AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ENSINO UNIVERSITÁRIO

Transcrição

1 MARIA DA GLÓRIA F. P. D. GARCIA Professora da Faculdade de Direito Universidade Católica Portuguesa AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ENSINO UNIVERSITÁRIO UNIVERSIDADE CATÓLICA EDITORA Lisboa 2008

2 O presente texto corresponde à lição proferida no âmbito das provas públicas de agregação em Direito, na especialidade de Ciências Jurídico-Políticas, como impõe o artigo 5º, alínea c), do Decreto-Lei nº 239/2007, de 19 de Junho. Embora o tema exija reflexões e desenvolvimentos muito para além dos que uma lição de 60 minutos pode conter, entendeu-se oportuno e pedagogicamente aconselhável publicar o texto tal como foi apresentado, no dia 8 de Julho de 2008, na Universidade Católica Portuguesa, perante um júri constituído pelo Professor Doutor MANUEL BRAGA DA CRUZ, Reitor da Universidade Católica Portuguesa, que presidiu, e pelos Professores Doutores MÁRIO JÚLIO DE ALMEIDA COSTA, DIOGO FREITAS DO AMARAL, JOSÉ JOAQUIM GOMES CANOTILHO, JORGE MIRANDA, MARCELO REBELO DE SOUSA, FAUSTO DE QUADROS, JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE e JOSÉ MANUEL SÉRVULO CORREIA. A arguição da lição foi feita pelo Professor Doutor JORGE MIRANDA, decano da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa.

3 ÍNDICE Palavras de Abertura 11 INTRODUÇÃO 1. O sistema de ensino superior em geral Colocação do problema O sistema de ensino superior em Portugal A específica referência à universidade A garantia de igualdade de oportunidades e de democratização do sistema de ensino e a exigência de ter em conta as necessidades em quadros qualificados e a elevação do nível educativo, cultural e científico do país A qualidade do ensino universitário em questão 22 CAPÍTULO I GARANTIA CONSTITUCIONAL DA AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA «SEM PREJUÍZO DE ADEQUADA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ENSINO» 4. Universidade e gozo de autonomia estatutária, científica, pedagógica, administrativa e financeira, «nos termos da lei» Autonomia universitária e atribuições do Estado 35 CAPÍTULO II A AVALIAÇÃO DAS UNIVERSIDADES NA UNIÃO EUROPEIA 6. O panorama europeu de avaliação das universidades Visão breve de direito comparado Da Declaração de Bolonha (1999) ao Documento de Lisboa (2007) 47

4 94 AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ENSINO UNIVERSITÁRIO 8. Os standards e guidelines, enquanto indicadores de qualidade A formalização de catálogos de boas práticas pelas universidades 59 CAPÍTULO III CARACTERIZAÇÃO JURÍDICA DA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ENSINO UNIVERSITÁRIO 10. A qualidade como noção A avaliação como noção Modalidades de avaliação e metodologias de avaliação A avaliação como tarefa do Estado Sua novidade e caracterização As universidades e a avaliação do seu ensino Apreciação da constitucionalidade da norma contida no nº 8 do artigo 19º da Lei da Avaliação da Qualidade do Ensino Superior 69 CAPÍTULO IV AS ENTIDADES AVALIADORAS INDEPENDENTES E OS MODELOS DE AVALIAÇÃO 16. O Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior e o modelo contratualizado de avaliação A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior e o modelo obrigatório e periódico de avaliação 74

5 CAPÍTULO V AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ENSINO UNIVERSITÁRIO E REALIZAÇÃO DO DIREITO 18. Caracterização da tarefa estadual de avaliação da qualidade do ensino universitário como poder jurídico 79 CONCLUSÕES 83 BIBLIOGRAFIA 85

6 PALAVRAS DE ABERTURA Desde o início que o tema desta aula se me apresentou evidente. Dos milhares de páginas escritas sobre a avaliação da qualidade das universidades, tarefa estadual nascida há pouco mais de 20 anos e, como dizem os «gurus da qualidade», que os há já, «quality is here to stay» 1, poucas são as que lhe dão enfoque jurídico, como se a avaliação da qualidade das universidades não pudesse também ser objecto da ciência do direito. Compreender e situar cientificamente, ainda que de um modo problematizado, no horizonte do direito e do Estado, a avaliação da qualidade das universidades é, pois, o propósito desta aula, programada para ser incluída numa unidade curricular designada Direito da Educação, pertencente ao curso de especialização integrado no 2º ciclo de estudos conducente ao grau de mestre 2. E, pese embora no final dos 8 meses fixados para a revisão dos estatutos das universidades públicas, o desenvolvimento do tema pode ainda, nesse particular, ser oportuno, porque como SÉNECA afirma: «Não há bom vento para quem não conhece o porto». 1 Ver DON F. WESTERHEIJDEN, Quality Assessment in Dutch Higher Education: Balancing improvement and accountability in European Journal for Education Law and Policy, 1, 1997, p Ver os artigos 18º e 20º do Decreto-Lei nº 74 /2006, de 24 de Março, que aprova o regime jurídico dos graus académicos e diplomas do ensino superior.