RELATÓRIO VOTO. 3. Contrarrazões apresentadas. 4. É o que havia de relevante para relatar.

Transcrição

1 PROCESSO Nº: APELAÇÃO RELATÓRIO 1. Trata-se apelação contra sentença que julgou improcedente o pedido de condenação do CONFEF e do CREF 12 à obrigação de cessar a prática de restringir à sala de aula o campo de atuação profissional do requerente Licenciado em Educação Física, bem como à obrigação de substituir a carteira profissional já emitida, por outra sem qualquer restrição. 2. Aduz o apelante, em apertada síntese, serem ilegais as Resoluções CONFEF nº 182/2009 e 112/2005, vez que, de encontro à Lei 9.696/98 que, ao tratar da inscrição dos profissionais de educação física nos respectivos conselhos regionais, não faz qualquer tipo de restrição quanto a natureza do curso de ensino superior (licenciatura ou bacharelado), exigindo apenas o diploma obtido em curso de Educação Física, oficialmente autorizado ou reconhecido. 3. Contrarrazões apresentadas. 4. É o que havia de relevante para relatar. PROCESSO Nº: APELAÇÃO VOTO

2 1. A sentença apelada julgou improcedente o pedido de condenação do CONFEF e do CREF 12 à obrigação de cessar a prática de restringir à sala de aula o campo de atuação profissional do requerente Licenciado em Educação Física, bem como à obrigação de substituir a carteira profissional já emitida, por outra sem qualquer restrição. 2. Sobre a matéria, esta Corte Regional vinha considerando que, sendo a Lei 9.696/98 a única que regulamenta a profissão do educador físico, e levando em conta que esta não estabeleceu qualquer restrição ao profissional licenciado, não haveria como restringir seu campo de atuação através de resoluções administrativas emitidas pelo MEC, CONFEF ou CREF. 3. Isso porque o art. 2º, I, da Lei 9.696/98, estabelece que apenas serão inscritos nos quadros dos Conselhos Regionais de Educação Física, os possuidores de diploma obtidos em curso de Educação Física, oficialmente autorizado ou reconhecido, sem fazer distinção quanto aos profissionais provenientes de Curso de Licenciatura e de Curso de Bacharelado em Educação Física. 4. No entanto, as Resoluções 01/2002 e 07/2004, emitidas pelo Conselho Nacional de Educação, ao instituírem diretrizes curriculares para a formação de professores da Educação Física básica, bem como para os cursos de graduação em Educação Física, estabeleceram a cisão do curso em licenciatura e bacharelado, diferenciados em relação aos currículos e às cargas horárias. 5. Com base em tais resoluções, a Resolução nº 182/2009, que trata dos documentos necessários à inscrição no CREF, exigiu que o diploma emitido pelas instituições de ensino superior indicasse a base legal do referido curso, a fim de emitir a carteira profissional, diferenciando a área de atuação, conforme se trate de profissional oriundo do curso de bacharelado ou licenciatura. 6. Assim, esta Corte Regional entendia que tais atos administrativos, por serem inferiores à lei, jamais poderiam contrariá-la, não sendo possível se admitir que mera resolução crie direitos e obrigações que interfiram na atividade profissional, estabelecendo restrições que a própria lei não faz, como se infere do acórdão abaixo colacionado: REMESSA OFICIAL. ADMINISTRATIVO. PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. LEI Nº 9.696/98. INSCRIÇÃO NO CONSELHO REGIONAL. RESTRIÇÕES À ATUAÇÃO PROFISSIONAL IMPOSTAS POR RESOLUÇÕES ADMINISTRATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. DIREITO À ATUAÇÃO PLENA. RECURSO IMPROVIDO.

3 1. Remessa oficial de sentença proferida pelo Juízo da 3ª Vara Federal da Paraíba que, confirmando a antecipação de tutela antes deferida, julgou procedente em parte o pedido para determinar a que o Conselho Regional de Educação Física da 10ª Região modifique a anotação inscrita na carteira profissional da autora ("ATUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BÁSICA") para "ATUAÇÃO PLENA", em atendimento ao comando da Lei nº 9.696/98, que não poderia ser restringida por resoluções administrativas que extrapolam a competência regulamentadora. 2. A Lei nº 9.696/1998, que regulamenta a profissão de Educação Física, não estabeleceu qualquer cerceamento à atuação do graduado. 3. Afronta o princípio da legalidade a limitação para o exercício do profissional de educação física por meio de resoluções, uma vez que norma hierarquicamente inferior não pode impor restrições não previstas na lei ordinária. Precedentes desta Corte Regional. 4. Improvimento da remessa oficial. (REO566543/PB, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma, JULGAMENTO: 30/01/2014, PUBLICAÇÃO: DJE 06/02/ Página 75). 7. Entretanto, o egrégio STJ, em sessão de julgamento realizada em , apreciando o REsp SP, sob a sistemática do art. 543-C do CPC, entendeu pela impossibilidade do profissional graduado no curso de Licenciatura em Educação Física atuar na área destinada ao profissional que concluiu o curso de Bacharelado em Educação Física, como se verifica do aresto transcrito a seguir, in verbis: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. PROFISSIONAL FORMADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA MODALIDADE DE LICENCIATURA DE GRADUAÇÃO PLENA. IMPOSSIBILIDADE DE ATUAR NA ÁREA DESTINADA AO PROFISSIONAL QUE CONCLUIU O CURSO NA MODALIDADE DE BACHARELADO. 1. Caso em que se discute se o profissional formado em educação física, na modalidade licenciatura de graduação plena, pode atuar, além de no ensino básico (área formal), em clubes, academias, hotéis, spas, dentre outros (áreas não formais) 2. Atualmente, existem duas modalidades de cursos para profissionais de educação física, quais sejam: o curso de licenciatura de graduação plena, para atuação na educação básica, de duração mínima de 3 anos, com carga horária mínima de (duas mil e oitocentas) horas/aula; e o curso de graduação/bacharelado em educação física, para atuação em áreas não formais, com duração mínima de 4 anos, com carga horária mínima de (três mil e duzentas) horas/aula, conforme estabelecem os arts. 44, II, e 62 Lei n /1996, regulamentados pelos arts. 5º do Decreto n /1999, 1º e 2º da Resolução CNE/CP n. 2/2002, 14 da Resolução CNE/CES n. 7/2004 e 2º, inciso III, "a", c/c Anexo, da Resolução CNE/CES n. 4/ O profissional de educação física o qual pretende atuar de forma plena, nas áreas formais e não formais (sem nenhuma restrição, como pretende, o recorrente), deve concluir os cursos de graduação/bacharelado e de licenciatura, já que são distintos, com disciplinas e objetivos particulares. 4. O curso concluído pelo recorrente é de licenciatura e, por isso mesmo, é permitido que ele tão somente atue na educação básica (escolas), sendo-lhe defeso o exercício da profissão na área

4 não formal, porquanto essa hipótese está em desacordo com a formação por ele concluída. 5. As Resoluções do Conselho Nacional de Educação foram emitidas com supedâneo no art. 6º da Lei n /1961 (com a redação conferida pela Lei n /1995), em vigor por força do art. 92 da Lei n /1996, sendo certo que tais Resoluções, em momento algum, extrapolam o âmbito de simples regulação, porque apenas tratam das modalidades de cursos previstos na Lei n /1996 (bacharelado e licenciatura). 6. Recurso especial parcialmente conhecido (ausência de prequestionamento) e, nessa extensão, não provido. Acórdão que deve ser submetido ao rito do art. 543-C do CPC. (REsp /SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/11/2014, DJe 18/11/2014). 8. Assim, há que se considerar o novel entendimento do egrégio STJ, Corte Superior à qual incumbe a interpretação da legislação infraconstitucional. 9. Sendo assim, nego provimento à apelação. 10. É como voto. PROCESSO Nº: APELAÇÃO EMENTA ADMINISTRATIVO. PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. LEI 9.696/98. INSCRIÇÃO NO CONSELHO REGIONAL. RESTRIÇÕES À ATUAÇÃO PROFISSIONAL IMPOSTAS POR RESOLUÇÕES ADMINISTRATIVAS. DIREITO À ATUAÇÃO PLENA. INOCORRÊNCIA. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. 1. A sentença apelada julgou improcedente o pedido de condenação do CONFEF e do CREF 12 à obrigação de cessar a prática de restringir à sala de aula o campo de

5 atuação profissional do requerente Licenciado em Educação Física, bem como à obrigação de substituir a carteira profissional já emitida, por outra sem qualquer restrição. 2. Sobre a matéria, esta Corte Regional vinha considerando que, sendo a Lei 9.696/98 a única que regulamenta a profissão do educador físico, e levando em conta que esta não estabeleceu qualquer restrição ao profissional licenciado, não haveria como restringir seu campo de atuação através de resoluções administrativas emitidas pelo MEC, CONFEF ou CREF. Precedente: REO566543/PB, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma, JULGAMENTO: 30/01/2014, PUBLICAÇÃO: DJE 06/02/ Página 75). 3. Entretanto, o egrégio STJ, apreciando o REsp SP, sob a sistemática do art. 543-C do CPC, entendeu pela impossibilidade do profissional graduado no curso de Licenciatura em Educação Física atuar na área destinada ao profissional que concluiu o curso de Bacharelado em Educação Física, como pretende o ora agravado, tendo afirmado, ainda, que as Resoluções do Conselho Nacional de Educação foram emitidas com supedâneo no art. 6º da Lei n /1961 (com a redação conferida pela Lei n /1995), em vigor por força do art. 92 da Lei n /1996, sendo certo que tais Resoluções, em momento algum, extrapolam o âmbito de simples regulação, porque apenas tratam das modalidades de cursos previstos na Lei n /1996 (bacharelado e licenciatura) (REsp /SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/11/2014, DJe 18/11/2014). 4. Apelação improvida. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em negar provimento à apelação, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado. LNC