PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Transcrição

1 PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais Termo de Envio e Comprovante de Ciência de Comunicação Número: / Comunicação: / Processo: / /001 Câmara: 7ª CÂMARA CÍVEL Setor Remetente: 7º CACIV - UG - Cartório da 7ª Câmara Cível - Unidade Goiás Destinatário: VALE S/A Data Envio: Data Leitura: Data Intimação: Lido Por: Finalidade: Motivo: 16/08/ :00 25/08/ :38 25/08/ :38 JULIANA JUNQUEIRA COELHO Informação Comunicação (da r. decisão) Belo Horizonte, 25 de Agosto de 2017

2

3 <CABBCAADDABACCBAABDCCBBACAABDCCABCBAADDADAAAD> <ACBBCCAABDAADDAABCDADAABCBACCBBACAD> AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV 7ª CÂMARA CÍVEL Nº /001 BELO HORIZONTE AGRAVANTE(S) ESTADO DE MINAS GERAIS AGRAVADO(A)(S) VALE S/A DECISÃO I Trata-se de AGRAVO DE INSTRUMENTO interposto pelo ESTADO DE MINAS GERAIS em face de decisão (doc. 15/TJ) que, integrada por embargos de declaração (doc. 38/TJ) e proferida em AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA movida contra si por VALE S.A., deferiu medida de concessão liminar em tutela de urgência para determinar a suspensão dos efeitos do 8º, do artigo 43 do RICMS/MG, inserido por meio do Decreto /2015, e, consequentemente, suspender a exigibilidade do crédito tributário relativo ao ICMS devido pela diferença entre as alíquotas interna e interestadual nas entradas de bens destinados ao uso e consumo e ativo imobilizados dos estabelecimentos da autora em operações oriundas de outro Estado da Federação, restrita à parcela correspondente à determinação de recomposição acima mencionada, concedendo à autora a permissão para recolher o imposto pela aplicação da diferença entre as alíquotas sobre o valor da operação destacado na nota fiscal que acobertar a entrada, devendo o requerido se abster de quaisquer medidas restritivas em relação à autora em razão do crédito tributário cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos da inicial proposta. O agravante alega, em síntese, que: a) a medida deferida atenta contra dispositivos legais e constitucionais, além de causar grave lesão à ordem Fl. 1/5

4 administrativa e pública; b) o comando interfere no poder de autogestão conferido ao Poder Executivo de regulamentar o recolhimento de ICMS, gerando prejuízo ao erário e caracterizando periculum in mora inverso; c) ao contrário do afirmado pela requerente/agravada, já havia estabelecido na Lei Complementar (LC) nº 87/96 a base de cálculo para a hipótese em discussão, consoante art. 13, 1º, I, esse que serve de suporte à Lei estadual nº /2015, regulamentada pelo Decreto estadual nº /2015; d) o deferimento da ordem cria dissenso na legislação vigente, impondo discriminação de bens e serviços em razão de sua procedência, em ofensa ao art. 152 da CF e aos princípios da isonomia e da livre iniciativa; e) já houve reconhecida, em julgado do Supremo Tribunal Federal (STF), no RE /SP, a constitucionalidade da inclusão do ICMS na sua própria base de cálculo. Pede, liminarmente, a atribuição de efeito suspensivo ao recurso e, ao final, seu provimento para reforma da decisão agravada (doc. 1/TJ). Junta documentos (doc. 2-39/TJ). Preparo: parte isenta (art. 10, I da Lei nº /2003 c/c art , 1º do CPC/2015). Feito inicialmente distribuído sob relatoria do Des. WILSON BENEVIDES (art. 79, 5º, do RITJMG/2012); deferido o efeito suspensivo da tutela recursal (doc. 40/TJ). Contraminuta pela manutenção da decisão agravada (doc. 41/TJ). AGRAVO INTERNO aviado pela agravada (sequencial 002 ). É o relatório. II Fl. 2/5

5 Vistos os pressupostos de admissibilidade, conheço do AGRAVO DE INSTRUMENTO. III O pedido de atribuição de efeito suspensivo ao recurso demanda análise à luz dos requisitos do art. 995, par. único, do CPC/2015, quais sejam, o risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, consequente imediato da decisão recorrida e a demonstração de probabilidade de provimento do recurso. É dos autos que a requerente/agravada questiona a forma de tributação levada a termo pelo ente estadual com fundamento no Decreto estadual nº /2015, que alterou o Decreto nº /2002 (RICMS/2002), acrescendo o 8º ao art. 43, com a seguinte redação: (...) 8º Para cálculo da parcela do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a alíquota interestadual, devida a este Estado, será observado o seguinte: I na hipótese do inciso VII do caput do art. 1º deste Regulamento: a) para fins do disposto no art. 49 deste Regulamento: a.1) do valor da operação será excluído o valor do imposto correspondente à operação interestadual; a.2) ao valor obtido na forma da subalínea a.1 será incluído o valor do imposto considerando a alíquota interna a consumidor final estabelecida neste Estado para a mercadoria; b) sobre o valor obtido na forma da subalínea a.2 será aplicada a alíquota interna a consumidor final estabelecida neste Estado para a mercadoria; c) o imposto devido corresponderá à diferença positiva entre o valor obtido na forma da alínea b e o valor do imposto relativo à operação interestadual, assim considerado o valor resultante da aplicação da alíquota interestadual sobre o valor da operação de que trata a subalínea a.1 antes da exclusão do imposto; II nas hipóteses dos incisos XII e XIII do caput do art. 1º deste Regulamento: a) para fins do disposto no art. 49 deste Regulamento, ao valor Fl. 3/5

6 da operação ou prestação será incluído o valor do imposto considerando a alíquota interna a consumidor final estabelecida neste Estado para a mercadoria ou serviço; b) sobre o valor obtido na forma da alínea a, será aplicada a alíquota interestadual; c) sobre o valor obtido na forma da alínea a, será aplicada a alíquota interna estabelecida para a operação ou prestação a consumidor final neste Estado; d) o imposto devido corresponderá à diferença positiva entre os valores obtidos na forma das alíneas c e b. A priori, a prática levada a termo pelo ente estadual encontra respaldo no art. 13, 1º, I, da LC nº 87/96, (1) que autoriza o cômputo do valor do próprio imposto na base de cálculo do ICMS. Lado outro, e ao contrário do defendido na petição inicial da ação, há que se entender incluído todo fato gerador, inclusive aquele que enseja cobrança de diferencial de alíquotas, pois tudo se situa na abrangente disposição do art. 13, I, da LC nº 87/96. Ou seja, mesmo que se trate de operação de circulação de mercadorias entre estabelecimentos de um único titular (art. 12, I, da LC nº 87/96) (2) situados em Estados distintos, possível a referida forma de cálculo. No entanto, o cálculo realizado pelo ente público ao invés de computar o valor do imposto recria uma base de cálculo a partir do valor originário, desconsiderando a tributação (intermediária) incidente. Nesse particular, portanto, aparenta correto o raciocínio desenvolvido pela agravada, o que denota a probabilidade de seu direito e, por conseguinte, infirma as alegações do agravante. Ademais, não se me afiguram irreversíveis os efeitos da decisão objurgada, sendo plenamente possível que, ao final, acaso malsucedida a empreitada 1 - Art. 13 (omissis) 1º Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo: I - o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle; 2 - Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento: I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro Fl. 4/5

7 da agravada, se restabeleça o pleno poder/dever estatal de exação do quantum que entende devido. Por tudo, dada vênia a entendimentos outros, nem sequer vislumbro a probabilidade de provimento do recurso. Tampouco demonstrado o risco de dano grave decorrente da espera do pronunciamento colegiado definitivo. IV POSTO ISSO, REVOGO A MEDIDA LIMINARMENTE DEFERIDA PELO PLANTONISTA e INDEFIRO O EFEITO SUSPENSIVO pleiteado. Prejudicado o AGRAVO INTERNO. Comunique-se o teor desta decisão ao Juiz da causa. Após, remetam-se os autos à Procuradoria-Geral de Justiça. Intimem-se. Belo Horizonte, 14 de agosto de DES. OLIVEIRA FIRMO RELATOR Documento assinado eletronicamente, Medida Provisória nº /2001 de 24/08/2001. Signatário: Desembargador OSVALDO OLIVEIRA ARAUJO FIRMO, Certificado: 0F4B643E394FFA53AF0F769BFBEDA46B, Belo Horizonte, 14 de agosto de 2017 às 17:07:42. Verificação da autenticidade deste documento disponível em - nº verificador: estabelecimento do mesmo titular. Fl. 5/5