EB 3871/ setembro 2004 Original : francês. Estudo. Junta Executiva 256 a reunião setembro 2004 Londres, Inglaterra

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1 EB 3871/04 International Coffee Organization Organización Internacional del Café Organização Internacional do Café Organisation Internationale du Café 21 setembro 2004 Original : francês Estudo P Junta Executiva 256 a reunião setembro 2004 Londres, Inglaterra Elasticidade preço/demanda com referência ao consumo de café nos países importadores Antecedentes No contexto de seu programa de atividades, a Organização Internacional do Café tenciona promover, incentivar e ampliar o consumo de café como forma de contribuir para o restabelecimento do equilíbrio entre a oferta e a demanda, com vistas à melhoria da economia cafeeira mundial. Particular atenção deve ser dada ao problema da dinâmica do consumo de café nos países importadores. O objetivo deste relatório é analisar a relação entre a elasticidade da relação preço/demanda com referência ao consumo nesses países. Ação Solicita-se à Junta Executiva que tome nota deste documento.

2 1. Apesar da baixa de preços do café, a demanda continua estagnada, e o consumo nos países importadores tradicionais dá mostras de saturação. A questão é de saber se, por um lado, os preços baixos no mercado mundial são repassados ao consumidor final nos países importadores para fomentar o consumo e se, por outro, a demanda de café se tornou insensível às variações de preços. A elasticidade preço/demanda de um bem econômico, que mede a sensibilidade da demanda às variações de preços, é um valor geralmente negativo. Por outras palavras, os preços baixos favorecem o aumento da demanda. No caso do café, porém, o consumo per capita caiu em diversos países, apesar dos preços baixos no mercado há mais de cinco anos, como evidencia a média do preço indicativo composto da OIC, que, de 133,91 centavos de dólar dos EUA por libra-peso em 1997, caiu para 51,91 em Este relatório propõe investigar fatores que talvez expliquem o declínio do consumo de café nos países importadores enquanto a elasticidade preço/demanda continua negativa, ou seja, estabelecer a relação entre a elasticidade negativa dos preços e o consumo per capita em declínio em muitos países. Será analisada a evolução da relação entre os níveis de preços e o consumo per capita e, por outro lado, a relação entre a estrutura do consumo nos países importadores e o consumo per capita. A análise cobrirá o período de 1965 a 2003 e diversos subperíodos: , , , , e Os seguintes pontos serão objeto de atenção: I. Evolução do consumo de café nos países importadores II. Testes de correlação entre os preços e o consumo per capita III. Evolução da estrutura do consumo nos países importadores I. Evolução do consumo de café nos países importadores 3. O quadro 1 indica o consumo médio nos países importadores desde No período de 1965 a 2003 o consumo médio foi de 54,13 milhões de sacas. No de 2000 a 2003, ele foi de 61,52 milhões de sacas, contra 60,78 milhões em , acusando um aumento de 1,22%. Apesar do aumento do consumo médio nos países importadores, o consumo per capita continuou baixo e, em muitos países, chegou a cair.

3 - 2 - Quadro 1: Consumo médio nos países importadores Averages World consumption TOTAL U.S.A European Community Áustria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Greece Ireland Italy Netherlands Portugal Spain Sweden United Kingdom Other importing countries Cyprus Japan Norway Switzerland Em milhares de sacas 4. O quadro 2a mostra o consumo médio per capita nos países importadores nos diversos períodos a partir de Os quadros do Anexo I mostram o consumo per capita em certos países importadores desde 1965.

4 - 3 - Quadro 2a: Consumo médio per capita nos países importadores Averages TOTAL U.S.A European Community Áustria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Greece Ireland Italy Netherlands Portugal Spain Sweden United Kingdom Other importing countries Cyprus Japan Norway Switzerland Em quilogramas 5. Uma comparação das cifras do consumo médio per capita do período de 1990 a 1993 com as do período de 2000 a 2003, que representam um intervalo de dez anos (quadro 2b), revela declínio nos seguintes 11 países: Alemanha, Áustria, Dinamarca, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Noruega, Países Baixos, Reino Unido, Suécia e Suíça. Em dez anos, o consumo per capita caiu 4,74% no conjunto de todos os países importadores.

5 - 4 - Quadro 2b: Consumo médio per capita ( e ) Average Importing country % change Áustria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Greece Ireland Italy Japan Netherlands Norway Portugal Spain Sweden Switzerland United Kingdom U.S.A Em quilogramas 6. Os maiores aumentos se registraram nos seguintes países: Bélgica/Luxemburgo, Grécia, Itália, Japão e Portugal. O consumo reagiu de forma diferente às variações de preços. O quadro 3 mostra a média anual dos preços de varejo no período de 1990 a 1993 e, em seguida, no período de 2000 a Quadro 3: Médias anuais dos preços de varejo ( e ) Áustria Belgium Cyprus Denmark Finland France Germany Italy Japan Luxembourg Netherlands Norway Portugal Spain Sweden Switzerland U.S.A United Kingdom 1/ / Café solúvel

6 - 5 - II. Testes de correlação entre os preços e o consumo per capita A. Preços de varejo e consumo per capita 7. O quadro 4 indica os resultados do teste de correlação entre os preços de varejo e o consumo per capita no período de 1965 a 2003 e, em seguida, nos subperíodos de , e Quadro 4: Correlação entre os preços de varejo e o consumo per capita nos países importadores Importing country U.S.A European Community Áustria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Italy Netherlands Portugal Spain Sweden United Kingdom Other importing countries Japan Norway Switzerland Os resultados do teste de correlação indicam que, em alguns dos países onde o consumo médio per capita caiu nos últimos dez anos, a correlação entre o consumo e os preços de varejo é negativa. Isto significa que uma queda dos preços levaria a um aumento do consumo per capita. Este resultado confirma que no caso do café a elasticidade preço/demanda é negativa. Em outros países, porém, parece haver uma assimetria entre os preços e o consumo per capita. O quadro 5 mostra as variações do consumo per capita e os coeficientes de correlação com os preços de varejo.

7 - 6 - Quadro 5: Variação do consumo per capita e coeficiente de correlação durante o período de Importing country Changes in per capita consumption and (%) Correlation coefficient Austria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Italy Japan Netherlands Norway Portugal Spain Sweden Switzerland United Kingdom U.S.A Depreende-se do quadro 5 que, em certos países onde o consumo per capita caiu, a correlação entre o consumo per capita e os preços de varejo também é negativa. Trata-se da Dinamarca, dos Estados Unidos, da Finlândia, da França, da Noruega, do Reino Unido e da Suécia. Em outros países, o consumo per capita aumentou nos últimos dez anos, apesar de uma correlação negativa entre ele e os preços de varejo. Esses países são o Japão, a Espanha e Portugal. Já no caso da Alemanha, da Áustria, dos Países Baixos e da Suíça, a análise revela uma queda do consumo per capita e uma correlação positiva entre este consumo e os preços de varejo. Finalmente, no caso da Itália e da Bélgica, onde o consumo per capita cresceu durante o período, a correlação entre os preços de varejo e o consumo per capita é positiva. Diante destes resultados, torna-se necessário investigar se os movimentos dos preços no mercado mundial são repassados ao nível dos preços de varejo nos países importadores. B. Correlação entre os preços de varejo e os preços mundiais 10. O quadro 6 indica os coeficientes de correlação entre os preços de varejo nos países importadores e os preços mundiais representados pelo preço indicativo composto da OIC.

8 - 7 - Quadro 6: Correlação entre os preços de varejo e o preço indicativo composto da OIC U.S.A European Community Áustria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Italy Netherlands Portugal Spain Sweden United Kingdom Other importing countries Japan Norway Switzerland A análise indica uma forte correlação positiva entre os preços de varejo e o preço indicativo composto da OIC em todos os países importadores durante o período de A principal observação a fazer com base nos diversos testes é que, nos países em que o coeficiente de correlação é negativo, deveria esperar-se um aumento do consumo per capita, pois os preços de varejo sofreram cortes em resposta à queda dos preços no mercado mundial. No entanto, foi diferente, e às vezes muito tímida, a reação que houve nesses países às variações negativas dos preços. Os testes, portanto, mostram que houve mudanças na estrutura do consumo em alguns países, em particular mudanças ligadas à dinâmica da torrefação. As mudanças nas mesclas podem ter influenciado o consumo per capita, pois na maior parte desses países os níveis de preços já não parecem ser um fator que condiciona a demanda. III. Evolução da estrutura do consumo nos países importadores 13. Uma análise da estrutura do consumo poderia ajudar a identificar as razões da queda do consumo per capita, a despeito da elasticidade negativa da relação preço/demanda. Convém recordar que a tese subjacente geralmente externada por muitos operadores é que as mudanças feitas às mesclas pelos torrefatores, que aumentaram a proporção dos cafés com taxas elevadas de cafeína ou, ainda, de cafés de má qualidade, contribuíram para a redução do consumo entre os consumidores tradicionais.

9 Para esclarecer esta questão, fez-se uma análise comparativa da composição das importações dos países em que houve queda de consumo. Como não se dispõe de dados estatísticos fiáveis sobre a composição do café consumido, em particular no tocante à participação de cada um dos quatro tipos de café no total do consumo efetivo de um país, analisou-se a estrutura das importações de café verde. Mesmo que nem todo café importado entre diretamente no consumo do país, pois parte dele se destina à reexportação, as importações constituem um bom indicador do consumo nacional. 15. O Anexo II mostra a estrutura das importações de todas as formas de café, por grupo de café da OIC, nos três períodos ( , e ). Os quadros 7a e 7b mostram as variações nas importações dos quatro grupos de café nos períodos de e Quadro 7a: Variação da estrutura das importações de café: Suaves Colombianos e Outros Suaves Colombian Milds % of total imports Other Milds % of total imports Importing country % change % change Austria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Italy Japan Netherlands Norway Sweden Switzerland United Kingdom U.S.A Quadro 7b: Variação da estrutura das importações de café: Naturais Brasileiros Brazilian Naturals % of total imports Robustas % of total imports Importing country % change % change Austria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Italy Japan Netherlands Norway Sweden Switzerland United Kingdom U.S.A

10 O quando 8 indica as variações do consumo médio per capita e as correspondentes variações da estrutura das importações nos países importadores. Quadro 8: Variação do consumo per capita e variações da participação dos grupos de café no total das importações ( e ) % change Variations of % of total imports Importing country Per capita consumption Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Áustria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Italy Japan Netherlands Norway Sweden Switzerland United Kingdom U.S.A Por serem insuficientemente claros, os resultados da análise não permitem tirar conclusões definitivas. Na Alemanha, o maior mercado da Europa, com um consumo anual médio de mais de 9,1 milhões de sacas, o consumo per capita caiu 12,52% em dez anos, e a participação dos Arábicas Colombianos caiu 26,37%, enquanto a dos Outros Suaves, a dos Naturais Brasileiros e a dos Robustas aumentaram, respectivamente, 2,32%, 16,68% e 5,32%. Nos países escandinavos (Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia), o consumo per capita tradicionalmente muito alto, tem caído nos dez últimos anos. A participação dos Suaves Colombianos nas importações desses países também diminuiu. Na França, que tradicionalmente consome Robustas, o consumo per capita caiu 4,92% e, ao mesmo tempo, a participação dos Robustas nas importações caiu 12,02%. De toda forma, o teor de cafeína depende das origens. Por exemplo, os Outros Arábicas Suaves da Costa Rica têm um teor de cafeína de 1,22% a 1,45%, em comparação com os Arábicas Suaves cultivados na Colômbia, que registram 1,37%. Os Arábicas do Brasil registram um teor médio de cafeína de 1,13% a 1,15%. 18. O teor de cafeína por xícara depende dos métodos de preparo do café. O espresso contém entre 70 e 80 mg de cafeína por 100 ml de café, e o moca, 100 mg. No café de filtro, o teor de cafeína varia de 120 a 130 mg. O solúvel contém cerca de 60 mg, e o café descafeinado, só 3 mg.

11 IV. Conclusão 19. A elasticidade preço/demanda depende do horizonte temporal. A demanda é muito mais elástica num horizonte temporal alongado que no curto prazo. A maior parte dos países consumidores tradicionais atingiu um ponto de saturação. Neste ponto, a queda dos preços do café não resulta num aumento do consumo no curto ou médio prazo. Melhor qualidade na xícara, porém, pode ser um fator no aumento do consumo. Os critérios de qualidade incluem o teor de cafeína, o sabor e o aroma. 20. Parece, além disto, que a imagem do café e as informações científicas disponíveis são fatores decisivos para qualquer aumento do consumo. No passado, a relação entre o café e a saúde não parece ter sido bem compreendida devido à falta de informações, tanto a nível do público como dos profissionais da saúde. Nos programas de promoção genérica deveriam ser levadas em conta as preocupações com a saúde, que repercutem negativamente no desenvolvimento do consumo. O programa Positively Coffee 1, que conta com forte apoio do setor privado e da comunidade científica, possibilita reduzir as preocupações do público em relação ao consumo de café. Convém observar, por último, que esta análise contém apenas indicações e seria muito mais precisa se os países importadores pudessem fornecer informações mais circunstanciadas sobre a estrutura de suas importações e reexportações. 1 Ver

12 Per capita disappearance in importing countries Calendar years 1965 to 1974 ANNEX I (kilogram) TOTAL U.S.A European Community Austria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Greece Ireland Italy Netherlands Portugal Spain Sweden United Kingdom Cyprus Japan Norway Switzerland Per capita disappearance in importing countries Calendar years 1975 to 1984 (kilogram) Importing Member TOTAL U.S.A European Community Austria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Greece Ireland Italy Netherlands Portugal Spain Sweden United Kingdom Cyprus Japan Norway Switzerland International Coffee Organization EB-3871/04

13 Per capita disappearance in importing countries Calendar years 1985 to 1994 ANNEX I (Contd) (kilogram) Importing Member TOTAL U.S.A European Community Austria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Greece Ireland Italy Netherlands Portugal Spain Sweden United Kingdom Cyprus Japan Norway Switzerland Per capita disappearance in importing countries Calendar years 1995 to 2003 (kilogram) TOTAL U.S.A European Community Austria Belgium/Luxembourg Denmark Finland France Germany Greece Ireland Italy Netherlands Portugal Spain Sweden United Kingdom Cyprus Japan Norway Switzerland International Coffee Organization EB-3871/04

14 ANNEX II 4-YEAR AVERAGE IMPORTS OF ALL FORMS OF COFFEE BY GROUP BY SELECTED IMPORTING COUNTRIES (000 bags) Austria TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified Belgium/Luxembourg TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified Denmark TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified Metropoles International Coffee Organization EB-3871/04

15 ANNEX II Finland TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members France TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified Metropoles Germany TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified Italy TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified International Coffee Organization EB-3871/04

16 ANNEX II Japan TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified Netherlands TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified Norway TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Sweden TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified International Coffee Organization EB-3871/04

17 ANNEX II Switzerland TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified UK TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified USA TOTAL Exporting countries Colombian Milds Other Milds Brazilian Naturals Robustas Importing Members Non-Members Unspecified International Coffee Organization EB-3871/04