Nomeação de cem novos defensores vai ajudar a reduzir déficit de profissionais

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Pedro Fraga Aires
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Nomeação de cem novos defensores vai ajudar a reduzir déficit de profissionais Giulia Mendes - Hoje em Dia Wesley Rodrigues/Hoje em Dia Christiane Malard está à frente da Defensoria Pública de Minas

1 Nomeação de cem novos defensores vai ajudar a reduzir déficit de profissionais Giulia Mendes - Hoje em Dia Wesley Rodrigues/Hoje em Dia Christiane Malard está à frente da Defensoria Pública de Minas Gerais Problema antigo em Minas Gerais, a falta de defensores públicos pode ser parcialmente remediada com a nomeação de cem novos concursados, no segundo semestre deste ano. Hoje, menos da metade ocupa cargos já criados para a função no Estado. Outra dificuldade é a implantação de estruturas em todas as 296 comarcas mineiras. Cerca de 65% delas ainda não possuem Defensoria Pública. Há oito meses à frente da Defensoria Pública de Minas Gerais, Christiane Malard falou sobre suas expectativas para 2015, quando o órgão completa 39 anos. Qual a expectativa da Defensoria Pública para este ano?

2 Foi promulgada, em junho do ano passado, uma emenda constitucional, a chamada PEC das Comarcas Defensoria para todos. Ela trouxe a obrigação de o Estado, em conjunto com a Defensoria Pública, implementar defensorias em toda Minas Gerais em um prazo de até oito anos. Hoje, temos 296 comarcas no Estado, mas apenas 103 providas de defensores públicos. Este ano, nossa maior expectativa e nosso grande desafio é expandir e também fortalecer as defensorias já existentes, mas que não têm defensores suficientes. Exemplos de comarcas nesta situação são as de Contagem e da própria capital, que conta com 224 defensores públicos dos 582 de Minas Gerais. Quais regiões devem receber essas novas estruturas? Temos que expandir para as localidades de maior densidade populacional ou de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). São regiões mais pobres. Temos um vetor constitucional de chegar primeiro nestas comarcas, o ideal é contemplar esses dois requisitos. Existe hoje no Estado um número inferior de defensores, se comparado à demanda. Qual a mensuração deste problema? O maior desafio para 2015 é a nomeação de cem defensores públicos no Estado no segundo semestre. Estamos com um concurso em andamento e será muito importante garantir essas cem vagas. Temos a previsão legal de cargos de defensores, garantida pelo artigo 46 da Lei Complementar estadual 65/03, mas hoje contamos apenas com 582 defensores na ativa no Estado. Também temos pronto um anteprojeto de lei que cria o quadro de servidores da Defensoria Pública. São necessários pelo menos um analista e um assessor para cada defensor público. Hoje, todos os servidores da Defensoria são contratados ou cedidos do próprio Estado. Quantos atendimentos são feitos por dia, em média, na capital? Só a Defensoria de BH chega a atender pessoas por dia, são 2 milhões de atendimento por ano no Estado, uma média de 180 mil atendimentos por mês. A área de família recebe o maior número de atendimentos da capital. Foram pessoas atendidas em Este ano, até o momento, já são pessoas atendidas na resolução de questões familiares. A gente percebe que a demanda está crescendo, já existe um aumento de quase 20% com relação ao ano passado. As comarcas que possuem defensores públicos têm alguma deficiência? Temos que ampliar o atendimento, fortalecer a atuação das comarcas onde já existem defensorias publicas e melhorar a estrutura administrativa interna. Para isso, estamos fazendo um replanejamento orçamentário para mudar algumas sedes de local. Um

3 exemplo é a comarca de Uberaba, que funcionava em um espaço menor, com pouca dignidade para o defensor e para o cidadão. No dia 7 deste mês inauguramos a nova sede, mais ampla, com mais acessibilidade, e melhores condições de atendimento. Conseguimos isso dentro de um planejamento orçamentário interno. Além de Uberaba, já inauguramos, este ano, novas sedes em São Lourenço e Contagem, com recursos próprios da Defensoria. E ainda vamos inaugurar, até julho, as sedes de São João Del Rei, Alfenas e Ribeirão das Neves, que terá uma nova sede de execução penal. As defensorias não têm sede própria, os prédios, em geral, são alugados. A Defensoria será afetada pelo corte de despesas que propôs o governador? Desde a promulgação da emenda constitucional 45, de 2004, e a publicação de leis delegadas de 2011, a Defensoria Pública se situa como uma instituição que não integra nem a administração pública direita nem a indireta, é uma instituição autônoma. Isso significa que o nosso orçamento, previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA), é repassado na forma de duodécimos. Quanto à execução desse orçamento, temos autonomia, dentro dos limites impostos pela lei. O orçamento da Defensoria Pública foi mantido, mesmo porque não há como tirar, trabalhamos no limite. Nosso diálogo com o governo está sendo muito produtivo. Entendemos que estamos vivenciando um contexto de restrição orçamentária no Estado, mas nossa intenção ao longo do tempo é construir uma proposta orçamentária que possa atender gradativamente todas as demandas da Defensoria. Existe um percentual destacado para a Defensoria na Lei de Responsabilidade Fiscal? A Defensoria ainda não tem percentual destacado na Lei de Responsabilidade Fiscal. O Tribunal de Justiça tem 6%, o Ministério Público tem 2% e o desafio para a Defensoria Pública é ter também essa parcela, de pelo menos 2%, destacada na lei. Isso, infelizmente, ainda não temos. Como funcionam as Defensorias Especializadas no Estado? A Defensoria Pública se divide inicialmente em três grandes áreas: de família, cível e criminal com atuação tanto em primeira instância quanto em segunda instância, com atuação perante aos tribunais. Na capital, temos defensorias especializadas de saúde, direitos humanos, idosos, deficientes, consumidores, mulheres vítimas de violência, de infância cível e infância infracional. No interior, comarcas mais robustas como as de Juiz de Fora e Uberlândia, já conseguem atender um pouco de forma especializada, mas temos o desafio de levar esse modelo das especializadas da capital para outras comarcas do interior. Contagem, por exemplo, não tem atendimento de família. Pretendemos agora fortalecer as comarcas neste sentido.

4 Existe algum exemplo no Brasil a ser seguido? Algumas defensorias públicas são mais evoluídas no Brasil: a de São Paulo, que é muito estruturada, a do Distrito Federal, do Ceará, Rio Grande do Sul e Mato Grosso Sul são muito evoluídas. A comarca do Rio de Janeiro, por exemplo, está até um pouco à frente do Ministério Público em termos de orçamento. Como está a implantação do processo judicial eletrônico na Defensoria? O processo judicial eletrônico vem de uma iniciativa do Conselho Nacional de Justiça. Para a Defensoria implantar hoje em suas comarcas são necessários novos equipamentos, porque precisamos tanto de estrutura física quanto de pessoal. Recentemente conseguimos uma verba de capital destacada no orçamento para a compra desses equipamentos, pelo menos para as comarcas onde conseguiremos instalar o processo judicial eletrônico inicialmente, que é na capital e na Região Metropolitana. Os equipamentos são computadores e sistemas que vamos precisar desenvolver. Antes, quem cuidava da distribuição das ações no fórum era o Tribunal de Justiça. Agora, com o processo eletrônico, a responsabilidade será compartilhada, por isso essa necessidade de adequar a estrutura é muito importante. Como funciona a atuação extrajudicial da Defensoria Pública? Realizamos diversas ações, como os mutirões de direito a ter pai, das famílias, dos carcerários e dos júris, além de parcerias firmadas na área da saúde e com os cartórios para a realização de casamentos coletivos. Só na saúde, essas ações desjudicializam em torno de 20% a 25% das demandas na capital, uma enorme economia para os cofres públicos. Com atuação extrajudicial, a defensoria busca promover o acesso aos direitos para o cidadão de forma mais célere, desafogando o Judiciário. Esse é o grande ganho para a sociedade. O Tribunal de Contas do Estado calcula que a atuação extrajudicial conjunta do sistema de justiça (Defensoria Pública, Ministério Público e Judiciário) no ano passado, somente com atendimentos na área da saúde, representou uma economia de mais de R$ 100 milhões aos cofres públicos. Um dos desafios da Defensoria Pública é ter uma parcela destacada na Lei de Responsabilidade fiscal. Um Projeto de Lei foi proposto no Congresso para viabilizar o percentual de 2% para a Defensoria, mas foi vetado PESQUISA DE OPINIÃO Segundo Christiane Malard, muitas pessoas não sabem sequer que as defensorias existem e perdem a chance de solucionar conflitos gratuitamente, direito de todo cidadão. Para saber o que os mineiros atendidos pensam da Defensoria Pública de Minas Gerais, o órgão realizou uma pesquisa de opinião. Em uma única frase, eles descreveram o que é a Defensoria Pública e o que o órgão representa em suas vidas. Confira o resultado:

5 Defesa onde todos se ajudam sem pedir nada em troca, Fabiana Aparecida Vieira, 34 anos. Fonte de apoio para a sociedade, Isabela Pires de Moraes, 15 anos. A base para garantir os direitos dos cidadãos sem discriminação e com igualdade para todos, Fabiana Elenita de Almeida, 33 anos. Um direito que o brasileiro pode confiar, Jeferson Cosme Pereira, 27 anos. Intercâmbio direto entre direito e Justiça, Ludimila Lisboa Marinho, 34 anos. A casa que apoia o cidadão carente, não se identificou. Acolhimento social, Kênia Ferreira, 25 anos. Oportunidade de solução de problemas, não se identificou.

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