RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA

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1 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA Data limite para o envio da Síntese do Relatório de Impactos: 31/01/2013 Data limite para o relatório completo: 04/03/2013 Nome da tecnologia: Otimização da Videira na Zona da Mata de Pernambuco. Ano de avaliação da tecnologia: 2012 Unidade: Embrapa Solos Equipe de Avaliação: Cláudia Regina Delaia Machado, Igor Rosa Dias de Jesus, Julio Roberto Pinto Ferreira da Costa, Veramilles Aparecida Faé e Selma Cavalcante Cruz de Holanda Tavares. Rio de Janeiro, março de

2 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA 1. - IDENTIFICAÇÃO DA TECNOLOGIA 1.1. Nome/Título Otimização da Videira na Zona da Mata de Pernambuco 1.2. Objetivo Estratégico PDE/PDU Objetivo Estratégico PDE/PDU x Competitividade e Sustentabilidade do Agronegócio Inclusão da Agricultura Familiar Segurança Alimentar Nutrição e Saúde Sustentabilidade dos Biomas Avanço do Conhecimento Não se aplica 1.2. Descrição Sucinta A tecnologia de otimização da videira consiste em um conjunto de técnicas que incluem monitoramento fitossanitário, manejo adequado do solo, melhoria de técnicas de poda e gerenciamento adequado do calendário de cultivo. Estas técnicas, quando utilizadas em conjunto e aliadas a práticas conservacionistas, caracterizam um novo sistema de produção, pois otimizam o cultivo da videira e aumentam de forma expressiva a quantidade de uva produzida, bem como a qualidade dos frutos, atendendo às exigências crescentes do mercado consumidor. Esta tecnologia se apresenta no município de São Vicente Férrer como uma alternativa ao cultivo da banana, que possui um potencial de geração de renda muito menor do que a uva. É também uma alternativa ao próprio cultivo da uva sem este sistema de produção otimizado, pois aumenta a produtividade e a renda gerada no cultivo. Durante este ciclo de avaliação, a tecnologia de otimização da videira tem seus impactos avaliados sempre tendo como referência a situação anterior, isto é, quando o cultivo da uva se dava sem esse conjunto de técnicas e sem assistência técnica da Embrapa. A viticultura na Zona da Mata do Estado de Pernambuco é praticada há cerca de 40 anos. Essa atividade tem proporcionado divisas aos municípios São Vicente Férrer e Macaparana, com impacto social e econômico no meio rural, por ser uma alternativa viável para a pequena agricultura da região. No entanto, no passado, a falta de tecnologias apropriadas ocasionava às famílias agricultoras um baixo rendimento, impactos negativos no ambiente, baixa qualidade de vida, êxodo rural e insegurança alimentar. Os viticultores possuíam ofertas irregulares do produto (uva), problemas fitossanitários que acarretavam o uso frequente de agrotóxico e elevação do custo de produção. A produtividade estava em média 12/ton/ha/ano, consideravelmente abaixo do esperado pela cultura. Foi percebida, então, a necessidade de uma tecnologia que impulsionasse a produtividade do cultivo, trazendo a reboque o desenvolvimento da região. Para tanto, a Embrapa buscou, considerando a prospecção de diferentes áreas do conhecimento, a criação de inovações técnicas que dessem suporte ao incremento do agronegócio da uva no 2

3 município, o que resultou nesta tecnologia de Otimização da Videira, que é fruto desta avaliação. A experiência foi iniciada em 2004, constituindo-se de um trabalho com visão sistêmica e participativa, onde a comunidade foi atuante no processo de execução. Todas as inovações foram aplicadas e ajustadas em áreas de viticultores dentro de suas realidades e condições locais (agricultura em relevos acidentados, denominada de viticultura de montanha), e suas limitações econômicas e culturais. O monitoramento fitossanitário realizado pelo próprio viticultor, com assistência técnica da Embrapa Solos, diminuiu consideravelmente o uso de agrotóxicos, e foram minimizados os impactos negativos ao ambiente, reduzindo-se de 20 para até 7 aplicações por ciclo produtivo, ocasionando redução do custo de produção, com oferta de um produto mais saudável. O projeto tem resultado em inovações tecnológicas, sustentabilidade, apropriação de novos conhecimentos e aumento na eficiência da produção de uva nos agroecossistemas da Zona da Mata do Nordeste do Brasil. Somam-se a esses resultados, um incremento de renda na região, a geração de 700 empregos, uma maior organização da família agricultora com melhoria na qualidade de vida e a estabilização da oferta do produto na região, favorecendo o preço final do produto no mercado consumidor Ano de Lançamento: Ano de Início de adoção: Abrangência Selecione os Estados onde a tecnologia selecionada está sendo adotada: Nordeste Norte Centro Oeste Sudeste Sul AL AC DF ES PR BA AM GO MG RS CE AP MS RJ SC MA PA MT SP PB RO PE X RR PI TO RN SE 1.7. Beneficiários Os principais beneficiários são os pequenos produtores da região da Zona da Mata de Pernambuco nos municípios de São Vicente Férrer e Macaparana e seus entornos, que estão usando tecnologias adequadas para a sua produção de uva através do manejo integrado, reduzindo o uso de produtos fitossanitários, restringindo a possibilidade de contaminações ambientais e a permanência de resíduos, incrementando assim a segurança alimentar. E o consumidor da uva terá um produto mais saudável, um equilíbrio na oferta do produto, mantendo uma estabilidade no preço final. 3

4 2. - IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS NA CADEIA PRODUTIVA A cadeia produtiva da uva na região pode ser entendida através de um fluxo: Recursos Produção Processamento Distribuição e Venda. A parte na qual esta tecnologia atua é o item Produção. Dessa forma, os impactos na cadeia produtiva podem ser para trás, isto é, em relação aos insumos, ou para frente, ou seja, em relação ao processamento e à distribuição e venda. No que concerne aos recursos para produção, os mesmos consistem em solo e água para plantio, mudas e agroquímicos. O uso de agroquímicos foi reduzido através das técnicas de otimização. No entanto, como a localidade representa apenas um pequeno nicho de mercado dos grandes produtores de fertilizantes e defensivos agrícolas, o impacto para estes produtores de insumos é baixo. Quanto às mudas para plantio, as mesmas sofrem pouca variação de quantidade demandada em virtude da adoção da tecnologia, de forma que o aumento de produtividade se dá, basicamente, pelas técnicas de manejo dos parreirais. O grande impacto para trás na cadeia produtiva pode ser percebido em relação ao valor do terreno. Por causa do grande aumento de produtividade, somada às condições macroeconômicas que favorecem o aumento dos preços dos terrenos, o valor médio do hectare na região quadruplicou nos últimos dois anos. No que diz respeito aos impactos para frente, começa se estruturar na região, ainda que de forma tímida, uma atividade agroindustrial em torno dos produtos derivados da uva. Além da venda in natura, o município tem produzido polpa de uva e sucos engarrafados. Em médio prazo, espera-se que tenha início a produção de vinho, mobilizando ainda mais o setor agroindustrial de processamento de uva da região. Os impactos em relação à distribuição se dão a partir do momento da estruturação e do fortalecimento da Cooperativa para o Desenvolvimento Sustentável de São Vicente Férrer (CODESF). Esta cooperativa dota a comunidade de um maior poder de barganha no estabelecimento de preços e permite a venda direta a supermercados da região. Atualmente, há uma parceria com o supermercado BomPreço, que compra a uva diretamente da cooperativa. A quantidade de intermediários, no entanto, aumentou. Dado que a quantidade produzida passou a ser maior, os atravessadores da região visitam as propriedades do município com mais frequência, no intuito de atender a demanda por uva dos supermercados e feiras da região, que geralmente absorvem toda a produção que não é vendida aos supermercados de forma direta ou aos programas de aquisição de alimentos do Governo Federal. Por fim, pode-se dizer que a uva da região é percebida de forma bastante positiva pelo mercado, por causa de suas características estéticas e de sabor, e também pela estabilidade dos preços advinda da adoção da tecnologia. 4

5 3. - AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ECONÔMICOS 3.1- Avaliação dos Impactos Econômicos Se aplica: sim (X) não ( ) Tipo de Impacto: Incremento de Produtividade Tabela Aa - Ganhos Líquidos Unitários Unidade de Rendimento Rendiment Ano Medida - Anterior/UM o Atual/UM UM (A)ton/há (B)ton/há Preço Unitário R$/UM ton Ganho Unitário R$/UM Custo Adicional R$/UM (D) , , , , , , , , , , , , , , ton/há , ,00 Tabela Ba - Benefícios Econômicos na Região Ano Participação da Embrapa % (F) Ganho Líquido Embrapa R$/UM G=(ExF) Área de Adoção: Unidade de Medida-UM Área de Adoção: QuantxUM (H)há Benefício Econômico I=(GxH) % 1.400, , % 8.550, , % , , % , , % , , % , , % , , % ,00 há ,00 Tipo de Impacto: Redução de Custos Tabela Ab- Ganhos Unitários de Redução de Custos Ano Unidade de Economia Custos Anterior - Custo Atual Medida - Obtida R$/UM (A)há (B) há UM C=(B-A) ,00 600,00 0, ,00 500,00 100, ,00 500,00 300, ,00 600,00 400,00 há ,00 600,00 400, ,00 600,00 400, ,00 600,00 400, ,00 600,00 400,00 5

6 Tabela Bb- Benefícios Econômicos na Região Participaçã Área de Ganho Líquido o da Adoção: Ano Embrapa - R$/kg Embrapa - Unidade de E=(CxD) % (D) Medida - UM Área de Adoção/UM (F)há Benefício Econômico - R$ G=(ExF) % 0, , % 30, , % 150, , % 260, ,00 há % 280, , % 280, , % 280, , % 280, ,00 Tipo de Impacto: Expansão da Produção Tabela Ac - Ganhos Unitários de Renda Renda com Renda com Unidade de Produto Ano Produto Atual - Medida - UM Anterior -R$ R$ (B) (A) Renda Adicional Obtida R$ C=(B-A) /há , , , /há , , , /há , , , /há , , , /há , , , /há , , , /há , , , /há , , ,00 Tabela Bc- Benefícios Econômicos na Região Ganho Líquido Área de Participação Embrapa - Expansão: Ano da Embrapa - R$/UM Unidade de % (D) E=(CxD) Medida - UM Área de Expansão Quant./UM (F) Benefício Econômico - R$ G=(ExF) % 1.000,00 há , % 9.000,00 há , % ,00 há , % ,00 há , % ,00 há , % ,00 há , % ,00 há , % ,00 há ,00 6

7 3.2 - Análise dos Impactos Econômicos A tecnologia otimização da videira apresenta em 2012 uma produtividade de 60 ton/ha/ano de uva resultado de duas safras anuais. A produtividade sem a tecnologia girava em torno 12 a 16 ton/ha, com a colheita de apenas uma safra/ano Este incremento representa um percentual de 20% em relação ao ano de 2011 e em relação ao início da adoção 2005 o percentual fica em 130% de aumento. O ganho unitário por hectare teve um leve alta de R$ 3.000,00 se comparado a 2011 houve forte redução no preço do produto em consequência do aumento da oferta do produto no mercado local. Com a tecnologia da Otimização da Videira o produtor tem em média um ganho unitário de R$ ,00 e os impactos dos benefícios econômicos regionais para uma participação da Embrapa na tecnologia de 70%, para 700 hectares de adoção temos um valor de R$ ,00 de benefícios. Se tais benefícios forem comparados com anos anteriores verifica-se um forte incremento tanto no ganho unitário quanto em benefícios econômicos. Os ganhos unitários em 2006 somavam de R$ ,00 para uma produção média de 26/ton/ha e o benefício econômico regional no primeiro ano de adoção com 10% resultava um valor de R$ R$ ,00, observa-se segundo dados das entrevistas o grande interesse não só na adoção, mas na aquisição de terras para a produção dado que o retorno do investimento já aparece no 2º ano do plantio. Os produtores estão organizados em cooperativas e fazem convênios com o mercado local Bom Preço para a comercialização dos produtos. A redução nos custos por hectare de uva plantado se mantem constante em 40% mensurados em insumos, mão de obra, manejo em plantio e colheita. Com a participação da empresa na tecnologia em 70%, observa-se um benefício econômico de R$ ,00 para 700 hectares plantados. Os ganhos unitários de renda para o produtor adotante da tecnologia variam de R$ ,00 para R$ ,00 sem a tecnologia, gerando um incremento ao produtor de 300% por hectare ao ano, logo os benefícios regionais obtidos com a participação da Embrapa em 70% totalizam R$ ,00. Quanto à mensuração do impacto, agregação de valor da tecnologia da videira, no momento não se aplica ainda não há um diferencial no preço do produto, embora os benefícios diretos e indiretos ao viticultor e ao comércio da região tenham sido evidentes, como, por exemplo, a oportunidade de parcerias com fornecedores e convênios com compradores locais para o fornecimento de uva com o supermercados locais. Outro aspecto que agrega valor à tecnologia da videira é a contribuição para a caracterização dos municípios da Zona da Mata de Pernambuco, principalmente São Vicente Férrer e Macaparana, como uma região de cultivo da uva e de seus derivados. No Levantamento sistemático da Produção Agrícola do IBGE a safra da uva apresenta dados de produção para a região Nordeste 273,832/ton e a região de Pernambuco com /ton em Para o ano de 2012 a safra de uva para o Nordeste é de / ton e o estado de Pernambuco representa 70% da produção da região com uma safra de /ton, considerando que a safra de uva colhida no país em 2012 foi de /ton. 7

8 3.3. Fonte de dados Entrevistas com produtores usuários da tecnologia, dados coletados pela equipe de avaliação com os pesquisadores responsáveis e técnicos extensionistas. As entrevistas foram realizadas no município de São Vicente Férrer, região da Zona da Mata Norte de Pernambuco, com as entrevistas feitas pelo Analista da Embrapa Solos Igor Dias, em novembro de Tabela Número de consultas realizadas por município Produtor Produtor Patronal Municípios Estado Familiar Total Pequeno Médio Grande Comercial São Vicente Férrer Pesquisador/Resp. PE Total

9 4. - AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIAIS Avaliação dos Impactos A Unidade utilizou a metodologia AMBITEC-Social (X) sim ( ) não Tabela - Impactos sociais aspecto emprego Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Capacitação Sim Oportunidade de emprego local qualificado Sim Oferta de emprego e condição do Sim 9-9 trabalhador Qualidade do emprego Sim 9-9 Os impactos sociais relativos ao emprego foram percebidos de forma extremamente positiva pelos agricultores de São Vicente Férrer, atingindo o valor máximo possível em dois dos indicadores levantados: capacitação e emprego local qualificado. Quanto às capacitações, os agricultores ressaltam a forte presença da Embrapa na região, com presença na comunidade que varia de 1 a 2 a vezes ao mês, ensinado aos agricultores as técnicas de manejo que otimizam o cultivo da videira. Muitas dessas atividades realizadas nas Unidades Demonstrativas da Embrapa Solos. São também oferecidos seminários, dias de campo, oficinas etc. que beneficiam viticultores, técnicos, extensionistas, e contam, por vezes, com a participação de alunos de mestrado e doutorado da Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE. Quanto à oportunidades de emprego local qualificado e à oferta de emprego, tem havido uma demanda muito grande por trabalhadores especialistas no manejo otimizado da videira, de forma que essa demanda, isto é, esse aumento de oportunidades no cultivo da uva, pôde ser sentido em todo o entorno de São Vicente Férrer. Pode-se dizer que as oportunidades de emprego têm aumentando em quantidade (oferta de emprego) e em qualidade (oportunidade de emprego local qualificado) No que diz respeito à qualidade do emprego, muitos dos trabalhadores rurais que receberam capacitação atingiram funções mais qualificadas dentro das lavouras, como, p. ex., mestres de podas. Essa maior qualificação igualmente ampliou suas áreas de atuação, possibilitando atividades de consultoria do manejo da videira em outras propriedades, trabalhos na cooperativa (Codesf), e contratos com a prefeitura, sendo que todas essas atividades também estão sendo exercidas em outros municípios, mostrando um resultado abrangente da empregabilidade proporcionada pela capacitação na tecnologia. 9

10 Tabela - Impactos sociais aspecto renda Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Geração de Renda do estabelecimento Sim Diversidade de fonte de renda Sim 7-7 Valor da propriedade Sim Os impactos em relação à renda são percebidos como extremamente positivos pelos agricultores, atingindo-se o valor máximo no que diz respeito à geração de renda do estabelecimento. No que diz respeito à geração de renda, fica evidente, inclusive após visita a comunidade, o bom momento econômico pelo qual passam os viticultores. Conforme pode ser visto em maior profundidade na parte de avaliação dos impactos econômicos deste relatório, a renda gerada pela tecnologia é substancialmente maior do que a renda obtida pelos produtores antes da tecnologia. Segundos os próprios produtores, há pequenos produtores, de base familiar, que conseguem ter boas condições de vida apenas com o cultivo da uva. Em uma fala de um produtor rural, o impacto sobre a geração de renda fica bastante evidenciado em relação a momentos anteriores à aplicação da tecnologia: Hoje em dia, alguns produtores rurais usam moto, outros estão trocando de carro.. No entanto, não é apenas da venda da uva in natura que vivem os viticultores da região. O sucesso obtido com a otimização das técnicas faz com que alguns produtores estejam começando a trabalhar na produção de sucos artesanais e vislumbrando a produção de vinhos locais em um futuro bastante próximo, diversificando suas fontes de renda. No que concerne ao valor da propriedade, os aumentos relatados nos últimos anos, em virtude da tecnologia, são expressivos. Quem tem terra, não vende, disse um dos produtores, no que resume de forma simples e objetiva a valorização imobiliária pela qual a região tem passado. O valor do hectare agrícola no município, segundo alguns produtores, chegou a quadruplicar nos últimos dois anos Tabela - Impactos sociais aspecto saúde Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Saúde ambiental e pessoal Sim Segurança e saúde ocupacional Sim Segurança alimentar Sim 9-9 Os impactos em relação à renda são percebidos como extremamente positivos pelos agricultores, atingindo-se o valor máximo no que diz respeito à segurança e saúde ocupacional dos trabalhadores. Os benefícios em relação à saúde pessoal são evidenciados pela redução no uso de defensivos agrícolas, que são utilizados de forma ordenada e orientada e que, por consequência, tornam o agricultor menos exposto aos agroquímicos utilizados no cultivo. Existe uma consciência, manifestada pelos produtores rurais, de que, em longo prazo, o aumento no uso de defensivos químicos aumenta o custo da mão-de-obra. A segurança e a saúde ocupacional aumentaram muito após a adoção da tecnologia. A conscientização em relação ao uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) por parte de 10

11 produtores e trabalhadores faz com que a imensa maioria dos produtores trabalhe de forma segura. Os equipamentos mais comumente utilizados são óculos, luvas e máscara. O uso destes equipamentos é visto como prioritário pelos produtores, e caba ressalta que a utilização destes EPIs não era amplamente difundida na lavoura antes da adoção desta tecnologia. Quanto à segurança alimentar, os benefícios são sentidos de forma indireta. As pessoas estão comendo mais e melhor como uma decorrência natural do aumento de renda ocorrido na comunidade em virtude da adoção da tecnologia Tabela - Impactos sociais aspecto gestão e administração Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 Tipo 2 (**) Geral (*) Dedicação e perfil do responsável Sim 6-6 Condição de comercialização Sim Reciclagem de resíduos Sim Relacionamento institucional Sim 9-9 Os impactos em relação à gestão e administração são percebidos como positivos, exceto pelo indicador de reciclagem de resíduos. O que ocorre em relação aos resíduos do cultivo da videira é que, por uma orientação técnica, os mesmos não devem ser reaproveitados. Por causa da cochonilha e, especialmente da broca, doenças que atingem os parreirais, a orientação técnica é que os restos da poda sejam queimados, e que não sejam reaproveitados no solo, no que pode ser entendido como uma medida profilática em relação ao desenvolvimento destas pragas. Quanto à dedicação e perfil do responsável, pode-se perceber que a maior parte dos agricultores é engajada tecnicamente com o cultivo da videira, e politicamente com as questões que envolvem a comunidade. Na realização da oficina que forneceu os dados para esta avaliação, ficou evidente a existência de algumas pessoas que possuem perfil de liderança, e que conseguem mobilizar a comunidade, principalmente através da Cooperativa para o Desenvolvimento Sustentável de São Vicente Férrer (CODESF), para a realização de atividades de desenvolvimento da comunidade. A CODESF é, atualmente, a maior ferramenta de relacionamento institucional da comunidade, e que conta com grande apoio da Embrapa Solos, desde sua criação. A CODESF conta com 82 cooperativados, sendo 30 envolvidos com a produção de banana, e 52 com a produção de uva. Dentre aqueles envolvidos com a produção de banana, existem 12 cujas famílias também estão envolvidas com a produção de artesanato. O galpão principal da cooperativa, localizado no alto de um morro com vista privilegiada para todo o município, tem seu início de funcionamento previsto para o mês de março/2013. A existência desta cooperativa impulsiona a melhoria das condições de comercialização. Atualmente, além da quantidade de atravessadores ter aumentado, a CODESF tem buscado canais diretos de revenda de seus produtos, articulando parcerias com o Governo do Estado de Pernambuco e já tendo conseguido incorporar o suco de uva da região à merenda escolar no município. 11

12 4.2.- Análise dos Resultados Tipo 1 Tipo 2 Geral 9,6-9,6 A tecnologia de otimização do cultivo da videira na Zona da Mata de Pernambuco atingiu o resultado de 9,6, o que pode ser considerado um excelente resultado para a avaliação social da tecnologia. Este valor reflete que os impactos são, em sua ampla maioria, positivos no que tange a este aspecto, e que a extensão destes impactos geralmente pode ser sentida em todo o entorno da comunidade. Cabe ressaltar que este impacto de 9,6, apresentou grande aumento em relação ao ano anterior, de 3,17. Este aumento decorre tanto da evolução da tecnologia, quanto da melhoria do processo de avaliação. Neste ano, um dos analistas da Embrapa Solos foi pessoalmente ao município e conversou com os produtores sobre estas melhorias. Em comparação ao ano passado, em que estes questionários foram respondidos sem assistência técnica da equipe de avaliação, pode-se considerar que os resultados deste ciclo de avaliação são mais fidedignos. No que diz respeito ao emprego, pode-se dizer que as oportunidades de emprego têm aumentando em quantidade (oferta de emprego) e em qualidade (oportunidade de emprego local qualificado) e que muitos dos trabalhadores rurais que receberam capacitação atingiram funções mais qualificadas dentro das lavouras, como, p. ex., mestres de podas. Quanto ao aspecto de renda, a tecnologia de otimização do cultivo da videira assegura o sustento da agricultura familiar, pois em um hectare pode-se garantir a renda necessária para a família, com oferta regular do produto (uva) em quantidade e qualidade. As famílias têm, portanto, acesso à segurança alimentar e a um melhor nível de vida. A tecnologia também favorece a absorção de subprodutos de outros cultivos, dentre os quais se destacam os resíduos da fibra de bananeira, que são utilizados como matéria-prima para artesanato, proporcionando ocupação e renda não agrícola principalmente para as mulheres das pequenas propriedades familiares. Torna-se viável o investimento em benfeitorias na propriedade, o início de aplicações em caderneta de poupança e busca de outras fontes de renda, como a criação de gado. As benfeitorias, o manejo conservacionista do solo e a maior infraestrutura elevam o valor da propriedade. A segurança e a saúde ocupacional tiveram um aumento significativo após a adoção da tecnologia. Destacam-se a redução no uso de defensivos agrícolas, que passaram a ser utilizados de forma ordenada e orientada e que, por consequência, tornaram o agricultor menos exposto aos agroquímicos utilizados no cultivo. Outro ponto importante é a conscientização em relação ao uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) por parte de produtores e trabalhadores, o que faz com que a imensa maioria dos produtores trabalhe de forma segura. Quanto aos aspectos de gestão e administração, destaca-se o bom perfil técnico e politico dos produtores, as quais, aliadas a uma capacidade de liderança existente fez com que fosse estruturada a Cooperativa para o Desenvolvimento Sustentável de São Vicente Férrer (CODESF). A CODESF conta com 82 cooperativados, sendo 52 deles envolvidos com a produção de uva, e tem desenvolvido um papel importante ao impulsionar a melhoria das condições de comercialização da uva na região. 12

13 4.3.- Impactos sobre o Emprego Número de empregos gerados ao longo da cadeia: 700 As técnicas de manejo da uva em um cultivo otimizado são bastante específicas, o que demanda uma mão-de-obra especializada para o cultivo. Em entrevistas com os agricultores, obtivemos o dado de que uma propriedade tem, em geral, entre 1 e 10 hectares, tendo seu tamanho médio avaliado em 3 hectares. Considerando uma propriedade de tamanho médio, os agricultores estimam que 3 trabalhadores estejam empregados em cada propriedade (o que nos fornece a proporção de 1 trabalhador / hectare). Considerando-se a área de cultivo otimizado da videira no município de São Vicente Férrer em 700 hectares, e considerando a proporção de 1 trabalhador / hectare, chegamos à estimativa de 700 empregos gerados. Não foi possível estimar o aumento de empregos na cadeia produtiva para trás, isto é, em relação ao fornecimento de insumos de produção, tampouco para frente, isto é, no que concerne às atividades de transporte, distribuição e comercialização. Considerando-se uma população de habitantes no município (IBGE), e considerando ainda que o cultivo da videira tem se consolidado como uma das principais atividades agrícolas do município (em uma localidade que já possui a atividade rural como principal atividade econômica), a quantidade de 700 empregos gerados por esta tecnologia se mostra condizente com o perfil demográfico e econômico do município Fonte de dados Foi realizada uma oficina, em novembro de 2012, com 10 agricultores no município de São Vicente Férrer, agrupados em dois grupos de discussão com 4 e 6 pessoas, respectivamente. Desta forma, foram gerados 2 questionários, um por cada grupo, que contém os pontos de vista dos 10 agricultores. Tabela Número de consultas realizadas por município Produtor Produtor Patronal Municípios Estado Familiar Total Pequeno Médio Grande Comercial São Vicente Férrer PE Total

14 5. - AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS Avaliação dos impactos ambientais A Unidade utilizou a metodologia AMBITEC ( X ) sim ( ) não Alcance da Tecnologia A tecnologia de otimização da videira atualmente está sendo utilizada na Zona da Mata do Estado de Pernambuco, em especial nos municípios de São Vicente Férrer e Macaparana. Há potencial, contudo, para que a tecnologia possa ser disseminada para outros municípios de mesmo perfil edafoclimático Eficiência Tecnológica Tabela Eficiência Tecnológica Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Uso de agroquímicos/insumos químicos e Sim 7,5-7,5 ou materiais Uso de energia Sim -2,5 - -2,5 Uso de recursos naturais Sim 0-0 Quanto à eficiência tecnológica, a tecnologia de otimização da videira apresenta impactos muito positivos no que concerne ao uso de agroquímicos, neutros no que diz respeito ao uso de recursos naturais e negativos no que diz respeito ao uso de energia. A tecnologia de otimização da videira faz com que sejam utilizados menos pesticidas no cultivo. A quantidade diminui principalmente pela adoção do monitoramento fitossanitário, de forma que os mesmos só são utilizados pelo agricultor quando necessário, ou seja, quando são percebidos sintomas de doenças no cultivo. Já com relação ao uso de fertilizantes, os pontos de vista apresentados são bastantes diferentes. Enquanto uns afirmam que estão usando mais adubos químicos, outros alegam não utilizá-los ou apresentam drástica redução recente em seu uso, de cerca de 70%. Pode-se perceber um aumento no uso da energia de biomassa, pois são utilizados restos vegetais de outras culturas para adubação, como banana e urucum. Ainda sobre o consumo de energia, houve aumento também no consumo de energia elétrica, especialmente para os sistemas de irrigação, muito embora alguns agricultores optem pela solução mais sustentável de utilizar irrigação por gravidade. Quanto à utilização de recursos naturais, a utilização da tecnologia demanda uma área de solo maior para o cultivo da videira. Por outro lado, houve recente redução no uso de água para irrigação, em decorrência da utilização de cobertura verde no solo, que preserva a umidade, e, principalmente, da utilização de um sistema de irrigação localizado. Dessa forma, por apresentar simultaneamente crescimento (solo) e redução (água) no uso dos recursos naturais, o mesmo atinge o valor 0. 14

15 Conservação Ambiental Tabela Conservação Ambiental para AMBITEC Agro Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Atmosfera Não X - X Capacidade produtiva do solo Sim Água Não X - X Biodiversidade Sim 1,5-1,5 Tabela Conservação Ambiental para AMBITEC Agroindústria Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Atmosfera Não - Geração de resíduos sólidos Não - Água Não - Tabela Conservação Ambiental para AMBITEC Produção Animal Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Atmosfera Não - Capacidade produtiva do solo Não - Água Não - Biodiversidade Não - Geral Geral Em virtude da natureza da tecnologia, que lida com uma otimização de cultivo, a mesma não apresenta impactos quanto à qualidade do ar, nem quanto à qualidade da água (não se aplicam). Pode-se perceber um forte impacto positivo na qualidade do solo, especialmente em virtude do plantio em curvas de nível e da permanente cobertura do solo com vegetação (cobertura verde), que diminuem a compactação e a erosão nas terras onde é realizado o cultivo. É importante notar que este impacto afeta todo o entorno do município e que este valor, 15, é o impacto mais alto que pode ser atingido. Quanto à biodiversidade, o impacto apresentado pela tecnologia é levemente positivo. Na avaliação de impactos do ano anterior, devido ao sucesso obtido com o cultivo otimizado da videira, percebeu-se que o cultivo avançava em direção às reservas de mata, ocorrendo desmatamento das espécies vegetais nativas. No entanto, neste ano, os agricultores demonstram maior sensibilidade em relação às causas ambientais e não desmatam mais essas áreas. E também não permitem que se matem os pássaros silvestres que chegam por causa das uvas maduras, o que os torna mais abundantes na região, com impacto positivo para a localidade no que se refere à biodiversidade Recuperação Ambiental Tabela Recuperação Ambiental 15

16 Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Recuperação Ambiental Sim 4-4 Geral O índice apresentado para a Recuperação Ambiental é positivo, pois houve uma mudança de pensamento em relação às invasões das matas nativas para o cultivo da videira. Os agricultores não invadem mais essas áreas e passam a preservá-las, o que garante que o ambiente se recupere melhor e mais rápido. Foi reportado também que o cultivo da uva tem se recuperado mais rápido das intempéries climáticas, à medida que se avança no tempo e as técnicas de manejo do solo e monitoramento fitossanitário se tornam mais difundidas. Pode-se dizer, por fim, que a maior contribuição da tecnologia à recuperação ambiental é o fato de a mesma contribuir para a redução da degradação dos solos, através do plantio em curvas de nível, da manutenção de cobertura verde e do uso de técnicas de adubação orgânicas Qualidade do Produto Tabela Qualidade do Produto Indicadores Qualidade do produto Se aplica (Sim/Não) Não Tipo 1 (*) Tipo 2 (*) Geral Capital Social Tabela Capital Social Indicadores Capital Social Se aplica (Sim/Não) Não Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Bem-estar e saúde do animal Tabela Bem-estar e saúde do animal Indicadores Se aplica (Sim/Não) Bem-estar e saúde do animal Não Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral 16

17 5.2.- Índice de Impacto Ambiental Tipo 1 Tipo 2 Geral 4,3-4,3 A tecnologia apresenta um impacto bastante positivo neste ciclo de avaliação. O valor obtido de 4,3 é consideravelmente maior do que o valor obtido na avaliação anterior, de 0,31. Boa parte desse aumento se deve a uma mudança de pensamento por parte dos agricultores no que diz respeito aos itens relativos à conservação ambiental, especialmente no que concerne à invasão das matas nativas, que não tem mais ocorrido. Ainda na parte de conservação ambiental, é importante ressaltar que a capacidade produtiva do solo atingiu o maior impacto possível. Este indicador, em particular, ajuda a compreender os esforços envidados pela Embrapa Solos no desenvolvimento desta tecnologia. Apesar do uso de energia e de alguns recursos naturais, como o solo, ter aumentado, em decorrência do aumento quantitativo do próprio cultivo, os itens relativos à eficiência tecnológica tem se mostrado bastante positivos, especialmente no que diz respeito ao uso racional da água e à redução no uso de defensivos agrícolas. A melhoria da capacidade produtiva do solo e a eficiência tecnológico no uso dos recursos tem refletido em um índice, também positivo, de recuperação ambiental proporcionada pela tecnologia. Somam-se aos já citados a existência de boas práticas ambientais como o monitoramento fitossanitário para controle de pragas e a cobertura permanente do solo com vegetação. Todos esses fatores conjugados nos levam à percepção de que a tecnologia de otimização da videira na Zona da Mata de Pernambuco é ambientalmente viável, apresentando impacto positivo sobre o meio ambiente Fonte de dados Foi realizada uma oficina, em novembro de 2012, com 10 agricultores no município de São Vicente Férrer, agrupados em dois grupos de discussão com 4 e 6 pessoas, respectivamente. Desta forma, foram gerados 2 questionários, um por cada grupo, que contém os pontos de vista dos 10 agricultores. Tabela Número de consultas realizadas por município Produtor Produtor Patronal Municípios Estado Familiar Total Pequeno Médio Grande Comercial São Vicente Férrer PE Total

18 6. - AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOBRE CONHECIMENTO, CAPACITAÇÃO E POLÍTICO-INSTITUCIONAL Impactos sobre o Conhecimento Tabela Impacto sobre o Conhecimento Indicadores Nível de geração de novos conhecimentos Grau de inovação das novas técnicas e métodos gerados Nível de intercâmbio de conhecimento Diversidade dos conhecimentos aprendidos Patentes protegidas Artigos técnico-científicos publicados em periódicos indexados Teses desenvolvidas a partir da tecnologia Se aplica (Sim/Não) Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 Sim Sim Sim Sim ,3 Não Sim Sim Novos conhecimentos foram gerados pelos experimentos e estudos in loco. Como exemplo, podem ser citados: uso de extratos de Nen + Crop-Sete como indutores de resistência a doenças; ajustes de tecnologias de otimização do sistema produtivo (épocas de controle da ferrugem da videira); sistema de poda e, monitoramento fitossanitário, que é um mecanismo de redução significativa de agrotóxicos. Os conhecimentos gerados durante o desenvolvimento da tecnologia foram divulgados por meio de seminários, cursos, oficinas, palestras, dias de campo e reuniões técnicas, e publicados nos meios de comunicação a seguir: Unidade Demonstrativa Permanente em São Vicente Férrer Cartilhas 2007/2008 (publicações técnico-científicas) Balanço Social da Embrapa Circular técnica n (publicações técnico-científicas) Prosa Rural (programa de rádio da Embrapa) Portal Rural (entrevista escrita e em áudio, na internet, Programa Riquezas da Terra (matéria no SBT) Revista CIDADES - AMUPE (destaque de capa, dezembro 2010). Caso de Sucesso da Embrapa Solos Relatório Técnico Final EMBRAPA/PROMATA/FACEPE Prosa Rural 2011 Agronews 2011 A Videira uma alternativa para a agricultura familiar Oficina sobre tecnologias da Embrapa aplicadas à otimização da videira em pomares de São Vicente Férrer/PE Festa da BanaUva 2011 e 2012 Reunião Técnica com Conselhos Municipais da Zona da Mata em

19 Artigos na Revista de Fruticultura Brasileira em 2012 Resumo em congresso na Revista Brasileira de Fitopatologia em 2012 As novas técnicas e os métodos gerados e/ou adaptados trouxeram resultados relevantes para a agricultura da região, foram elas: indução da produção para 2 colheitas ao ano; aumento médio da produtividade (de 12 ton/ano para 60 ton/ano); redução na aplicação de agrotóxico (de 20 para até 7 aplicações por ciclo); redução do custo de produção em até 40%; implantação de uma Unidade Demonstrativa da Embrapa em pomar de 15 ha recebendo todas as tecnologias validadas; e, socialização dos conhecimentos - integração em cooperativismo. A promoção de eventos de divulgação, capacitação e integração dos viticultores fizeram aumentar o intercâmbio de conhecimentos e estabeleceu relações recíprocas com instituições de pesquisa, de ensino e privadas. Como exemplo, tem-se a integração com outros Centros da Embrapa, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata de Pernambuco (Promata), a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), a Prefeitura, o Banco do Brasil, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Sebrae, as universidades e o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). Podem-se citar ainda a parceria com o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) na produção de mudas por biotecnologia e com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no uso da miscroscopia eletrônica nos estudos de patógenos da videira. Os conhecimentos aprendidos tiveram natureza multidisciplinar, pois trata-se de um trabalho com visão holística e participativa, no qual a comunidade atuou de forma participativa no processo de execução. Todas as tecnologias foram aplicadas e ajustadas em áreas de viticultores dentro das realidades de condição local (agricultura em relevo acidentado, chamada viticultura de montanha) e de limitações econômicas e culturais. Como resultado principal, as novas técnicas e os novos métodos gerados e/ou adaptados proporcionaram o fortalecimento da viticultura e o rearranjo de seus agroecossistemas numa diversidade de cultivos, colaborando efetivamente com a transformação social da família agricultora. Em relação à publicação de artigo técnico-científico em periódico indexado, foi submetido um artigo para a Revista Tropical Plant Pathology - Fitopatologia Brasileira. Quanto à participação em congressos, houve apresentação do artigo Práticas de controle de ferrugem da videira por fontes de resistência avaliadas em casa-de-vegetação, no 44º Congresso Brasileiro de Fitopatologia, em Além deste trabalho, foi possível desenvolver um estudo em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, que resultou na dissertação intitulada Caracterização de uma topossequência sob cultivo de bananeira e videira na transição mata-agreste de Pernambuco Impactos sobre Capacitação Tabela Impacto sobre Capacitação Indicadores Se aplica Avaliador Avaliador Avaliador (Sim/ Não) Capacidade de se relacionar com o ambiente externo Sim Capacidade de formar redes e de estabelecer parcerias Sim Capacidade de compartilhar Sim ,7 19

20 equipamentos e instalações Capacidade de socializar o conhecimento gerado Sim ,3 Capacidade de trocar informações e dados codificados Sim ,3 Capacitação da equipe técnica Sim Capacitação de pessoas externas Sim ,7 Durante todo o período de desenvolvimento do projeto, houve troca de experiências entre pesquisadores, técnicos, viticultores locais e viticultores mais experientes. Além disso, a prefeitura emprestou maquinários, necessários à condução dos pomares, e forneceu espaço físico para realização dos trabalhos de apoio. Vale ressaltar que foi possível durante o desenvolvimento do projeto estabelecer parcerias e trabalhar em rede. A pesquisa induziu a formação da Cooperativa para o Desenvolvimento de São Vicente Férrer - CODESF, que se tornou o centro das comunicações e integração. Além disso, o projeto foi objeto da parceria da CODESF com a rede DRS (Desenvolvimento Regional Sustentável) da Fundação Banco do Brasil, a qual financiou a construção de um galpão para processamento da uva para sucos e vinhos. Também foi possível aos viticultores realizar parceria com a Rede de Supermercado Bompreço para a distribuição da uva da Zona da Mata na rede Nordeste. Visando ao bom andamento do projeto, foram adquiridos equipamentos, que serão compartilhados pelo associados viticultores da CODESF para processamento de uva, e iniciou-se a construção de um galpão. Além da CODESF, a oferta regular do produto tem propiciado parcerias com o Governo do Estado Secretaria de Agricultura Pro-Rural para a criação de uma nova Rede Territorial para os arranjos produtivos locais com foco na uva e na banana, reunindo cinco municípios. No âmbito dessa rede, estão previstas a integração de conhecimentos e o desenvolvimento de um Plano de Negócios para a Rede Territorial. Em relação à presença da Embrapa na comunidade, apesar de não ser possível a atuação da Embrapa em todas as unidades produtivas, vale ressaltar que todos os viticultores têm adotado algum dos manejos recomendados pelo projeto, como base na experiência exitosa de seus colegas viticultores. A partir deste fato, pode-se considerar que a tecnologia foi apropriada pelos viticultores na região. Em relação à oportunidade de melhoria da capacitação interna da equipe, destaca-se a pesquisa participativa desenvolvida em conjunto com os viticultores, principais atores do processo, e que têm realizado diversas experiências em campo de forma conjunta. Devido a essas experiências, por exemplo, percebeu-se a necessidade de realização de um diagnóstico dos problemas causados pelos pomares nas nascentes e nos rios. Estas experiências também têm alertado para novas demandas de pesquisas. Por exemplo, têm sido utilizados alguns vegetais, em especial o urucum, no processo de adubação do cultivo. Estas novas demandas estão levando à construção de um novo projeto envolvendo o estudo do urucum e de outros materiais para um possível cultivo orgânico da videira na região. Em relação à capacitação externa, houve oportunidade para todos os interessados, inclusive parceiros. Professores e alunos de doutorado da UFRPE anualmente visitam os pomares e participam de uma aula prática. Nesta aula são repassadas as técnicas de condução do pomar de uva da Unidade Demonstrativa da Embrapa. Além disso, tem havido reuniões entre a Embrapa e a Prefeitura de São Vicente Férrer com o intuito de instalar uma minibiblioteca da Embrapa no município, como forma de oferecer material e informação para apoiar a capacitação dos pequenos produtores rurais. 20

21 Impactos Político-institucional Tabela Impacto Político-institucional Indicadores Se aplica (Sim/ Não) Mudanças organizacionais e no marco institucional Mudanças na orientação de políticas públicas Relações de cooperação público-privada Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 Não ,3 Sim ,7 Sim Melhora da imagem da instituição Sim Capacidade de captar recursos Sim ,3 Multifuncionalidade e interdisciplinaridade das equipes Sim Adoção de novos métodos de gestão e de qualidade Sim As pesquisas com fitossanidade, monitoramento e manejo integrado da videira estão contemplados no Plano Diretor da Unidade, o que assegura o alinhamento do projeto às diretrizes estratégicas da Embrapa Solos. No entanto, pela natureza do próprio projeto, não são percebidas mudanças organizacionais ou no marco institucional e, portanto, tais critérios não se aplicam. No âmbito externo à Embrapa, a atividade de pesquisa contribuiu para a orientação de políticas públicas relativas ao assunto pesquisado, já que as mudanças propostas em relação aos critérios técnicos, baseadas no desenvolvimento da pesquisa, foram adotadas pelo Banco do Brasil para financiar novas instalações ou manutenção de pomares. Além disso, a atividade de pesquisa favoreceu relações de cooperação com diversas organizações, dentre elas, Sebrae, Associação Municipalista de Pernambuco (AMUPE), Prefeituras, Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), universidades e Fundação Banco do Brasil; induziu a criação da Cooperativa CODESF, conforme dito anteriormente; e, melhorou a imagem institucional da Embrapa. Em decorrência da atividade de pesquisa houve incremento na capacidade de captação de recursos. Foram captados recursos para a construção de um galpão de processamento da uva no valor de aproximadamente R$ 135 mil. O projeto também proporcionou novas ações de pesquisa em outros projetos da Embrapa, como o MP2 da Embrapa Semiárido. Pode-se considerar que a multifuncionalidade e interdisciplinaridade da equipe foram ferramentas fundamentais para melhor desempenho da pesquisa e para a obtenção dos resultados alcançados. Na Zona da Mata de Pernambuco, 133 famílias de viticultores foram beneficiadas com as tecnologias aplicadas e ajustadas para a cultura e a região. Em relação à gestão e melhoria da qualidade, a pesquisa aponta para a necessidade de melhor gestão do agricultor na tecnificação do cultivo, com base no sucesso de um modelo desenvolvido para a diversificação do cultivo. Através da tecnificação da cultura da videira, a agricultura familiar tornou-se fornecedora de uva para mercado, garantindo a oferta do produto com regularidade. Outra necessidade apontada foi a padronização de cultivo entre os diversos viticultores da região como pré-requisito para a solicitação do registro de Identificação Geográfica da Uva da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Este registro, de propriedade intelectual, proporcionará diferenciação do produto no mercado mediante a valorização da tipicidade, da 21

22 qualidade e da tradição da uva procedente da região, permitindo informação ao consumidor sobre a qualidade do produto e maiores ganhos ao produtor pela comercialização de um produto diferenciado Análise Agregada dos Impactos sobre o Conhecimento, Capacitação e Políticoinstitucionais. O desenvolvimento da tecnologia proporcionou às famílias envolvidas no cultivo da uva, o fortalecimento da viticultura e o rearranjo de seus agroecossistemas numa diversidade de cultivos, colaborando efetivamente com a transformação social da família agricultora. A constituição da Cooperativa para o Desenvolvimento Sustentável de São Vicente Férrer (CODESF) e a posterior criação da Rede Territorial proporcionaram uma maior organização dos produtores, favorecendo a socialização de conhecimentos. Por meio da Cooperativa foi possível realizar parceria com a Fundação Banco do Brasil para a construção de um galpão de processamento da uva in natura, sucos e vinhos, cujo terreno foi cedido pela Prefeitura para o estabelecimento da unidade demonstrativa permanente. Além disso, foi aprovada no âmbito da Conab a compra direta das frutas dos viticultores para o enriquecimento da cesta de alimentos da merenda escolar. Enfim, os resultados obtidos com o desenvolvimento da pesquisa contribuíram em inovações tecnológicas, apropriação de novos conhecimentos e aumento na eficiência da produção da viticultura nos agroecossistemas da zona da mata do nordeste do Brasil. São eles: 2 ciclos produtivos ao ano com média de 25 ton/safra; aumento da produtividade anual (de 12 para 60 ton/ano); exploração vitícola mais rentável e com maior segurança alimentar, cultivada nos princípios da sustentabilidade e nos cuidados ambiental e social; maior organização da família agricultora, com melhoria na qualidade de vida; credibilidade, sustentabilidade e geração de empregos diretos e indiretos; crescimento significativo na renda dos produtores do município de São Vicente Férrer; padronização do sistema de cultivo, o que propiciará no futuro um pleito de Indicação Geográfica da uva da Zona da Mata Norte de Pernambuco; e, criação da Rede Territorial. Com a garantia de estabilidade de volume e de oferta da uva, os viticultores tiveram a oportunidade de firmar parceira com a rede de supermercados Bompreço para o fornecimento da uva Isabel in natura embalada em packing-house. A partir das ações desenvolvidas no âmbito da pesquisa, foi possível promover a qualidade e a competitividade da uva na Zona da Mata de Pernambuco, por meio do aumento da produtividade, da redução das perdas qualiquantitativas e do atendimento das exigências do consumidor. Por fim, destaca-se que, devido aos bons resultados obtidos pelo projeto do projeto, a tecnologia está sendo levada para outros municípios além da Zona da Mata pernambucana. Atualmente, a Embrapa começou o processo de introdução da videira no agreste, no município de Jurema PE. 22