DIFUSÃO DO AGRONEGÓCIO E AS DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS NO OESTE BAIANO (BAHIA, BRASIL)

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1 EGAL 2017 Encuentro de Geografos de América Latina DIFUSÃO DO AGRONEGÓCIO E AS DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS NO OESTE BAIANO (BAHIA, BRASIL) Camila Dutra dos Santos Universidade Estadual do Ceará (UECE) La Paz Bolívia, abril de 2017

2 Introdução Objetivo do artigo: discutir sobre a difusão do agronegócio no Oeste Baiano e apresentar as desigualdades socioespaciais resultantes ou reforçadas a partir desse processo.

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4 INCORPORAÇÃO DO OESTE BAIANO À FRONTEIRA AGRÍCOLA MODERNA Processo concentrado da soja inicialmente no Sul do Brasil, após os anos 1970 avança para o Centro- Oeste, e nos anos 1980 e 1990, chega de forma intensificada nos cerrados da região Nordeste; Oeste Baiano - área pioneira da difusão do agronegócio da soja no Nordeste (ELIAS, 2006); Cidade de Barreiras (e áreas adjacentes) - onde se inicia a modernização agrícola nos cerrados do Nordeste do Brasil.

5 A partir dos anos novas condições infraestruturais, ofertadas pelo Estado, atraíram população e empresas; Abertura das rodovias BR-153 (Belém-Brasília), BR-020/BR- 242 (Brasília-Salvador) e BR-020/BR-135 (Picos-Barreiras- Brasília). Programas federais de colonização, como o Prodecer (1980), e migração sulista (anos 1980); Terras baratas, incentivos fiscais e crédito agrícola; Introdução do cultivo da soja e uma série de perímetros irrigados e projetos agroindustriais.

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7 Áreas produtivas agrícolas (grãos) do Oeste Baiano Legenda: Áreas com produção de grãos Fonte: Clóvis Caribe Menezes dos SANTOS, 2011.

8 Cerrados baianos, localização de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães Fonte: Google Earth, 2017.

9 Processos evidenciados no Oeste Baiano a partir da difusão do agronegócio Chegada de novos agentes econômicos representativos das atividades modernas; Nova dinâmica do mercado de terras; Aumento da população, intensificação das relações campo-cidade, incremento da economia urbana e reestruturação do mercado de trabalho regional

10 Silos da Cargill, LEM BA. Fonte: Camila Dutra, Silos da Bunge, LEM BA. Fonte: Camila Dutra, 2015.

11 Entrada de Luís Eduardo Magalhães BA. Fonte: Camila Dutra, Cidade do agronegócio (ELIAS, 2003, 2006, 2012). Imagem aérea de Luís Eduardo Magalhães BA. Fonte: Website da Prefeitura de LEM, 2016.

12 DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS NO CAMPO O Cerrado não estava desocupado! conflitos por terras entre os recém-chegados (1970) e os antigos ocupantes do Oeste Baiano. (JUNGES, 2004). Grilagem e tomada de terras pela violência - Assim foram formados os grandes latifúndios no Oeste Baiano (DEUS, 2009). Processo de "fagocitose", no qual as grandes propriedades agrícolas passaram a engolir as pequenas. Grandes fazendas como a Estrondo, a Agrícola Xingu e a São José possuem áreas que chegam a 400 mil hectares.

13 Destruição de povos e comunidades tradicionais do Cerrado, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros. Entre 2003 e 2009, a região apresentou 43 casos de propriedades flagradas com trabalhadores em situação análoga à escravidão (REPORTER BRASIL, 2010). Problemas crônicos de saúde após lidar com os agrotóxicos (RIGOTTO, 2012). A Bahia, que ocupa o quarto lugar no desmatamento, já suprimiu 25% da sua vegetação de Cerrado Desaparecimento de nascentes e riachos muito importantes para o ecossistema local

14 DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS NA CIDADE Modernização excludente e agravamento do círculo vicioso da pobreza urbana. Oeste Baiano - municípios marcado por expressivos índices de pobreza e que demanda investimentos em áreas básicas como Saneamento, Educação e Saúde Ao lado de plantações de grãos mecanizadas e dos grandes silos, encontram-se centros urbanos que crescem sem infraestrutura adequada. São Desidério: está entre os 2% mais ricos do país. E entre os 20% mais pobres (IBGE, 2014)

15 41% da população de São Desidério vivia com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00, e 27,1% da população estava abaixo da linha de pobreza e indigência. (IBGE, 2014). Luís Eduardo Magalhães fica em 417º posição do ranking do Índice de Renda Média dos Chefes de Família (SEI, 2014). Em Barreiras mais de 16 mil famílias (de um total de 38 mil) tem uma renda per capta mensal de R$ 140,00. Isso quer dizer que 42% da população vive em situação de pobreza.

16 Loteamento Conquista LEM. Fonte: Camila Dutra, 2016.

17 Habitação no Bairro Santa Cruz em Luís Eduardo Magalhães (BA) Fonte: Camila Dutra, Habitação no Jardim Paraíso em Luís Eduardo Magalhães (BA) Fonte: Camila Dutra, 2016.

18 Falta de saneamento básico no bairro Cidade dos Funcionários. Barreiras/BA. Fonte: Camila Dutra, 2016.

19 Considerações finais Modernização excludente e seletiva. Problemas para os povos tradicionais e camponeses da região - perda de suas terras, da água e destruição da flora e fauna do Cerrado. Erosão do patrimônio genético vegetal e animal do bioma Cerrado. Os custos da expansão das forças produtivas para Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e região: expansão da pobreza! Urbanização desigual e segregação social. Fortalecimento da crítica ao projeto modernizador (e conservador) hegemônico que incorporou o Oeste Baiano. Urge um novo modelo de produção agropecuária, pautado na conservação do meio ambiente, valorização das comunidades tradicionais e na equidade social.

20 Referências BIONDI, Antônio. Ambientalistas querem parque nacional para conter expansão da soja. Repórter Brasil. Do Centro de Monitoramento de Agrocombustível. 18 jun DEUS, Pedro de. Oeste da Bahia: relatos de um advogado de província. Barreiras: Edição do autor, ELIAS, Denise. Agronegócio e desigualdades socioespaciais. In: ELIAS, Denise; PEQUENO, Renato (Org..). Difusão do agronegócio e novas dinâmicas socioespaciais. Fortaleza: BNB, p JUNGES, Maria Dânia. O município e a Saga dos Pioneiros. Luís Eduardo Magalhães, BA. Prefeitura Municipal de Luís Eduardo Magalhães, LAVORATTI, Janes Terezinha; SANTOS, João Alfredo dos. Desenvolvimento rural e propriedade da terra: uma inserção no Oeste Baiano. In: MONDARDO, Marcos Leandro. Espaços agrários e meio ambiente: Bahia, Bahias. Rio de Janeiro: Editora Ponto da Cultura, REPÓRTER BRASIL. Os impactos da soja na safra 2009/10. Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis, abr RIGOTTO, Raquel Maria et. al. O verde da economia no campo: desafios à pesquisa e às políticas públicas para a promoção da saúde no avanço da modernização agrícola. Ciência & Saúde Coletiva. Nº 17, ano 6, 2012, pp