade. Assim sendo, segue um modelo de Gerenciamento dos Processos de um PMO ambiental: Fonte: adaptado de MOLLER & BICHARA (1999) Em busca de soluã ões para minimizar as defasagens, apontadas na pesquisa do CNI/IEL/SENAI (2006) apud SANTANA (2009), referentes à s competãªncias transversais, sugere-se, entã o, avaliar os processos de EXECUà ÃO (diagrama em destaque), que sã o constituã dos das seguintes atividades: â Estrutura e as responsabilidades: deverã o ser bem definidas, documentadas comunicadas, e garantir recursos humanos, qualificaã ões especã ficas, tecnologia e recursos financeiros;

4 â Treinamentos: deverã o ser direcionados a atualizaã ões, conscientizaã à o dos membros quanto à importã ncia da conformidade, dos impactos ambientais significativos, das responsabilidades ambientais e das consequãªncias da inobservã ncia. Enquanto que as comunicaã ões deverã o apresentar-se em carã ter ativo e passivo, registrando sempre qualquer decisã o tomada; â Em toda documentaã à o, seja em papel ou por meio eletrã nico, deverã o descrever os principais elementos do sistema e a interaã à o entre eles, a fim de manter um controle de documentos que assegura a empresa quanto à padronizaã à o, identificaã à o de documentos legais e histã³ricos, localizaã à o, periodicidade de anã lise, revisã o e aprovaã à o, disponibilizaã à o operacional, rastreabilidade, bem como a ciãªncia da remoã à o de documentos obsoletos; â O controle operacional deverã ser planejado para definir procedimentos, critã rios e exigãªncias a fornecedores e prestadores de serviã o, a fim de identificar as operaã ões e atividades associadas a aspectos significativos; â E quanto à preparaã à o e atendimento à s emergãªncias, deve-se identificar o potencial de risco, agindo com aã ões corretivas e preventivas, a fim de oferecer melhor atendimento e mitigaã à o dos impactos decorrentes destas situaã ões, alã m de prever o escalonamento dos critã rios, atravã s de testes periã³dicos dos procedimentos. Torna-se, portanto, de suma importã ncia o conhecimento e a implementaã à o das melhores prã ticas de Gerenciamento de Projeto, nã o sã³ no dia a dia da Engenharia Ambiental, mas em todos os outros setores, uma vez que esta metodologia, alã m de agregar valor aos processos, associando-se ao objetivo estratã gico de uma organizaã à o, poderã contribuir para o desenvolvimento e aprimoramento das habilidades e competãªncias transversais dos profissionais no mercado atual. 5 CONCLUSÃO O gerenciamento de projeto representa uma condicionante para o melhor desempenho, com maior eficiãªncia e maior retorno dos investimentos de uma empresa, inclusive no setor ambiental. A implementaã à o desta metodologia na Engenharia Ambiental trarã benefã cios e oportunidades ao empreendimento, como: maiores oportunidades de mercado; reduã à o de acidentes ambientais e custos de remediaã ões; reduã à o dos desperdã cios; reduã à o de custos pela implementaã à o de Programas de Reduà à o e Reciclagem de Resà duos; racionalizaã à o de energia e otimizaã à o de recursos hã dricos; satisfaã à o das expectativas ambientais do cliente/consumidor; melhoria de imagem pãºblica; acessos facilitados para obtenã à o de financiamentos; alã m de minimizar o risco de sanã ões do Poder Público. Conclui-se, enfim, que a aplicaã à o correta dos princã pios, procedimentos, ferramentas e documentos das melhores prã ticas de gerenciamento de projetos, alã m de contribuir com à s exigãªncias legais, podem aumentar as chances de sucesso das organizaã ões, nã o somente na à rea ambiental, mas tambã m em todos os setores do mercado, cooperando tambã m para o aumento dos conhecimentos intelectuais de toda a equipe envolvida, proporcionando-lhe desenvolvimento de comportamentos, habilidades, atitudes e competãªncias transversais considerados vitais aos profissionais de sucesso. REFERÊNCIAS Decreto 6.514, de 22 de julho de 2008 â Dispõe das infraã ões e sanã ões administrativas ao meio ambiente e do seu processo administrativo federal. ASSOCIAà ÃO BRASILEIRA DE NORMAS Tà CNICAS (ABNT). NBR Sistema de Gestà o Ambiental: especificaã à o e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, ASSOCIAà ÃO BRASILEIRA DE NORMAS Tà CNICAS (ABNT). NBR Sistema de Gerenciamento de Projeto: diretrizes. Rio de Janeiro, 2012 BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Disponà vel em:. Acesso em: 29 de setembro de BRASIL. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renovà veis - IBAMA. Disponà vel em:. Acesso em: 29 de setembro de IETEC â Instituto de Educaà à o Tecnológica. Estudo dos Impactos Ambientais. 67 fls. Disciplina do Curso de Engenharia Ambiental Integrada. Belo Horizonte: Instituto de Educaà à o Tecnológica, INFOESCOLA Desenvolvimento sustentã vel: como surgiu o conceito, o que significa, como atingir o desenvolvimento sustentã vel e consumo sustentã vel. Disponà vel em: Acesso em 03 de outubro de Mà LLER, B. R.; BICHARA, J. M. Como Implantar um Sistema de Gestà o Ambiental na Pequena e Mà dia Empresa. 23 fls. Curso ministrado na 2ª

5 Conferência Latino â Americana sobre Meio Ambiente â ECOLATINA. Belo Horizonte: Instituto de Educaà à o Tecnológica, outubro, MOURA, Luiz Antà nio Abdalla. Qualidade e Gestà o Ambiental: â œsustentabilidade e ISO â. 6 Ed. Belo Horizonte: Del Rey, NOGUEIRA, Tà nia. O Certificado Pop. Revista Veja. Sà o Paulo: Abril, 2285 Ed., ano 45, n. 36, p de setembro de PMI - PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Guia PMBOKÂ. 4 Ed. Sà o Paulo: Saraiva, SANTANA, A. C. Metodologia para a Aplicaà à o da Aprendizagem Orientada por Projetos (AOPj), nos Cursos de Engenharia, com foco nas Competências Transversais. Tese de Doutorado, Publicaà à o PPGENE.TD â 033/2009, Departamento de Engenharia Elà trica, Universidade de Brasà lia, Brasà lia, DF, 2009, 163p. Disponà vel em: Acesso em 02 de outubro de SOUZA, A. R. P. et al. Gestà o de Projetos Brasil: Conceitos e Tà cnicas. 2 Ed. Belo Horizonte: Instituto de Educaà à o Tecnológica, 2013.