Travessia em 13,8 Kv sob Ferrovias por Método Não Destrutivo. Paulo Roberto Pontello CEMIG Distribuição S.A
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1 21 a 25 de Agosto de 2006 Belo Horizonte - MG Travessia em 13,8 Kv sob Ferrovias por Método Não Destrutivo Paulo Roberto Pontello CEMIG Distribuição S.A ppontello@cemig.com.br RESUMO A Companhia Energética de Minas Gerais é a concessionária de energia pertencente ao rol das Empresas Distribuidoras de energia brasileiras, que atende a várias cidades do estado de Minas Gerais, incluindo a cidade de Belo Horizonte, onde aconteceu o fato que originou este trabalho. Acionada que foi para atender a um grande consumidor de energia em tensão de 13,8 Kv, todo um pré estudo foi feito pela sua área de Planejamento e após, a área de Expansão foi acionada para elaborar o projeto com a finalidade de atender a esse consumidor que tem como demanda máxima 9,2 Mva, com um alimentador expresso, composto de cabos protegidos para 15 Kv de bitola 150 mm2. O novo cliente denominado EXPOMINAS, é caracterizado por ser uma grande área para eventos diversos, incluindo o encontro do BID ( Banco Interamericano de Desenvolvimento ) que à época estava programado para realizar-se em março/abril de Além desse evento programado, este espaço está sendo criado a pedido do governo do estado de Minas Gerais para ser palco de outros inúmeros eventos de ponta no Brasil, disponibilizando dessa forma, a cidade de Belo Horizonte para sediar tais encontros. PALAVRAS-CHAVE Expominas, Expresso, Subterrânea, Travessia. 1. INTRODUÇÃO Após estudos preliminares para visualização da área onde seria projetado o alimentador, várias situações de difícil solução foram encontradas, como: _ Muitas árvores que deveriam ser podadas na saída do alimentador próximo à SE; 1/7
2 _ A existência de dois alimentadores, sendo um de cada lado da rua no início do caminhamento; _ Uma travessia aérea sobre a BR 262 Anel Rodoviário; _ Passar com um alimentador exclusivo, de muita importância na Avenida Amazonas, próximo à Expominas; _ Uma travessia sob/sobre os trilhos da Ferrovia Centro Atlântica e da CBTU. Continuando nossos estudos esses obstáculos foram sendo resolvidos ficando uma última pendência, que era a travessia sob ou sobre os trilhos das companhias ferroviárias. 2. PROBLEMA ESPECÍFICO Em um primeiro contato com essas empresas, tivemos uma questão complicada para solucionar. Uma iria autorizar a travessia somente por via aérea e a outra por via subterrânea. A CBTU que desejava a travessia subterrânea alegou na sua defesa, que ao longo do trecho por onde passavam seus trilhos que são eletrificados, já existiam várias travessias aéreas da Cemig em 13,8 Kv e que eles já estavam planejando apresentar junto à Cemig, solicitação visando a modificação de todas as travessias aéreas por subterrâneas. A alegação é que o risco de acidente por queda de cabos da rede Cemig sobre seus trilhos, que são energizados, podem provocar transtornos de toda ordem. Optamos então por fazer a travessia por método subterrâneo. Foi feito contato com uma empresa que possui contrato com a Cemig e que trabalha com lançamento de dutos por via não destrutiva e apresentamos nossa necessidade. Obtivemos uma resposta positiva e dessa forma, acertamos com as duas empresas, que a travessia seria construída de forma subterrânea por método não destrutível. As duas empresas concordaram. Dessa forma, elaboramos um projeto específico da travessia sob os trilhos das duas empresas ferroviárias e o mesmo foi apresentado para aprovação. 3. SOLUÇÃO TÉCNICA ENCONTRADA A travessia consistia em lançamento de um eletroduto de bitola 125 mm em PVC, numa distância de 30 metros a 3 metros de profundidade, onde seriam introduzidos três cabos isolados para 15 Kv de bitola 400 mm2 e um condutor neutro, de cobre nu, com bitola de 70 mm2. Nas duas extremidades do eletroduto deverão ser instaladas caixas de passagem do tipo ZD. As empresas ferroviárias aprovaram o projeto e a empresa contratada pela Cemig executou a obra sob a supervisão de técnicos das companhias ferroviárias sem nenhuma objeção. Conforme pode ser observado nas fotografias abaixo, a obra ficou eficiente, não houve necessidade de interrupção das linhas férreas durante a execução da perfuração e nem do lançamento dos cabos, já que a interferência na perfuração não exigia o desligamento da rede elétrica que alimenta os trens e nem o impedimento mesmo que temporário, do trânsito nas vias férreas, pelo mesmo motivo. Podemos concluir então que o método utilizado obteve sucesso total porque além de atender à Cemig em sua necessidade técnica de passagem física da rede, não houve impedimentos de nenhuma ordem 2/7
3 para as empresas Centro Atlântica e CBTU que embora avisadas e presentes, não fizeram interferências negativas nas suas atividades rotineiras ANÁLISE ECONOMICO/FINANCEIRA Abaixo segue uma apresentação dos custos envolvendo os dois tipos de travessias, ou seja, aérea com cabos protegidos para 15 Kv e isolada subterrânea com cabos de 400 mm2. Importante:_Não houve opção de escolha entre os métodos apresentados, pela Cemig. A condição de ser subterrâneo foi exigida por integrante do processo. Valores da travessia subterrânea: Materiais e mão-de-obra Preço Unitário Total R$ 156 metros de cabos isolados 15 Kv 400 mm2 R$44,01 R$6.865,56 52 metros de cabo 70 mm2 - cu nú R$16,60 R$531,20 6 terminais p/ cabos 400 mm2 R$296,00 R$1.776,00 2 tampas caixa ZD R$351,90 R$703,80 2 aneis p/ caixa ZD R$423,05 R$846,10 2 aros p/ caixa ZD R$280,00 R$560,00 2 eletrodutos 6 m aço 5" R$368,00 R$736,00 1 kg massa de calafetar R$8,00 R$8,00 2 curvas aço 5" R$84,75 R$169,50 6 kg arame galvanizado R$4,31 R$25,86 Mão-de-obra construção R$6.948,00 Mão-de-obra lançamento cabos R$660,00 TOTAL GERAL R$19.830,02 Valores da travessia aérea: Materiais e mão-de-obra Preço unitário Total R$ 105 metros cabo protegido 150 mm2 R$9,71 R$1.019,55 35 metros cabo alumínio nú 1/0 awg R$11,75 kg R$58,75 35 metros cabo de aço 9,5 mm R$5,62 kg R$78,68 2 cantoneiras retas R$15,40 R$30,80 2 braços C R$38,79 R$77,58 3 espaçadores losangulares R$12,66 R$37,98 6 isoladores de ancoragem R$38,52 R$231,12 Mão-de-obra construção R$252,00 TOTAL GERAL R$1.786,46 3/7
4 4. CONCLUSÕES Após apurados os valores das duas travessias, percebe-se que a escolhida teve seus custos elevados em 1100 % se comparados à travessia aérea tradicional. Seria inviável essa escolha se tivéssemos opção em escolher o modelo aéreo. Como relatado no início desse trabalho, a empresa CBTU colocou empecilhos no primeiro contato que fizemos, nos direcionando para a construção subterrânea. Tomando por base que o prazo para conclusão do projeto e da obra em si, era extremamente curto - aproximadamente 4,5 km de redes envolvendo vários desligamentos e outras dificuldades a serem construídos/modificados em 4 meses - porque foi assumido um compromisso com o governo do estado determinando data para término do processo, não dispúnhamos de tempo para diálogos junto à companhia ferroviária, visto que suas razões alegadas para escolha do método de travessia, foram perfeitamente compreendidos por nós. Existia a necessidade, sem alternativas, de termos que transpor a faixa utilizada pelas companhias ferroviárias para atendimento ao nosso cliente e para isso tivemos que agir com precisão e eficácia para que nossos prazos fossem atendidos, mantendo todos envolvidos direta e indiretamente plenamente satisfeitos e tecnicamente bem atendidos no que diz respeito ao fornecimento de energia. Se por um lado tivemos o alto custo do projeto, observamos várias vantagens com o método escolhido, que serão enumeradas a saber: - Rapidez nas negociações junto à FCA e sobretudo à CBTU; - Não necessidade de interrupção no trânsito nas ferrovias e nem desligamento da rede de energia da CBTU; - Segurança total quanto a riscos de acidentes envolvendo cabos aéreos da Cemig sobre a rede elétrica da CBTU; - Obra totalmente paga pelo interessado, sem ônus para a Cemig; - Andamento normal no cronograma da obra sem prejuízos no prazo final de entrega da obra concluída ( se não optássemos por esse método subterrâneo poderíamos ter que resolver a questão da travessia na justiça o que certamente acarretaria atrasos no prazo final ); - Harmonia entre as empresas, porque evitou-se a abertura de uma vala dentro da faixa utilizada pelas empresas ferroviárias, com remoção de grande quantidade de britas, terra, pedras e utilização de vários operários na área de operação dos trens, implicando em total impedimento do transito das máquinas neste intervalo. Veja-se que nenhuma atividade das empresas foi afetada e nem sua faixa de utilização ocupada. Concluímos também que esse método de construção de travessias, embora hoje tenha seus custos elevados devido ao custo do cabo e à mão-de-obra, deve-se ao pequeno número de empresas que trabalham com esses equipamentos que possibilitam sua execução, mas que mostra-se muito eficiente pelos motivos apresentados acima. Nos dias atuais sobretudo em grandes centros urbanos, os trens de superfície são cada vez mais projetados o que implica numa maior possibilidade de uso desse método de travessia. A construção de linha férrea eletrificada, que por sua característica de continuidade, 4/7
5 sempre exigirá travessias subterrâneas para que seja garantido um alto nível de segurança e a não paralisação de suas atividades, faz-nos acreditar que o trabalho apresentado vem mostrar um avanço nas relações entre as empresas distribuidores de energia e seus clientes diretos e ou indiretos bem como um bom entrosamento entre órgãos municipais, estaduais, federais ou particulares, onde o bem comum estará sempre prevalecendo entre as relações profissionais. Quem sempre sairá ganhando é a comunidade envolvida e seus cidadãos. FOTOS DO LOCAL DA TRAVESSIA Local a ser transposto pela travessia não destrutiva. Distância total igual a 30 m. 5/7
6 Poste onde foi feita a descida aérea e início da travessia. 6/7
7 Caixa de passagem instalada no pé do poste. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CEMIG Manual de Distribuição - ND-2.7 Instalações Básicas de Redes de Distribuição Aéreas Isoladas. 2. CEMIG Manual de Distribuição - ND-2.9 Instalações Básicas de Redes de Distribuição Protegidas. 3. CEMIG Manual de Distribuição - ND-5.3 Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária - 15 Kv. Rede de Distribuição Aérea ou Subterrânea. 4. ABNT- NBR 6150 Eletodutos de PVC rígido Especificação. 7/7
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