AÇÃO ORDINÁRIA (PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO) Nº /RS
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- Flávio Arantes Teixeira
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1 AÇÃO ORDINÁRIA (PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO) Nº /RS AUTOR : SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO RIO GRANDE DO SUL - SINTRAJUFE ADVOGADO : FELIPE NÉRI DRESCH DA SILVEIRA RÉU : UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO SENTENÇA I - Relatório O SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO RIO GRANDE DO SUL - SINTRAJUFE propôs a presente ação ordinária, na condição de substituto processual da categoria, contra a UNIÃO, visando à condenação da ré, no âmbito do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, na 'obrigação negativa consistente em não impor, em todos concursos de remoção em andamento e também nos futuros que realizar, como condição de participação nesses certames, a exigência de determinada formação escolar e/ou profissional não inerente ao cargo, abstendo-se de aplicar o 3º do artigo 11 da Instrução Normativa TRE/RS P 28/2012'. Requereu, ainda, a antecipação dos efeitos da tutela para que a ré se abstenha de aplicar a referida norma, em especial a exigência de que o interessado no concurso de remoção possua determinada formação escolar e/ou profissional não inerente ao cargo. Narrou que o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul vem promovendo nos últimos anos concursos de remoção para diversas localidades do Estado, por meio de comunicados da Direção-Geral na intranet do Tribunal, com a peculiaridade de que algumas vagas são destinadas aos servidores que possuam uma formação escolar específica não inerente ao cargo, como, por exemplo, formação em Técnico em Contabilidade ou graduação em Ciências Contábeis. Destacou, desta forma, que os
2 servidores não possuidores dessa formação específica, embora detentores dos cargos de Analista Judiciário ou Técnico Judiciário - Área Administrativa, estariam alijados do certame, conforme exigência de alguns editais. Defendeu que os mencionados cargos, no que diz respeito à Área Administrativa, nunca previram formação escolar específica, mas tão-somente para o cargo Analista Judiciário - Área Administrativa, o diploma de graduação em qualquer área, e para o cargo de Técnico Judiciário - Área Administrativa, a conclusão do ensino médio ou curso técnico equivalente. Sustentou que a referida exigência contraria a Resolução TSE nº /2009, especialmente os critérios de classificação e desempate ali previstos, no seu art. 18, quase todos relacionados ao tempo de serviço. Aduziu que a Instrução Normativa do TRE/RS nº 28/2012, que dispõe sobre remoção a pedido, fez constar a possibilidade da inclusão da exigência atacada (art. 11, 3º), a critério da Administração. Sustentou, no entanto, que as remoções por concurso se dão nos moldes do art. 36, III, 'c', da Lei nº 8.112/90, independentemente do interesse da Administração, e mediante normas preestabelecidas do órgão e entidade que, no caso da Justiça Eleitoral, já estariam definidas pela Resolução TSE nº /2009. Defendeu que a Administração possuiria outros meios para otimizar seus serviços e para suprir carências em suas unidades, como a remoção de ofício, e não se valer do concurso de remoção a pedido para satisfazer suas conveniências, criando uma figura híbrida não prevista em lei, o que caracteriza desvio de finalidade. Sustentou, ademais, que o TRE-RS extrapolou o seu poder regulamentar, desconsiderando os critérios de antiguidade previstos no ato normativo do TSE, com violação à Lei nº 8.112/90, aos princípios da isonomia e da razoabilidade, além de inexistir efetivo interesse público na exigência em tela. Indeferido o pedido de concessão do benefício da justiça gratuita e adiado o exame do pedido de antecipação de tutela para após a contestação (evento 3), a parte autora comprovou o recolhimento das custas judiciais (evento 6). Citada, a União apresentou contestação (evento 9). Alegou que a Lei nº 8.112/90, art. 36, III, 'c', prevê a competência normativa plena pelo órgão de lotação do servidor para regulação da remoção, a pedido e em virtude de processo seletivo, como fez o TRE/RS por meio da Instrução Normativa nº 28/2012, de Defendeu, ainda, que a regulação em tela não excluiu as disposições da Resolução /2009 do TSE para os certames locais de remoção, conforme previsão contida nos Comunicados emitidos pelo TRE/RS, que expressamente prevê sua utilização de forma subsidiária. Reportou-se às informações prestadas pelo TRE/RS, defendendo a razoabilidade da norma, que objetiva a eficiência do serviço público. Asseverou que, em lugar da remoção de ofício, privilegiou a Administração o procedimento de seleção, de caráter impessoal de democrático, de acordo com a necessidade previamente identificada e definida pela Administração. Pugnou, ao final, pela improcedência da ação. Foi proferido despacho indeferindo o pedido de antecipação de tutela em virtude da ausência de risco de dano irreparável (evento 11). Na ausência de provas a produzir, vieram os autos conclusos para sentença. Conclusos os autos, sobreveio a petição do autor noticiando a existência de novo concurso de remoção, com a destinação de algumas vagas a servidores com especialidade determinada, requerendo o exame do pedido de antecipação de tutela (evento 19).
3 II - Fundamentação A controvérsia estabelecida na presente demanda cinge-se à viabilidade e validade do TRE/RS promover concurso de remoção a pedido e mediante processo seletivo, destinando vagas àqueles servidores interessados que possuam formação escolar ou graduação específica, a fim de suprir deficiências em suas unidades. Defende a inicial que a prática estabelecida em diversos concursos desencadeados pelo Tribunal desvirtua a finalidade estabelecida em lei e que o ato normativo que a prevê extrapolaria o seu poder regulamentar, pois estaria em desacordo com os critérios fixados pela Resolução TSE nº /2009. Estabelece a Lei nº 8.112/90 (grifei): Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede. Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de ) I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de ) II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de ) III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de ) a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de ) b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; (Incluído pela Lei nº 9.527, de ) c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados.(incluído pela Lei nº 9.527, de ) Vê-se que a lei claramente prevê a possibilidade do estabelecimento de normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que esteja lotado o servidor, no caso de concurso de remoção a pedido. No caso concreto, como bem aponta a inicial, há regulamentação específica criada pelo TSE por meio da Resolução TSE nº /2009, que fixa critérios de classificação e desempate, nos seguintes moldes: Art. 18. Os procedimentos de realização dos concursos de remoção são estabelecidos no edital de convocação, e caso o número de vagas oferecidas for menor que o de interessados, para fins de classificação e, se necessário, de desempate, observa-se a seguinte ordem de prioridade: I - maior tempo de efetivo exercício em cargo efetivo da Justiça Eleitoral; II - maior tempo de efetivo exercício, anterior à ocupação do cargo efetivo na Justiça Eleitoral, como ocupante de cargo em comissão ou como requisitado, com base na Lei nº 8.112/1990, ou na Lei nº 6.999/1982; III - maior tempo de efetivo exercício em cargo efetivo do Poder Judiciário da União; IV - maior tempo de efetivo exercício no serviço público federal; V - maior tempo de efetivo exercício em cargo efetivo do Poder Judiciário Estadual; VI - maior tempo de efetivo exercício no serviço público; VII - maior tempo de exercício na função de jurado; VIII - maior idade.
4 1º Os tribunais regionais eleitorais devem priorizar, no concurso interno de remoção, o critério do maior tempo de efetivo exercício no órgão, seguido dos critérios constantes dos incisos deste artigo. 2º O critério estabelecido no parágrafo anterior aplica-se aos servidores detentores de cargo efetivo, aos removidos e aos requisitados Por seu turno, o TRE/RS editou a Instrução Normativa do TRE/RS nº 28/2012, que igualmente regula a remoção a pedido, independente do interesse da Administração, 'respeitados os termos da Resolução TSE nº /2009 (art. 7º)' (evento 1, INSTNORM29).Nela restou disposto: Art. 11. Poderão pleitear as vagas disponíveis, considerando área de atividade e especialidade equivalentes no concurso de remoção, os servidores ocupantes de cargo efetivo em exercício neste Tribunal na data de publicação do respectivo edital de convocação. (...) 3º Para claro de lotação na Sede deste Tribunal poderá ser exigida, a critério da Administração, formação específica dos servidores ocupantes dos cargos. Atualmente, pelo que se verifica do documento juntado pelo autor no evento 19 (OFICIO/C2), a matéria está regulada, no âmbito do Tribunal Regional Eleitoral, por meio da Instrução Normativa P nº 31, de 17 de outubro de 2013, que estabelece norma idêntica a anterior (art. 10, 3º). No cotejo entre os atos normativos mencionados, não se verifica efetiva contrariedade à Resolução editada pelo TSE, estabelecendo a regulamentação do TRE/RS apenas que para claros de lotação na sede do Tribunal poderá ser exigida formação específica dos servidores. Trata-se de regra que não se mostra incompatível com o disposto em lei, tampouco com a regulamentação estabelecida pelo TSE. Nota-se que a regulamentação do TRE prevê a observância dos critérios de classificação e desempate previstos no ato normativo do TSE, inclusive entre aqueles que disputam as vagas destinadas aos servidores com formação escolar específica. Como reconhecido na inicial e salientado na contestação, poderia a Administração remover de ofício determinado servidor que possuísse formação específica para atender uma de suas unidades. Ao invés de adotar esse critério, preferiu adotar o concurso de remoção a pedido para lotar suas unidades, oportunizando a todos aqueles interessados que possuam os conhecimentos exigidos a disputarem as vagas, procedimento este que se mostra impessoal e razoável no preenchimento de claros de lotação. Nota-se que o provimento judicial que eventualmente acolha a pretensão constante da inicial teria o efeito prático de retirar dos futuros concursos de remoção as vagas existentes na sede do Tribunal que necessitassem ser preenchidas por servidor com formação específica e transferi-las para a modalidade de remoção de ofício, sem que houvesse qualquer resultado positivo à categoria profissional. Nessas circunstâncias, não se verifica ilegalidade, tampouco violação aos princípios da razoabilidade e da isonomia no concurso de remoção que busca remanejar seus servidores de modo a compatibilizar sua formação específica às demandas do órgão, tudo para alcançar o interesse público e a eficiência administrativa estatal. pedido. Diante dessas considerações, impõe-se o julgamento de improcedência do
5 III - Dispositivo Ante o exposto, julgo improcedente o pedido, extinguindo o feito com resolução de mérito, com fundamento no art. 269, I, do Código de Processo Civil. Condeno a parte autora ao pagamento das custas judiciais e de honorários advocatícios, fixados em R$ 2.000,00 (dois mil reais) corrigidos monetariamente pelo IPCA-e, nos termos do art. 20, 4º, do CPC, considerando a ausência de prova testemunhal e pericial. Publicação e registro pelo sistema eletrônico. Intimem-se. Em homenagem aos princípios da instrumentalidade e economia processual, desde logo registro que eventuais apelações interpostas pelas partes serão recebidas no duplo efeito (art. 520, caput, do CPC), salvo nas hipóteses de intempestividade e, se for o caso, ausência de preparo, que serão oportunamente certificadas pela Secretaria. Interposto(s) o(s) recurso(s), caberá à Secretaria, mediante ato ordinatório, abrir vista à parte contrária para contrarrazões, e, na sequência, remeter os autos ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Transcorrido sem aproveitamento, certifique-se o trânsito em julgado. Porto Alegre, 13 de março de Marciane Bonzanini Juíza Federal Documento eletrônico assinado por Marciane Bonzanini, Juíza Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei , de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico mediante o preenchimento do código verificador v10 e, se solicitado, do código CRC 4D5534AA. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): MARCIANE BONZANINI:2275 Nº de Série do Certificado: 0F7174EF2A195E53 Data e Hora: 13/03/ :22:10
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