PERÍODO : UMA ANÁLISE DO MERCADO DE TRABALHO DE OSASCO

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1 PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE OSASCO SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO, TRABALHO E INCLUSÃO (SDTI) DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS (DIEESE) PROGRAMA OSASCO DIGITAL OBSERVATÓRIO DO TRABALHO DE OSASCO E REGIÃO RELATÓRIO TEMÁTICO PERÍODO : UMA ANÁLISE DO MERCADO DE TRABALHO DE OSASCO OUTUBRO DE 2010

2 EXPEDIENTE DA SECRETARIA DO DESENVOLVIMENTO, TRABALHO E INCLUSÃO DA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE OSASCO Prefeito: Emídio Pereira de Souza Vice-Prefeito Dr. Faisal Cury Secretária: Dulce Helena Cazzuni Secretário Adjunto: Luis Mansur Szajubok

3 EXPEDIENTE DO DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS - DIEESE Direção Técnica Clemente Ganz Lúcio Diretor Técnico Ademir Figueiredo Coordenador de Estudos e Desenvolvimento José Silvestre Prado de Oliveira Coordenador de Relações Sindicais Francisco José Couceiro de Oliveira Coordenador de Pesquisas Nelson de Chueri Karam Coordenador de Educação Rosana de Freitas Coordenadora Administrativa e Financeira Equipe Responsável pelo Projeto Ademir Figueiredo Coordenador de Estudos e Desenvolvimento Angela Maria Schwengber Supervisor dos Observatórios do Trabalho Alexandre Guerra - Técnico Marcos Aurélio Souza Técnico Ronnie Aldrin Silva - Técnico Equipe Executora DIEESE DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos Rua Ministro Godói, 310 Parque da Água Branca São Paulo SP CEP Fone: (11) Fax: (11) en@dieese.org.br

4 SUMÁRIO I APRESENTAÇÃO E ASPECTOS METODOLÓGICOS 5 I I COMPORTAMENTO DO MERCADO DE TRABALHO EM OSASCO 6 III CARACTERÍSTICAS SETORIAIS DO EMPREGO FORMAL EM OSASCO 9 IV O PERFIL DOS TRABALHADORES FORMAIS EM OSASCO 12 4

5 1. APRESENTAÇÃO E ASPECTOS METODOLÓGICOS O presente texto tem o objetivo de apresentar o comportamento do mercado de trabalho em Osasco, buscando mostrar a evolução dos principais indicadores sobre o tema, tais como, taxa de participação, taxa de ocupação, taxa de desemprego, informalidade, mudanças setoriais e no perfil dos trabalhadores, entre outros. No entanto, é importante mencionar a escassez de bases de informações municipais no Brasil que possibilitem investigações mais profundas, ou melhor, amostras que permitam determinadas desagregações ou olhares territoriais para além do município. Levando essas limitações em conta, para se chegar ao seu objetivo, essa investigação se utilizou de diferentes fontes de informação. Em primeiro lugar, para abordar o comportamento da população, PIA, PEA, inativos, ocupados, desempregados e trabalhadores informais se utilizou as informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) realizada pelo Dieese & Fundação Seade. A PED é uma pesquisa amostral realizada a partir de entrevistas nos domicílios de residência da população, o que pode incluir em seus resultados, além dos aspectos dos trabalhadores de Osasco, também características de trabalhadores que residem na cidade e trabalham em outros municípios. Em segundo lugar, para analisar o comportamento do mercado de trabalho formal no que se refere ao perfil dos estabelecimentos e trabalhadores se utilizou os dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) elaborados pelo convênio Ministério do Trabalho e Emprego/Codefat e disponibilizados pela Datamec/SP. A RAIS é construída com base em relatórios anuais que todos os estabelecimentos estão obrigados por lei enviar ao Ministério do Trabalho e Emprego, com informações sobre a movimentação e o perfil de seus empregados. Vale, finalmente, lembrar a base diz respeito apenas aos empregados do setor formal de estabelecimentos com planta em Osasco. 5

6 2. O Comportamento do Mercado de Trabalho em Osasco Ao observar a evolução os principais indicadores de demográficos e de mercado de trabalho de Osasco no período recente, é possível notar a partir das informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) realizada pelo Dieese & Fundação Seade, algumas mudanças e ganho de certo dinamismo entre 2004 e A taxa de participação, indicador que aponta a relação entre População em Idade Ativa (PIA) e a população, sofreram baixa variação no período, passando de 83,3% para 84,9% entre 2004 e Em termos quantitativos, significa dizer que o município possuía em 2008 uma população e PIA correspondente a 715 mil e 608 mil pessoas, respectivamente. Outro indicador importante para avaliar a evolução da ocupação em Osasco é a taxa de ocupação, pois mede a relação entre os ocupados e a População Economicamente Ativa (PEA). Ao longo do período abordado, a taxa de ocupação dos residentes de Osasco subiu de 81,8% para 87,2%, o que indica expansão das ocupações que passaram de 294 mil para 344 mil. A elevação da ocupação em maior ritmo que o crescimento da PEA, fizeram com que as taxas de desemprego aberto diminuíssem de 12,3% para 8,7%, entre 2004 e Sendo assim, a cidade chega a ter 34 mil trabalhadores desempregados em Tabela 1 Indicadores demográficos e de mercado de trabalho 2004 e 2008 Indicadores básicos População PIA PEA Ocupados Desempregados Desempregado Aberto Desempregados com trabalho precário Desempregado por desalento Inativos Menor de 10 anos Taxa de desemprego Aberto (%) 12,3 8,7 Taxa de participação (PEA/PIA) (%) 62,9 64,9 Taxa de ocupação (Ocupados/PEA) (%) 81,8 87,2 Fonte: PED/DIEESE & Fundação SEADE 6

7 Gráfico 1 -Participação dos ocupados na PEA, Osasco /2008 (%) 88,0 87,0 86,0 85,0 84,0 83,0 82,0 81,0 80,0 79,0 81,8 87, Fonte: PED/DIEESE & Fundação SEADE Fonte: PED/DIEESE & Fundação SEADE Desagregando ainda mais os dados PED para entender melhor o comportamento das ocupações dos trabalhadores que residem em Osasco, verifica-se sinais de elevação do peso dos empregos com carteira de trabalho assinada, em detrimento de redução da informalidade. Entre 2004 e 2008, a participação dos empregos formais em relação ao total de ocupados passou de 57,9% para 64%. Esta elevação foi causada principalmente pelo peso dos assalariados com carteira do setor privado (crescimento de 43,4% para 52,2%), uma vez, que o peso dos 7

8 assalariados do setor público (passou de 8% para 7,6%) e empregadores (passou de 3,7% para 3,1%) tiveram poucas variações no período analisado. Os trabalhadores informais residentes em Osasco viram sua participação em relação aos ocupados diminuir de 37,5% para 32,5%, entre 2004 e As principais situações ocupacionais responsáveis pela redução da informalidade foram os assalariados sem carteira do setor privado (reduziram seu peso de 15,6% para 12,4%) e trabalhadores domésticos mensalistas (6,5% para 4,2%). Participação dos trabalhadores com carteria no total de ocupados (em %) ,4 52, Fonte: PED/DIEESE & Fundação SEADE Tabela 2 Distribuição dos trabalhadores formais e informais de Osasco 2004 e 2008 Osasco Posição na Ocupação N % N % Trabalhadores Formais , ,0 Trabalhadores Informais , ,5 Empregador , ,1 Outros , ,4 Total , ,0 Fonte: PED/DIEESE & Fundação SEADE 8

9 Tabela 3 Distribuição dos trabalhadores de Osasco por posição na ocupação 2004 e 2008 Osasco Posição na Ocupação N % N % Assalariado do Setor Público , ,6 Assalariado privado com carteira de trabalho , ,2 Assalariado privado sem carteira de trabalho , ,5 Autônomo para Empresas , ,3 Autônomo para o Público , ,9 Empregado Doméstico Diarista , ,1 Empregado Doméstico Mensalista , ,2 Empregador , ,1 Trabalhador Familiar , ,7 Outras Posições na Ocupação , ,4 Total , ,0 Fonte: PED/DIEESE & Fundação SEADE 3. Características setoriais do emprego formal em Osasco Pode-se dizer que muitas vezes, as regiões metropolitanas seguem a dinâmica econômica da metrópole as quais estão vinculadas. O município de Osasco vem passando nos últimos anos por mudanças em sua atividade econômica. Estas transformações estão marcadas basicamente por uma elevação da participação do setor de serviços e comércio em detrimento de uma redução do peso do setor industrial. Como vimos o emprego formal da cidade vem ganhando certo dinamismo, no entanto, esta evolução do emprego não ocorreu da mesma forma em todos os setores econômicos. Nas duas últimas décadas, as informações elaboradas pela equipe do Observatório de Osasco e Região apontam elevação do peso do emprego dos setores de comércio e serviços em detrimento de redução da participação da indústria. Ao analisar os dados da RAIS/MTE para o período de 2004 e 2008, nota-se grande participação do emprego dos setores de comércio e serviços e tímida redução da participação dos empregos industriais. A redução dos empregos industriais foi de 24,9% para 22,4% da totalidade de empregos formais. Entre os que ganharam participação em igual período, destaca-se o setor de comércio que obteve uma elevação de sua participação no emprego formal da cidade de 22,2% para 23,6%. 9

10 O setor de construção civil também mostrou considerável dinamismo, aumentando seu peso de 1,6% para 2,9%. O setor de serviço, apesar de se manter estável no período, é o que possui maior peso, representando mais da metade dos postos de trabalho de Osasco. As mudanças no modelo econômico brasileiro ocorridas a partir de 1990 levaram com que a Região Metropolitana de São Paulo se tornasse o principal centro terciário do país, concentrando atividades ligadas ao setor bancário, tecnologias da informação e gestão dos negócios empresariais e financeiros. Além disso, outras hipóteses podem contribuir para discussão sobre a redução da participação da mão-de-obra assalariada industrial em Osasco nas últimas décadas, entre elas, a reestruturação produtiva e organizacional ocorrida nas grandes empresas como resposta à concorrência típica do capitalismo. Na busca de maior produtividade e de redução de custos operacionais, foram efetivadas mudanças de grande impacto, tais como a incorporação da informática e da robótica ao processo de produção, aumentando a eficiência e o controle dos produtos; reorganização do processo produtivo, visando maior flexibilidade e ajuste da produção às vendas; reformulação da gestão da mão-de-obra, com redução do quadro funcional e simplificação das hierarquias; terceirização de atividades de suporte e focalização da empresa em atividades essenciais (PRONI, 1997). Tabela 4 Distribuição dos Trabalhadores de Osasco por Setor de Atividade Econômica 2004 e 2008 Setor de Atividade Nº de Trabalhadores % Indústria ,9 22,4 Construção Civil ,6 2,9 Comércio ,2 23,6 Serviços ,1 51,1 Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca ,2 0,0 Outros/Ignorado 0 0 0,0 0,0 TOTAL ,0 100,0 Fonte: RAIS/MTE 10

11 Ao analisar a distribuição do emprego em 2008, destacam-se do ponto de vista absoluto e relativo os seguintes sub-setores: comércio varejista (16,7%), administração pública (11,2%), transporte e comunicação (9%) e instituições financeiras (8,9%). Tabela 5 Distribuição dos Trabalhadores de Osasco por sub-setor 2004 e 2008 Nº de Subsetor de Atividade Trabalhadores % EXTR MINERAL ,0 0 MIN NAO MET ,1 0,2 IND METALURG ,1 2,6 IND MECANICA ,1 1,0 ELET E COMUN ,6 2,0 MAT TRANSP ,6 2,3 MAD E MOBIL ,5 0,3 PAPEL E GRAF ,8 1,8 BOR FUM COUR ,3 1,0 IND QUIMICA ,5 2,6 IND TEXTIL ,4 1,8 IND CALCADOS ,0 0,1 ALIM E BEB ,3 6,3 SER UTIL PUB ,4 0,5 CONSTR CIVIL ,6 2,9 COM VAREJ ,6 16,7 COM ATACAD ,6 6,9 INST FINANC ,0 8,9 ADM TEC PROF ,2 9,1 TRAN E COMUN ,9 9,0 ALOJ COMUNIC ,7 8,1 MED ODON VET ,8 1,5 ENSINO ,4 3,2 ADM PUBLICA ,2 11,2 AGRICULTURA ,2 0,0 OUTR/IGN 0 0 0,0 0,0 TOTAL ,0 100,0 Fonte: RAIS/MTE Entre 2004 e 2008, as micro-empresas se mantiveram praticamente estáveis diminuindo sua participação de 20,8% para 20,2%, e as pequenas empresas elevaram seu peso de 19% para 21,3%. 11

12 Entre os estabelecimentos que perderam participação, destacam-se as médias empresas (redução do peso de 12,9% para 10,5%) e médias-grandes empresas (redução do peso de 10,9% para 9,5%). As grandes empresas elevaram sua participação de 36,3% para 38,4%. Tabela 6 Distribuição dos Trabalhadores de Osasco por Porte do Estabelecimento 2004 e 2008 Porte Estabelecimento Até 19 empregados ,8 20,2 De 20 a 99 empregados ,0 21,3 De 100 a ,9 10,5 De 250 a ,9 9,5 Mais de 500 empregados ,3 38,4 TOTAL ,0 100,0 Fonte: RAIS/MTE 4. O perfil dos trabalhadores formais de Osasco Nas duas últimas décadas, a queda dos rendimentos e o crescimento do desemprego ocorridas na década de noventa, fizeram com que as mulheres se lançassem mais intensamente no mercado de trabalho, visando uma maior complementação da renda familiar. A participação das mulheres no total da mão-de-obra subiu de 38,4% em 2004 para 40,7% em Isto significa dizer que ao longo do tempo os estabelecimentos da cidade vêm abrigando mais trabalho feminino, mostrando mudanças de seletividade. Tabela 7 Distribuição do emprego formal em Osasco por gênero 2004 e 2008 Nº de Trabalhadores % Sexo Masculino ,6 59,3 Feminino ,4 40,7 TOTAL ,0 100,0 Fonte: RAIS/MTE Os dados sobre a distribuição do emprego por faixa etária mostram que em 2004, os estabelecimentos de Osasco apresentavam mão-de-obra bastante jovem. Os tempos recentes apresentam mudanças. 12

13 Enquanto o peso dos trabalhadores com até 29 anos foi reduzido entre 2004 e 2008 (de 38,6% para 37,8%), o peso dos trabalhadores com idade acima de 30 anos, seguiu o caminho inverso (passando de 61,3% para 62,1%). Em suma, o padrão de seletividade do mercado de trabalho de Osasco parece ter se transformado, reduzindo a participação dos trabalhadores mais jovens. Tabela 8 Distribuição do emprego formal em Osasco por faixa etária 2004 e 2008 Nº de Faixa Etária Trabalhadores % Até ,0 1,2 18 A ,5 18,8 25 A ,1 17,8 30 A ,1 29,2 De 40 anos ou mais ,2 32,9 Ignorado 0 1 0,0 0,0 TOTAL ,0 100,0 Fonte: RAIS/MTE Os dados sobre grau de instrução da mão-de-obra também apontam algumas mudanças. Em 2004, Osasco abrigava uma força de trabalho dotada com índices de instrução formal. Já em 2008, apresenta-se mão-de-obra mais escolarizada. A participação dos trabalhadores com até o ensino fundamental incompleto caiu de 19,3% em 2004 para 14,2% em Ao mesmo tempo, a participação daqueles localizados nas faixas igual ou acima do 2º grau completo subiu de 53,6% para 62,6%. Ou seja, o padrão de seletividade da cidade parece ter mudado, empregando trabalhadores mais escolarizados. 13

14 Tabela 8 Distribuição do emprego formal em Osasco por Grau de Instrução 2004 e 2008 Nº de Grau de Instrução Trabalhadores % Analfabeto ,3 0,3 4ª série incompleta ,5 2,2 4ª série completa ,8 3,9 8ª série incompleta ,7 8,1 8ª série completa ,4 14,2 2º grau incompleto ,4 8,7 2º grau completo ,5 40,9 Superior Incompleto ,8 5,7 Superior Completo ,3 15,6 Mestrado ,0 0,2 Doutorado ,0 0,2 Ignorado 0 0 0,0 0,0 TOTAL ,0 100,0 Fonte: RAIS/MTE 14