NOTA TÉCNICA nº 002/2017. ASSUNTO: Nova Lei do ISS o que mudou? DATA: 22/01/ Introdução

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1 NOTA TÉCNICA nº 002/2017 ASSUNTO: Nova Lei do ISS o que mudou? DATA: 22/01/ Introdução Essa Nota Técnica tem como objetivo orientar os Municípios quanto as alterações promovidas na Lei Complementar 116, de 31 de julho de 2003, que dispõe acerca do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN), de competência dos Municípios. A alteração da Lei foi sancionada na data do dia 30 de dezembro de 2016 na forma da Lei Complementar 157/2016. O texto foi proposto pelo movimento municipalista a fim de fortalecer as receitas próprias dos Municípios, arrecadadas, principalmente, com base no exercício das competências tributárias atribuídas pelo texto constitucional. A redação sofreu vetos presidenciais em pelo menos três pontos considerados de extrema importância aos Municípios, sendo eles: a redistribuição do ISS de cartões de crédito e débito, leasing e planos de saúde. A proposta era modificar o local de recolhimento do ISS incidente sobre essas atividades, que passariam do estabelecimento do prestador para o domicílio do tomador. Em resumo, a nova Lei do ISS amplia a lista de serviços tributáveis, incluindo atividades que surgiram após o início de vigência da LC original, em virtude da evolução tecnológica e do surgimento de novas necessidades da sociedade. A redação busca, ainda, corrigir distorções históricas nos regimes de recolhimento de determinadas atividades e esclarecer o conteúdo de alguns dispositivos legais, bem como impor sanções a Municípios que aplicarem alíquotas do ISS inferior à mínima estabelecida de 2% e que conceda isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros (altera a Lei 8.429/1992 Lei de Improbidade Administrativa).

2 Por fim a LC ainda promove alterações na Lei Complementar 63/1990, que dispõe sobre critérios e prazos de crédito das parcelas do produto da arrecadação de impostos de competência dos Estados e de transferências por estes recebidos, pertencentes aos Municípios, e dá outras providências, a fim de promover uma repartição mais justa da Cota parte do ICMS aos municípios, normatizando o rateio do valor adicionado por eles, nos quais efetivamente se realizaram as vendas das mercadorias. As mudanças não foram substanciais, mesmo assim, espera-se que a LC proporcione às municipalidades um aumento na arrecadação do imposto e uma redução da guerra fiscal. 2. Principais alterações da Lei Complementar 157, de 2016 A. ISS devido no local exceções Não houve a aprovação da inclusão de novas atividades no rol de exceções do Art. 3º da Lei Complementar, no entanto, houve a ampliação da descrição das atividades que já constavam nesse rol. São elas: XII do florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação, reparação de solo, plantio, silagem, colheita, corte e descascamento de árvores, silvicultura, exploração florestal e dos serviços congêneres indissociáveis da formação, manutenção e colheita de florestas para quaisquer fins e por quaisquer meios; XVI dos bens, dos semoventes ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados, no caso dos serviços descritos no subitem da lista anexa; XIX do Município onde está sendo executado o transporte, no caso dos serviços descritos pelo item 16 da lista anexa. B. Alíquota minima A redação anterior à alteração da Lei do ISS estabelecia no inciso II do Art. 8º apenas a alíquota máxima do ISS de 5%. No entanto o inciso I do Art. 88 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) estabeleceu que, enquanto lei complementar não disciplinasse, a alíquota mínima seria de 2%. O inciso II desse mesmo artigo estabelece que não será objeto de concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais, que resulte, direta ou indiretamente, na redução da alíquota mínima. A Lei Complementar 157/2016 trouxe em sua redação a determinação da alíquota mínima do ISS em 2% (Art. 8º-A). Nosso comentário: A previsão de forma expressa na Lei que a alíquota mínima do ISS é de 2%, e que os municípios não podem conceder, por meio de manobras, benefícios fiscais que reduzam direta ou indiretamente a base de cálculo para a aplicação da alíquota, que visa prevenir e reduzir a guerra

3 fiscal entre os Municípios deve valer inclusive para as disposições previstas na Lei Complementar 123/2006 (Simples Nacional) em relação ao ISS fixo. Essa regra, prevista desde 1988 pelo artigo 88, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), é frequentemente burlada por alguns municípios. C. Concessão de isenções - Vigência a partir de 30 de dezembro de 2017 Os Municípios, assim como já previsto no ADCT, não poderão conceder isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito, presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima de 2%. No entanto, há uma exceção para esse dispositivo. A Lei Complementar estabelece que a vedação de incentivos e de redução de base de cálculo não se aplica às atividade de execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS), as atividades de reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS), bem como os serviços de transporte coletivo municipal rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros. Nosso comentário: A medida busca, de fato, penalizar o responsável por eventual fraude ao sistema da tributação (qual seja, o município que concedeu um benefício fiscal de modo ilegal). D. Nulidade -Vigência a partir de 30 de dezembro de 2017 A nova Lei diz que não terá valor legal à Lei ou qualquer ato municipal ou do Distrito Federal (DF) que não cumpra com a alíquota mínima estabelecida para o ISS no caso de serviço prestado a tomador ou intermediário, localizado em Município diverso daquele onde está localizado o prestador do serviço. O Município que descumprir com essa determinação deverá restituir o ISS pago ao prestador do serviço. Nosso Comentário: É importante ressaltar que os Municípios que possuírem tais leis deverão modificá-las, adequando-as ao que dispõe a LC 157/2016 ou revogá-las até 30 de dezembro de Alterações na Lei de Improbidade Administrativa Lei 8.429/1992 Vigência a partir de 30 de dezembro de 2017

4 4. A alteração na Lei de Improbidade Administrativa cria um novo ato de improbidade, que decorre de qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário. A ocorrência dessa situação implica ao gestor na perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos e multa civil de até 3 vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido. Nosso comentário: É de se destacar que a preocupação em se evitar a concessão de benefício fiscal de forma ilegal é tão grande, que foi criado um novo ato de improbidade somente para esse fim. 5. Alterações na Lei Complementar 63/2003 Vigência a partir de 01 de janeiro de 2017 A LC 63/2003 dispõe sobre critérios e prazos de crédito das parcelas do produto da arrecadação de impostos de competência dos Estados e de transferências por estes recebidos, pertencentes aos Municípios, e dá outras providências. A alteração promovida pela LC 157/2016 estabelece que, na hipótese de pessoa jurídica promover saídas de mercadorias, por estabelecimento diverso daquele no qual as transações comerciais são realizadas, excluídas as transações comerciais não presenciais, o valor adicionado deverá ser computado em favor do Município onde ocorreu a transação comercial, desde que ambos os estabelecimentos estejam localizados no mesmo Estado ou no Distrito Federal. Nosso comentário: A medida traz uma repartição mais justa da Cota parte do ICMS aos municípios, normatizando o rateio do valor adicionado por eles, nos quais efetivamente se realizaram as vendas das mercadorias. O objetivo é corrigir a distorção cometida quando determinada empresa, que vende mercadorias em filiais distribuídas por vários Municípios, emite nota fiscal apenas pelo estabelecimento onde se localiza o seu centro de distribuição. Neste caso, o valor adicionado será computado apenas para o Município onde estiver localizado o centro de distribuição da referida empresa, sem que isso gere qualquer benefício aos Municípios onde são efetivamente comercializadas as mercadorias. 6. Lista de serviços Novos serviços: - item 1.09 Disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdo de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da internet, respeitada a imunidade de livros, jornais e periódicos (exceto a distribuição de conteúdo pelas prestadoras de Serviço de Acesso Condicionado, de que trata a Lei nº , de 12 de setembro de 2011, sujeita ao ICMS). - item Guinchos intramunicipal, guindastes e içamento. -item Outros serviços de transporte de natureza municipal. - item Inserção de textos, desenhos e outros materiais de propaganda e publicidade, em qualquer meio (exceto em livros, jornais periódicos e nas modalidades de serviços de

5 radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita); - item Cessão de uso de espaços em cemitérios para sepultamento; Nosso comentário: A Lei Complementar 157/2016 passou também a prever a incidência do ISS sobre os serviços que consistem na disponibilização, sem cessão definitiva, de plataforma com diversos conteúdos, como áudio, vídeo, livros, etc., para livre acesso dos usuários (popularmente conhecida como serviços de streaming). Tal medida já havia sido sinalizada pelo governo, e a partir de agora, faz com que serviços como os prestados por marcas famosas, como Netflix e Spotify, passem a sofrer tributação, cabendo ao legislador municipal estabelecer os contornos da cobrança. Serviços já existentes, mas que sofreram alterações - item 1.03 Processamento, armazenamento ou hospedagem de dados, textos, imagens, vídeos, páginas eletrônicas, aplicativos e sistemas de informação, entre outros formatos, e congêneres. -item 1.04 Elaboração de programa de computadores, inclusive de jogos eletrônicos, independentemente da arquitetura construtiva da máquina em que o programa será executado, incluindo tablets, smartphones e congêneres. - item 7.16 Florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação, reparação de solo, plantio, silagem, colheita, corte e descascamento de árvores, silvicultura, exploração florestal e dos serviços congêneres indissociáveis da formação, manutenção e colheita de florestas para quaisquer fins e por quaisquer meios. - item Vigilância, segurança ou monitoramento de bens, pessoas e semoventes. - item Composição gráfica, inclusive confecção de impressos gráficos, fotocomposição, clicheria, zincografia, litografia e fotolitografia, exceto se destinados a posterior operação de comercialização ou industrialização, ainda que incorporados, de qualquer forma, a outra mercadoria que deva ser objeto de posterior circulação, tais como bulas, rótulos, etiquetas, caixas, cartuchos, embalagens e manuais técnicos e de instrução, quando ficarão sujeitos ao ICMS. - item Restauração, recondicionamento, acondicionamento, pintura, beneficiamento, lavagem, secagem, tingimento, galvanoplastia, anodização, corte, recorte, plastificação, costura, acabamento, polimento e congêneres de objetos quaisquer. - item Serviços de transporte coletivo municipal rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros.

6 7. Conclusão - item Translado intramunicipal e cremação de corpos e partes de corpos cadavéricos. É importante ressaltar que os Municípios devem ficar atentos aos prazos de vigência da Lei, bem como quanto ao atendimento dos princípios constitucionais da anterioridade do exercício e o da anterioridade nonagesimal.