PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

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1 Oitava Turma Publicacao: 08/03/2010 Assinado Digitalmente por DENISE ALVES HORTA Relator: DAH Revisor: AMAR RECORRENTES: RECORRIDO: SINDICATO DAS ESCOLAS PARTICULARES DE MINAS GERAIS SINEP INSTITUTO CARROSSEL LTDA. EMENTA: CONTRIBUIÇÃO SINDICAL PATRONAL EMPRESA OPTANTE PELO SIMPLES LEI COMPLEMENTAR 127/2007 VIGÊNCIA. A Lei Complementar 123/2006, ao revogar a Lei 9.317/1996, manteve, entretanto, a teor do seu artigo 53, inciso II, a diretriz antes inserta no artigo 3º, 4º, da legislação ordinária aludida, no que concerne à dispensa das pessoas jurídicas inscritas no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES ao recolhimento das contribuições sociais instituídas pela União. Não obstante, com a vigência da Lei Complementar 127/2007, havida a partir , que, por seu artigo 3º, inciso III, revogou todo o artigo 53 e o respectivo parágrafo único da Lei Complementar 123/2006, inolvidável ter a dispensa retro mencionada sido suprimida. Destarte, do cotejo da legislação destacada, tem-se que as empresas optantes pelo SIMPLES estiveram dispensadas do pagamento da contribuição sindical até 30/6/2007, data limite da vigência do art. 53 da Lei Complementar 123/2006, na forma dos artigos 3º e 4º da Lei Complementar 127/2007. Devida, pois, na hipótese, a parcela. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário, oriundos da 7ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte/MG, em que figuram, como recorrente, SINDICATO DAS ESCOLAS PARTICULARES DE MINAS GERAIS

2 SINEP, e, como recorrido, INSTITUTO CARROSSEL LTDA. RELATÓRIO A Exma. Juíza Juliana Campos Ferro, em exercício na 7ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte/MG, pela r. sentença de f. 82/84, afastou a preliminar de carência de ação por ilegitimidade passiva e a argüição de ausência de pressuposto de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo, para, no mérito, julgar parcialmente procedentes os pedidos iniciais, formulados pelo SINDICATO DAS ESCOLAS PARTICULARES DE MINAS GERAIS SINEP, condenando o réu, INSTITUTO CARROSSEL LTDA. ao pagamento da contribuição sindical patronal referente ao exercício de 2006, com os acréscimos a que se refere o caput do artigo 600 da CLT, consoante dispositivo de f. 84/85. Embargos declaratórios aviados pelo sindicato autor às f. 86/87, julgados improcedentes às f. 89/90. Irresignado, o sindicato demandante interpõe o recurso ordinário de f. 91/98. Pugna pela revisão da sentença quanto ao indeferimento do seu pedido de condenação do réu ao pagamento da contribuição sindical referente aos exercícios de 2007 e de Apesar de intimado da interposição do recurso ordinário (f. 101), o demandado quedou-se silente. É o relatório. VOTO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Satisfeitos os pressupostos legais de admissibilidade, conheço do recurso ordinário manejado pelo sindicato autor. JUÍZO DE MÉRITO

3 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL PATRONAL EMPRESA OPTANTE PELO SIMPLES DISPENSA Na origem, a magistrada sentenciante, entendendo pela dispensa das empresas optantes pelo simples do recolhimento da contribuição sindical, a teor da diretriz ofertada pela IN da SRF nº 355, indeferiu a pretensão autoral de que fosse o reclamado condenado ao pagamento da contribuição sindical referente aos exercícios de 2007 e de 2008, limitando o provimento à contribuição relativa ao exercício de 2006 (f. 84). Contra referida decisão insurge-se o sindicato autor, às f. 92/98. Pois bem. No caso, a controvérsia apresentada à aferição cinge-se à obrigatoriedade ou não de as empresas optantes pelo SIMPLES Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte efetuarem o recolhimento das contribuições sindicais. Registre-se que o demandado cuidou de coligir aos autos o comprovante de sua opção pelo SIMPLES NACIONAL, confirmada a partir de (f. 67). Releve-se, ainda, o fato de que o regime tributário instituído pela Lei 9.317/96, denominado SIMPLES, autorizou que as empresas nele inseridas efetuassem o recolhimento dos tributos de forma mensal e unificada, implicando em significativa redução da carga tributária, além da simplificação na apuração. Nessa senda, a Receita Federal, interpretando a lei em comento, entendeu corretamente pela inserção, no tributo unificado pago pelas empresas inscritas no SIMPLES, da contribuição sindical patronal, conforme se verifica do parágrafo 8º, do artigo 5º, da Instrução Normativa nº 608/2006, tornando indevida, pois, a cobrança pretendida pelo sindicato, relativa à empresa reclamada. Confirase: Instrução Normativa SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006

4 Art. 5º - A pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou de empresa de pequeno porte, na forma do art. 2º e que não se enquadre nas vedações do art. 20, poderá optar pela inscrição no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples). 8º A inscrição no Simples dispensa a pessoa jurídica do pagamento das demais contribuições instituídas pela União, inclusive as destinadas ao Serviço Social do Comércio (Sesc), ao Serviço Social da Indústria (Sesi), ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e seus congêneres, bem assim as relativas ao salário-educação e à contribuição sindical patronal. Assentado isso, não se pode olvidar de que, através dos anos, a legislação pertinente à matéria sofreu diversas alterações. Inicialmente, pontue-se ter a Lei 9.317/1996, ao regulamentar o regime tributário das microempresas e empresas de pequeno porte, assinalado, a respeito das contribuições, o seguinte: Art. 3º A pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e de empresa de pequeno porte, na forma do art. 2º, poderá optar pela inscrição no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES. 4º A inscrição no SIMPLES dispensa a pessoa jurídica do pagamento das demais contribuições instituídas pela União. Em seguida, regulamentando a contribuição sindical patronal, a Lei Complementar 123/2006 revogou a Lei 9.317/1996.

5 Acrescente-se que, consoante disposto no artigo 53 caput e inciso II, da Lei Complementar 123/2006: Além do disposto nos arts. 51 e 52 desta Lei Complementar, no que se refere às obrigações previdenciárias e trabalhistas, ao empresário com receita bruta anual no ano-calendário anterior de até R$ ,00 (trinta e seis mil reais) é concedido, ainda, o seguinte tratamento especial, até o dia 31 de dezembro do segundo ano subseqüente ao de sua formalização (...) dispensa do pagamento das contribuições sindicais de que trata a Seção I do Capítulo III do Título V da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n o 5.452, de 1 o de maio de Desse modo, tem-se que as microempresas integrantes do SIMPLES estavam dispensadas do pagamento da contribuição sindical patronal, pelo comando da Lei 9.613/1996, bem assim pela diretriz ofertada pelo artigo 53, inciso II, da Lei Complementar 123/2006, retro destacado. A par disso, ressalte-se, entretanto, que, a partir de , entrou em vigor a Lei Complementar 127/2007 que, a seu turno, a teor do disposto nos artigos 3º, III, e 4º, revogou todo o art. 53 e o respectivo parágrafo único, da Lei Complementar 123/2006, a saber: Art. 3º Ficam revogados os seguintes dispositivos da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006: III - art. 53 e seu parágrafo único. Art. 4º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de julho de 2007, ressalvado o seu art. 2º, que entra em vigor em 1º de janeiro de Destarte, afigura-se inolvidável que, até , data limite da vigência do art. 53 da Lei Complementar 123/2006, na forma dos retro citados artigos 3º e 4º da Lei Complementar 127/2007, as empresas optantes pelo SIMPLES estavam dispensadas do pagamento da contribuição sindical. Lado outro, com entrada em vigor da Lei Complementar 127/2007, havida em , cujos efeitos retroagiram a , referida dispensa foi

6 suprimida. Nesse sentido, cita-se o seguinte aresto do TST: CONTRIBUIÇÃO SINDICAL PATRONAL. EMPRESA OPTANTE PELO SIMPLES. O art. 53, inc. II, da Lei Complementar 123/2006, dispunha que as pessoas jurídicas integrantes do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES) estavam dispensadas do pagamento da contribuição sindical patronal. Referido dispositivo foi revogado pela Lei Complementar 127/2007, que entrou em vigor em 1/1/2008 e gerou efeitos a partir de 1/7/2007. Dessarte, até 30/6/2007 as empresas optantes pelo SIMPLES estavam dispensadas do pagamento da contribuição sindical patronal. Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento. (Processo: RR / Data de Julgamento: 19/08/2009, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 28/08/2009). Diante do contexto apresentado à análise, considerando que a condenação pretendida pelo sindicato patronal refere-se às contribuições sindicais anuais devidas em janeiro/2007 e janeiro/2008, nos exatos moldes do artigo 587 da CLT; que o réu somente fez a opção pelo SIMPLES em , a teor do documento de f. 67; e, por fim, que apenas até as empresas optantes estavam dispensadas do pagamento da contribuição sindical, afigura-se necessário pequeno reparo na decisão proferida em primeiro grau, a fim de se condenar o demandado ao pagamento das parcelas perseguidas pelo sindicato autor, mantidos os demais parâmetros da sentença. Isso posto, dou provimento ao apelo. CONCLUSÃO

7 Conheço do recurso ordinário. No mérito, dou-lhe provimento para condenar réu ao pagamento da contribuição sindical patronal referente aos exercícios de 2007 e de 2008, mantidos os demais parâmetros fixados na origem. Acresço à condenação o valor de R$1.000,00 (mil reais), com custas adicionais, pelo demandado, no importe de R$20,00 (vinte reais). FUNDAMENTOS PELOS QUAIS, O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, pela sua Oitava Turma, preliminarmente, à unanimidade, conheceu do recurso ordinário; no mérito, sem divergência, deu-lhe provimento para condenar o réu ao pagamento da contribuição sindical patronal referente aos exercícios de 2007 e de 2008, mantidos os demais parâmetros fixados na origem; acresceu à condenação o valor de R$1.000,00(mil reais), com custas adicionais, pelo demandado, no importe de R$20,00(vinte reais). Belo Horizonte, 24 de fevereiro de DENISE ALVES HORTA Desembargadora Relatora DAH/rlgl