Proposta de implantação de sistema de reuso de água pluvial para uso em um lava rodas Claudia Azevedo Karine de Andrade Almeida Virginia Guerra Valle
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1 Proposta de implantação de sistema de reuso de água pluvial para uso em um lava rodas Claudia Azevedo Karine de Andrade Almeida Virginia Guerra Valle 1.0 Introdução A água é um recurso natural finito e essencial à vida, seja como componente bioquímico de seres vivos, como meio de vida de várias espécies, como elemento representativo de valores sociais e culturais, além de importante fator de produção no desenvolvimento de diversas atividades econômicas (Bernardi, 2003). Embora a grande maioria da superfície da Terra, cerca de 3/4 seja ocupada pela água, deste total apenas 3% são de água doce, dos quais apenas 20% encontram-se imediatamente disponíveis para o homem. Além disto, a distribuição desigual da água pelas diferentes regiões do planeta faz com que haja escassez deste recurso seja pelo crescimento populacional, aumento da demanda, redução da oferta ou pela poluição dos mananciais. Especificamente no Brasil, a escassez de água que atinge várias regiões está associada aos problemas de qualidade da mesma, o que traz a necessidade de reutilização da água para vários usos. Por ser uma atividade de transformação, a construção civil se caracteriza como um dos setores que mais consomem recursos naturais e geram grandes quantidades de resíduos, desde a produção dos insumos utilizados até a execução da obra e a sua utilização. Nas décadas iniciais do século XX, teve início a preocupação mundial com as questões ambientais e com a preservação da quantidade de água disponível. Com isso, o ramo de edificações deu início à procura de materiais de construção que visavam consumir menos água no seu processo de produção, buscando o desenvolvimento sustentável. (Pessarello, 2008). Uma alternativa para amenizar o impacto ambiental é a captação de água pluvial e o seu aproveitamento. Assim como no ciclo d água, deve-se usar e reusar várias vezes a água, coletando-a e tratando-a, reduzindo o consumo dos poços e do fornecimento das empresas responsáveis; aliviando o consumo dispensável da água potável distribuída (Moitinho, 2009). O presente trabalho tem como objetivo estudar a viabilidade da implantação do Reuso de água pluvial em uma obra de edificação civil de Belo Horizonte, resguardando os cuidados cabíveis na proteção ambiental e conservação da qualidade da água. 2. Revisão Bibliográfica O reuso da água reduz a demanda nas águas superficiais e subterrâneas, economiza energia, atua diretamente no custo final das obras proporcionando maior ganho para as empresas e a sociedade de um modo geral. A captação da água da chuva é uma prática muito difundida em países como a Austrália e a Alemanha, aonde novos sistemas vêm sendo desenvolvidos, permitindo a captação de água de boa qualidade de maneira simples e bastante eficiente em termos de custo-benefício. Algumas cidades brasileiras já transformaram em lei a captação da água pluvial. A lei municipal de Curitiba-Paraná nº de 18 de setembro de 2003 diz que: "Cria no Município de Curitiba, o Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações - PURAE." Art. 1º. O Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações PURAE tem como objetivo instituir medidas que induzam à conservação, uso racional e utilização de fontes alternativas para captação de água nas novas edificações, bem como a conscientização dos usuários sobre a importância da conservação da água. Art. 7º. A água das chuvas será captada na cobertura das edificações e encaminhada a uma cisterna ou tanque, para ser utilizada em atividades que não requeiram o uso de água tratada, proveniente da Rede Pública de Abastecimento, tais como: rega de jardins e hortas, lavagem de roupa; lavagem de veículos; lavagem de vidros, calçadas e pisos. Art. 8º. As Águas Servidas serão direcionadas, através de encanamento próprio, a reservatório destinado a abastecer as descargas dos vasos sanitários e, apenas após tal utilização, será descarregada na rede pública de esgotos. Em São Paulo, a lei estadual N.º de 2 de janeiro de 2007 pronuncia: Estabelece normas para a contenção de enchentes e destinação de águas pluviais. Artigo 1º - É obrigatório à implantação de sistema para a captação e retenção de águas pluviais, coletadas por telhados, coberturas, terraços e pavimentos descobertos, em lotes, edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500m2 (quinhentos metros quadrados)... Existe ainda a norma NBR-15527, Água de chuva Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis Requisitos, instituída em setembro de 2007 pela
2 Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que prevê, entre outras coisas, os requisitos para o aproveitamento da água pluvial coletada em coberturas de áreas urbanas e aplica-se a usos não potáveis em que as águas podem ser utilizadas após o tratamento adequado (Silveira, 2008). A reutilização de água pode ser direta ou indireta, decorrente de ações planejadas ou não (CETESB): a) Reuso indireto não planejado da água: ocorre quando a água, utilizada em alguma atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não controlada. Caminhando até o ponto de captação para o novo usuário, a mesma está sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (diluição, autodepuração). b) Reuso indireto planejado da água: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas a jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico. O reuso indireto planejado da água pressupõe que exista também um controle sobre as eventuais novas descargas de efluentes no caminho, garantindo assim que o efluente tratado estará sujeito apenas a misturas com outros efluentes que também atendam ao requisito de qualidade do reuso objetivado. c) Reuso direto planejado das águas: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no meio ambiente. É o caso com maior ocorrência, destinando-se a uso em indústria ou irrigação. São inúmeras as vantagens da coleta, aproveitamento e reuso de água de chuvas. Entre elas (tabela 1): Tabela 1: Vantagens e Desvantagens do reuso da agua de chuva. De acordo com o INMET Instituto Nacional de Meteorologia, o período com os maiores índices pluviométricos em Belo Horizonte no ano de 2012 compreendeu os meses de janeiro a abril e de outubro e dezembro (figura 1)
3 Figura 1: Precipitação em Belo Horizonte no período de Jan/12 a Jan/13. A metodologia básica para projeto do sistema de coleta, tratamento e uso de água pluvial envolverá as seguintes fases: determinação da precipitação média local (mm/mês); determinação da área de coleta; caracterização da qualidade da água pluvial, projeto do reservatório de descarte; projeto do reservatório de armazenamento; identificação dos usos da água (demanda e qualidade); estabelecimento do sistema de tratamento necessário; projeto dos sistemas complementares (grades, filtros, tubulações etc.). 4. DESENVOLVIMENTO A água pluvial deve ser coletada em áreas impermeáveis e em seguida, encaminhada para os reservatórios de acumulação. Posteriormente, a água passará por uma unidade de tratamento para atingir os níveis de qualidade correspondentes aos usos estabelecidos. A água será coletada por meio de canaletas, nas extremidades do lote da obra, e armazenada em um reservatório subterrâneo, ligado a um filtro para separação dos sólidos. O reservatório terá capacidade de litros.
4 Figura 2 Modelo implantação do sistema de reuso de água de chuva e reaproveitamento da água de lavagem. Quando se pretende coletar toda a água da chuva, se faz necessária a utilização de um reservatório que tenha tamanho suficiente para armazenar no mínimo 25% da chuva anual estimada, e um ladrão para garantir que não ocorram transbordas indesejadas (Silveira, 2008). Após a filtragem, a água é encaminhada para um reservatório elevado (caixa d água de litros) através de uma bomba. Neste reservatório a água recebera a dosagem de cloro com o intuito de evitar o mofo da mesma. A água já filtrada e clorada será usada para lavar as rodas dos veículos, e assim evitar o carreamento de materiais pelas vias da cidade. Para lavar as rodas, usaremos um servente de pedreiro e um jateador, (equivalente aos usados em posto de gasolina). Esta água e os agregados serão reaproveitados, voltando para o sistema em um reservatório subterrâneo. Para o uso do lava rodas na obra, considera-se que serão gastos litros de água por dia. O volume estimado de perda de água durante a atividade é de aproximadamente de 100l/dia. As tabelas abaixo apresentam os valores referentes ao controle de perdas e desperdícios após o reaproveitamento da água.
5 4. Conclusão: Dentre os inúmeros usos potenciais da água de chuva, o foco deste trabalho foi a utilização na Construção Civil, com destaque para a vantagem de cunho ecológico e financeiro, usando processo simples de captação, filtragem, desinfecção, armazenamento, distribuição e reaproveitamento. O uso de sistemas de coleta e aproveitamento de águas pluviais propicia, além de benefícios de conservação de água e de educação ambiental, a redução do escoamento superficial e a consequente redução da carga nos sistemas urba nos de coleta de águas pluviais e o amortecimento dos picos de enchentes, contribuindo para a redução de inundações. A avaliação econômica dos projetos de aproveitamento de água pluvial é bastante positiva, podendo reduzir, signi ficativamente, os valores mensais das contas de água. () Os benefícios do reuso devem ser informados à população para que ela reflita sobre os desdobramentos na economia tanto da matéria-prima quanto dos recursos financeiros. 5. Referências Bibliográficas: BERNARDI, C.C. (2003). Reuso de água para irrigação. Monografia MBA. ISAE-FGV/ECOBUSINESS. Brasília, DF. 52p. CETESB. Águas superficiais. Reuso de água. Disponível em: Acessado
6 em: 01 Setembro 2013 CURITIBA. Lei Ordinária de Curitiba/PR, nº 10785/2003 de 18/09/2003. MOITINHO, P.V.D.; SILVA, B.J. Aproveitamento da água pluvial em edificações residenciais. Disponível em: Acessado em: 01 Agosto PESSARELLO, R. G. Estudo exploratório quanto ao consumo de água na produção de obras de edifícios: avaliação e fatores influenciadores Monografia (MBA em Tecnologia e Gestão da Produção de Edifícios). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Construção Civil Universidade de São Paulo, São Paulo, SÃO PAULO. Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Lei N.º , de 2 de Janeiro de SILVEIRA, B.Q. Reuso da água pluvial em edificações residenciais f. Monografia (Curso de Especialização em Construção Civil). Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte Saiba mais sobre o curso de pós-graduação em Engenharia Ambiental Integrada, clique aqui.
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