TRÁFICO DE SERES HUMANOS NO BAIXO ALENTEJO: PREVENÇÃO, INVESTIGAÇÃO E FISCALIZAÇÃO

Transcrição

1 N n TRÁFICO DE SERES HUMANOS NO BAIXO ALENTEJO: PREVENÇÃO, INVESTIGAÇÃO E FISCALIZAÇÃO Na sequência da visita empreendida a Beja, no passado dia 20 de Dezembro de 2010, Mendes Bota endereçou dois conjuntos de Perguntas ao Governo, endereçadas ao Ministério da Administração Interna e ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, solicitando informação sobre os resultados das operações de fiscalização levadas a cabo em Dezembro passado no Baixo Alentejo, tentando detectar casos de exploração laboral de migrantes de Leste. ANEXO A Expeça-se REQUERIMENTO Número /XI (.ª) PERGUNTA Número /XI (.ª) Publique-se / / O Secretário da Mesa Assunto: Prevenção, investigação e fiscalização sobre possível tráfico migratório proveniente de países do Leste da Europa, no Baixo Alentejo Destinatário: Ministério da Administração Interna Ex. mo Sr. Presidente da Assembleia da República Na sequência da denúncia feita pelo Senhor Bispo, D. António Vitalino Dantas, no passado dia 13 de Dezembro de 2010, em Beja, sobre a existência de vários casos que indiciam práticas de exploração laboral desumana no Baixo Alentejo, de imigrantes provenientes de países de países do Leste da Europa, que o signatário teve oportunidade de ver confirmada na reunião que manteve com a Associação Caritas Diocesana, os factos relatados assumem um tal grau de gravidade que, nem o poder político, nem as autoridades, podem ficar indiferentes. A Associação Caritas Diocesana tem desenvolvido o seu trabalho no terreno, através de um Centro Local de Apoio ao Emigrante, no qual contacta directamente com muitos imigrantes, e tem desempenhado um papel relevante na ajuda ao repatriamento de vítimas de situações de sobre-exploração laboral, para além de realizare campanhas de 1

2 apoio em alimentos e vestuário, pelo que as situações de exploração laboral por si descritas nos merecem toda a credibilidade. O fenómeno da imigração sazonal para trabalhar nas colheitas agrícolas não é novo. Desde há quatro anos, inicialmente provenientes da Ucrânia, agora mais da Roménia, Bulgária e Tailândia, contingentes de mão-de-obra barata, sem qualquer poder negocial ou reivindicativo, têm vindo a suprir as necessidades de diferentes colheitas ao longo do ano, que vão da azeitona às vindimas, da horticultura à floricultura. Com o aumento das terras irrigadas pela bacia do Alqueva, é previsível que a necessidade de mão-de-obra tenha mesmo tendência a crescer, e não o contrário. Com estes fluxos migratórios, aqui apenas considerando a vertente laboral, têm-se registado em Portugal práticas indiciatórias de tráfico de seres humanos nos termos definidos e condenados pela Convenção do Conselho da Europa, que entrou recentemente em vigor nesta matéria. Considera o signatário que uma parte significativa da solução destes problemas, passa pelos agricultores e pelas suas associações representativas, e cuja responsabilidade e consciência social é convocada para prolongar as suas preocupações para lá do mero acto de pagamento aos intermediários da mão-de-obra, pelos serviços prestados. Atempadamente, devem ser inventariadas as necessidades de mão-de-obra, ser feitas reuniões preparatórias com a participação das entidades fiscalizadoras ou policiais e das autarquias locais, tendo em vista a criação de Bolsas de Emprego, multiplicando as experiências positivas ocorridas em Odemira ou Moura, a título de exemplo. Considerando que já em 2009, houve conhecimento de situações com estas características supra descritas em vários municípios do distrito de Beja, e que os casos ora denunciados ocorreram em Novembro passado, nos municípios de Serpa e Moura, deve haver um esforço conjunto das autoridades para que, no futuro, estas situações deixem de se verificar. Quanto maior for a fiscalização e a pressão no terreno, menor será o espaço para a ilegalidade. Neste sentido, ao abrigo da alínea d) do artigo 156º da Constituição e da alínea d) do artigo 4º do Regimento da Assembleia da República solicita-se ao Governo, através do Ministério da Administração Interna, respostas às seguintes perguntas: 1- Pensa intensificar as acções inspectivas conjuntas no terreno, por parte do SEF, da ACT, e da GNR e, simultaneamente, a promoção da edição de material informativo para estes imigrantes, na sua língua materna, dando-lhes a conhecer os 2

3 seus direitos e deveres, bem como dos mecanismos de apoio à sua disposição? 2- Considera, ou não, que falta de intérpretes nas acções da ACT, é uma lacuna que deve ser urgentemente resolvida? 3- Sabendo-se da realização de duas operações conjuntas do SEF, da ACT, e da GNR contra o tráfico de seres humanos, no dia 17 (em Moura), e no dia 20 (em Serpa), no mês de Dezembro de 2010, o que se considera muito positivo, qual foi o resultado apurado por estas acções inspectivas? Palácio de São Bento, 3 de Fevereiro de O Deputado do PSD (Mendes Bota) ANEXO B Expeça-se REQUERIMENTO Número /XI (.ª) PERGUNTA Número /XI (.ª) Publique-se / / O Secretário da Mesa Assunto: Prevenção, investigação e fiscalização sobre possível tráfico migratório de países do Leste da Europa, no Baixo Alentejo Destinatário: Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Ex. mo Sr. Presidente da Assembleia da República Na sequência da denúncia feita pelo Senhor Bispo, D. António Vitalino Dantas, no passado dia 13 de Dezembro de 2010, em Beja, sobre a existência de vários casos que indiciam práticas de exploração laboral desumana no Baixo Alentejo, de imigrantes provenientes de países de países do Leste da Europa, que o signatário teve oportunidade de ver confirmada na reunião que manteve com a Associação Caritas Diocesana, os 3

4 factos relatados assumem um tal grau de gravidade que, nem o poder político, nem as autoridades, podem ficar indiferentes. A Associação Caritas Diocesana tem desenvolvido o seu trabalho no terreno, através de um Centro Local de Apoio ao Emigrante, no qual contacta directamente com muitos imigrantes, e tem desempenhado um papel relevante na ajuda ao repatriamento de vítimas de situações de sobre-exploração laboral, para além de realizare campanhas de apoio em alimentos e vestuário, pelo que as situações de exploração laboral por si descritas nos merecem toda a credibilidade. O fenómeno da imigração sazonal para trabalhar nas colheitas agrícolas não é novo. Desde há quatro anos, inicialmente provenientes da Ucrânia, agora mais da Roménia, Bulgária e Tailândia, contingentes de mão-de-obra barata, sem qualquer poder negocial ou reivindicativo, têm vindo a suprir as necessidades de diferentes colheitas ao longo do ano, que vão da azeitona às vindimas, da horticultura à floricultura. Com o aumento das terras irrigadas pela bacia do Alqueva, é previsível que a necessidade de mão-de-obra tenha mesmo tendência a crescer, e não o contrário. Com estes fluxos migratórios, aqui apenas considerando a vertente laboral, têm-se registado em Portugal práticas indiciatórias de tráfico de seres humanos nos termos definidos e condenados pela Convenção do Conselho da Europa, que entrou recentemente em vigor nesta matéria. Considera o signatário que uma parte significativa da solução destes problemas, passa pelos agricultores e pelas suas associações representativas, e cuja responsabilidade e consciência social é convocada para prolongar as suas preocupações para lá do mero acto de pagamento aos intermediários da mão-de-obra, pelos serviços prestados. Atempadamente, devem ser inventariadas as necessidades de mão-de-obra, ser feitas reuniões preparatórias com a participação das entidades fiscalizadoras ou policiais e das autarquias locais, tendo em vista a criação de Bolsas de Emprego, multiplicando as experiências positivas ocorridas em Odemira ou Moura, a título de exemplo. Considerando que já em 2009, houve conhecimento de situações com estas características supra descritas em vários municípios do distrito de Beja, e que os casos ora denunciados ocorreram em Novembro passado, nos municípios de Serpa e Moura, deve haver um esforço conjunto das autoridades para que, no futuro, estas situações deixem de se verificar. Quanto maior for a fiscalização e a pressão no terreno, menor será o espaço para a ilegalidade. Neste sentido, ao abrigo da alínea d) do artigo 156º da Constituição e da alínea d) do 4

5 artigo 4º do Regimento da Assembleia da República solicita-se ao Governo, através do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, respostas às seguintes perguntas: 1- Pensa intensificar as acções inspectivas conjuntas no terreno, por parte do SEF, da ACT, e da GNR e, simultaneamente, a promoção da edição de material informativo para estes imigrantes, na sua língua materna, dando-lhes a conhecer os seus direitos e deveres, bem como dos mecanismos de apoio à sua disposição? 2- Considera, ou não, que falta de intérpretes nas acções da ACT, é uma lacuna que deve ser urgentemente resolvida? 3- Sabendo-se da realização de duas operações conjuntas do SEF, da ACT, e da GNR contra o tráfico de seres humanos, no dia 17 (em Moura), e no dia 20 (em Serpa), no mês de Dezembro de 2010, o que se considera muito positivo, qual foi o resultado apurado por estas acções inspectivas? Palácio de São Bento, 3 de Fevereiro de O Deputado do PSD (Mendes Bota) 5