Há clareza no futuro da micro e minigeração fotovoltaica? Bruno Moreno, FGV Energia Rafael Nogueira, FGV Energia
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- Domingos Vilanova Santana
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1 Há clareza no futuro da micro e minigeração fotovoltaica? Bruno Moreno, FGV Energia Rafael Nogueira, FGV Energia 1
2 MOTIVAÇÃO Geração Descentralizada é uma realidade em muitos países; É apontada como o futuro da geração elétrica para os próximos anos; Muitos governos modificaram suas políticas energéticas de forma a acelerar o desenvolvimento e o uso de tecnologias de geração descentralizada. Exemplo da União Europeia. Normalmente, as políticas nacionais neste sentido começam por mecanismos financeiros, para facilitação do financiamento do sistema. Uma vez resolvidos os principais gargalos de custo (padronização do produto), há redução dos incentivos financeiros. O Brasil seguiu esta tendência internacional na direção do aumento da geração distribuída, e criou o arcabouço regulatório para a micro e minigeração através da Resolução Normativa da ANEEL
3 RESOLUÇÃO 482/12 O Arcabouço Regulatório Estabelece algumas definições e direciona a política de micro e minigeração distribuída, para alguns tipos de sistemas: Microgeração = até 100KW; Minigeração=entre100KWe1MW. Fontes: hidrelétrica, biomassa, solar, eólica e cogeração qualificada. Estabeleceu o uso do Net Energy Metering (NEM) system, mecanismo que permite que o excesso de energia produzida seja injetado na rede da distribuidora local. AdecisãodoCONFAZédetaxaroconsumototaldeenergiadarede,aoinvésde taxar o consumo líquido de energia(com exceções para alguns estados): Menos estímulo financeiro à microgeração distribuída. Neste paper consideramos a tributação do consumo líquido. O presente trabalho focou no estudo de viabilidade financeira de projetos de microgeração distribuída, através de sistemas fotovoltaicos de pequena escala. 3
4 METODOLOGIA E PRESSUPOSTOS Dimensionamento do Consumidor Hipotético - Pressupostos Foco: Consumidores Residenciais Classe Média Alta Tarifa B1(Baixa Tensão Residencial Normal) Consumo Médio Mensal: 500 kwh/mês Quatro cidades avaliadas e suas respectivas irradiações anuais (as cidades foram escolhidas segundo critérios financeiros que serão explicados à frente). Cidade Latitude [ ] Longitude [ ] kwh/m²/year São Paulo 23,5 S 46,6 W 1511 Curitiba 25,3 S 49,3 W 1413 Campinas 22,8 S 47,0 W 1887 Rio de Janeiro 22,9 S 43,2 W 1559 Fonte: Elaboração Própria a partir de Dados do CEPEL Dados Técnicos: Parâmetros Valores Eficiência do Módulo 14,80% Taxa de Desempenho Gloal do Sistema 0,8 Taxa de Perda Anual 0,75% Comprimento do Módulo 1,6 m Largura do Módulo 1 m Área do Módulo 1,6 m² Potência Nominal do Módulo 245 Wp Custo dos Módulos 4 R$/Wp Custo dos Inversores 1,4 R$/Wp Custo da Instalação e Montagem 1,83 R$/Wp Custo dos Serviços e Engenharia 10,00% Fonte: Elaboração Própria a partir de Dados do CEPEL e Solarize 4
5 METODOLOGIA E PRESSUPOSTOS Dimensionamento do Consumidor Hipotético - Pressupostos Fórmulas Aproximadas de Cálculo: h = = h h 1000 h = Parâmetro Unidade Parâmetro Unidade η mod Eficiência do Módulo % W GTPhS Potência Nominal do Sistema kwp PR GTPhS Taxa de Desempenho Global do Sistema % C a Consumo Anual kwh/year S mod Área do Módulo m² N mod Número de Módulos Quantity W mod Potência Nominal do Módulo Wp S GTPhS Área Total do Sistema m² I IP Irradiação do Plano Inclinado kwh/m²/year Fonte: Elaboração Própria Resultado Base: Output Locais São Paulo Curitiba Campinas Rio de Janeiro Potência Nominal do Sistema (W GTPvS )-kwp 5,1 5,5 4,1 5,0 Número de Módulos (N mod ) Área Total (S mod )-m² 33,50 35,89 26,83 32,53 Custo Total do Sistema R$ ,52 R$ ,89 R$ ,09 R$ ,88 Investimento Específico-R$/kWp R$ 7.953,00 R$ 7.953,00 R$ 7.953,00 R$ 7.953,00 Custo Específico de Geração-R$/kWh 0,3719 0,3980 0,2976 0,3608 Fonte: Elaboração Própria 5
6 METODOLOGIA E PRESSUPOSTOS Metodologia Financeira Viabilidade do projeto: Índice de Lucratividade; Fluxo de Caixa Descontado. Perfil do consumo mensal: Mantido constante ao longo dos anos correspondentes à vida útil do projeto; Igual para as 4 cidades analisadas. IL= & ( ) ( ) ( ) = ; = çã ê ; = ê ; & = çã çã ê ; = ê ; N 300 ; N = ; = 121;241. 6
7 METODOLOGIA E PRESSUPOSTOS Viabilidade Financeira - Pressupostos e Cenário Base Cenário Base: Tarifas atuais de energia das distribuidoras para classe B1; ICMSatualdecadaUF; Oinvestimentoinicial(I 0 )correspondeaocustototaldoprojeto; O projeto é 100% financiado com capital próprio. Fonte: Elaboração Própria 7
8 METODOLOGIA E PRESSUPOSTOS Viabilidade Financeira - Pressupostos Pressupostos do modelo: O custo de oportunidade é o retorno de uma aplicação CDI do investimento inicial(taxa real de 6,06%); Taxa de Inflação utilizada para transformação das taxas reais foi de 5,03% a.a. (Nota Técnica 22/2015 da ANEEL); TarifasdeenergiaeICMSvariamdeacordocomacidade; O custo de autofinanciamento foi calculado através do Beta da empresa distribuidora correspondente; COPEL, Light, Eletropaulo e CPFL foram as quatro distribuidoras utilizadas por terem papéis (equity) com alta liquidez negociados na BOVESPA. 8
9 METODOLOGIA E PRESSUPOSTOS Financiamento Próprio Estimação do Beta Para estimação do custo de capital próprio, primeiro estimamos o Beta das distribuidoras; Entendemos que o microgerador fotovoltaico, apesar de gerar energia, tem uma relação de risco mais associada à distribuidora. Desta forma, escolhemos as distribuidoras locais como proxy para cálculo dos Betas. Para a estimação do Beta: Fonte: Elaboração Própria Para a estimação do Beta desalavancado: *p<0.05;**p<0.01; ***β unlevered =βlevered/[1+d/ep*(1-t)]. **** In R$ million. Ep = total equity; D = total debt; t = impostos = 34% Fonte: Elaboração Própria com dados da Bloomberg. 9
10 METODOLOGIA E PRESSUPOSTOS Cenários Reajustes Tarifários e Padronização Tecnológica A tarifa de energia no Brasil é revisada e reajustada periodicamente. Estasrevisõesereajustessão feitos de forma definida pelas resoluções da ANEEL. Como a viabilidade financeira do projeto é diretamente proporcional ao nível das tarifas, nós assumimos que os aumentos anuais, reais, na tarifa podem ser de: 1% a 6%. Simulação de cenários para a padronização tecnológica, representada pela queda do investimento inicial necessário. 6cenários foram criados: 0%, 10%, 20%, 30%, 40% e 50% de redução. 10
11 METODOLOGIA E PRESSUPOSTOS Cenários Custos de Capital Houvetambém composição de diferentescenáriosde acordo com a variação da estrutura de capital do projeto. Os seguintes cenários foram criados: 100% de financiamento próprio; 50% de financiamento com Construcard; 100% de financiamento com Construcard; 50% de financiamento por Banco Comercial; 100% de financiamento por Banco Comercial; Fonte: Elaboração Própria 11
12 Fonte: Elaboração Própria 12 RESULTADOS
13 RESULTADOS A tabela anterior representa uma matriz de mapa de calor, cruzando os cenários e computando o IL para cada combinação. Começando pelo cenário base, nenhuma das localizações apresenta retornos positivos. Os resultados se tornam viáveis financeiramente somente com alta padronização tecnológica associada a altos reajustes tarifários. Entre os resultados analisados, a cidade do Rio de Janeiro é a que mostra os resultados mais atrativos: Elevada irradiação solar; Altas tarifas; Custo de equity baixo. 13
14 RESULTADOS Fixando o Rio de Janeiro, de acordo com o número de cenários viáveis: WACC-CC > Financiamento próprio > WACC-CB Isto provavelmente ocorre devido ao alto custo de oportunidade em fazer o investimento 100% com capital próprio. O mesmo não se repete para o WACC-CB devido às altas taxas de crédito cobradas por bancos comerciais. As outras regiões guardam a mesma relação quanto à atratividadedas modalidades de financiamento. Ponto interessante: Curitiba tem, aproximadamente, a mesma quantidade de resultados ruins que São Paulo (incluindo taxas): Tarifas de Curitiba são maiores que as de São Paulo; Mas sua irradiação solar é a menor entre as 4 cidades analisadas. Irradiação solar e características financeiras têm pesos importantes na viabilidade financeira do projeto. 14
15 CONCLUSÃO O Banco Caixa lançou a modalidade de financiamento para painéis fotovoltaicos no fim de Esta modalidade foi a mais atrativa dentre: 4 cidades analisadas; E das estruturas de capital criadas. Apesar da maior atratividade da modalidade Construcard, ela se revelou: Viável sob a combinação de altos reajustes tarifários e quedas elevadas no custo inicial. O baixo número de resultados viáveis, financeiramente, questiona se os atuais incentivos são suficientes para a disseminação do uso de sistemas fotovoltaicos de pequena escala no Brasil. O consumidor hipotético de classe B1 com consumo de 500kWh no mês é uma proxy para um consumidor de classe média alta, nos padrões brasileiros: Este consumidor pode não ser realístico para a maioria da população brasileira. As variáveis sujeitas à interferência direta do Governo são a redução do custo inicial do projeto (via subsídios) e taxas de juros diferenciadas para financiamento do equipamento. 15
16 16 OBRIGADO!
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