EFFECT OF REARING REGIME ON POSTPARTUM ANOVULA TORY PERIOD ON SERRANA GOATS - ECOTYPE TRANSMONTANO -KIDDED AT FALL ABSTRACT
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- Yasmin Coradelli Pinto
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1 Correia el ai. EFFECT OF REARING REGIME ON POSTPARTUM ANOVULA TORY PERIOD ON SERRANA GOATS - ECOTYPE TRANSMONTANO -KIDDED AT FALL T. M. CoRREIA', R. C. VALENTIM" J. AzEVEOO 2, J. C. ALMEIDA2, L. GAlVÃo', A. MENDONÇA', M. CARVAlHO' e P. FONTEs 2 'Escola Superior Agrária de Bragança, Dept. de Zootecnia, Apartado 1172, Bragança, tcorreia@ipb.pt. 2Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Dept. de Zootecnia, Apartado 1013, Vila Real, Portugal (J'lceite para pu6cicofão em 28 áe Janeiro áe 2004) ABSTRACT The main aim of this paper was lo sludy lhe effect of two different rearing regimes (permanent rearing vs. "nocturnal" rearing + daily milking) on postpartum anoestrus on Portuguese Serrana goals, ecotype Transmontano, kidded at fali. Present sfudy was performed in Bragança (latitude ' N, longitude ' W and altitude 720 meters), at lhe Agrarian Superior School farm of Sta Apolónia. Twenty-four adull (4-5 years old) Serrana goats were selected for this study. Mean interval between kidding and first postpartum increase in plasmatic concentration of progesterone (P>0.5 ngl mi) was of 54.0 ± 12.4 days. About 58.7% of the Serrana goats presented a short" first luteal phase while the other 41.3% presented a "normal" one. Mean interval between kidding and first postpartum heat was of 56.3 ± 18.7 days. Serrana goats return to sexual activity did not vary significantly according lo rearing regime. Key words: goats, postpartum anoestrus, rearing regime EFEITO DO REGIME DE ALEITAMENTO SOBRE A DURAÇÃO DO PERíODO DE ANESTRO PÓS-PARTO EM CABRAS DA RAÇA SERRANA - ECÓTIPO TRANSMONTANO - PARIDAS NO OUTONO RESUMO Este trabalho foi desenvolvido com o objectivo de estudar o efeito da aplicação de dois regimes diferentes de aleitamento (amamentação vs. amamentação "nocturna" + ordenha) sobre a duração do período de anestro pós-parto, em cabras da raça Serrana, ecótipo Transmontano, paridas no final do Outono. Na cidade de Bragança (latitude ' N,longitude ' W e altitude 720 metros), mais precisamente na Quinta de Santa Apolónia, pertencente à Escola Superior Agrária de Bragança, um 1
2 2 Revisla Portuguesa de Zoolecnia, Ano XI, N 2 (2004) grupo de 24 cabras da raça Serrana, ecótipo Transmontano, com 4 a 5 anos de idade, foi escolhido para a realização deste estudo. A duração do intervalo médio de dias observados entre o parto e a primeira subida das concentrações plasmáticas de progesterona pós-parto (P>O,5ng/ml) foi de 54,0 ± 12,4 (40-95 dias). A duração da primeira fase lútea pós-parto foi curta em 58,3% das cabras e normal nas restantes 41,7%. A duração do intervalo médio de dias registados entre o parto e o 1 0 cio pósparto foi de 56,3 ± 18,7. A retoma da actividade sexual pós-parto não variou significativamente em função do regime de aleitamento utilizado. Palavras-chave: anestro pós-parto, caprinos, regime de aleitamento INTRODUÇÃO A retoma da actividade sexual pós-parto depende de vários factores, dos quais gostaríamos aqui de destacar: a estação do ano (Bocquier et ai., 1993;Gonzalez Lopez, 1993; Delgadillo et ai., 1998), a lactação (Short et ai., 1990; Gonzalez Lopez, 1993) e o regime de aleitamento (Short et ai., 1990; Delgadillo et ai., 1998; Gordon, 1999). A acção destes factores sobre o reinício da actividade sexual pós-parto das cabras Serranas é ainda pouco conhecida, apesar dos trabalhos realizados por Mascaranhas et ai. (1995), Fonseca (1998), Correia et ai. (2001) e Azevedo et ai. (2002). De acordo com Mascaranhas et ai. (1995), a duração do período de anestro pós-parto das cabras Serranas, ecótipo Ribatejano, depende claramente da estação do ano em que o parto ocorre. Por seu turno, os resultados encontrados por Correia et ai. (2001) e Azevedo et ai. (2002) parecem igualmente indicar uma forte influência da sazonalidade sobre o regresso à actividade sexual pós-parto das cabras Serranas, ecótipo Transmontano. Contudo, ao que sabemos, os efeitos da lactação elou do regime de aleitamento sobre a retoma da actividade sexual pós-parto das cabras Serranas, ecótipo Transmontano, permanecem totalmente desconhecidos. Este ensaio teve com principal objectivo estudar o efeito da aplicação de dois regimes alternativos de aleitamento sobre a duração do período de anestro pós-parto, em cabras da raça Serrana, ecótipo Transmontano, paridas no final do Outono. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi realizado na cidade de Bragança (latitude 41 49' N, longitude 6 40' We altitude 720 m), mais precisamente na Quinta de Santa Apolónia, pertencente à Escola Superior Agrária de Bragança (ESAB), entre 29 de Novembro de 2001 e 15 Março de 2002.
3 Correia et ai. Animais Um grupo de 24 cabras adultas (4-5 anos) da raça Serrana, ecótipo Transmontano, todas elas cobertas por monta natural (sem terem sido submetidas a qualquer tratamento hormonal) e que pariram sem qualquer problema (entre 29 de Novembro e 6 de Dezembro de 2001), foi utilizado na realização deste trabalho. A percentagem de cabras que pariram uma só cria (70,8%) revelou-se estatisticamente superior à percentagem de cabras que pariram duas crias (29,2%) (X 2 =35,280; P~0, 001). Por outro lado, estas cabras pariram mais fêmeas (64,5%) do que machos (35,5%) (X 2 =15,680; P~0, 001 ). Todas as cabras foram alimentadas ad libítum com feno de prados naturais e entre g/dia de alimento concentrado comercial. A alimentação destas fêmeas foi sempre feita em grupo. Regime de aleitamento Uma semana após o parto, as cabras e respectivos cabritos foram aleatoriamente divididos em dois grupos: Amamentação (n = 10) - Os cabritos foram deixados em contacto permanente com as respectivas mães. Amamentação "nocturna" + Ordenha (n = 14) - Os cabritos foram diariamente separados das respectivas mães, apenas podendo contactar com estas durante o período "nocturno" do dia (das 16:30 às 8:30 h). Imediatamente antes da junção, as cabras foram diariamente ordenhadas. Determinação do peso corporal Pouco tempo após a expulsão das placentas, as cabras foram pesadas numa balança com jaula (sensibilidade mínima de 100 g). Posteriormente, as pesagens foram feitas semanalmente. Determinação do estado fisiológico Após o parto, com o intuito de estudar a actividade ovárica das cabras, foi feita, duas vezes por semana (segundas e quintas-feiras), pela manhã, uma recolha de sangue, com o auxílio de tubos de ensaio vacuonizados e heparinizados, através da punção da veia jugular. Após a centrifugação do sangue, a r.p.m., durante 15 minutos, procedeu-se à separação do sobrenadante, ou seja, do plasma sanguíneo. A técnica de RIA utilizada na determinação dos níveis plasmáticos de progesterona foi a indicada pelo fabricante dos kíts (Díagnostíc Products Corporatíon). Os coeficientes médios de vari ação inter e intra-ensaio foram, respectivamente, de 9,8 e 6,2%. 3
4 Revista Portuguesa de Zootecnia, Ano XI, N 2 (2004) A recolha das amostras de sangue começou a ser feita, no máximo, 4 dias após o parto. Considerou-se que as cabras se encontravam em anestro, até ao momento em que os níveis plasmáticos de progesterona se elevaram, pela primeira vez, acima dos 0,5 ng/ml (PSCPP). As fases lúteas foram consideradas de duração curta, normal ou persistente, consoante os níveis plasmáticos de progesterona se mantiveram elevados durante 3-12 dias, dias ou >18 dias, respectivamente (adaptado de Corteel, 1972). Detecção dos cios Antes de parirem, as cabras foram alojadas num recinto contíguo a outro, no qual estavam alojados três bodes inteiros; a dividi-los estava apenas uma cerca de rede. Com o intuito de se proceder à identificação das cabras em cio, equiparamse dois bodes vasectomizados (através da ablação de uma pequena porção do canal deferente) com arneses marcadores. A identificação das marcações foi feita duas vezes por dia (logo pela manhã e ao fim da tarde). Os bodes permaneceram junto das cabras durante todo o ensaio. Análise estatística Com o objectivo de identificar diferenças estatisticamente significativas entre alguns parâmetros efectuaram-se análises de variância, segundo o teste de Bonferroni/Dunn (Dunn, 1961). Com o intuito de se estabelecerem relações entre alguns parâmetros foram feitas análises de correlação e regressão (Steel e Torrie. 1980). Com a finalidade de se compararem frequências utilizou-se o teste de x 2 (Snedecor e Cochran, 1980). Os dados foram expressos em Média ± Desvio Padrão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Imediatamente após o parto, as cabras estudadas apresentavam um peso corporal médio de 42,3 ± 5,6 kg (c.v. = 13,2%). Nesse momento, as cabras que pariram duas crias eram mais pesadas do que as que pariram somente uma (PS::0,01) (Quadro I). Quando da PSCPP, as cabras Serranas pesavam, em média, 39,8 ± 5,2 kg (c.v. = 13,1%). O regime de aleitamento praticado não influenciou significativamente o peso corporal à PSCPP (P>0,05). Nesta altura, as cabras que amamentavam duas crias eram igualmente mais pesadas do que as que amamentavam apenas uma (PS::0,05) (Quadro I). Entre o parto e a PSCPP, as cabras perderam, em média, 2,5 ± 1,6 kg (c.v. = 63,1%). Estatisticamente, esta 4
5 Correia et ai. perda de peso revelou-se não significativa (P>O,05). No mesmo sentido, nem o regime de aleitamento utilizado, nem o número de crias amamentadas afectaram significativamente a perda de peso observada entre as cabras (P>O,05). QUADRO 1- PESO CORPORAL MÉDIO DAS CABRAS IMEDIATAMENTE APÓS O PARTO, A PSCPP E AO 1 CIO pós- PARTO, EM FUNÇÃO DO TIPO DE PARTO. Tipo de parto Simples Duplo Parto 40,4a±5,1 kg b 46,9 ± 3,8 kg a>,b, para P:S;O,01 ; a>,c, para P:S;O,05 (entre linhas). pscpp 37,8 a ± 4,2 kg 44,6 c ± 4,3 kg 37,6 a ± 4,7 kg 43,7 b ± 4,2 kg Quando da apresentação do 1 0 cio pós-parto, as cabras Serranas pesavam, em média, 39,4 ± 5,3 kg (c.v. = 13,5%). Também neste caso, o regime de aleitamento aplicado não afectou significativamente o peso corporal apresentado pelas cabras ao 1 0 cio (P>O,05). Por seu turno, as cabras que amamentavam duas crias continuavam a ser mais pesadas do que as que amamentavam somente uma (P~O,01) (Quadro I). Em média, entre o parto e o 1 0 cio pós-parto, as cabras perderam 2,9 ± 2,0 kg (c.v. = 67,0%). Esta perda de peso mostrou-se também estatisticamente não significativa (P>O,05). Ao longo deste intervalo, nem o regime de aleitamento utilizado, nem o número de crias amamentadas afectaram igualmente a perda de peso registada entre as cabras (P>O,05). Neste trabalho, as cabras que pariram gémeos foram sempre mais pesadas do que as pariram apenas uma cria. Na verdade, as diferenças de peso observadas entre estes dois grupos de cabras mantiveram-se sensivelmente constantes ao longo de todo o ensaio. Por outro lado, as perdas de peso verificadas entre o parto - PSCPP e o parto cio pós-parto revelaram-se estatisticamente não significativas. Finalmente, há que referir que o regime de aleitamento utilizado nunca influenciou significativamente a variação do peso corporal observada entre as cabras estudadas. Fim do anestro fisiológico pós-parto A duração do intervalo médio de dias registados entre o parto e a PSCPP foi de 54,0 ± 12,4 (c. v. = 22,9%). A duração deste intervalo não foi significativamente influenciada pelo regime de aleitamento aplicado (P>O,05) (Quadro II). Da mesma forma, nem o peso corporal apresentado pelas cabras imediatamente após o parto ou quando da PSCPP, nem o número de crias amamentadas condicionaram significativamente a duração do intervalo parto - PSCPP (P>O,05). 5
6 Revista Portuguesa de Zootecnia. Ano XI. N 2 (2004) QUADRO II - DURAÇÃO MÉDIA DOS INTERVAlOS PARTO - PSCPP E PARTO _1 0 CIO PÓS-PARTO E PERCENTAGENS DE CABRAS QUE APRESENTARAM CIO ANTES DA PSCPP Efou UMA 1 a FASE LÜTEA DE DURAÇÃO NOR MAL, EM FUNÇÃO DO REGIME DE AlEITAMENTO. Amamentação Parto - PSCPP 51,3 a ± 11,0 dias Parto cio 50,1 a ± 16,1 dias % cabras com cio antes 70,Oa% da PSCPP (n = 7) % cabras com 1 a fase 40,Oa% lútea normal (n = 4) % cabras com cio e 1 a 16,7 a % fase lútea normal (n = 1) a;tb. para P:50,001 (entre colunas). Amamentação "nocturna" + ordenha 57,6 a ± 13,7 dias 64,4a ± 19,5 dias 57, 1 b % (n = 8) 42,9 a % (n = 6) 57,1 b % (n = 4) Fonseca (1998), utilizando cabras Serranas, ecótipo Transmontano, paridas no Outono (inícios de Novembro), verificou que o regresso à actividade ovárica "completa" ocorreu dias (média = 101 dias) após o parto. Por outras palavras, em média, as cabras estudadas por Fonseca (1998) tiveram um período de "inactividade" ovárica pós-parto superior ao das cabras por nós estudadas. É provável que esta diferença se relacione com o facto das cabras estudadas por Fonseca (1998) terem perdido peso de uma forma estatisticamente significativa entre o parto - PSCPP, enquanto que as cabras por nós estudadas o fizeram de um modo estatisticamente não significativo. Nas cabras Serranas, ecótipo Ribatejano, a duração do período de "inactividade" ovárica pós-parto depende da estação do ano, ocorrendo a retoma da actividade ovárica "completa" dias depois do parto (Mascaranhas et ai., 1995). Nas cabras Serranas, ecótipo Transmontano, paridas no Inverno (Fevereiro - Março), a actividade ovárica "completa" reinicia-se dias após o parto (Correia et ai., 2001). Por seu turno, quando estas mesmas cabras parem no Verão (Julho -Agosto), o regresso à actividade ovárica "completa" produz-se dias pós-parto (Azevedo et ai., 2002). Finalmente, os dados por nós recolhidos indicam que as cabras Serranas, ecótipo Transmontano, paridas no Outono (Novembro - Dezembro), recomeçam a sua actividade ovárica "completa" dias depois do parto (Fig. 1). Neste sentido, a retoma da actividade ovárica "completa" pós-parto das cabras Serranas, ecótipo Transmontano, parece depender igualmente da estação do ano. De acordo com Mascaranhas et ai. (1995), a estação de anestro das cabras Serranas, ecótipo Ribatejano, estende-se de Janeiro a Maio. Embora a estação reprodutiva das cabras Serranas, ecótipo Transmontano, nunca tenha sido 6
7 Correia el a!. cientificamente determinada, os dados de campo indicam uma diminuição do número de cobrições entre Janeiro e Abril. Neste sentido, as cabras estudadas terão parido na fase final da estação reprodutiva. Porém, ao contrário do que se esperava, estas cabras retomaram a sua actividade ovárica "completa" em pleno período de anestro sazonal. Na verdade, os dados recolhidos nos trabalhos desenvolvidos por Correia et ai. (2001) e Azevedo et ai. (2002) indiciavam que as cabras Serranas, ecótipo Transmontano, possuíam um anestro sazonal algo marcado, capaz, pelo menos, de "camuflar" o anestro pós-parto. Tendo em conta o conjunto dos resultados anteriormente referidos, é possível que, nestas cabras, a duração do período de anestro pós-parto seja condicionada pelo fotoperíodo prevalecente na fase imediatamente posterior ao parto. 100 (%) O r ;- ' f0- r- r - '--- I- - f- t- i ' rr l- I, Dias pós-parto I r- i- o Jl.mlll':1éntação O.Amanemação "nocturna" + ordenha Figura 1. Percentagem acumulada de cabras "cíclicas" nos primeiros 95 dias pós-parto. A lactação e, de uma forma mais acentuada, a estimulação dos tetos (sucção) afectam negativamente a retoma da actividade sexual pós-parto das fêmeas reprodutoras (Bocquier et ai., 1993; Delgadillo et ai., 1998; Mwaanga e Janowski, 2000), uma vez que deprimem a secreção de LH (Lozano et ai., 1998; Gordon, 1999). Neste ensaio, as cabras que terão sido sujeitas a um maior número de mamadas por dia (permanentemente acompanhadas pelos cabritos) produziram a PSCPP ao mesmo tempo que as restantes cabras, ou seja, neste caso, um maior número de estimulações dos tetos não terá determinado um atraso no reinício da actividade ovárica "completa" pós-parto. A duração da primeira fase lútea pós-parto foi curta em 58,3% (n = 14) das cabras estudadas e normal nas restantes 41,7% (n = 10) (X 2 =5,142; P::SO,05). O regime de aleitamento empregue não afectou significativamente as percentagens de cabras que produziram uma primeira fase lútea de duração curta ou normal (l=o, 185; P>0,05) (Quadro II). A duração da primeira fase lútea não foi igualmente 7
8 Revista Portuguesa de Zoolecnia, Ano XI, N" 2 (2004) influenciada pelo peso das cabras encontrado imediatamente após o parto ou quando da PSCPP, pelo número de crias amamentadas ou pela duração do intervalo parto - PSCPP (P>O,05). O reinício da actividade ovárica "completa" pós-parto é frequentemente marcado pela ocorrência de ciclos de curta duração (Camp et ai., 1983; Tasende et ai., 2002), resultantes de um deficiente funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-ovários, motivado pela ausência prévia de níveis adequados de progesterona (Garverick et ai., 1992; Tasende et ai., 2002). Fim do anestro comportamental pós-parto Os primeiros sinais detectáveis de cio surgiram, em média, 56,3 ± 18,7 dias após o parto (c.v. = 33,2%). O regime de aleitamento não afectou significativamente a duração do intervalo parto cio detectável (P>O,05) (Quadro II). Entre as cabras que amamentaram permanentemente as crias, 70,0% manifestou cio antes da PSCPP, enquanto as restantes 30,0% só o fizeram dias após a PSCPP (X 2 =32,OOO; P~O,001). De entre as cabras que amamentaram as crias apenas durante o período "nocturno" do dia e que foram diariamente ordenhadas, 57,1% apresentou cio alguns dias antes da PSCPP, enquanto que as restantes 42,9% só o fizeram dias após a PSCPP (X 2 =3,920; P~O, 05). Do ponto de vista estatístico, a diferença observada entre estes dois grupos de cabras revelou-se não significativo (X 2 =3,646; P>O,05). Segundo Chemineau (1987), a retoma da actividade sexual sazonal é frequentemente marcada pela ocorrência de ovulações silenciosas. No trabalho realizado por Correia et ai. (2001), nenhuma das cabras paridas no Inverno apresentou cio antes da PSCPP. Por seu turno, no ensaio levado a cabo por Azevedo et ai. (2002), todas as cabras paridas no Verão manifestaram cio antes da PSCPP. Assim, tudo indica que a retoma da actividade éstrica pós-parto das cabras Serranas, ecótipo Transmontano, depende também da estação do ano em que o parto ocorre. A diferença observada entre grupos, relativamente à percentagem de cabras que apresentaram cio antes da PSCPP e uma primeira fase lútea de duração normal, mostrou-se estatisticamente significativa (X 2 =34,320; P~O,001) (Quadro II). Esta foi estatisticamente mais elevada entre as cabras que amamentaram as crias apenas durante o período "nocturno" do dia e que foram diariamente ordenhadas do que entre as cabras que amamentaram permanentemente as suas crias (57,1% VS. 16,7%). De acordo com o conjunto dos resultados anteriormente apresentados, a retoma da actividade sexual pós-parto das cabras Serranas, paridas no final do 8
9 Correia el ai. Outono, é francamente difícil, independentemente do regime de aleitamento considerado - amamentação vs. amamentação "nocturna" + ordenha. CONCLUSÕES Face às condições em que este trabalho foi desenvolvido, à metodologia empregue e aos resultados conseguidos, pensamos ser possível tirar o seguinte conjunto de conclusões: - A duração do intervalo médio de dias registados entre o parto e a PSCPP foi de 54,0 ± 12,4 (40-95 dias). - A duração da primeira fase lútea pós-parto foi curta em 58,3% das cabras estudadas e normal nas restantes 41,7%. - A duração do intervalo médio de dias observados entre o parto e o 1 0 cio pós-parto foi de 56,3 ± 18,7. Cerca de 62,5% das cabras Serranas estudadas apresentaram cio antes da PSCPP, enquanto as restantes 37,5% só o fizeram depois. - A retoma da actividade sexual pós-parto não variou significativamente em função do regime de aleitamento utilizado. BIBLIOGRAFIA AzEVEDO, J., CORREIA, T.M., ALMEIDA, J.C., VALENTIM, R.C., FONTES, P., COELHO, A. e MENDONÇA, AL, Anoestro postpartum en cabras de la raza Serrana - ecotipo Transmontano - paridas en verano. ln: Revista de la SEOC, XXVII Jornadas Científicas y VI Internacionales de la Sociedad Espafiola de Ovinotecnia y Caprinotecnia, Valencia, Espanha, pp BOCQUIER, F., KANN, G. e THIMONIER, J., Effects of body composition variations on the duration of the postpartum anovulatory period in milked ewes submitted to two different photoperiods. Reprod. Nutr. Dev., 33: CAMP, J.C., WILDT, D.E., HOWARD, P. K., STUART, L. D. e CHAKRABORTY, P.K., Ovarian activity during normal and abnormal length estrous cycles in the goat. Biol. Reprod., 28 (3): CHEMINEAU, P., Possibilities for using bucks to stimulate ovarian and oestrous cycles in anovulatory goats - a review. Livestock Production Science, 17: CORREIA, T.M., VALENTIM, R.C., AzEVEDO, J., MAURIcIO, R., GALVÃO, L., MENDONÇA, A. e CARDOSO, M., Período anovulatório pós-parto em cabras da raça Serrana paridas no Inverno. Revista Veterinária Técnica, 2:
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11 Correia et ai. TASENDE, C., MEIKLE,A., RODRIGUEZ-PINON, M., FORSBERG, M. e GARóFALO, E.G., Estrogen and progesterone receptor content in the pituitary gland and uterus of progesterone-primed and gonadotropin releasing hormone-treated anestrous ewes. Theriogenology, 57 (6):
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