Avaliação da Sustentabilidade do Biodiesel no Rio Grande do Sul utilizando Análise de Ciclo de Vida e um Indicador de Sustentabilidade

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1 Avaliação da Sustentabilidade do Biodiesel no Rio Grande do Sul utilizando Análise de Ciclo de Vida e um Indicador de Sustentabilidade Zortea, R. (UFRGS) ; Cybis, L.F. (UFRGS) ; Cenci, M. (UFRGS) ; Almeida, C. (UFRGS) RESUMO O RS e o Brasil vem enfrentando um novo desafio, a partir da homologação da Lei (adição de biodiesel ao Diesel). Desta forma, a matriz energética brasileira começou a se modificar incorporando fontes de energia alternativas através da biomassa (soja). Portanto, torna-se prudente avaliar de que forma os impactos ambientais, sociais e econômicos se comportam perante a utilização do biodiesel. Este trabalho busca verificar o nível de sustentabilidade no RS do biodiesel d e soja baseando-se na análise ciclo de vida e num indicador de sustentabilidade a fim de qualificar e quantificar estes impactos. Tais resultados têm o intuito de auxiliar numa melhor compreensão desta nova matriz energética, para que os tomadores de decisão possam lidar melhor com este processo de transição. PALAVRAS CHAVES biodiesel; sustentabilidade; análise do ciclo de vida INTRODUÇÃO A conscientização sobre a questão ambiental já não satisfaz mais quando a meta buscada passa a ser um mundo mais justo, auto-suficiente e economicamente viável. A partir deste momento surge uma nova forma de pensar, baseada nos princípios da sustentabilidade. Neste âmbito, outras dimensões, como as variáveis sociais e econômicas passam a ter importância juntamente com a questão ambiental. Logo, acaba sendo nesta mesma linha de raciocínio que as metodologias e ferramentas da área ambiental devem seguir, ou seja, incorporando os princípios de sustentabilidade e agregando as suas metodologias variáveis sociais e econômicas. Entre as metodologias existentes dentro da área ambiental, chama a atenção a Análise do Ciclo de Vida (ACV). Assim, ao se pensar na questão do Desenvolvimento Sustentável, esta metodologia merece ser planejada para avaliar os aspectos econômicos e sociais dentro do ciclo de vida de produtos e serviços já analisados dentro do escopo ambiental. Dentro desta linha de tomada de decisão, o levantamento de informações a respeito dos aspectos ambientais, sociais e econômicos envolvidos acabam servindo de subsídio para uma análise mais criteriosa quando da utilização de uma análise de sustentabilidade. Desta forma, o estudo se propõe a oferecer uma ferramenta de verificação da sustentabilidade com relação às possíveis formas de produção e utilização do biodiesel de soja para o RS. Conclusões baseadas na quantificação e análise dos prováveis impactos auxiliariam nas futuras decisões de como planejar não só a melhor forma de participação dos atores envolvidos, como também, a maneira mais correta para a manufatura e utilização destes combustíveis de forma a mitigar os possíveis impactos existentes na cadeia produtiva deste biocombustível. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho baseia-se na realização de uma ACV em conjunto com a utilização de um indicador de sustentabilidade. O objeto de estudo trata-se verificação da sustentabilidade do biodiesel da soja no RS. Baseado nisso, o autor optou pela metodologia que toma como base opção sugerida por Klöpffer (2008). Desta forma este novo ACV seguirá os itens definidos nas normas ABNT NBR ISO 14040:2009 e 14044:2009. Todavia, deve-se chamar a atenção, pois serão incluídas as categorias de impacto para as dimensões econômica e social. Além disso, a fase de interpretação também sofrerá modificações com a inclusão de uma análise de sustentabilidade baseada na metodologia de indicador de sustentabilidade denominada Dashboard of Sustainability. Tais inclusões estão embasadas nas recomendações realizadas por Klöpffer (2008) e UNEP/SETAC Life Cycle Initiative (2011). Para a realização da ACV utilizar-se-á o software GaBi 4.4, tomando como unidade funcional 1 GJ de energia fornecida por um combustível motor ciclo diesel. Este sistema englobará os página 1 / 5

2 seguintes processos: preparo do solo, plantio da soja, trato agrícola, colheita da soja, transporte de grãos, armazenagem de grãos, produção do óleo de soja, produção do biodiesel, transporte do biodiesel, processo de mistura para a preparação do B5 e fase de uso. Os impactos a serem avaliados e calculados serão aquecimento global, toxicidade humana, acidificação, eutrofização, ecotoxicidade, uso do solo e uso dos recursos abióticos (ambiental); custos de obtenção da matéria-prima, de conversão, de estoque e distribuição e de uso (econômico); e, por fim, salário e benefícios, nível de escolaridade, expectativa de vida, segurança e saúde, associação coletiva, treinamentos, trabalho voluntário, geração de empregos e grau de urbanização (social). RESULTADOS E DISCUSSÃO Até o momento o trabalho obteve como resultados: a determinação das variáveis a serem avaliadas para o índice de sustentabilidade (IS), a forma de alocação dos impactos, área de abrangência do inventário e modelos de Avaliação de Impacto de Ciclo de Vida (AICV) a serem utilizados. Utilizar-se-á para a determinação do IS os impactos calculados na etapa de ACV. Portanto, as variáveis que determinam o indicador de sustentabilidade totalizam um universo de 20. A relação destas, assim como a respectiva dimensão estão apresentados na figura 1. O processo de produção do biodiesel gera 3 produtos (figura 2). Desta forma avaliou-se como um sistema multifuncional avançado, optando-se pela utilização da alocação em toda a cadeia produtiva. Como o farelo de soja é produzido na etapa intermediária aos demais produtos, os impactos referentes ao mesmo serão alocados somente nas etapas iniciais (fronteiras em verde), já os outros produtos são obtidos no final da cadeia produtiva, assim seus impactos serão alocados em todos os processos conforme figura 2 (fronteiras azul e vermelha). A área de abrangência do trabalho utilizará dados coletados com produtores de soja na região de Santa Rosa, conforme é detalhado em Zortea et al (2012). Esta coleta será complementada junto à uma Usina de Biodiesel situada em Ijuí que trabalha com fornecedores de soja de Santa Rosa. Por estes fatos, decidiu-se então por realizar esta coleta de dados na região em questão. Definiu-se a AICV com mais de um método, pois assim existe um suporte para uma tomada de decisão mais confiável. Assim, quando ocorre uma convergência dos resultados, esta adoção acaba auxiliando decisor. Todavia, caso ocorra uma divergência, este poderá aceitar o método como resposta final ou escolher um novo critério de decisão. Figura 1 página 2 / 5

3 Variáveis codificadas e suas respectivas dimensões a serem utilizadas para a determinação do indicador de sustentabilidade. Figura 2 Fluxograma resumido do processo de produção do biodiesel com a sugestão da estratégia de alocação a ser utilizada neste estudo. Fonte: autor (2012) CONCLUSÕES A possibilidade de combinar as 3 dimensões da sustentabilidade em uma ACV, possibilita a página 3 / 5

4 viabilização de uma Análise de Sustentabilidade de Ciclo de Vida (ASCV). Todavia, o tomador de decisão deverá ter o cuidado de respeitar as premissas necessárias para cada caso além de ter em mente questão da busca de uma avaliação consistente entre as três abordagens, ou seja, não esquecendo os aspectos relevantes que dizem respeito a cada uma das dimensões (ambiental, social e econômica), além de considerar não só os dados quantitativos, mas também buscar um suporte nas informações qualitativas. AGRADECIMENTOS IPH-UFRGS, Univ. Wisconsin-Madison, CNPq, Profs. Luiz Fernando Cybis e Robert Anex, Camera Agroalimentos, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ABNT NBR ISO 14040: Gestão Ambiental - Avaliação do ciclo de vida -Princípios e estrutura. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro,Brasil, 2009 (válida a partir de ). ABNT NBR ISO Gestão Ambiental Avaliação do ciclo de vida Requisitos e orientações. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, Brasil, 2009 (válida a partir ). ABNT NBR iso 26000: Diretrizes sobre Responsabilidade Social. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, Brasil, 2010 (válida a partir ) Bell, Simon and Morse, Stephen. Sustainability Indicators: measuring the immeasurable? Earthscan Publications Limited, London, Bellen, Hans M. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa 2a Ed., Rio de Janeiro: Editora FGV, Böhringer, Christoph and Jochem, Patrick E.P. Measuring the immeasurable A survey of sustainability indices. Ecological Economics. Number 63, pages 1-8, Campos, Cláudia A.; Ribeiro, Francis L. & Souza, Cleonice B. Indicador de Sustentabilidade Dashboard: análise da sustentabilidade da produção familiar de frutas no município de Itapuranga-GO. XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Apresentação Oral. Rio Branco-AC, 20 a 23 de julho, Centre of Environmental Science (CML). Quality Assessment for LCA. Report 152. Leiden, Netherlands, Corrêa, Silvia R. C.; Ugaya, Cássia. M. L. Priorização de Indicadores Sociais para a Metodologia de Avaliação Social do Ciclo de Vida. In: 3 seminário sobre sustentabilidade, 2008, Curitiba. Anais do 3 Seminário sobre Sustentabilidade da FAE, Curitiba, Cultri, Camila N., Saavedra, Yovana M.B & Ometto, Aldo R. Avaliação Social do Ciclo de Vida: a contribuições dos indicadores sociais para decisões sustentáveis. Anais do 2o Congresso Brasileiro em Gestão de Ciclo de Vida de Produtos e Serviços. Págs Florianópolis/SC, 24 a 26 de novembro, Dreyer, Louise Camilla; Hauschild, Michael Z. & Schierbeck, Jens. Characterisation of social impacts in LCA Part 1: Development of indicators for labour rights. International Journal Life Cycle Assessment. Number 15. Pages , Jesinghaus, Jochen. Why we need the Dashboard (Summary). Beyond GDP: measuring progress, true wealth, and the well-being of nations. International Conference. Brussels. 19 & 20 November Juwana, I.; Muttil, N.; Perera, B.J.C. Indicator-based water sustainability assessment A review. Science of the Total Environment. Number 438, pages , Kloepffer, Walter. Life Cycle Sustainability Assessment of Products (with Comments by Helias A. Udo de Haes, p. 95). International Journal Life Cycle Assessment. Number 13 (2) 89 95, Life Cycle Initiative (LCI) & Society of Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC). Guidelines for Social Life Cycle Assessment of Products. United Nations Environment Programme, Medrano, Magaly Fonseca. Avaliação de Sustentabilidade de Biodiesel de Soja no Brasil. Dissertação de Mestrado. Brasília. Centro de Desenvolvimento Sustentável, UnB: Política e Gestão Ambiental, Pintér L., Hardi, P. and Bartelmus P. Sustainable Development Indicators Proposals for a Way Forward. Discussion Paper Prepared under a Consulting Agreement on behalf of the UN Division for Sustainable Development. International Institute for Sustainable Development. New York, December, página 4 / 5

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