TRABALHO TÉCNICO DE CONSULTORIA AMBIENTAL

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1 TRABALHO TÉCNICO DE CONSULTORIA AMBIENTAL ESTUDO POPULACIONAL DE PEQUENOS MAMÍFEROS NO CLUBE HÍPICO DE SANTO AMARO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO/SP, E DIAGNÓSTICO DO PROTOZOÁRIO Sarcocystis neurona NOS MARSUPIAIS DO GÊNERO Didelphis sp. Biólogas responsáveis: Msc. Camila Castillo Dra. Michelle Viviane Sá dos Santos Rondon CAMPINAS AGOSTO 2012

2 1 Relatório Parcial: Diagnóstico e Prevenção do parasita Sarcocystis neurona no Clube Hípico de Santo Amaro no Município de São Paulo, SP. 1. Introdução A chamada Mieloencefalite Protozoária Equina (EPM) é uma doença neurológica que acomete os eqüinos causando falta de coordenação motora e fraqueza muscular (SILVA et al., 2003), sendo a causa mais comum de doenças neurológicas em eqüinos nas Américas (DUBEY et al., 1991; HAMIR et al., 1992). A enfermidade é causada pelo protozoário Sarcocystis neurona, um coccídeo pertencente ao Filo Apicomplexa (SILVA et al., 2003; DUBEY et al., 1991). Tais protozoários podem ser transmitidos aos eqüinos pelos marsupiais (Didelphis sp.) que são os verdadeiros hospedeiros definitivos de Sarcocystis neurona, no caso do Brasil (DUBEY et al. 2001a). Os equinos, por sua vez, são considerados hospedeiros acidentais neste ciclo de vida (STELMANN & AMORINN, 2010). Os equinos infectam-se acidentalmente quando ingerem alimentos ou água contaminados com fezes dos gambás, que possuem os esporocistos infectantes. Uma vez ingeridos os esporocistos, eles migram do trato intestinal para a corrente sanguínea, ultrapassam a barreira hematoencefálica e atingem o sistema nervoso central, causando a enfermidade. Nos hospedeiros intermediários naturais, os protozoários migram e se instalam na musculatura. (FENGER, 1997; DUBEY & LINDSAY, 1998; MACKAY et al., 2001). Dessa forma, um acompanhamento da população de gambás do interior do Clube Hípico Santo Amaro quanto o seu diagnóstico em relação a uma possível infecção pelo protozoário causador da EPM são necessários para que futuras medidas de manejo sejam propostas e elaboradas. 2. Objetivos Nesta segunda etapa do projeto de diagnóstico e prevenção do parasita Sarcocystis neurona no Clube Hípico Santo Amaro, SP, dois são os objetivos:

3 2 a) Realizar um estudo populacional da espécie do gambá Didelphis sp. e de demais roedores do local b) Realizar o diagnóstico de Sarcocystis neurona nas fezes de Didelphis sp. 3. Metodologia 3.1. Estudo Populacional da espécie de gambá Didelphis sp. e de demais roedores do local O estudo irá consistir de coletas mensais, durante três dias consecutivos, ao longo de 12 meses. Serão utilizadas as chamadas armadilhas de captura do tipo Gaiola (Figura 01) adequadas para espécies de pequenos mamíferos deste tamanho. Todas elas serão iscadas por uma mistura a base de banana, essência de baunilha, pasta de amendoim, farinha de milho, e linguiça calabresa para atrair os animais. Ao todo 50 armadilhas serão dispostas nas áreas de Bosque (Áreas Livres) presentes no interior do Clube Hípico Santo Amaro. Figura 01: Armadilha de captura tipo gaiola utilizada no estudo populacional de pequenos mamíferos.

4 3 Os indivíduos capturados serão marcados com brincos de metal colocados a base da orelha para sua identificação individual. Cada animal capturado será pesado, identificado quanto ao sexo e estado reprodutivo, e sua idade será determinada por meio do desenvolvimento dentário (SCHWEIGMANN, 1994) dentro de sete estágios: I, II e III como jovens, IV como subadultos e V, VI e VII como adultos Diagnóstico de Sarcocystis neurona nas fezes de Didelphis sp. O diagnóstico de infecção da população de gambá Didelphis sp. será realizado através da análise de fezes da espécie. O material fecal coletado dos indivíduos de Didelphis sp. capturados nas armadilhas serão individualizados em sacos plásticos e mantidos em recipientes refrigerados até o momento dos exames. As amostras fecais serão processadas para a pesquisa das formas infectantes (esporocistos) de Sarcocystis neurona pelos métodos de flutuação que detectam a presença de ovos e oocistos leves. Através das análises das amostras fecais, será possível estimar a prevalência da infecção na população do hospedeiro definitivo do protozoário (Didelphis sp.). 4. Resultados Parciais 4.1. Estudo Populacional da espécie de gambá Didelphis sp. e de demais roedores do local As coletas foram realizadas no período de 03 a 05 de agosto de Ao todo sete (07) indivíduos da espécie do mardupial Didelphis aurita foram capturados, identificando e confirmando a espécie de gambá presente no Clube Hípico Santo Amaro (Figura 02).

5 4 Figura 02: Exemplar do marsupial Didelphis aurita capturado no Clube Hípico de Santo Amaro. Do total de indivíduos capturados, seis (06) foram fêmeas, sendo cinco adultas e uma em estado juvenil, e um (01) macho. Todas as fêmeas, por sua vez, encontraram-se prenhas Diagnóstico de Sarcocystis neurona nas fezes de Didelphis sp. Embora tenha ocorrido a captura de sete indivíduos, somente quatro amostras de fezes foram coletadas para a análise e diagnóstico quanto a Sarcocystis neurona, uma vez que três gambás não defecaram na armadilha nem durante o seu manuseio. Em todas as fezes analisadas o resultado para o protozoário foi negativo, ou seja, nenhum destes animais capturados encontram-se infectados em relação ao protozoário causador da EPM.

6 5 5. Referências Bibliográficas BATISTA, H. C. R.; FRANCO, A. C.; ROEHE, P. M. (2007). Raiva: Uma Breve Revisão. Acta Scientiae Veterinariae. v. 35, pp DUBEY, J. P.; DAVIS, S. W.; SPEER, C. A.; BOWMAN, D. D.; DE LAHUNTA, A.; GRANSTROM, D. E.; TOPPER, M. J.; HAMIR, A. N.; CUMMINGS, J. F. & SUTER, M. M. (1991). Sarcocystis neurona n. sp. (Protozoa: Apicomplexa), the etiologic agent of equine protozoal myeloencephalitis. Journal of Parasitology, v.77, pp DUBEY, J.P.; LINDSAY, D.S. (1998). Isolation in immunodeficient mice of Sarcocystis neurona from opossum (Didelphis virginiana) faeces, and its differentiation from Sarcocystis falcatula. International Journal of Parasitology, v. 28, pp DUBEY, J.P.; LINDSAY, D.S.; KERBER, C.E.; KASAI, N.; PENA, H.P.J.; GENNARI, S.M.;KWOK, O.C.H.; SHEN, S.K.; ROSENTHAL, B.M. (2001a). First isolation of Sarcocystisneurona from the South American opossum, Didelphis albiventris, from Brazil. Veterinary Parasitology, v.95, pp FENGER, C. K. Equine protozoalmyeloencephalitis. (1997). In: ROBINSON, N.R. Current therapy in equine medicine, v.4, Philadelphia: W.B. Saunders Company, pp , HAMIR, A. N. G.; MOSER, G.; RUPPRECHT. (1992). A five-year ( ) retrospective study of equine neurologic diseases with special reference to rabies. Journal of Comparative Pathology, v. 106, pp MACKAY, R Mieloencefalopatia Protozoária Eqüina. In: Allen, D. G. et al. Manual Merck de Veterinária. 8 ed. São Paulo: Editora Roca, pp SILVA, D. P. G.; BORGES, A. S.; AMORIN, R. M.; GRAFKUCHENBUCK, M.R.; GONÇALVES. R. C. & CHIACCHIO, S. B. (2003). Mieloencefalite protozoária eqüina: Revisão de Literatura: Revista Cfmv-Brasilia/Df-Ano IX-Nº 28 e 29. STANEK, J. F.; STICH, R. W.; DUBEY, J. P.; REED, S. M.; NJOKU, C. J.; LINDSAY, D. S.; SCHMALL, L. M.; JOHNSON, G. K.; LAFAVE, B. M.; SAVILLE, W. J. A. (2003). Epidemiology of Sarcocystis neurona infections in domestic cats (Felis domesticus) and its association with equine protozoal myeloencephalitis (EPM) case farms and feral cats from mobile spay and neuter clinic. Veterinary Parasitology, v. 117, pp STELMANN, U. J. P. & AMORIM, R. M. (2010). Mieloencefalite Protozoária Equina. Veterinária e Zootecnia. n. 17, v. 2, pp