Fitoterápicos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) Amanda Faqueti

Transcrição

1 Fitoterápicos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) Amanda Faqueti

2 Histórico das Relações de Medicamentos no Brasil O Brasil elabora listas oficiais de medicamentos desde Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos + Comissão Técnica e Multidisciplinar de atualização da Rename, revisa e publica o documento a cada dois anos. A partir das definições do Decreto nº 7.508, a relação passa a ser compreendida como um instrumento de acesso universal e igualitário dos medicamentos. Visando a integralidade da atenção, foram incluídos doze fitoterápicos na oitava edição.

3 Os fitoterápicos estão dentro do componente básico da assistência farmacêutica podem ser obtidos pactuação entre gestores estaduais e municipais. Recursos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, conforme a Portaria nº1.555/gm/ms, que dispõe sobre as normas de financiamento e de execução do Componente Básico da Assistência Farmacêutica Para aquisição dos medicamentos e insumos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica, constantes nos Anexos I e IV da Rename, devem ser aplicados: I União: R$ 5,10 por habitante/ano; II Estados: R$ 2,36; III Municípios: R$ 2,36.

4 As espécies vegetais constantes na Rename, podem servir como base para a elaboração e atualização da REMUME (Relação Municipal de Medicamentos essenciais). Possuem evidências de segurança e eficácia para as indicações informadas na Relação Nacional; No momento de atualização, foi verificado que todos os fitoterápicos possuem registro sanitário na Anvisa, ou seja, são fabricados e vendidos no país.

5 Quadro de fitoterápicos da Rename

6 Denominação genérica Rename Determinada pelo Fabricante Posologia Indicação/Ação Rename Normativa 02/2014 Dosagem Apresentação Rename

7 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 4, DE 18 DE JUNHO DE 2014 Medicamento fitoterápico- MF Comprova sua segurança e eficácia por meio de estudos clínicos Produto tradicional fitoterápico-ptf Comprova a segurança e a efetividade pela demonstração do tempo de uso pela literatura técnico científica Tanto os MF quanto os PTF são medicamentos e precisam estar regularizados na ANVISA para serem dispensados na Farmácia Básica

8 Guaco - Mikania glomerata Spreng. Reconhecido pela ANVISA como produto fitoterápico tradicional Parte-folhas Derivado vegetal- extrato Forma farmacêutica- cápsula, solução, oral, tintura e xarope. Dose diária de 0,5 a 5 mg de cumarina (marcador químico) Apresenta ação expectorante e broncodilatadora. A posologia vai depender da quantidade padronizada do marcador Xarope contendo 0,175mg de cumarinas em 5ml. Administrar 5ml 3x ao dia para atingir a dose de 0,5 mg de cumarina ao dia.

9 Guaco - Mikania glomerata Spreng. CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS As cumarinas, consideradas princípios ativos do guaco irão bloquear os receptores de acetilcolina causando broncodilatação, diminuindo a secreção brônquica e relaxando a musculatura lisa respiratória, fazendo com que o guaco auxilie no tratamento da tosse persistente com expectoração (MOURA, 2002; GASPARETTO,2010). CONTRAINDICAÇÕES Contra indicado em gestantes e em crianças menores de dois anos.

10 Guaco - Mikania glomerata Spreng. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES Recomenda-se maior critério na administração de guaco em pacientes com quadros respiratórios crônicos não diagnosticados, devendo-se afastar a hipótese de tuberculose e câncer. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Não deve ser empregado simultaneamente a anticoagulantes, pois as cumarinas podem potencializar seus efeitos e antagonizar o da vitamina k. Referências MOURA, R. S. et al. Bronchodilator activity of Mikania glomerata Sprengelel on human bronchi and guinea-pig trachea. J Pharm Pharmacol. 54(2):249-56, GASPARETTO, João C. et al. Mikania glomerata Spreng. e M. laevigata Sch. Bip. ex Baker, Asteraceae: agronomic, genetic, anatomical, chemical, pharmacological, toxicological studies and its use in herbal therapy programs in Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 20, n. 4, p , 2010.

11 Espinheira santa - Maytenus officinalis Mabb. Reconhecido pela ANVISA como produto fitoterápico tradicional Parte-Folhas Derivado vegetal-extrato Formas farmacêuticas- cápsula, emulsão, solução oral e tintura A dose diária 60,0 e 90,0 mg de taninos totais (marcador químico) Coadjuvante no tratamento de gastrite e úlcera gastroduodenal e sintomas de dispepsia A posologia vai depender da quantidade padronizada do marcador Cápsulas de extrato seco contendo 13,3 mg de taninos totais. Deve-se administrar duas cápsulas, via oral, três vezes ao dia, para obter 79,8 mg de taninos totais.

12 Espinheira santa - Maytenus officinalis Mabb. CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS As ações da M. ilicifolia na úlcera péptica e gastrite envolvem mais de um mecanismo de ação e diferentes substâncias do fitocomplexo. O mecanismo antissecretório se deve a função das substâncias ativas em inibir a bomba de prótons. Resulta na redução da secreção basal de ácido clorídrico, bem como da secreção induzida por histamina (MACAUBAS et al, 1988; BOSSOLANI, 2000).

13 Espinheira santa - Maytenus officinalis Mabb. CONTRA-INDICAÇÕES Pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia aplanta. O infuso ou medicamento fitoterápico não é recomendado durante a lactação e a gravidez, pois diminui a produção de leite e pode provocar contrações uterinas (BRASIL, 2014). ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas, idosos, crianças e outros grupos de risco (BRASIL, 2014). INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Não há estudos clínicos nas bases de dados consultadas que evidencie os mecanismos de interação da planta com outras drogas.

14 Referências BOSSOLANI, M. P. Mecanismos moleculares da atividade antisecretora ácida gástrica e antiúlcera de frações isoladas de Maytenus ilicifolia Mart. e Maytenus aquifolium Mart f. Dissertação (Mestrado em Farmacologia), Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil. Ministério da Saúde. Relação Nacional de medicamentos (RENAME). Disponível em: [Acesso em: 09 abr 2014] BRASIL. Ministério da Saúde. Agência nacional de Vigilância Sanitária. Instrução normativa n 02 de 13 de maio de Diário Oficial. República Federativa do Brasil, Brasília, DF, MACAUBAS, CIP et al. Estudo da eventual ação antiúlcera gástrica do bálsamo (Sedum sp), folha da fortuna (Bryophyllum calcium), couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira santa (Maytenus ilicifolia) em ratos, In: Estudo da ação antiúlcera gástrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras. Brasília: CEME/AFIP, p Nicoletti MA, Oliveira Júnior MA, Bertasso CC, Caporossi PY, Tavares APL. Principais interações no uso de medicamentos fitoterápicos. Infarma. 2007; 19 (2):32-40 Disponível em: Santos-Oliveira R, Coulaud-Cunha S, Colaço W. Revisão da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, Celastraceae. Contribuição ao estudo das propriedades farmacológicas. Rev. bras. farmacogn. 2009; 19(2b): Disponível em: [ Acesso em: 11 fev 2015].