Acórdão Inteiro Teor ORIGEM Tipo: RR Número: Ano: 1998 PROC. Nº TST-RR / A C Ó R D Ã O 5ª TURMA

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1 Acórdão Inteiro Teor ORIGEM Tipo: RR Número: Ano: 1998 PROC. Nº TST-RR / A C Ó R D Ã O 5ª TURMA RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA. A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX, e 8º,V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie,obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados. (Precedente Normativo nº 119 da SDC). Recurso de Revista não conhecido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista nºtst-rr /1998.4, em que é Recorrente SINDICATO DOS PUBLICITÁRIOS,DOS AGENCIADORES DE PROPAGANDA E DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DE PROPAGANDA DO ESTADO DE SÃO PAULO e Recorrida SUPAR PROPAGANDA LTDA. O egrégio TRT da 2ª Região, mediante o acórdão de fls. 167/171, analisando o Recurso Ordinário do Sindicato- Reclamante, concluiu que sendo a contribuição confederativa instituída por manifestação de vontade de pessoa jurídica de direito privado, sem qualquer vinculação do Estado na sua fixação, o qual detém a competência tributária, inadmíssivel seja classificada como tributo, não podendo ser imposta a todos os empregados indiscriminadamente, sob o fundamento assim sintetizado em sua ementa: CONTRIBUIÇÃO CONFERATIVA. Vedada a imposição indiscriminada a todos os empregados da categoria, face à sua natureza não tributária. Recorre de Revista o Sindicato-Reclamante, amparado no art. 896 da CLT, defendendo a possibilidade de imposição da cobrança da contribuição confederativa à todos os integrantes da categoria profissional, nos termos do art. 8º, inciso IV da CF, que entende violado. Aponta também ofensa aos arts. 511, 513, c, e 617, 2º da CLT, 5º, incisos I e XXXVI, e 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal, bem como colaciona arestos para demonstrar o conflito de teses. Despacho de admissibilidade à fl Contra-razões às fls. 190/201. Os autos não foram remetidos à douta Procuradoria-Geral do Trabalho. É o relatório. V O T O Satisfeitos os pressupostos comuns de admissibilidade, examino os específicos do Recurso de Revista. 1. CONHECIMENTO CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA. O v. acórdão entendeu que a contribuição confederativa não pode ser descontada de toda a categoria profissional, como requer o Sindicato-Autor, porque instituída por manifestação de vontade de pessoa jurídica de direito privado, sem qualquer vinculação do Estado na sua fixação, o qual detém a competência tributária, não podendo ser clas-

2 sificada como tributo. Nas razões da Revista, o Sindicato-Autor defende a possibilidade de tal desconto, nos termos do art. 8º, inciso IV, da CF. Aponta também ofensa aos arts. 511, 513, c, e 617, 2º da CLT, 5º, incisos I e XXXVI, e 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal, bem como colaciona arestos para demonstrar o conflito de teses. O apelo não merece prosperar. Esta Colenda Corte entende que não há como estender a exigência da contribuição confederativa aos empregados da categoria, não sindicalizados, porque, conquanto autorizada por assembléia geral, a cobrança seria ofensiva ao princípio da liberdade de associação e de sindicalização insculpidos nos arts. 5º, inciso XX, e 8º, inciso V, da Constituição Federal. Isso porque, diferentemente da contribuição sindical que tem origem legal e natureza tributária determinadas pela Carta Magna (art. 149), e, portanto, reveste-se de compulsoriedade, a contribuição confederativa não é tributo, pois é instituída pela assembléia geral da entidade sindical (art. 8º, IV, da Constituição da República) e deve ser cobrada tão-somente dos filiados do sindicato. Nesse sentido, o Precedente Normativo nº 119 (com nova redação dada pela C. SDC, mediante a Resolução nº 82, de 20/08/98), nos seguintes termos: A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º,V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados." Também a c. SBDI-1 deste TST tem entendido que a contribuição confederativa não pode alcançar os empregados não sindicalizados: (...) CONTRIBUIÇÕES ASSISTENCIAIS E CONFEDERATIVAS. Fere o direito à plena liberdade de associação e de sindicalização cláusula constante de Acordo, Convenção Coletiva ou Sentença Normativa, fixando contribuição a ser descontada dos salários dos trabalhadores não filiados a sindicato profissional, sob a denominação de taxa assistencial ou para custeio confederativo. A Carta Constitucional, nos arts. 5º, XX e 8º,V, assegura ao trabalhador o direito de livre associação e sindicalização. (ERR /97, Relator Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, DJ 14/09/2001) Por fim, cumpre mencionar recente julgado do Excelso STF sobre a matéria, no mesmo sentido da jurisprudência deste Tribunal: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÃO FIXADA EM ASSEMBLÉIA GERAL. COMPUL- SORIEDADE. ASSOCIADOS. Firmou-se o entendimento, nesta Corte, de que a compulsoriedade da contribuição confederativa, instituída por assembléia-geral de sindicato, circunscreve-se apenas aos associados. Agravo regimental a que se nega provimento. (AGRAG /MA,Relator Min. Maurício Corrêa, DJ 02/02/2002) Assim, nego provimento ao Recurso. Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a iterativa,notória e atual jurisprudência desta Corte, restam superadas as teses divergentes colacionadas, nos termos do Enunciado nº 333 do TST, bem como,diante da fundamentação supra, inocorrentes as ofensas a textos legais e constitucionais invocadas no Recurso. NÃO CONHEÇO.

3 ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho em, à unanimidade, não conhecer do Recurso de Revista. Brasília, 18 de setembro de JUIZ CONVOCADO WALMIR OLIVEIRA DA COSTA Relator

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