F71 Versão Oficial Dalva de Oliveira E S T Ú D I O F - programa número 71

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1 1 F71 Versão Oficial Dalva de Oliveira E S T Ú D I O F - programa número 71 Á U D I O T E X T O Música-tema entra e fica em BG; Locutor - A Rádio Nacional apresenta ESTUDIO F, Momentos Musicais da Funarte Paulo César : Apresentação de Paulo César Soares - Alô, amigos! No programa de hoje, uma cantora cuja vida marcada por amores e reviravoltas não deve em nada aos melhores folhetins. Sua potência vocal de soprano e também a afinação impecável permitiramlhe deixar a vida pobre e alcançar o estrelato. Já sua forma de cantar fez dela ícone de uma época, influenciando toda uma geração de cantoras. De Leny Eversong a Ângela Maria, foram várias as artistas que se renderam ao talento dessa intérprete dona de olhos verdes que hipnotizavam multidões. Entra Olhos Verdes, fica pouquíssimo tempo, cai em BG e permanece durante a fala de Paulo César. Paulo César: - Dalva de Oliveira adentra o Estúdio F para reinar na Série Intérpretes. Sobe o som e rola inteira.

2 2 Paulo César: - Ela nasceu Vicentina de Paula Oliveira na cidade de Rio Claro, interior de São Paulo, em 5 de maio de Ainda na infância, desenvolveu o seu interesse pela música, influenciada pelo pai Mário Carioca de Oliveira - que, além de carpinteiro, tocava saxofone e clarinete. Com a morte dele, a futura artista foi para um internato na cidade de Tamandaré, onde recebeu aulas de canto coral, piano e órgão. Mais tarde, na adolescência, juntouse à mãe em São Paulo e, para sobreviver, trabalhou como cozinheira, operária de fábrica de sapatos e faxineira de uma escola de dança, na qual costumava cantar e improvisar ao piano depois das aulas, apurando assim a afinada voz que atingiria seu esplendor em interpretações como a da música Que Será, de Mário Rossi e Marino Pinto. Entra Que Será e rola inteira. Paulo César: - A voz da jovem faxineira chamou a atenção de um dos professores da escola de dança na qual ela fazia faxina. Impressionado com os agudos dilacerantes da moça, ele conseguiu que ela integrasse um grupo musical, com o qual viajou por algumas cidades do interior. O grupo acabou e, sem dinheiro, Dalva fez um teste para a Rádio Mineira, em Belo Horizonte. Foi aprovada e adotou o nome artístico de Dalva de Oliveira que a consagraria no embalo de sucessos como Estrela do Mar de Marino Pinto e Paulo Soledade. Entra Estrela do Mar e rola inteira.

3 3 Paulo César: - De Minas Gerais, Dalva seguiu para o para o Rio de Janeiro com a intenção de fazer carreira nos palcos e nas rádios. Passou pelas emissoras Mayrink Veiga, Sociedade e Cruzeiro do Sul. Nesta época, cantava num estilo de cançonetas e foxes. Segundo o filho da cantora, o também cantor Peri Ribeiro, sua mãe começou cantando numa linha mais clássica do que popular porque, na época, cançonetas italianas e trechos de operetas tinham mais valor no teatro, que foi a base artística de Dalva. Aliás, na primeira metade dos anos 30, ela era ainda mais uma atriz que cantava bem, sendo mais freqüente a sua presença nos palcos do que nas rádios. E foi no palco do Cine Pátria que ela conheceu Herivelto Martins, dando início a um tumultuado casamento afetivo e musical. Entra Praça Onze e rola inteira. Paulo César: - Praça Onze parceria de Herivelto Martins e Grande Otelo - foi um dos inúmeros sucessos do Trio de Ouro, que surgiu em 1936 com a incorporação de Dalva à dupla Preto e Branco. O duo era inicialmente formado por Herivelto e Francisco Sena, que morreu e foi substituído por Nilo Chagas. Em 1937, o trio - cujo nome foi dado pelo radialista César Ladeira - realizou suas primeiras gravações e apresentações nas rádios Tupi e Mayrink Veiga. Dalva e Herivelto se casaram em 1938 e, com a chegada dos anos 40, o grupo viveu seu melhor momento, tornando-se extremamente popular, conquistando o público com músicas que se transformaram em verdadeiras jóias do nosso cancioneiro como Ave Maria no Morro. Entra Ave Maria no Morro e rola inteira.

4 4 Paulo César: - No próximo bloco, Dalva deixa o Trio de Ouro, duela musicalmente com Herivelto e se muda para Buenos Aires. Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte. Insert Chamada Funarte I N T E R V A L O

5 5 Locutor: BLOCO 2 - Continuamos com Estúdio F Entra Tudo Acabado, cai em BG (bem baixinho mesmo) e permanece durante a fala de Paulo César. Paulo César: - A primeira formação do Trio de Ouro durou até Nem o enorme sucesso foi capaz de manter Dalva no grupo após o fim do seu casamento com Herivelto Martins. A separação foi uma das mais ruidosas brigas públicas da música brasileira. Sobe Tudo Acabado e rola inteira. Paulo César: - Quando ouviu os versos de Tudo Acabado de Oswaldo Martins e J. Piedade Herivelto Martins compôs os versos de Caminho Certo, música em que dizia que, na ausência dele, a ex-mulher transformava o lar em qualquer coisa abaixo da decência. Entre dois feridos, quem ganhou foi o público, pois os compositores tomaram partido de um lado e de outro, gerando golpes musicais memoráveis como Errei Sim, composição de Ataulfo Alves gravada por Dalva que acertou em cheio não só o coração de Herivelto, mas o de todo o país. Entra Errei Sim e rola inteira. Paulo César: - A briga pública durou até Mas entre os dois não houve reconciliação. Eles se viram e se cumprimentaram apenas uma única vez em 1971, quando ela gravava a música Fracassamos que Herivelto havia feito para seu disco. Sensibilizada, Dalva convidou o ex-marido para conferir a gravação no estúdio. Ao final do trabalho, a cantora apenas perguntou a Herivelto: Tá Certo?Gostou?. O compositor de Segredo respondeu: Muito bom. Depois disso, nunca mais se falariam. Entra Segredo e rola inteira.

6 6 Paulo César: - A partir de 1951, praticamente não se ouvia outra voz nas emissoras de rádio que não fosse a de Dalva de Oliveira, apesar das estrelíssimas Linda e Dircinha Batista e do surgimento de Emilinha Borba e Marlene. Tamanho sucesso lhe valeu o badalado título de Rainha do Rádio e shows na Argentina e na Europa. Um de seus grandes sucessos nessa época foi a gravação do baião "Kalu", de Humberto Teixeira. Entra Kalu e rola inteira. Paulo César: - A gravação de Kalu foi realizada em Londres. Nesse trabalho, Dalva foi acompanhada pela famosa orquestra de Roberto Inglez. Na ocasião, a cantora chegou inclusive a se apresentar para a rainha. Nessa altura da vida, a artista estava casada com o argentino Tito Climent, que passou a administrar a sua vida. Mudou-se com o novo marido para a Argentina e consagrou-se também por lá, gravando com muito sucesso alguns tangos, logo editados no Brasil, entre os quais "Lencinho Branco", que foi muitíssimo executado, sendo um campeão de venda de discos. Entra Lencinho Branco e rola inteira. Paulo César: - No próximo bloco, Dalva retorna ao Brasil, emplaca sucessos carnavalescos e pede paz. Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte. Insert Chamada Funarte I N T E R V A L O

7 7 BLOCO 3 Locutor: - Continuamos com Estúdio F Entra Tudo Acabado, cai em BG (bem baixinho mesmo) e permanece durante a fala de Paulo César. Paulo César: - Separada de Tito Climent, Dalva de Oliveira retornou ao Brasil em 1963, lançando aqui no país um LP de tangos. Dois anos depois, fez muito sucesso com o disco Rancho da Praça Onze. A música título de Chico Anysio e João Roberto Kelly marcou a volta da cantora ao sucesso carnavalesco, algo que ela já havia alcançado nos anos 50 com a marcha "Zumzum", de Paulo Soledade e Fernando Lobo. Entra Rancho da Praça Onze e rola inteira. Paulo César: - Uma curiosidade no disco Rancho da Praça Onze é a gravação de Hino ao Amor, versão de um dos maiores sucessos de Edith Piaf. Segundo o jornalista musical Rodrigo Faour autor da biografia de Cauby Peixoto e do livro História Sexual da MPB - podemos dizer sem exageros que Dalva é a nossa Piaf. Assim como a diva da chanson française, Dalva era uma cantora que, quanto mais sofrida a música, mais linda a canção ficava em sua voz cortante. Sem falar dos agudos e das interpretações angustiantes. Além disso, ambas tiveram vidas trágicas, foram pobres na infância, viveram romances conturbados e morreram ao lado de homens bem mais jovens. Entra Hino ao Amor e rola inteira.

8 8 Paulo César: - Em 1965, já envolvida com o carpinteiro Nuno um rapaz 28 anos mais jovem do que ela Dalva sofreu um gravíssimo acidente automobilístico, deixando todo o país apreensivo em relação à possibilidade de ela ter de parar até de cantar. Mas, do acidente, sobrou apenas uma cicatriz a rasgar-lhe o rosto. A bela voz pôde ser ouvida novamente em 1968, quando ela retomou a carreira, lançando o disco "A cantora do Brasil". Nesse LP, gravou a marcha "Máscara negra", de Pereira Matos e Zé Kéti, um dos maiores sucessos de sua carreira e uma das mais executadas no carnaval daquele ano, chegando a conquistar o 1º lugar no concurso de músicas para o carnaval criado naquele ano pelo Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Entra Máscara Negra e rola inteira. Paulo César: - Dalva de Oliveira faleceu em 1972, vítima de uma hemorragia no esôfago. Seus últimos anos de vida foram numa confortável casa em Jacarepaguá no Rio de Janeiro, cercada pelos netos. A crítica considera a música Bandeira Branca sucesso estrondoso do carnaval de 1970 seu canto do cisne: um canto sereno, de súplica por um pouco de paz, em vez de brigas de amor. Entra Bandeira Branca e rola inteira.

9 9 Entra música-tema do Estúdio F e fica em BG; Paulo César: - O programa de hoje foi roteirizado pelo jornalista Cláudio Felicio. O Estúdio F é apresentado toda semana pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e nas Rádios Nacional de Brasília e da Amazônia, emissoras EBC - Empresa Brasil de Comunicações. Os programas da série também são uma das atrações do Canal Funarte. Acessem a nossa rádio virtual. O endereço é Cultura ao alcance de um clique! Você também pode ouvir o programa pelo site da Radiobras: Quem quiser pode escrever para nós, o endereço é: Praça Mauá número 7-21 andar, Rio de janeiro - CEP/ Se quiser mandar um , anota aí: estudiof@radiobras.gov.br Paulo César: - Valeu Pessoal! Até a próxima!!! ENCERRAMENTO / FICHA TÉCNICA

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