FOTOMAPEAMENTO GEOLÓGICO, GEOMORFOLÓGICO E PEDOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE PARELHAS - RN. Paulo Sérgio de Rezende Nascimento 1
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1 FOTOMAPEAMENTO GEOLÓGICO, GEOMORFOLÓGICO E PEDOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE PARELHAS - RN Paulo Sérgio de Rezende Nascimento 1 1 Engº Geólogo, Professor Visitante da Pós-Graduação do Depto. Geociências, UFAM, Manaus-AM, paulonascimento@ufam.edu.br RESUMO: O objetivo deste trabalho é o mapeamento geológico, geomorfológico e pedológico do município de Parelhas (RN), na escala de 1:50.000, por meio da fotointerpretação de imagens Landsat. A justificativa deste trabalho é a escassez de mapas nesta escala ou maiores em uma área de suma importância geoeconômica, a qual possui diversas ocorrências minerais associadas ou não aos corpos pegmatíticos. Para atingir o objetivo, as imagens foram pré-processadas visando aumentar a visibilidade dos alvos e posteriormente interpretadas pelo método lógico e sistemático. Os mapas gerados apresentaram grande relação entre as rochas, relevos e solos. PALAVRAS-CHAVE: mapeamento geológico, sensoriamento remoto, alinhamento estrutural. INTRODUÇÃO: A área de estudo deste trabalho está inserida na Folha Jardim do Seridó (SB-24-Z- B-V) e de acordo com o DNPM (2002), há 621 ocorrências minerais cadastradas. Provavelmente, este número aumentará com a política de atualização do conhecimento geológico do Serviço Geológico do Brasil, podendo citar o trabalho de Angelim (2006). O município de Parelhas concentra grande parte das ocorrências dos corpos pegmatíticos da Província Pegmatítica da Borborema e outros minerais cadastrados. A mineração da área de estudo se auto-sustenta há décadas, no entanto, as informações relacionadas a esta atividade econômica, quando disponíveis, apresentam-se de maneira isolada e em escalas pequenas, o que dificulta o tratamento adequado que se deve ter com a mineração e com o meio ambiente. Desta forma, se faz necessário a geração de dados temáticos básicos capazes de subsidiar a geração de informações para variados fins, como por exemplo, a avaliação da dimensão ou potencial econômico das jazidas, desenvolvimento de métodos de lavra e beneficiamento de acordo com cada tipo de jazimento. Assim, o objetivo deste trabalho é o mapeamento temático digital (geologia, geomorfologia e pedologia), por meio de técnicas de sensoriamento remoto, na escala 1: do município de Parelhas, através da interpretação visual de imagens do satélite Landsat-5. MATERIAL E MÉTODOS: Neste trabalho foram utilizadas as imagens orbitais do sensor/satélite TM/Landsat-5, referentes à órbita/ponto 215/65 de 25 de junho de 2010, sem cobertura de nuvens. As etapas de operacionalização realizadas para atingir o objetivo deste trabalho corresponderam: Restauração de Imagens, Registro das Imagens, Transformação por Principais Componentes, Realce de Imagens e Interpretação Visual. As bandas 1 a 5 e 7 das imagens TM-Landsat/5 passaram pelo procedimento de restauração de imagens para a correção radiométrica e aumento dos tamanhos dos pixels para 15m por 15m, obtendo um produto realçado e com o dobro da resolução espacial das imagens originais. Este procedimento foi realizado em um projeto sem projeção cartográfica no SPRING, visando garantir que as imagens não fossem reamostradas e perdessem as suas características originais antes do processo, pois o filtro de restauração é específico, ou seja, de acordo com as características do sensor. Posteriormente, as imagens foram recortadas de acordo com a dimensão do município de Parelhas, convertidas para o formato GRIB, registradas e inseridas no SPRING na projeção UTM/Córrego Alegre com meridiano central 24º Oeste. Para reduzir a dimensionalidade dos dados e a remoção da redundância de informações foi aplicada a Transformação por Componente Principal. As três primeiras componentes (PC1, PC2 e PC3) foram escolhidas para se trabalhar e as demais foram descartadas. Cerca de 95% de toda a informação das bandas são redistribuídas e concentradas nas três primeiras componentes principais e esta técnica é largamente utilizada em geologia (MENESES; ALMEIDA, 2012), o que justificou o seu uso. Foram realizadas as seguintes composições coloridas PC1/PC2/PC3 e PC2/PC1/PC3 no Sistema R/G/B (Figura 1). 369
2 Visando melhorar a qualidade das imagens sob o critério subjetivo do olho humano, foi realizada uma manipulação do contraste linear em cada componente. PC1-R/PC2-G/PC3-B PC2-R/PC1-G/PC3-B Figura 1 Composições coloridas RGB das três primeiras componentes principais das imagens Landsat, destacando o município de Parelhas - RN. O mapa de geologia foi compilado e adaptado de CPRM (2007), na própria tela do computador, pois se encontrava no formato digital e inserido os corpos pegmatitos, os quais foram mapeados em campo. A legenda do mapa de geomorfologia foi realizada com base no mapa geomorfológico do Projeto RADAMBRASIL, no formato digital, e o mapa foi realizado por fotointerpretação das imagens orbitais e por trabalho de campo. O mapa de pedologia foi realizado com base no mapa de reconhecimento de média e alta intensidade de solos de uma área piloto do Núcleo de Desertificação do Seridó, Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba (EMBRAPA, 2002), com base na fotointerpretação das imagens TM e por reconhecimento de campo. Os trabalhos de campo e os procedimentos de realizados nas imagens contribuíram para a geração de mapas com escalas maiores aos mapas pré-existentes utilizados. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir dos mapas gerados foi possível visualizar o geoambiente da região e assim obter uma base cartográfica, antes inexistente na região (escala 1:50.000). A superfície terrestre, da maneira como é sensoriada por um satélite, apresenta-se como uma geodiversidade composta por rochas, solos e relevos (Figuras 2, 3 e 4). Os dados secundários (informações auxiliares) na forma de mapas em diferentes escalas podem ser facilmente ajustados e sobrepostos às imagens para ajudar na discriminação e adequada delimitação dos alvos. É importante ressaltar que, além do material cartográfico auxiliar, os trabalhos de campo foram essenciais nesta etapa e consistiram, primeiramente, no reconhecimento visual da área de estudo, no intuito de auxiliar no processo de interpretação das imagens e posteriormente procurando identificar feições não compreendidas nas imagens de satélite. As três primeiras componentes principais concentraram 98,85% das informações. 370
3 Figura 2 Mapa geológico do município de Parelhas RN. Figura 3 Mapa geomorfológico do município de Parelhas RN. 371
4 Figura 4 Mapa pedológico do município de Parelhas RN. A rocha clorita-xisto predomina, totalizando 85% da área total do município e está diretamente relacionada com as superfícies aguçadas e convexas dissecadas, as quais perfazem 87% da área. Os processos pedogenéticos que ocorreram nesta rocha, juntamente com os processos morfogenéticos, geraram os neossolos regolíticos e litólicos, os quais compõem 92% da área de estudo. Esta interação apresenta-se nitidamente nas imagens Landsat, principalmente pelos padrões tonais e texturais, como também em campo. Estes padrões ficaram mais nítidos com a aplicação das técnicas de Restauração de Imagens e Transformação por Componente Principal, seguidas das composições coloridas e realce linear de imagem. Outro fato que auxiliou, tanto a fotointerpretação como o trabalho de campo, foi a distribuição bastante homogênea da vegetação da caatinga (savanas-estépicas arborizada, florestada, parque e gramíneo-lenhosa) de acordo com as características geológicas, geomorfológicas e pedológicas. CONCLUSÕES: Com base no desenvolvimento desta pesquisa, os resultados obtidos permitiram concluir que foi atingido o objetivo deste trabalho, cuja premissa foi suprir a necessidade da geoinformatização, com materiais visuais atuais da área de estudo. Desta forma, espera-se o aumento da competitividade do setor produtivo minerário, melhorando as condições de trabalho, saúde e segurança do trabalhador; a minimização dos impactos decorrentes da atividade minerária e desenvolver medidas economicamente saudáveis, procurando acabar com as práticas de mineração predatórias e de baixo rendimento e contribuir para o desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Norte. 372
5 REFERÊNCIAS: ANGELIM, L. A. A. et al.. Geologia e Recursos Minerais do Estado do Rio Grande do Norte. Escala 1: Texto explicativo dos mapas geológico e de recursos minerais do Estado do Rio Grande do Norte. Recife: CPRM/SEDEC-RN/FAPERN, 2006, 119p. CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - Serviço Geológico do Brasil. Projeto CPRM - UFRN DNPM. Departamento Nacional da Produção Mineral. Programa nacional de distritos mineiros. Recife: DNPM, p. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Caracterização dos recursos naturais de uma área piloto do núcleo de desertificação do Seridó, estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Rio de Janeiro: EMBRAPA, p. MENESES, P. R.; ALMEIDA, T. Introdução ao processamento de imagens de sensoriamento remoto. Brasília: UnB/CNPq, p. 373
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