Dezembro 2013 NOVA LEGISLAÇÃO DE DIREITO FINANCEIRO LEGAL FLASH I ANGOLA CONSIDERAÇÕES GERAIS 2
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- Micaela Prado Minho
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1 LEGAL FLASH I ANGOLA Dezembro 2013 NOVA LEGISLAÇÃO DE DIREITO FINANCEIRO LEGAL FLASH I ANGOLA CONSIDERAÇÕES GERAIS 2 REGIME JURÍDICO DOS ORGANISMOS DE INVESTIMENTO COLETIVO 2 REGIME JURÍDICO DAS SOCIEDADES GESTORAS DE MERCADOS REGULAMENTADOS 4
2 NOVA LEGISLAÇÃO DE DIREITO FINANCEIRO 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS No mês de Outubro de 2013 foram publicados vários decretos legislativos presidenciais com especial incidência na área do direito financeiro, nos quais se destacam os seguintes: (i) Regime Jurídico do Mercado Regulamentado de Dívida Pública Titulada (Decreto Legislativo Presidencial n.º 4/13); (ii) Regime Jurídico das Sociedades Corretoras e Distribuidoras de Valores Mobiliários (Decreto Legislativo Presidencial n.º 5/13); (iii) Regime Jurídico das Sociedades Gestoras de Mercados Regulamentados de Serviços Financeiros sobre Valores Mobiliários (Decreto Legislativo Presidencial n.º 6/13); e (iv) Regime Jurídico dos Organismos de Investimento Coletivo (Decreto Legislativo Presidencial n.º 7/13). Pelo impacto que podem ter em termos de desenvolvimento do mercado financeiro angolano, dos quatro diplomas acima indicados, há dois que assumem especial relevância: o regime jurídico dos organismos de investimento coletivo e o regime jurídico das sociedades gestoras de mercados regulamentados. 2. REGIME JURÍDICO DOS ORGANISMOS DE INVESTIMENTO COLETIVO Os vários agentes do mercado financeiro angolano há muito que aguardavam a aprovação e publicação do Regime Jurídico dos Organismos de Investimento Coletivo ( RJOIC ). O RJOIC, que entrou em vigor em 11 de Outubro de 2013, veio estabelecer o quadro regulatório aplicável aos organismos de investimento coletivo mobiliário e imobiliário ( OIC ), sendo excluídos do seu âmbito de aplicação os organismos de investimento coletivo de capital de risco, para titularização de ativos e os fundos de pensões. Em termos gerais, é de realçar a adoção pelo RJOIC de muitos dos conceitos e institutos já enraizados noutras jurisdições nesta matéria, tornando o regime flexível, moderno e capaz de satisfazer as exigências de entidades gestoras e investidores. A este respeito, possibilita-se a constituição de OIC quer sob a forma de patrimónios autónomos sem personalidade jurídica, quer sob a forma societária (sociedades de investimento). LEGAL FLASH I ANGOLA 2/5
3 De aplaudir, igualmente, a flexibilidade do regime quanto aos OIC destinados exclusivamente a investidores institucionais, em relação aos quais é permitido cobrar a comissão de gestão com base nos resultados do OIC, estabelecer um prazo mais alargado para o apuramento do valor da unidade de participação e pagamento do resgate, dispensar a elaboração do relatório semestral e utilizar valores mobiliários na subscrição e resgate de unidades de participação. Num contexto de estruturação de operações de investimento, pode ser relevante criar categorias de unidades de participação, ou seja, as unidades de participação dos OIC podem ser emitidas com direitos ou características especiais, designadamente quanto ao grau de preferência no pagamento dos rendimentos periódicos, no reembolso do seu valor ou no pagamento do saldo de liquidação. A constituição dos OIC está apenas dependente de autorização prévia da Comissão do Mercado de Capitais ( CMC ), considerando-se o OIC constituído no momento da integração, na sua carteira, do montante correspondente à primeira subscrição e, no caso das sociedades de investimento, na data do registo comercial do respetivo contrato de sociedade. A gestão do OIC cabe a uma Entidade Gestora de OIC, qualificada como uma instituição financeira não bancária, exceto nos OIC dotados de personalidade jurídica, nomeadamente das sociedades de investimento, em que a gestão pode ser assegurada internamente pelo respectivo órgão de administração. O regime de responsabilidade instituído com as demais entidades relacionadas com o OIC - a Entidade Depositária e a Entidade Comercializadora - é o da solidariedade, conferindo, deste modo, um elevado grau de proteção ao investidor do OIC. Finalmente, estabelece-se a possibilidade de comercialização de OIC domiciliados em Angola em países estrangeiros, mediante comunicação prévia à CMC, e de comercialização em Angola de unidades de participação de OIC estrangeiros, através de autorização prévia da CMC, cujo processo deverá ser concretizado por regulamento desta autoridade de supervisão. Se atendermos a que o conceito legal de comercialização está assente no limite mínimo de 150 investidores, a partir do qual se considera existir comercialização, parece-nos, ter sido criado um regime bastante favorável à oferta, numa base de colocação particular, de OIC estrangeiros em território angolano. Ficamos a aguardar com especial interesse a publicação do novo regulamento da CMC, que visa regulamentar um conjunto de matérias constantes do RJOIC, nomeadamente o processo de comercialização de OIC estrangeiros, a tipologia dos OIC, receitas e LEGAL FLASH I ANGOLA 3/5
4 encargos de OIC, regras de valorização do património do OIC e o cálculo e divulgação pública de medidas ou índices de rendibilidade e risco dos OIC. 3. REGIME JURÍDICO DAS SOCIEDADES GESTORAS DE MERCADOS REGULAMENTADOS A Lei n.º 12/05, de 23 de Setembro, estruturou o mercado regulamentado angolano a partir de dois mecanismos de negociação distintos, nomeadamente a bolsa de valores e o mercado de balcão organizado. A gestão do mercado regulamentado, incluindo a admissão dos membros de mercado e dos instrumentos financeiros admitidos à negociação, cabe a uma sociedade gestora de mercado regulamentado. Neste contexto, foi publicado o Decreto Legislativo Presidencial n.º 6/13 que aprovou o Regime Jurídico das Sociedades Gestoras de Mercados Regulamentados. A gestão dos mercados regulamentados fica a cargo de uma Sociedade Gestora de Mercado Regulamentado ( SGMR ) que, por exigência legal, tem de ter a sua sede estatutária e a sua direção efetiva em Angola. O diploma em causa permite que as SGMR possam deter participações sociais noutras SGMR que operem em território nacional. Todavia, sempre que esteja em causa a aquisição de uma participação qualificada numa SGMR, é necessário obter autorização prévia da CMC. A constituição da SGMR depende de autorização do Ministro das Finanças, depois de ouvida a CMC, sendo notificada aos interessados no prazo de 2 meses após a receção do pedido. Sempre que o pedido de autorização não se encontre instruído, que apresente inexatidões, falsas declarações, sempre que a sociedade não observe as normas que lhe são aplicáveis nem disponha dos meios humanos, técnicos e materiais ou recursos financeiros para a prossecução do seu objeto social, é recusada a autorização. Por outro lado, a autorização concedida caducará i) sempre que os requerentes renunciarem, expressamente, à mesma ii) se a sociedade não for constituída no prazo de 6 meses ou não iniciar atividade dentro do prazo de 12 meses, iii) se for dissolvida ou iv) se o mercado regulamentado que se propõe gerir não iniciar atividade no prazo de 12 meses após a autorização da sociedade. Para que a SGMR possa iniciar a sua atividade é ainda exigido o seu registo junto da CMC. Para que possa actuar devidamente no mercado, a SGMR deve assegurar a manutenção de padrões de elevada qualidade e eficiência na gestão dos mercados a seu cargo. Para LEGAL FLASH I ANGOLA 4/5
5 tal, deve adotar medidas de organização internas que visem combater potenciais conflitos de interesses. Neste âmbito, deve ainda aprovar um Código Deontológico que vincule os titulares dos seus órgãos, os seus trabalhadores, os membros dos mercados por si geridos e quaisquer entidades que intervenham nesses mercados, a atuar com a maior probidade comercial, transparência, credibilidade e segurança do mercado ficando sujeitos à aplicação de sanções disciplinares sempre que seja provada a violação dos deveres a que se encontram sujeitos. A violação dos deveres consagrados neste diploma é equiparada a uma contravenção especialmente grave sendo da competência da CMC a sua promoção do respectivo processo. Por fim, para além das SGMR, o presente diploma estabelece, igualmente, as regras aplicáveis às sociedades gestoras de serviços financeiros, ou seja, as Sociedades Gestoras de Câmara de Compensação ou que atuem como Contraparte Central, as Sociedades Gestoras de Sistema de Liquidação e as Sociedades Gestoras de Sistema Centralizado de Valores Mobiliários. CONTACTOS CGP LEGAL SERVICES ANGOLA ANGOLA Largo 4 de Fevereiro, 3 Edifício Presidente, 4 andar, Sala 448, Caixa Postal 1914 Luanda angola.desk@cuatrecasasgoncalvespereira.com O presente Legal Flash foi elaborado pela CGP Legal Services Angola com fins exclusivamente informativos, não devendo ser entendido como forma de publicidade. A informação disponibilizada bem como as opiniões aqui expressas são de carácter geral e não substituem, em caso algum, o aconselhamento jurídico para a resolução de casos concretos, não assumindo a CGP Legal Services Angola qualquer responsabilidade por danos que possam decorrer da utilização da referida informação. O acesso ao conteúdo deste Legal Flash não implica a constituição de qualquer tipo de vínculo ou relação entre advogado e cliente ou a constituição de qualquer tipo de relação jurídica. O presente Legal Flash é gratuito e a sua distribuição é de carácter reservado, encontrando -se vedada a sua reprodução ou circulação não expressamente autorizadas. Caso pretenda deixar de receber este Legal Flash, por favor envie um para o endereço angola.desk@cuatrecasasgoncalvespereira.com. LEGAL FLASH I ANGOLA 5/5
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