UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM GEOGRAFIA MIRIAM RODRIGUES FERREIRA

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM GEOGRAFIA MIRIAM RODRIGUES FERREIRA O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI E O USO DO AQÜÍFERO, SEGUNDO O INTERESSE MUNDIAL PELA ÁGUA DOCE Aquidauana-MS 2008

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3 MIRIAM RODRIGUES FERREIRA O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI E O USO DO AQÜÍFERO, SEGUNDO O INTERESSE MUNDIAL PELA ÁGUA DOCE Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação do Mestrado em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Aquidauana, como requisito para obtenção do título de Mestre em Geografia, sob a orientação do Professor Dr. Manoel Rebêlo Júnior. Aquidauana-MS 2008

4 F383p Ferreira, Miriam Rodrigues O Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani e o uso do aqüífero, segundo o interesse mundial pela água doce. Miriam Rodrigues Ferreira. Mato Grosso do Sul: UFMS, f. Orientador: Dr. Manoel Rebêlo Júnior Dissertação de Mestrado (Mestrado em Geografia) Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Bibliografia: 118 f. 1. Aqüífero Guarani. 2. Escassez de água doce. 3. Nova Ordem Mundial. I. Ferreira, Miriam Rodrigues. II. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

5 1 MIRIAM RODRIGUES FERREIRA O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI E O USO DO AQÜÍFERO, SEGUNDO O INTERESSE MUNDIAL PELA ÁGUA DOCE Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Geografia. Banca Examinadora Orientador Prof. Dr. Manoel Rebêlo Júnior Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Profª. Doutora Silvana Abreu Universidade Federal da Grande Dourados Profª. Doutora Silvia Helena Andrade de Brito Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

6 2 Dedico este trabalho ao meu esposo Petrônio, que tanto amo, por sempre ter um gesto de carinho e incansável apoio em todos os momentos; aos meus familiares e, em especial nossas crianças Robert e Gabriela, aos queridos amigos e irmãos.

7 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por permitir atingir mais esta meta louvável na minha vida. Ao meu querido marido, sempre presente lembrando que sou capaz. Ao meu orientador, Prof Doutor Manoel Rebêlo Júnior, que nos momentos de dificuldade agiu como um amigo paciente dando-me encorajamento e incentivo; por ter uma postura ética e exemplar na carreira profissional, o que influenciou a minha formação acadêmica e profissional. Aos meus familiares, amigos e a todos aqueles que de alguma forma me apoiaram nesta etapa da minha vida. Aos profissionais que cederam informações necessárias à concretização desta pesquisa.

8 RESUMO O Aqüífero Guarani é um importante manancial de águas subterrâneas. Atualmente a discussão sobre a crise de escassez de água doce tem exaltado a importância de reservas como o Guarani. O discurso ambiental surgiu como resposta ao questionamento dos países ditos subdesenvolvidos na época à ordem econômica vigente na década de setenta. Da mesma forma, ocorre com o discurso de escassez de água doce: ele surgiu como justificativa para mercantilização da água. O Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, desde a sua concepção e desenvolvimento, mostra controvérsias questionáveis à luz do que se concebe em relação à água enquanto bem econômico. As idéias privatistas atendem aos interesses do capital, que nesta circunstância, aparecem sob a roupagem de grandes corporações e vêem na água fonte de lucros e de enriquecimento privado, seja pela água engarrafada ou serviços de água. Os Senhores da Água, grandes corporações e multinacionais, que atuam no setor da água, estão aglutinados em organizações como o Conselho Mundial da Água e defendem-na como mercadoria. Os mesmos grupos que iniciaram a discussão ambiental na década de setenta em busca de uma Nova Ordem Mundial são os que têm dado relevância e sustentação ao discurso da crise de escassez de água doce idéia que se desenvolveu durante as últimas décadas. Palavras-chaves: Aqüífero Guarani, Senhores da Água, escassez de água doce, multinacional, Nova Ordem Mundial, ideologia.

9 RESUMEN El Acuífero Guaraní es un importante manantial de aguas subterráneas. Actualmente la discusión sobre la crisis de agua dulce ha exaltado la importancia de reservas como el Guaraní. El discurso ambiental surgió como respuesta al cuestionamiento de los países dichos subdesarrollados en aquella época y al orden económico vigente en la década de setenta. Lo mismo se pasa al discurso de escasez de agua dulce: él surgió como justificativa para su mercantilización. El Proyecto de Protección Ambiental y Desarrollo Sostenible del Sistema Acuífero Guaraní, desde su concepción y desarrollo, muestra controversias cuestionables a la luz de lo que se concibe en relación al agua como bien económico. Las ideas privatistas atienden a los intereses del capital, el que, en estas circunstancias, se asoman por medio de grandes corporaciones y ven en el agua una fuente de ganancias y de enriquecimiento privado, sea por el agua embotellada o servicios. Los Señores del Agua, grandes corporaciones y multinacionales, que actúan en este sector, están unidos en organizaciones como el Consejo Mundial del Agua y la defienden como mercancía. Los mismos grupos que empezaron la discusión ambiental en la década de setenta rumbo a un Nuevo Orden Mundial son los que han dado significación y sustentación al discurso de la crisis de escasez del agua dulce, idea que se ha desarrollado a lo largo de las últimas décadas. Palabras clave: Acuífero Guaraní, Señores del Agua, escasez de agua dulce, multinacional, Nuevo Orden Mundial, ideología.

10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI Concepção do projeto e instituições envolvidas A Estrutura do Projeto Matriz lógica do projeto objetivos e Programa Operativo do GEF Componentes e respectivos subcomponentes Componente I Avaliação e consolidação da base de conhecimento cientifico e técnico sobre o Sistema Aqüífero Guarani Componente II Desenvolvimento e instrumentação conjunta de um Modelo de Gestão para o Sistema Aqüífero Guarani Componente III Fomento à participação pública e aqueles interessados, à comunicação social e à educação ambiental Componente IV Acompanhamento, avaliação e divulgação dos resultados do projeto Componente V Desenvolvimento de medidas para a gestão e mediação das áreas críticas identificadas ( Hot Spots ou Piloto) Componente VI Avaliação do Potencial de Energia Geotérmica Componente VII Coordenação e administração do projeto O AQÜÍFERO GUARANI Origem, denominação e as principais características do aqüífero Localização e distribuição da área do aqüífero A distribuição de água no globo terrestre CRISE DE ESCASSEZ DE ÁGUA DOCE OU APROPRIAÇÃO POR NOVAS FONTES DE ÁGUA DOCE? Início e consolidação da crise ambiental...58

11 Ambientalismo enquanto ideologia e contexto da Nova Ordem Mundial O discurso da escassez de água doce As oligarquias da água e o processo de mercantilização da água doce - um processo de conquista do capital Organismos multilaterais Imperialismo e os Senhores da Água O Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do SAG As veias abertas do Aqüífero Guarani CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS...123

12 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Organograma...11 FIGURA 2 - Representação esquemática do Aqüífero Guarani...48 FIGURA 3 - Divisão geográfica do Aqüífero Guarani...50 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Distribuição geográfica do Aqüífero Guarani no Brasil conforme a distribuição por Estado e indicadores selecionados conforme ocorrência do aqüífero...51 TABELA 2 Principais Conferências sobre a água no período de 1997 a TABELA 3 Principais Declarações sobre a água na década de noventa...85

13 LISTA DE SIGLAS ADT - Análise de Diagnóstico Transfronteiriço ANA - Agência Nacional de Águas BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial) BGR - Bundesanstalt fuer Geowissenschaften und Rohstoffe - Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturais (Serviço Geológico Alemão) BGR/PY- Programa de Cooperação do Governo Paraguaio e o Serviço Geológico da Alemanha BNWPP- World Bank-Netherlands Water Partnership Program - Programa de Recursos Hídricos do Banco Mundial e o Governo do Reino Unido dos Países Baixos CAS - Country Assistance Strategy (Meta Setorial do Banco Mundial) CIDA- Agência de Desenvolvimento Internacional Canadense CMA (WWA) - Conselho Mundial da Àgua CMMAD - Comissão Mundial para Meio Ambiente e Desenvolvimento CN - Conselhos Nacionais CSDP - Conselho Superior de Direção do Projeto EPI - Estratégia para os Povos Indígenas FMI - Fundo Monetário Internacional GEF (FMMA) - Global Environmental Facility (Fundo Mundial para o Meio Ambiente). GWP - Global Water Partnership (Rede de Parceiros da Água) RIOC - Rede Internacional de Organismos de Bacia MAR - Marco Asignácion de Recursos MERCOSUL - Mercado Comum do Cone Sul OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

14 OEA - Organização dos Estados Americanos OIEA - Organização Internacional de Energia Atômica OMC - Organização Mundial do Comércio ONG - Organização Não-Governamental ONU - Organização das Nações Unidas OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte PAD - Project Appraisal Document PAE - Programa de Ações Estratégicas PIP - Plano de Implementação do Projeto SAG PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente SAG - Sistema Aqüífero Guarani SG - Secretaria Geral SISAG - Sistema de Informação Geográfico do Sistema Aqüífero Guarani UDSMA / OEA - Unidade de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da OEA UNEP - Unidade Nacional de Execução do Projeto UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura WWF - World Wildlife Fund (Fundo Mundial para a Natureza)

15 1 INTRODUÇÃO A água é um recurso natural e importante à vida do ser humano. Com a discussão acerca da questão de escassez de água doce, o potencial de fontes como o Aqüífero Guarani ganham cada vez mais importância. Ocorre que nas últimas décadas tem-se dado uma conotação econômica à inegável importância da água, a qual está saindo da lógica do direito para a lógica da necessidade, igualmente a alguns documentos como Os Princípios de Dublin e a Declaração de Haia da década de noventa vem destacando. E esse recurso renovável e abundante na natureza, assim como o petróleo, foi tragado pelo capital que sob a influência das idéias de livre mercado tem transformado a água em mercadoria. Com a ideologia ambientalista, os problemas ambientais presentes na vida das pessoas aparecem como crise, mas na verdade são problemas. Crise é algo inerente ao capitalismo, assim como a luta de classes e o enriquecimento privado. Ao propagar a crise de escassez de água doce foi a justificativa à tendência mercantilista. A década de noventa configurou-se na consolidação dessas idéias privatistas em relação à água. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho será investigar a relação que existe entre o Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani e o uso do aqüífero, segundo o interesse mundial pela água doce. Este projeto tem como alvo apoiar os países abrangidos pelo aqüífero na elaboração de um Modelo de Gestão para proteção do Sistema Aqüífero Guarani, estruturado em sete componentes destaca ser importante a gestão do aqüífero aliada à pesquisa técnica e científica. Com o discurso de que a água doce vai acabar, o Guarani é assunto cada vez mais comum na mídia nos últimos anos, diante disso o papel do desenvolvimento sustentável está sendo cumprido. Nunca se falou tanto sobre a questão da água doce e, conseqüentemente, sobre o Aqüífero Guarani. A partir de uma leitura crítica ao discurso de escassez de água doce, buscarse-á entender como ele ocorre e a sua influência, a partir do questionamento da

16 2 concepção do projeto, em que a idéia de crise aparece como justificativa para desenvolver ações voltadas à preservação de fontes como o aqüífero. Para isso, parte-se da problemática sobre qual o interesse de organizações internacionais têm em pesquisar sobre o SAG e financiar um projeto de US$ 27 milhões, considerando o crescente interesse mundial por água doce. Dado o discurso de escassez de água doce, verifica-se que o interesse por novas fontes se dá de forma crescente. A importância de esclarecer essa questão é de verificar o que levou o Banco Mundial e a participação de outras organizações internacionais financiarem o projeto e os fatores que têm determinado tal interesse, e de que forma isso tem sido desenvolvido nos últimos anos. A atuação do banco tem sido não só propagar a escassez hídrica, como também difundir a maior participação do setor privado enquanto solução aos problemas dos países do Sul por meio dos Programas de Ajuste Estrutural e, conseqüentemente, a participação mínima do Estado, caracterizando-o como burocrático e ineficiente enquanto regulador. Com isso, assiste-se a ascensão dessas idéias e a participação cada vez maior do setor privado caracterizado como eficiente, em setores até então regulados pelo Estado. Por que dar tanta ênfase à questão da água doce na atualidade? Qual é a tendência no projeto ou o que o projeto vai definir como gestão? A metodologia desenvolvida durante o trabalho foi levantar e consultar a bibliografia disponível sobre a questão da água, sobre o Aqüífero Guarani, bem como documentos que mostram interesse pela água. Também foram levantados e consultados textos disponibilizados na Internet sobre o aqüífero, como o próprio projeto do Sistema Aqüífero Guarani (conteúdo disponível no site do próprio projeto), e textos sobre as organizações internacionais envolvidas. Além de entrevista aberta com o técnico Luiz Amore (Secretário Geral do projeto SAG) e com o Professor Doutor Ernani F. Rosa Filho; a técnica Adriana Niemeyer, contatada por correio eletrônico na ocasião, respondeu pela UNEP Brasil na ausência do Coordenador João Bosco. A idéia principal foi dividida em partes para facilitar sua compreensão. Na primeira parte será apresentado o Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani em si, bem como sua estrutura e a organização institucional internacional que tem atuado junto aos quatro países envolvidos no projeto. O projeto foi iniciativa da Universidade Federal do

17 3 Paraná, mas ao necessitar ampliar as pesquisas, foi necessário mais recursos financeiros e com isso, ao ser apresentado ao governo brasileiro, não houve apoio; portanto, com base no material consultado inicialmente, o projeto SAG não foi política pública do governo brasileiro, mas ao ser apresentada a proposta às organizações internacionais, o Banco Mundial mostrou interesse em financiar o projeto junto ao GEF (Fundo Mundial para o Meio Ambiente). Com o envolvimento do banco e da OEA como executora do projeto, este mudou do foco técnico - cientifico para o enfoque de gestão do aqüífero, considerado um passo importante na preservação do mesmo. Portanto, verifica-se que aparentemente existem controvérsias em relação ao projeto, desde a sua concepção. Na segunda parte será apresentado o Aqüífero Guarani: suas características físicas, localização geográfica e sua relevância em relação aos paises abrangidos por ele. A mídia veiculou intensamente que o Guarani seria o maior reservatório de água doce do mundo, e que poderia futuramente ser uma estratégica reserva de água e solução em tempos de escassez. Mas o problema da água doce é a crescente poluição dos rios e das águas subterrâneas. Ainda assim é relevante explicar que este grande reservatório demorou bilhões de anos para ser formado, constituindo-se numa imensa rocha porosa e as águas das chuvas foram-se alojando por entre esses poros e através das áreas de carga e recarga tal processo se renova desde então. As pesquisas existentes constataram que em algumas partes do Guarani esta água é salina e até salgada, ou que possuem minerais os quais não torna a referida água adequada ao consumo humano. Já no terceiro capítulo será analisado no contexto da discussão do ambientalismo, o discurso de escassez de água doce e se isso irá influenciar nas tendências de idéia de gestão do aqüífero. A privatização de serviços e a mercantilização da água doce em garrafas são tendências crescentes e reais, não precisa necessariamente tomar posse de um bem para explorar o que há nele. Ao conseguir concessão de se furar poços, seria uma autorização ou licenciamento então se usa daquele recurso da forma que quiser dependendo da legislação local. No capitalismo não é necessário se apropriar de um território (no sentido de chão) para se apropriar do que ele possui em ternos de recursos naturais. Ainda que haja muitas análises sobre a questão do Aqüífero Guarani e sobre a questão da escassez de água doce, existem lacunas nessa questão que necessitam de uma melhor clareza.

18 4 1 O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI 1.1 Concepção do projeto e instituições envolvidas O Aqüífero Guarani é considerado um importante manancial de águas subterrâneas e abrange quatro países da América do Sul: a Argentina, o Paraguai, o Uruguai e o Brasil. Devido à sua importância, os governos desses países (...) lançaram as bases para o desenvolvimento conjunto de um projeto de Proteção Ambiental e Gestão Sustentável do SAG. Antes de ser encaminhada pelos governos dos países citados acima, foi uma proposta inicialmente elaborada pelos pesquisadores do Laboratório de Pesquisas Hidrogeológicas (LPH) da Universidade Federal do Paraná; porém no decorrer do tempo, foram feitas alterações e submetida à aprovação do Global Environmental Facility - Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF). 1 Orçado em aproximadamente US$ 27,00 milhões, o Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani foi assinado em maio de 2003 no Uruguai em Montevidéu - sede atual da Secretaria Geral do projeto - por representantes dos quatro países do então Mercado Comum do Cone Sul (MERCOSUL) formado na época pelo Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. É financiado pelos recursos fundo GEF, o qual neste projeto é administrado pelo Banco Mundial, e dos US$ 26,7 milhões, o fundo financia US$ 13,4 milhões. 2 O projeto sob a execução da Organização dos Estados Americanos (OEA) esteve em fase de preparação de 2000 a Em 2002, firmaram-se acordos para implementá-lo em parceria com a OEA, Banco Mundial e outras agências e, desde março de 2003 a fevereiro de 2009, encontra-se em etapa de execução. Em setembro de 2001, o projeto foi aprovado pelo governo brasileiro através da Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento. O Conselho do fundo GEF aprovou em dezembro de 2001 e o Chief Executive Officer do GEF/ aprovou em maio de Já o Board do Banco Mundial aprovou em junho de 1 Conforme relato dos técnicos Luiz Amore e Aldo C. Rebouças. REBOUÇAS, A.C. e AMORE, L. O Sistema Aqüífero Guarani - SAG; p OEA. Resumo do Projeto SAG. Disponibilizado: Acesso em 29 de setembro de 2007.

19 e, finalmente, em julho deste mesmo ano foi assinado o acordo (GEF Trust Fund Grant TF050950) para a execução do projeto com a OEA. 3 É interessante destacar que a idéia do projeto foi concebida no Brasil e desde 1992 houve o interesse de aprofundar nas pesquisas sobre o manancial. Em 1999 o projeto já estava em elaboração, segundo o geólogo e Professor Doutor Ernani F. Rosa Filho de hidrogeologia da Universidade Federal do Paraná, o qual desde a década de setenta estuda o Aqüífero Guarani. Em entrevista à Organização Não Governamental (ONG EcoTerra), ele colocou que em 1992 nasceu a idéia, junto ao geólogo e Professor de hidrogeologia da Universidad da La Republica Oriental del Uruguay, Jorge Montaño Xavier, de aprofundar nas pesquisas, já que ao longo dos anos foi constatado pelos dados da pesquisa que o Aqüífero Guarani tinha uma extensão e formação geológica presente não só no Brasil, mas também no Uruguai, Paraguai e Argentina; portanto, não era suficiente estudá-lo só localmente, mas que houvesse recursos para ir além do âmbito nacional e então analisá-lo de forma integrada; não no sentido político, mas devido à formação geológica que compõe o maior aqüífero da América Latina. 4 3 ANA. Resumo do Projeto Sistema Aqüífero Guarani Acessado em 07 de janeiro de De 13 a 15 de dezembro de 2006 foi realizado o I Congresso do Aqüífero Guarani em Campo Grande - Mato Grosso do Sul, onde tive a oportunidade de conhecer o Professor Doutor Ernani F. Rosa Filho da Universidade Federal do Paraná, autor da idéia inicial do projeto Aqüífero Guarani e um dos autores do Livro Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul. Em entrevista a ONG ECOTERRA, Professor Doutor Ernani em hidrogeologia, fez o mesmo relato das implicações quanto ao projeto e ao aqüífero que na ocasião do então congresso em conversa não gravada, tive a oportunidade de conhecê-lo e ter acesso às mesmas informações relatadas nesta entrevista. Na entrevista ele coloca que nem toda a água o aqüífero é potável, estima-se que 20 a 30% de sua extensão é apropriada ao consumo humano e o resto das águas são salobras. Ele destaca que o importante no aqüífero é que suas águas têm temperaturas elevadas o que potencializa o uso do mesmo em várias atividades econômicas. Levanta também uma questão importante quanto ao abastecimento mundial de água doce quanto ao aqüífero, mesmo que esteja no Brasil 12% de água doce superficial do mundo, não é certo dizer que tenha capacidade o maior do mundo, mesmo porque há a ocorrência de água salobra. Sobre a possibilidade de um dia o Brasil ser grande fornecedor de água doce segundo ele a partir somente das águas subterrâneas isso não é possível, mas havendo futuramente tecnologia para tirar o sal desta água, mais pessoas terão acesso a ela, caso contrário não. Alertou para implicações quanto ao projeto de que o Banco Mundial impôs que houvesse licitação somente com as empresas estrangeiras do primeiro mundo, como as empresas do Canadá, em vez de aproveitar os profissionais que estão no Brasil estudam e conhecem o aqüífero a mais tempo. Colocou ainda que paralelo ao projeto, muitos ainda são os pesquisadores que estudam o aqüífero. Apesar de a idéia ter saído das universidades, o projeto não as considerou como executoras como foi a idéia inicial apresentada ao Banco Mundial, mas o governo holandês entrou no processo e ofereceu a estas universidades US$ 370 mil para ser divido 9 projetos onde cada um seria executado por 3 universidades em quatro anos de projeto, o que ele chamou de esmola, já que as pesquisas demandariam mais recursos. Na sua visão acredita que o projeto não faz pesquisa, pois citou situação em congresso no Uruguai em 2004 em que seus dados foram contestados pela OEA quanto a ocorrência de água não potável no aqüífero; ele acredita que estes dados não sejam politicamente interessantes para a OEA, e questiona o fato de esconder tal informação. ROSA FILHO, E. F. Matéria Águas do Guarani II Disponibilizado no site: ecoentrevistas&tipo=temas&cd=819 Acesso em 27 setembro de 2007.

20 6 Montou-se então um projeto que envolvesse os quatro países por se tratar de água transfronteiriça e, portanto, demandariam mais recursos financeiros. Assim, ao longo do tempo, a idéia foi amadurecendo e o projeto passou a crescer, foram buscar mais recursos financeiros junto ao governo federal, à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e à Comunidade Européia os quais não os apoiaram. Foi então, como última tentativa, apresentá-lo ao Banco Mundial, o qual demonstrou grande interesse pelo projeto por se tratar de águas transfronteiriças e envolveria conseqüentemente os quatro países, o que seria politicamente interessante para o Banco. Conforme coloca ainda o Professor Doutor Ernani F. Rosa Filho, a partir daí o projeto tomou rumo diferente, pois inicialmente as universidades eram contempladas no projeto, mas quando a OEA entrou, a idéia inicial foi abandonada. Foram colocadas à margem do processo que começou a partir do meio acadêmico. O destaque do projeto apresentado ao Banco Mundial inicialmente contemplava que o mesmo fosse voltado para o enfoque puramente técnico-científico e não de gestão, como tem sido atualmente nas mãos das organizações internacionais. 5 Quanto a esta questão da participação das universidades no projeto, no terceiro capítulo do Plano de Implementação do Projeto SAG (PIP), o projeto mostra o regulamento e a descrição do Fundo Guarani de Universidades, instrumento financeiro criado para envolver as universidades a fim de que não fiquem fora desse processo, por isso é um complemento do projeto. Este fundo visa apoiar a comunidade acadêmica da região abrangida pelo aqüífero em investigação e capacitação acadêmica. A fonte desse recurso é do governo holandês através da parceria com o Banco Mundial no Programa World Bank-Netherlands Water Partnership Program - Programa de Recursos Hídricos do Banco Mundial e o Governo do Reino Unido dos Países Baixos (BNPPW). Entre os objetivos da referida parceria, está o de garantir a participação acadêmica no desenvolvimento do projeto SAG. O montante desse recurso são de US$ 372,0 milhões e os projetos e ações que abordam o aqüífero, sejam com objeto social ou ambiental ou educação ambiental, terão até 75% de apoio sendo que a contrapartida de 25%, com projetos 5 GUIMARÃES, L. R. O Sistema Aqüífero Guarani face aos interesses norte-americanos: dominação militar ou econômica? p E ainda sobre o mesmo assunto a matéria Águas do Guarani II no site acessado em 27 setembro de 2007.

21 7 até US$ 40 mil, poderão ser em recursos financeiros e não-financeiros. O número de projetos por universidade é limitado principalmente em relação à Argentina e ao Brasil onde existem mais universidades. 6 Nas palavras do atual Secretário Geral do projeto, Luiz Amore, conhecer mais sobre o aqüífero é um dos aspectos do projeto, (...) o objetivo principal é a gestão do mesmo. E acrescenta, destacando que o interesse do GEF e enfoque é na gestão do aqüífero conforme a seguintes palavras: O GEF disse: é preciso que tenha um forte componente de desenvolvimento de gestão. Temos que gerir o Aqüífero Guarani, não só conhecer. 7 O Secretário Geral acrescenta ainda a estas palavras que, (...) o mundo está interessado no Aqüífero Guarani, porque é o primeiro projeto do GEF de águas subterrâneas transfronteiriças do mundo inteiro. 8 A idéia é que os quatro países abrangidos pelo aqüífero tenham uma gestão integrada do mesmo. Mas é interessante notar que a trajetória do projeto, no que se refere à tomada de decisões a partir do envolvimento e intervenção das organizações internacionais envolvidas. Como foi citado anteriormente, em relação ao Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, o Banco Mundial atua como implementador dos recursos do GEF. E, conforme foi declarado pela Internet no site desse projeto, a OEA, Agência Executora do Projeto SAG, apesar de ter passado por uma seleção, foi escolhida por ser exigência do fundo, o qual financia o projeto. Ao responder a indagação da sociedade civil quanto à escolha da OEA, ao invés do MERCOSUL, foi declarado que: O Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF), no processo de aprovação e repasse de fundos, exige a definição de uma agência de execução e neste sentido, estabeleceu-se uma espécie de concurso onde a OEA foi selecionada pelos países envolvidos. O processo de seleção tomou em consideração uma série de critérios de avaliação específicos, que levaram a OEA à condição de agência executora internacional do Projeto desde a fase de preparação do projeto (anos ). 9 6 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 110 e AMORE, Luiz - Águas do Guarani IV - site ecoentrevistas&tipo=temas&cd=856. Acesso em 27 setembro de GUIMARÃES, L. R. O Sistema Aquífero Guarani face aos interesses norte-americanos: dominação militar ou econômica? Disponível : p OEA. Resumo do Projeto SAG. Disponibilizado: Acesso em 29 de setembro de 2007.

22 8 Mas quem é o gestor ou administrador deste fundo com tal autonomia? Esse fundo foi criado em 1992, no evento Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que ficou conhecido como RIO 92. Ele tem a participação de 176 países, mas são 32 os que compõem o seu Conselho e que contribuem efetivamente: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, China, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Coréia do Sul, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia, Nigéria, Noruega, Paquistão, Portugal, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. Sendo que o último país citado é responsável por 20% do que é contribuído. Os órgãos internacionais responsáveis por administrar o recurso é o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas (ONU) através das agências Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O banco administra outros fundos, mas o GEF é responsável pelo financiamento da maioria dos projetos ambientais no mundo; ele apóia os países em desenvolvimento voltados à área de biodiversidade, mudanças do clima, águas internacionais, degradação do solo e camada de ozônio. Esse fundo se dedica ainda a apoiar iniciativas voltadas à preservação do meio ambiente e à promoção do desenvolvimento sustentável. 10 No ano de 2006, o fundo completou 14 anos e contou com uma contribuição expressiva de US$ 3,13 bilhões (...) para investir ao longo dos próximos 4 anos em iniciativas em prol da sustentabilidade A Estrutura do Projeto Conforme o Plano de Implementação do Projeto (PIP), documento aprovado pelo Conselho Superior de Direção do Projeto (CSDP), pelo Banco Mundial, pela OEA e pelos quatro países contemplados, ao longo de 277 páginas, estabelecem-se as diversas atividades para a execução do projeto. 12 No primeiro capítulo há uma síntese executiva do projeto e inicia com o objetivo do mesmo: 10 ONU. Acessado em 07/08/ Ibid. 12 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. Vi.

23 9 El objetivo de largo plazo del proceso iniciado a través del proyecto es lograr la protección y uso sostenible del Sistema Acuífero Guaraní (SAG). Este proyecto constituye un primer paso para la consecución del objetivo de largo plazo. 13 A estrutura do projeto é voltada a conseguir a gestão e o uso sustentável do Sistema Aqüífero Guarani através da elaboração e implementação conjunta de um modelo técnico, legal e institucional para o gerenciamento e preservação do Aqüífero Guarani, tendo em vista as gerações presentes e futuras. 14 Não só a citação acima, mas também o propósito do projeto, em sua conceituação, utiliza-se da idéia de desenvolvimento sustentável 15 : El propósito del proyecto consiste en apoyar a los cuatro países en elaborar conjuntamente, e implementar un marco común institucional, legal y técnico para manejar y preservar el SAG para las generaciones actuales y futuras. 16 E dentre os resultados finais esperados do projeto, está que os quatro países possam dispor de um marco de manejo ou um Modelo de Gestão do SAG o qual abrange o documento Programa de Ações Estratégicas (PAE), além de incluir aspectos técnicos, científicos, institucionais, financeiros e legais para a proteção e uso sustentável do mesmo. Para isso, conforme o documento PIP, será necessário atingir os seguintes resultados específicos, os quais estarão organizados e distribuídos em componentes como se verifica posteriormente 17 : o documento técnico PAE que contempla o modelo de gestão a ser implementado por cada país e, (...) preparado em comum acordo entre os países; conforme o Plano de Implementação (PIP) espera-se (...) maior conhecimento científico e técnico do SAG em temas específicos e do sistema, mas (...) a partir, não só do resultado de estudos a serem executados, mas também dos que estiverem (...) disponíveis em instituições acadêmicas e de gestão de água dos quatro países. E acrescenta que isto será importante para fortalecer a tomada de decisões mais conscientes sobre o uso do aqüífero por parte da sociedade e (...) pelas instituições responsáveis em cada país da gestão da água; o documento técnico de análise de diagnóstico integrado que 13 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p IbId.; p Nesta pesquisa trabalha-se com a idéia de desenvolvimento sustentável e não conceito, conforme a análise de RÊBELO JÚNIOR sobre esse assunto. REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ou Regressão do Subdesenvolvimento. Tese de Doutorado- versão preliminar. Vide p OEA. Plano de Implementação Projeto SAG p IbId; p. 1 e 2.

24 10 servirá como base voltada para os temas transfronteiriços na elaboração do PAE, denominado de Análises Diagnóstico Transfronteiriço (ADT) será (...) desenvolvido em um processo participativo nacional e internacional. Serão elencadas quatro áreas piloto-críticas em cada país abrangido pelo aqüífero, onde serão realizadas experiências voltadas à proteção do SAG e servirá de modelo de gestão das áreas de recarga impactadas pelo uso intensivo e risco de contaminação do mesmo, experiências que servirão também às questões transfronteiriças do SAG e fora dele, na esfera internacional. Espera-se também proposta de um modelo jurídico regional definido dentro do direito internacional, acatado pelos governos e as sociedades dos quatro países para a proteção e uso sustentável do SAG; e, Foro (...) institucional formado pelos quatro governos dos países baseada nas vontades dos diferentes interessados, capaz de catalisar ações para o SAG coincidentes com o objetivo por ele acordados (...), com o fortalecido apoio de cooperação e financiamento coordenado, com o GEF, o Banco Mundial, a OEA, a Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA) e Bundesanstalt fuer Geowissenschaften und Rohstoffe - Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturais (Serviço Geológico Alemão - BGR) da Alemanha, e com o PAE a fim de orientar a gestão e canalização dessas cooperações. Nota, que se espera também resultados que tenham envolvimento não só de instituições nacionais, mas também internacionais na gestão do aqüífero, conforme a seguinte citação: Avanços alcançados pelas sociedades nacionais no espaço e na institucionalidade nacional e internacional, para o uso sustentável e proteção do SAG e seu manejo coordenado E isso será avaliado com base (...) nas redes de monitoramento montadas e coordenadas entre instituições dos quatro países para continuação harmoniosa do sistema, no Sistema de Informação Geográfico sobre o Aqüífero (SISAG) montado via Internet, institucionalizado e funcionando nos quatro países com banco de dados e protocolos estabelecidos, no melhor conhecimento do uso atual e futuro das águas do aqüífero (...) em termos da qualidade da água e delimitando as áreas críticas, nas instituições nacionais fortalecidas em conhecimento, e em qualidade. Comunidades humanas e organizações chaves, incluindo a indígena com acesso à educação e ao 18 IbId; p. 1 e 2.(Tradução Nossa)

25 11 conhecimento do aqüífero e o Fundo Guarani da Cidadania estabelecido e aprovado, no (...) fortalecimento das relações de trabalho de gestão do aqüífero nas diferentes esferas de gestão da água: local, municipal, estadual e nacional e na (...) proposta para o desenvolvimento da institucionalidade internacional ou nacional para o uso coordenado do SAG e a execução do PAE preparado e aprovado. 19 Verifica-se, portanto, que tais resultados a serem atingidos estão voltados essencialmente à gestão do aqüífero e nem tanto aprofundar o pouco que se sabe em relação a ele. Os países que serão beneficiados são os países abrangidos pelo aqüífero: Brasil, Uruguai, Bolívia e Argentina. Além desses estão envolvidos também a OEA, o Banco Mundial através do fundo GEF, o CSDP, os doadores e os países representados por cada Unidade Nacional Executora do Projeto (UNEP) e o CSDP, como mostra o organograma abaixo: Doadores CSDP GEF/BM Colegiado de Coordenação Secretaria Geral / OEA UNEP Argentina UNEP Brasil UNEP Paraguai UNEP Uruguai FIGURA 1 - Organograma Considerando o organograma acima, as informações contidas no site mostram que a gestão e a execução estão sob o comando dos organismos internacionais, ainda que haja o envolvimento dos países através das UNEP s. Inicialmente são identificados no documento PIP projeto SAG como doadores o Programa de Cooperação do Governo do Paraguai e o Serviço Geológico da Alemanha (BGR/PY) e a OIEA, os quais têm atuação direta, conforme o documento, 19 IbId; p. 2.(Tradução Nossa)

26 12 e acrescenta ainda que outros doadores poderão se adicionados ao longo do projeto. 20 Já no resumo do projeto disponibilizado na internet, são citadas outras agências doadoras além da BGR/PY e a OIEA, como o Programa de Recursos Hídricos do Banco Mundial e o Governo do Reino dos Países Baixos (BNWPP) e a OEA. 21 O CSDP composto por três representantes de cada país, sendo que um da área de recursos hídricos, outro da área de meio ambiente e outro do Ministério das Relações Exteriores, segundo a secretaria geral do projeto, esse conselho é a instância máxima de deliberação do projeto já que os quatro países estão envolvidos. No site da Agência Nacional de Águas (ANA) o CSDP é entendido como um Comitê Diretivo, o qual conduz todas as atividades propostas; enquanto que a coordenação dos aspectos técnicos do projeto será responsabilidade de um Conselho de Coordenação ou Coordenação Colegiada. Já as atividades diárias do projeto são administradas pela Secretaria Geral junto à OEA e sob a supervisão daquela Coordenação Colegiada. Em cada país, as atividades são conduzidas pelas UNEP s sob a coordenação de Coordenadores Técnicos Nacionais que formam a Coordenação Colegiada citada acima. 22 Portanto, essa é a estrutura hierárquica e organizacional do projeto, na qual mesmo havendo a participação no patamar de execução, e também de decisão dos países e respectivos representantes, surge uma dúvida: mesmo com tal envolvimento dos quatro países representados institucionalmente nessas coordenações, as organizações internacionais se destacam ou se impõem em algum momento? Tal questão de peso de interferência de organizações internacionais vai mais além, o Professor Doutor Ernani F. Rosa Filho, em entrevista, denunciou que a 20 IbId; p. vi. 21 OEA. Resumo do Projeto SAG;Disponibilizado : Acesso em 24/09/ ANA. Síntese do Projeto SAG. Disponibilizado : Acesso em 07 jan 2008

27 13 decisão de contratar somente concessionárias internacionais (particularmente as do Canadá) para atuar no projeto SAG veio do Banco Mundial. 23 As licitações são realizadas pela OEA, (...) dentro das regras do Banco Mundial. As exigências são as de praxe, respeitando as leis de licitações de cada país (capital social proporcional, técnica, preço, etc), mas também são exigidos critérios como trabalhos desenvolvidos especificamente no Guarani ou na área de interesse especifico (sistema de informações, por exemplo). Todas as empresas licitadas têm participação de empresas nacionais dos quatro países. 24 O projeto disponibilizou via Internet o processo, bem como as propostas para licitação internacional. Conforme seus documentos, verificou-se que para atuar com a elaboração cartográfica e elaboração do mapa do aqüífero para implantação do Sistema de Informações do Sistema Aqüífero Guarani, foi contratada inicialmente a empresa TECSULT International Limited, coincidentemente do Canadá e, portanto, de atuação internacional. 25 Conforme documentos disponibilizados foram contratados também para atuar com Hidrogeologia geral, Termalismo e Modelo Regional, por meio de licitação internacional convocada pela OEA foram contratadas as empresas TAHAL Consulting, Hidroestructura, SEINCO e a Hidrocontrole, os quais formam o Consórcio Israelense-Mercosul. Apesar de atuação internacional, a empresa TAHAL Consulting é de Israel; já a empresa Hidroestructura é da Argentina, a SEINCO do Uruguai e a Hidrocontrol do Paraguai. 26 Já para atuar com as tarefas de Serviço de Inventário, Amostragem, Geologia, Geofísica, Hidrogeoquímica, Isótopos e Hidrogeologia do SAG, foi contratada a empresa canadense SNC-Lavalin, uma das principais empresas de engenharia e construção do mundo, a qual tem escritórios não só no Canadá, mas em mais de 30 países em todo o mundo. Ela também atua formando o consórcio 23 ROSA FILHO, E. F. Águas do Guarani II - site tipo=temas&cd=819 acessado em 27 setembro de Estas são as palavras dos técnicos que representam o Projeto SAG no Brasil com escritório em Brasília, na Secretaria de Recursos Hídricos - Ministério do Meio-Ambiente. SENRA, J. B. Urgente! Perguntas sobre o projeto. Enviado para o rodriguesfer@yahoo.com.br no dia 14 de jan de 2008(Mensagem Eletrônica) consultado em 15 / 01 / consultado em 16 / 01 / 2008 e consultado em 15 / 12 / 2007.

28 14 SNC-LAvalin com as empresas locais associadas DH, Proinsa, Goedatos, LCV, Mapas Digitais e a PyT Matriz lógica do projeto objetivos e Programa Operativo do GEF No início do capítulo 1, o qual se dedica inteiramente à descrição do projeto, há também a explanação da Matriz Lógica do Projeto. Essa matriz (...) é um resumo da estrutura lógica do projeto (...), e nela são apresentadas as atividades, os resultados, os indicadores e os riscos do projeto. Inicialmente tal matriz foi apresentada nos documentos: Project Appraisal Document - Documento de Avaliação do Projeto (PAD), o qual foi elaborado e apresentado na fase de preparação do projeto anterior à fase execução e o documento que registra o acordo legal entre a OEA e o Banco Mundial. 28 A mesma já havia sido exposta no documento aprovado pelo Banco Mundial intitulado de PAD este é o documento final de preparação para o projeto SAG, aprovado não só pelo CSPP em reunião no Paraguai, mas também aprovado pelo Comitê Diretivo do Banco Mundial em Washington em 13 de junho de O mesmo levanta as observações finais do GEF e do Banco Mundial sobre o documento do projeto o Project Brief. Na Matriz Lógica do Projeto são hierarquizados os objetivos a serem atingidos, e algo curioso a ser levantado nela descrito é que logo no início foi citado a Meta Setorial Country Assistance Strategy (CAS) do Banco Mundial. 29 Essa meta do Banco Mundial, referente ao projeto, consiste não só na melhoria da gestão dos recursos de água subterrânea através do tão falado enfoque de modelo geral de gestão; portanto não só de recursos hídricos como tem sido enfatizado, mas também dos (...) recursos naturales en Argentina, Brasil, Paraguay y Uruguay. O enfoque aparece mais abrangente nesse item, pois recorda-se que o projeto é voltado à gestão das águas subterrâneas do Guarani. E, segundo a matriz, 27 consultado em 21 / 01/ Este documento contempla as observações finais do GEF e o Banco Mundial sobre o documento Project Brief como também definições, conteúdos, componentes e atividades do projeto de estudo do Aqüífero Guarani. Plano de Implementação - PIP; p. Vi e CAS é um documento do Banco Mundial, também conhecido como Estratégia de Assistência ao Brasil , que consiste num instrumento utilizado pelo banco para o planejamento plurianual da alocação de créditos aos países, que no caso refere-se ao Brasil. consultado em 09/01/2008.

29 15 dentre os indicadores de desempenho, está a (...) melhoria na eficiência, igualdade, produtividade, e sustentabilidade da alocação de recursos hídricos (...) que será atingida entre várias estratégias apresentadas, sendo a mais peculiar, é a por meio de trabalhos no setor econômico sobre a gestão não só de recursos hídricos mas também dos recursos naturais. Poucas vezes ou nenhuma vez foi relacionado o enfoque e objetivos do projeto com recursos naturais e sim mais especificamente à água (considerando que a água por si só já é um recurso natural). As referidas palavras dão a idéia de abrangência do termo e deixa evidente o real objetivo. Nesse item ainda foi apresentada como hipótese crítica, quanto a esta meta de missão do Banco Mundial, a continuação dos compromissos políticos para melhorar a gestão dos recursos hídricos, como se fosse um ponto de instabilidade no projeto. 30 Na seqüência de hierarquia de objetivos da matriz lógica, está o Programa Operativo do GEF. O programa operativo do fundo consiste na programação operacional de seus recursos aos projetos voltados para o meio ambiente. O fundo elencou as Áreas Elegíveis de atuação e entre elas está Águas Internacionais, a qual entre outros pontos importantes de abordagem estão as águas transfronteiriças, como é o caso do aqüífero. Essa área está contemplada no Programa Operativo o qual abrange outras, mas que, nesse caso da área Águas Internacionais, dá ênfase para questões transfronteiriças. Dentre as atividades financiáveis está o PAE, item que inclusive é muito destacado ao longo do projeto SAG. 31 No resumo do projeto disponibilizado pela Internet é citado que a área de interesse do GEF é o Programa Operacional nº 8 - Programa centrado em Corpos d Água. 32 Ao dar ênfase aos projetos que envolvem a questão transfronteiriça, esclarece entre outros pontos que projetos que tenham relação com: Foco em "áreas perigosas" e condição ecológica de ecossistema marinho; Áreas onde interesses transfronteiriços criam ameaças significantes para o funcionamento do ecossistema; Limitar medidas prescritivas para enfocar o maior número possível de ameaças transfronteiriça OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 5.(Tradução Nossa) 31 MCT. Acesso no dia 09/01/ OEA. Resumo do Projeto SAG; Acesso no dia 24/09/ MCT. Acesso no dia 09/01/2008.

30 16 Projetos que tenham relação com tais fatores são atendidos pelo fundo. Na seqüência e dentro deste enfoque transfronteiriço, o financiamento é direcionado para as seguintes atividades: Formulação de Programa de Ação Estratégica (PAS); Análise colaborativa de diagnóstico transfronteiriço; Uso de informação tecnológica e simulações em computadores como ferramenta para administração de recursos; Atividades direcionadas para harmonização institucional dos elementos: padrões de qualidade da água, regulamentos, processos de licença, minimização do desperdício/exigências para prevenção da poluição; Fomentar compromissos para mudar políticas setoriais e atividades de responsabilidade; Custo incremental de assistência técnica, construção de capacidade, demonstrações limitadas e certos investimentos. 34 Das atividades acima, pelo menos quatro delas são contempladas nos componentes do projeto SAG: o Programa de Ação Estratégica; o Fortalecimento Institucional; o desenvolvimento e a integração de um Sistema de Informação do Aqüífero Guarani; Análise de Diagnóstico Transfronteiriço estão no Componente II. Curiosamente esse componente é destacado como o núcleo dentre os sete componentes em que o projeto foi estruturado. Não se sabe se no início da concepção do projeto, começo da década de noventa com o Professor Doutor Ernani F. Rosa Filho, foram elencadas tantas variáveis direcionadas para a questão transfronteiriça e, portanto, de gestão. O atual Secretário Geral do projeto, Luiz Amore, colocou que o ponto focal do fundo é a gestão. O que se percebe é que as exigências do fundo GEF são claramente expostas nos itens anteriormente relacionados. 35 Em 2006 foi realizado um encontro chamado de Diálogo Nacional a respeito do Marco de Asignación de Recursos (MAR). Nesse evento realizado em Cuba, foi abordada a questão de alocação dos recursos do fundo e as implicações quanto ao modelo proposto. No evento foram destacados alguns pontos importantes quanto à alocação de recursos: desenvolvimento e aprovação de projetos em concordância com os programas operativos e as prioridades estratégicas do GEF; e que os países 34 Ibid. 35 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 17.(Tradução Nossa)

31 17 devem desenvolver prioridades de âmbito nacional que combinem com as prioridades estratégicas do GEF e os objetivos nacionais de desenvolvimento sustentável. 36 Verifica-se, portanto, a influência do que o banco planeja, enquanto instituição financeira multilateral aos países, sendo abordado efetivamente no projeto SAG; assim como as exigências do GEF, também enquanto tendências ou pressões do capital internacional (seja sob a forma de banco ou de fundo) na questão da água Componentes e respectivos subcomponentes O projeto foi estruturado com base em sete componentes inter-relacionados e, conforme o PIP, o Componente II constitui o núcleo do projeto e os outros são voltados a prover a base científica, técnica, social, legal, institucional e econômica do modelo de gestão proposto neste componente núcleo. 37 O Componente I consiste na (...) Ampliação e consolidação da base de conhecimento científico e técnico existente sobre o Sistema Aqüífero Guarani. O valor a ser demandado está orçado em US$ 9,91 milhões, dos quais o GEF financia US$ 4,57 milhões. Ele está estruturado em dois subcomponentes, sendo o primeiro voltado aos (...) estudos para a consolidação e expansão da base de conhecimento científico e o segundo para a avaliação técnica e socioeconômica dos cenários de uso atual e futuro do Sistema Aqüífero Guarani. 38 O Componente II consiste no Desenvolvimento e instrumentação conjunta de um Modelo de Gestão para o Sistema Aqüífero Guarani. Do valor orçado em US$ 7,01 milhões, o GEF financia US$ 3,49 milhões. Ele está estruturado em cinco subcomponentes: aperfeiçoamento e instrumentação de uma rede de monitoramento do Sistema Aqüífero Guarani-SAG; desenvolvimento e integração do Sistema de Informação sobre o SAG (SISAG); formulação de um PAE; fortalecimento institucional e Análise de Diagnóstico Transfronteiriço (ADT). O Componente III consiste no fomento à participação pública e de interessados, na Comunicação Social e na Educação Ambiental. Do valor orçado em 36 MCT. Acesso no dia 09/01/ OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 3 E 4.(Tradução Nossa) 38 Ibid; p. 3 e 4.

32 18 US$ 1,30 milhões, o GEF financia US$ 0,77 milhão. Ele está estruturado em quatro subcomponentes: preparação e implementação de planos regionais de comunicação e participação pública; fundo da cidadania do SAG; criação e disseminação de instrumentos para aumentar a consciência, o interesse e o compromisso entre os atores interessados e estratégia para os povos indígenas. O Componente IV consiste no acompanhamento, avaliação e divulgação dos resultados do projeto. O valor orçado em US$ 0,49 milhão, o GEF financia US$ 0,26 milhão. Ele está estruturado em dois subcomponentes: desenvolvimento e instrumentação de um sistema de acompanhamento, avaliação e retroalimentação para o Projeto SAG e a difusão dos resultados do projeto, dentro e fora da região. O Componente V consiste no desenvolvimento de medidas para gestão e mediação das áreas críticas identificadas ( Hot Spots ou Piloto). Do valor orçado em US$ 3,73 milhões o GEF financia US$ 2,31 milhões. Ele está estruturado para atender às áreas consideradas críticas elencadas no projeto, as quais foram relacionadas a seguir e que levam o nome do município onde ocorrem: Concórdia (Argentina) / Salto (Uruguai); Rivera (Uruguai) / Santana do Livramento (Brasil); Encarnación - Ciudad del Este - Caaguazú (Paraguai) e Ribeirão Preto (Brasil). O Componente VI consiste na Avaliação do Potencial de Energia Geotérmica do SAG. Do valor orçado em US$ 0,29 milhões, o GEF financia US$ 0,20 milhões. Ele está estruturado em duas fases: na primeira fase, durante o primeiro ano da execução do projeto, serão compilados e avaliados os dados geohidrológicos existentes; na segunda fase, durante o segundo ano da execução do projeto, será criado um Grupo de Trabalho, composto por representantes dos quatro países, apoiado por especialistas mundiais no estudo e no uso de energia geotérmica de baixa entalpia. Componente VII consiste na coordenação e administração do projeto. Do valor orçado em US$ 4,04 milhões, o GEF financia US$ 1,8 milhões. O objetivo desse componente é proporcionar apoio na organização e administração do projeto. Inclui a configuração e o funcionamento da Secretaria Geral do projeto SAG com suas equipes e gastos de operação; do mesmo modo, a equipe técnica responsável pelas ações de acompanhamento na UDSMA. Gastos logísticos para o financiamento das reuniões de coordenação do projeto (CNs e CSDP) são considerados parte do componente.

33 19 Os componentes são partes que visam compor o projeto ao atingir seus alvos ou objetos. Há componentes que são mais estratégicos ao atingir o objetivo geral, o qual é a elaboração de um documento que será a base para os países na Gestão Integrada do Aqüífero. Já os outros componentes têm uma conotação maior em relação a dar suporte aos principais componentes do projeto. Na terceira parte seqüencial do capítulo 1 foi explanado com mais profundidade o objetivo e a descrição do projeto e, conseqüentemente, os componentes e seus respectivos custos. Na referida parte volta a enfatizar que o objetivo a longo prazo é a (...) gestão e uso sustentável do Sistema Aqüífero Guarani (SAG), em que o projeto significa o primeiro passo desse processo. Para isso, o propósito do projeto é (...) apoiar os quatro países na elaboração conjunta e implementar um modelo comum institucional, legal e técnico para manejar e preservar o SAG para as gerações atuais e futuras. E o projeto foi estruturado em sete componentes que norteiam o propósito inicial, sendo que o componente chave é o (...) desarrollo en conjunto y la instrumentación del Marco de Gestión para el SAG constituye el núcleo del Proyecto (...), e os outros componentes servirão de base para este considerado o núcleo do projeto. 39 Acredita-se que, a partir da elaboração de um modelo único de gestão, meios serão providos para resolver os problemas ambientais transfronteiriços mais acelerados os quais ameaçam o aqüífero. Apesar de ser feita essa colocação, não entra quais problemas seriam esses. Faz-se uma menção aos conflitos locais em relação à utilização das águas do SAG, conflitos esses como a contaminação e sobreexploração onde estratégias, segundo este documento, devem ser elaboradas para diminuir os riscos. Até então essas foram as principais idéias mostradas como prioritárias no projeto, e aparece como novidade mencionar que este marco irá não só mediar os conflitos e problemas relativos ao uso do aqüífero, mas também (...) evaluar su potencial de proveer energia geotérmica limpa a las comunidades de la región; esse, até então, só aparecia no projeto como componente Componente I Avaliação e consolidação da base de conhecimento cientifico e técnico sobre o Sistema Aqüífero Guarani 39 Ibid; p Ibid; p. 18.

34 20 O objetivo do tal componente consiste em sintetizar, analisar e ampliar a base de conhecimento atual nos quatro países no que se refere ao SAG; ampliar e melhorar o conhecimento do potencial e das ameaças no que se refere ao aqüífero. O conhecimento científico e técnico bem embasado, segundo o documento, constitui elemento essencial para o desenvolvimento de (...) un marco articulado, consensual y efectivo que posibilite el desarrollo sostenible del acuífero dentro de su entorno regional, (...). 41 Nesse componente, do valor orçado em US$ 9,91 milhões, o fundo GEF financia US$ 4,57 milhões e o cofinanciamento de US$ 5,34 milhões - desses a OIEA contribuirá com US$ 0,30 milhão, a BGR com US$ 0,14 milhão e o World Bank-Netherlands Water Partnership Program (BNWPP) do Banco Mundial com US$ 0,03 milhão. 42 Ele está estruturado em dois subcomponentes. O primeiro subcomponente refere-se à (...) Atualização e distribuição da base do conhecimento científico. Conforme o documento, antes de realizar algo em relação ao SAG, é necessário conhecer suas características básicas e importantes a fim de se determinar sua magnitude, os níveis atuais de contaminação, identificar as áreas de carga e recarga além de sua hidrologia e dinâmica. Estudos esses destinados a quantificar e disseminar o conhecimento científico acerca da geometria, estrutura e comportamento hidrodinâmico do aqüífero da mesma forma sintetizar e ampliar a base de conhecimento atual para que os objetivos específicos sejam atingidos. Para isso, será feito um inventário completo dos poços públicos e privados existentes. Com tais características físicas definidas como: análises de hidrogeologia básica, geologia, geofísica, hidrogeoquímica e isotopia do aqüífero serão integradas a outras informações no próximo subcomponente: Uso Atual e Potencial do Aqüífero Guarani. 43 O subcomponente é composto de várias atividades, entre elas está a responsabilidade da Secretaria Geral do Projeto de coordenar tecnicamente as diferentes atividades para que haja correlação entre elas, a qual irá atuar não só adequando o fluxo de informações, o controle de qualidade, a supervisão dessas 41 Ibid.; p Ibid.; p Ibid.; p. 33.(Tradução Nossa)

35 21 atividades em cada país, mas também alimentar através desses dados obtidos o Sistema de Informação Geográfico do Sistema Aqüífero Guarani (SISAG) e a Unidade de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da OEA (UDSMA/OEA). Esta última informação chama a atenção não só pelo nível de informação que uma organização internacional terá acesso, ainda que oficialmente ela esteja responsável pela execução do projeto, mas também pela Secretaria Geral do projeto, enquanto secretaria, ter tal responsabilidade. 44 Só as informações de hidrogeologia já são suficientes, conforme o documento coloca, (...) para aprofundar o conhecimento do comportamento físico transfronteiriço do SAG. Se constitui uma informação chave a ser integrada para a definição do uso sustentável do aqüífero. Diante da noção da questão de interesses pela água doce na atualidade é que se tem noção do que significa ter acesso às informações desta magnitude. 45 Uma das etapas dessa atividade é a (...) integração de informação e plano de investigação que consiste no levantamento, classificação e análises de dados hidrogeológicos existentes, e o resultado será uma base de dados e que serão incorporados ao SISAG. 46 As outras etapas da atividade consistem em: (...) caracterização hidrogeológica e hidrodinâmica do SAG; estudo de recarga, trânsito e descarga das águas do aqüífero e estudos de surgência e conexão com os aqüíferos fraturados. Umas das indagações que se tem em relação ao aqüífero é delimitação correta das suas áreas de recarga e descarga, assim como entender o trânsito ou as direções dos fluxos e a velocidade dessas águas subterrâneas, já que elas cruzam fronteiras nacionais; a quantidade de reserva das águas. Ou ainda situações como recarga num país e descarga em outros e ainda a conexão das subterrâneas com as águas superficiais. Estudos realizados e previstos dessas etapas serão disponibilizados em mapas e irão compor do SISAG. 47 Outra atividade que está prevista no subcomponente é o inventário e amostragem de poços a qual será realizada através da recopilação e análises dos poços existentes disponíveis em organizações públicas e privadas. Para isso, o 44 Ibid; p. 33.(Tradução Nossa) 45 Ibid; p. 34.(Tradução Nossa) 46 Ibid; p. 34.(Tradução Nossa) 47 Ibid; p. 35.(Tradução Nossa)

36 22 projeto conta com o apoio, na liberação destas informações, das instituições locais de cada país responsável pela área de serviços geológicos, empresas de água potável e serviços de abastecimento. Dados estes que estão sob a forma de mapas, tabelas ou informativos. Então se verifica que serão disponibilizadas informações que poderão ser adquiridas durante o projeto e aquelas existentes anteriores ao projeto. 48 Já a atividade de geologia e geofísica consiste em dimensionar os limites e condicionamento estrutural do aqüífero. Para isso, será necessário (...) provar a extensão, relação de contato e limite do SAG (e a presença de água doce) em direção ao limite oeste, em território Argentino e Paraguaio; e sul, em território Argentino e Uruguaio (...) que serão disponibilizados por mapas geológicos. Como também mapear com precisão as áreas de afloramento, de extensão e as características do SAG em território paraguaio, essas informações também são insuficientes; determinar a estruturação tectônica e a presença de rochas intrusivas dentro do SAG e sua influencia no comportamento regional do fluxo; e, regionalizar e integrar as informações geológicas, com dados existentes e os que serão gerados pelo projeto, o qual será disponibilizado via SISAG e mapas. 49 Uma atividade importante nesse subcomponente é a de hidrogeoquímica das águas do Aqüífero Guarani, pois a partir dela serão determinados a qualidade natural e seus potenciais usos com dados sobre a origem, idade e características dos fluxos das águas do aqüífero. Fazem parte dessa atividade etapas como: determinação de um modelo hidrogeoquímico; análise de amostras em laboratório; integração e sistematização de dados existentes e aqueles gerados durante o projeto que serão disponibilizados em mapas e pelo SISAG; e intensificação do conhecimento em regiões com qualidade diferenciada de água de característica peculiares como elevada concentração de sal ou flúor, ou seja, aprofundar informações sobre a qualidade da água em áreas do aqüífero onde há características da água muito diferenciadas. Já o projeto acredita que (...) a qualidade da água condiciona seu aproveitamento. A atividade de estudos isotópicos irá interagir com os estudos hidrogeoquímicos como complemento às avaliações hidrodinâmicas e hidroquímicas. Dessa interação, será possível ter uma 48 Ibid; p. 36.(Tradução Nossa) 49 Ibid; p. 37.(Tradução Nossa)

37 23 precisão das áreas de recarga e descarga do aqüífero, a interação das águas subterrâneas dele com outros aqüíferos e com águas superficiais. Tal etapa de estudos isotópicos estará a cargo da OIEA. 50 O segundo subcomponente refere-se à (...) Avaliação técnica e sócioeconômica dos cenários de uso atual e futuro do Sistema Aqüífero Guarani; com base no que foi gerado no subcomponente anterior, o qual define o comportamento hidrodinâmico do aqüífero, serão geradas análises sócioeconômicas que defina as tendências de distribuição e uso. São análises que servirão para identificar onde se apresenta (...) conflito de disponibilidade do recurso em termos de quantidade e qualidade como também identificar áreas onde exista potencial de desenvolvimento. Serão desenvolvidas nesse subcomponente, etapas de âmbito técnico como (...) aprofundar o conhecimento do uso atual do aqüífero; avaliação econômica dos principais usos e seus impactos atuais e futuros; projeção da demanda e definição de cenários futuros e definição de bases técnicas para normas de construção de poços. 51 Na etapa aprofundar o conhecimento do uso atual do aqüífero do referido subcomponente, será desenvolvido (com base no subcomponente anterior) o levantamento das informações existentes por meio do banco de dados gerados na atividade de inventário e amostragem de poços. A partir desses dados, haverá acesso às informações sobre a localização das (...) zonas de conflito, situação atual de exploração e áreas de potencial desenvolvimento (...) que servirão para a projeção da demanda e coordenação da política de gestão do aqüífero. Serão elaborados mapas com informações localizadas, diagramas e tabelas que descrevam e quantifiquem o uso do SAG mediante as análises comparativas. 52 Na etapa avaliação econômica dos principais usos e seus impactos atuais e futuros, serão realizadas análises econômicas comparativas de uso atual por setor e regiões. São identificados os fatores que diretamente ou indiretamente influenciam o uso do SAG em cada país. (...) Como síntese da informação gerada se descreverá 50 Ibid; p. 40.(Tradução Nossa) 51 Ibid; p. 42.(Tradução Nossa) 52 Ibid; p. 42.(Tradução Nossa)

38 24 as tendências econômicas de desenvolvimento e as pressões para o uso do aqüífero por país e dentro de cada país. 53 Na etapa projeção da demanda e definição de cenários futuros, a partir do diagnóstico de uso atual, qualidade da água, custo de exploração e considerando a avaliação socioeconômica e desenvolvimento de políticas hídricas por região e local, verificar-se-á as tendências de crescimento da demanda e o comportamento dos setores que fazem uso do SAG. Serão informações disponibilizadas por mapas, tabelas e diagramas que descreva o uso esperado do aqüífero. A partir disso (...) surgirão recomendações para desenhar políticas de gestão e proteção. 54 Na etapa definição de bases técnicas para normas de construção de poços serão, analisados os poços perfurados existentes e o uso atual do aqüífero através desses poços que não estejam com critérios atuais de perfuração. As informações geradas irão para o Sistema de Informação Geográfico do SAG (SISAG). 55 Verifica-se, portanto, que informações importantes serão levantadas e disponibilizadas não só às instituições nacionais, mas principalmente às organizações internacionais como a OEA, agência executora do projeto. A Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA) está no projeto como agência doadora que atuará (...) en forma directa y de acuerdo con sus formas normales de cooperación. De acuerdo al PAD estas son: la Organización Internacional de Energía Atómica (OIEA) y la BGR de Alemania. Otros podrán ser incorporados al proyecto de acuerdo con el CSDP. A OIEA apoiará uma parte do componente com a aplicação de metodologias isotópicas para determinar, entre outros fenômenos, as condições e limites do fluxo de águas subterrâneas dentro do SAG. Ela proverá recursos e apoio em espécie para o uso de isótopos com o fim delinear a extensão e o caráter além do apoio ao fortalecimento institucional necessária à proteção do SAG, idéia inclusive presente repetidamente em todo o projeto. A OIEA também assegurará a qualidade das análises e a consistência e confiabilidade dos resultados de laboratório, baseados nos isótopos. Suas atividades 53 Ibid; p. 42.(Tradução Nossa) 54 Ibid; p. 42.(Tradução Nossa) 55 Ibid; p. 43.(Tradução Nossa)

39 25 são, conforme o documento PIP, adicionais às atividades do projeto, e espera-se que aprofundem o conhecimento sobre o aqüífero. 56 Acrescenta-se ao subcomponente que o Governo do Paraguai esteve em discussão com o Bundesanstalt fuer Geowissenschaften und Rohstoffe - Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturais (Serviço Geológico Alemão - BGR), con relación a proveer asistencia técnica para apoyar este Componente. El BGR há puesto a disposición del proyecto ayuda financiera adicional com la que se dará apoyo en espécie, contribuyendo a la construcción de capacidades y al fortalecimiento institucional em Paraguay y, apoyaría la adquisición y gestión de datos geohidrológicos dentro de esa porción del acuífero. Esto mejoraría el efecto de la creación de capacidades en Paraguay y por ende la calidad del proyecto.sin embargo, si este financiamiento no se materializara, los resultados globales del proyecto no serían afectados Componente II Desenvolvimento e instrumentação conjunta de um Modelo de Gestão para o Sistema Aqüífero Guarani Tal como foi colocado anteriormente, o Componente II constitui o núcleo do projeto com os outros componentes alimentando-o. O objetivo é desenvolver um modelo ou marco para a gestão coordenada (de âmbito técnico, institucional, financeiro e legal) do SAG, levando em conta (...) os princípios do desenvolvimento sustentável integrado, os problemas e o potencial do SAG e as inquietudes quanto à proteção ambiental. É interessante notar esta citação a qual é mencionada pela primeira vez, nesse documento, que os princípios do desenvolvimento sustentável serão considerados no projeto. O modelo de gestão será estabelecido a partir do documento chamado Programa de Ações Estratégicas (PAE) a ser executado na região do SAG. Esse documento servirá para articular tanto os limites de espaço quanto de tempo, as principais linhas de ação necessárias para cumprir com o objetivo do projeto. 58 Nesse componente, do valor orçado de US$ 7,01 milhões, o fundo GEF financia US$ 3,49 milhões e o cofinanciamento de US$ 3,52 milhões - destes a BGR contribuirá com US$ 0,05 milhão e o BNWPP do Banco Mundial com US$ 0,07 milhão Ibid; p. 19.(Tradução Nossa) 57 Ibid; p Ibid; p. 19.(Tradução Nossa) 59 Ibid; p. 22.(Tradução Nossa)

40 26 O mesmo está estruturado em cinco subcomponentes. O primeiro é o aperfeiçoamento e a instrumentação de uma rede de monitoramento do SAG. Esse subcomponente irá prover o início do projeto na fase de execução para apoiar os esforços de implementação e fortalecer a base de conhecimento do SAG. Será constituído pelo número e situação de poços existentes ou novos, sob os cuidados do setor público ou privado, com 5% (180) dos poços como amostra e estará à disposição da equipe do projeto. A intenção é prover através de uma ferramenta com dados básicos e informação necessária para a gestão e administração coordenada do SAG e o seu monitoramento no espaço e tempo. E para operacionalizar essa rede, serão formados Comitês de Monitoramento por representantes técnicos de cada país e, entre outras coisas, terá de assegurar o fluxo de informações entre os países, as UNEPs e a secretaria geral do projeto. 60 O segundo subcomponente refere-se ao desenvolvimento e integração do SISAG. Com o desenvolvimento desse subcomponente, através de um sistema de informação que facilite o manejo, a normalização, a difusão e a utilização de dados, informação e documentos que facilite a gestão do SAG, com base num sistema sólido. O documento coloca inclusive que o desenvolvimento desse SISAG será importante nas decisões, (...) aportará conhecimento básico necessário para resolver os problemas atuais e emergentes e assegurará o uso sustentável do potencial do aqüífero. 61 O SISAG destina-se em organizar, sistematizar e difundir informações fidedignas, base de dados temáticos, informações cartográficas 62 e textuais atualizados e documentação geral e específica inicialmente via Internet, referentes ao aqüífero e à evolução do projeto. Um dos objetivos é que esse sistema de informação seja uma ferramenta na gestão do SAG. Entre as etapas do subcomponente, há o arranjo institucional para abastecer o SISAG, orientado por uma unidade de coordenação, formado por representantes de cada país e distribuídas em unidades executivas e apoio de comitês assessores formados por instituições participantes, mas toda essa estrutura ficará subordinada à secretaria 60 Ibid; p (Tradução Nossa) 61 Ibid; p. 20 e 51.(Tradução Nossa) 62 A empresa canadense TECSULT Internacional Limitée após licitação internacional foi contratada para executar esta etapa e iniciar a primeira fase de implementação do SISAG disponibilizando o Mapa Base (em pdf) nas escalas 1: e 1: Acesso em 15 / 01 / 2008.

41 27 geral do projeto. O que chama a atenção é que tal estrutura poderá ter também a participação de organismos nacionais, estaduais, municipais e acadêmicos, ONGs, e empresas públicas e privadas na consulta e alimentação do banco de dados do SISAG 63 Fortalecimento Institucional é o quarto subcomponente, voltado para uma gestão das águas subterrâneas do aqüífero, serão desenvolvidos programas de cooperação horizontal ( twinning ) entre as agências envolvidas na gestão do SAG nos quatro países a fim de beneficiar 40 gerentes de águas subterrâneas na realização de cursos, assistência técnica de curto prazo e viagens de estudo para gerentes e tomadores de decisões; a idéia é beneficiar as entidades nacionais seja no nível federal, estadual e municipal que atuem no serviço de água potável. Dentro do subcomponente citado está o Fundo das Universidades também destinado ao desenvolvimento institucional. Esse Fundo de Investigação e Formação de Capacidades, destinado às Universidades e Instituições de pesquisa da região do SAG, conta em prover com recursos para pesquisas relacionadas ao SAG, envolvendo estudantes de mestrado e doutorado, realização de cursos relacionados à pesquisa ou gestão de águas subterrâneas, com ênfase especial nos aspectos ambientais do SAG. O Fundo das Universidades é considerado como um segundo projeto devido ao lançamento contábil, e sua execução exige um acordo legal e específico entre a SG/OEA e o Banco Mundial, firmando em setembro de O terceiro e o quinto subcomponentes consistem na formulação dos documentos Programa de Ações Estratégicas (PAE) e Análises Diagnóstico Transfronteiriço (ADT). O objetivo principal do projeto é o desenvolvimento de um modelo institucional para a gestão do SAG (com elementos técnicos, legais, institucionais e financeiros). Para isso, é necessário uma programação de ações que envolvam vários agentes sociais. Essa etapa consiste, portanto, na formulação do PAE, o qual será uma importante ferramenta na elaboração e desenvolvimento do modelo institucional para a gestão do SAG que, por meio de programa de ações necessárias em seqüência de atividades como workshops e seminários, objetivará um acordo sob a 63 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 3 E 4.(Tradução Nossa) 64 Este subcomponente foi mais detalhado na primeira parte do PIP. Ibid; p. 20 e 21. (Tradução Nossa)

42 28 forma de proposta técnica do modelo de gestão para o SAG. Serão considerados nesse documento os propósitos do GEF e os interesses dos quatro países. 65 As referidas ações estratégicas serão desenvolvias a curto e médio prazo, a serem realizadas durante todo o período previsto para a execução do projeto, tem como alvo buscar a gestão do aqüífero. Para isso, o projeto elencou as atividades em seqüência previstas para tal programa: elaboração participativa do documento ADT; desenvolvimento de (...) um Modelo Jurídico, Institucional e Técnico (Modelo de Gestão) sob o acordo dos quatro países, incluindo mecanismos para a solução de conflitos no uso da água; estruturar o PAE, definição dos investimentos e financiamentos necessários com base no ADT e Modelo de Gestão, e assim definir projetos futuros para cumprir os objetivos do projeto; e, configuração final mediante o consenso público e acordos dos países a respeito do PAE para o SAG. 66 Ao mesmo tempo em que houver a elaboração do PAE, há também a elaboração do ADT. Este documento será importante na gestão efetiva do aqüífero através de um sistema de monitoramento vinculado ao Sistema de Informação, o qual será importante para apoiar as decisões que serão tomadas em relação à proteção e gestão do SAG. 67 A elaboração do documento ADT reflete a preocupação que o projeto tem em relação às questões transfronteiriças. Inicialmente o PIP define os passos a serem dados, a qual envolve a análise de dados iniciais do banco de dados do projeto e correlacionando sob uma consultoria especializada, variáveis institucionais e sócioeconômicas das regiões onde se usam as águas do aqüífero sem deixar de lado as estruturas jurídicas e institucionais dessas áreas. Assim deverão ser levantados os principais problemas, tanto atuais quanto os que poderão surgir nas áreas, seja por causa de situações econômicas, sociais e ambientais, mas (...) com particular atenção aos temas de interesse transfronteiriços e as áreas mais vulneráveis. E após identificar as áreas prioritárias e, portanto, críticas através de um sistema de avaliação de indicadores como: população (cultura, educação e gênero), renda, se há ou não área de recarga, se é ou não área de risco, índice de contaminação presente e futura, número de questões críticas na área e as potencialidades de uso do aqüífero. Depois de identificar as áreas, a parte inicial do ADT (ADT Inicial) será 65 Ibid; p. 19, 20 e 56. (Tradução Nossa) 66 Ibid; p. 57. (Tradução Nossa) 67 Ibid; p. 21.(Tradução Nossa)

43 29 destinada a identificar temas e assuntos de interesse transfronteiriço, classificando aquelas áreas segundo as questões transfronteiriças. Ao longo do projeto, esses indicadores serão atualizados pela Secretaria Geral do projeto (também responsável por esta etapa); e no fim, será realizada uma análise dos mesmos, identificando não só os problemas de interesse transfronteiriço, mas também suas causas e soluções possíveis. Apesar do documento relacionar a questão transfronteiriça como áreas criticas e fazer análise a partir dos indicadores relacionados, não conceitua problemas transfronteiriços ou áreas consideradas críticas. 68 O desenvolvimento do Modelo de Gestão, no documento PIP, a ser realizado pela secretaria geral do projeto preparará as bases conceituais e metodológicas, definindo uma proposta com instrumentos de caráter jurídico, institucional e técnico, sob o acordo dos quatro países, para gestão do SAG. Essas bases virão do banco de dados do projeto com as informações existentes sobre o aqüífero e com aquelas geradas pelo projeto, assim como as experiências oriundas dos quatro projetos pilotos realizadas nas áreas críticas do aqüífero. 69 No caso dos aspectos legais, a etapa busca montar um diagnóstico legal dos quatro países, ou seja, conhecer os aspectos jurídicos na gestão de recursos naturais e, é claro, de recursos hídricos. E através de consultores especializados em direito internacional ou em diplomacia e direito ambiental, preparar estudos com base no que foi levantado. E um dos aspectos que foi identificado como importante no levantamento e diagnóstico legal é que fossem consideradas nessas análises (...) as diversas figuras jurídicas possíveis para um Marco de Gestão do aqüífero, tais como Tratado, Acordo de Cooperação, Termos ou Protocolos, Contratos bi ou multinacionais, contratos privados entre entidades de diversos países que diretamente tratem da gestão das águas. É interessante ver que conta no projeto com parcerias ou a possibilidade de se fazer contratos privados. 70 No caso dos aspectos institucionais, pretende-se sob a contratação de consultores montar uma avaliação dos modelos institucionais nos quatro países, levando em consideração os aspectos jurídicos, variáveis que levem a prevenção e resolução de conflitos e como funciona a gestão de recursos naturais e especificamente recursos hídricos nos quatro países, e com esse aparato, elaborar 68 Ibid; p. 59. (Tradução Nossa) 69 Ibid; p. 60. (Tradução Nossa) 70 Ibid; p. 60. (Tradução Nossa)

44 30 uma proposta institucional para o Marco de Gestão do SAG. Ainda segundo o PIP, deve ser levado em consideração os modelos institucionais nos quatro países para que futuramente sejam feitas parcerias, convênios, acordos, tratados e instrumentos jurídicos em geral a fim de atuar na gestão de recursos hídricos. Nesse aspecto foi colocado como importante também (...) identificar os modelos institucionais em outros países com aqueles instrumentos jurídicos e tiveram sucesso em questões internacionais na gestão de recursos hídricos. E o que chama a atenção é realizar esse levantamento de (...) modelo institucional também para a gestão da água, superficial (bacias hidrográficas e rios ou lagos) na região assim como fora desta. O aspecto da gestão é levantado sob várias dimensões, inclusive contar com parcerias e atuar não só com recursos subterrâneos como é o caso do aqüífero, mas também com recursos superficiais. 71 Nesse contexto de gestão de recursos hídricos é importante destacar que a América do Sul, onde o aqüífero esta localizado geograficamente, é um dos continentes mais servidos em recursos hídricos (especificamente água doce), ostentando as maiores descargas de águas nos seus rios, águas subterrâneas e o dobro da média pluviométrico de qualquer outro continente. 72 No caso dos aspectos técnicos e científicos, pretende-se com a atuação da Secretaria Geral do projeto e sob a contratação de consultores especializados em gestão de recursos hídricos e outro em hidrogeologia e águas subterrâneas, identificar (com base nas informações existentes e aquelas que irão surgir durante o projeto) variáveis, enfoques e indicadores técnicos e científicos que irão compor a parte técnica do Modelo de Gestão do SAG. 73 Os aspectos abordados anteriormente mostram o direcionamento pretendido ao tão falado Modelo de Gestão do SAG. Como se irão compor os elementos institucionais, legais e técnicos sempre visando ao desenvolvimento sustentável do aqüífero a partir de uma gestão integrada. Na seqüência de etapas a serem concretizadas neste componente, verificouse que após a elaboração do ADT e dos modelos jurídico, institucional e técnico para o Marco de Gestão concluídos a próxima etapa será a elaboração do PAE, com 71 Ibid; p. 62 (Tradução Nossa) 72 REBOUÇAS, A.C. e AMORE, L. O Sistema Aqüífero Guarani - SAG; p. 138 e OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 62. (Tradução Nossa)

45 31 a definição de atividades e projetos futuros e conseqüentemente investimentos e financiamentos necessários. A última etapa será a divulgação deste programa. 74 Segundo o PIP, o PAE, enquanto programa de ações, será elaborado inicialmente um documento com a identificação dos temas que requer investimentos prioritários que estejam de acordo com a preservação, gestão e uso sustentável do SAG. Para isso, se tomar-se-á como base, o ADT (documento que contempla informações técnicas de caráter hidrogeológico quanto de caráter socioeconômico) pois a partir dele serão elencadas as prioridades; e portanto, as ações dentro de cada tema, levando em consideração a questão transfronteiriça. Acredita-se que, a partir desta análise, serão identificados os problemas e as ações, dando direcionamento aos projetos de investimentos e cooperações os quais visam remediar as questões ou ameaças ao SAG. Com as propostas traçadas serão realizados seminários e oficinas, envolvendo público interessado para discuti-las e então formalizá-las. Nesses projetos serão identificadas áreas geográficas prioritárias já identificadas no ADT. Segundo o documento PIP, serão eleitas áreas com base em (...) aspectos negativos de sobreexploração, riscos de contaminação, etc., como também, em relação aos aspectos positivos, tais como desenvolvimento das exportações, geração de novos postos de trabalho, geração de energia limpa, etc. 75 É interessante notar que, a partir do tal componente e até essa parte do documento PIP, há uma conotação econômica para as intenções do projeto como é o caso agora na elaboração do conteúdo que irá compor o PAE. A partir da página 65, há a intenção de se elaborar um Plano de Investimentos, o qual será previamente discutido com a UNEPs em seminários para se montar uma versão preliminar do documento, o qual será disponibilizado à apreciação de organismos de financiamento, integrá-lo ao PAE e, dessa forma, criar ambiente para que futuramente seja facilitada a vinculação (...) com outras agências de financiamento e de cooperação interessadas. A partir desse componente, começa-se a ter então idéia de como será a gestão do aqüífero a partir do PAE e conseqüentemente do Marco de Gestão do SAG Ibid; p. 57. (Tradução Nossa) 75 Ibid; p. 64. (Tradução Nossa) 76 Ibid; p. 65. (Tradução Nossa)

46 32 Após validação do PAE em uma primeira versão, o mesmo passará por reuniões envolvendo a estrutura organizacional do projeto (CSDP e a SG) com os países. Após isso, será promovido um grande evento internacional para apresentação e divulgação do Marco de Gestão do SAG o qual inclui os projetos de investimento e cooperação. O objetivo do evento é convidar agências internacionais (...) com o objetivo de incorporá-los ao programa no financiamento ou apoio de suas propostas. É interessante saber quem são estas agências: Agências multilaterais de crédito, tais como o BID, Banco Mundial, Fundo o Fundo Financeiro da Bacia do Prata (FONPLATA), o Corporação Andina de Fomento (CAF). Agências bilaterais de crédito, tais como Japan Bank for International Cooperation (JBIC), Banco Alemão Kreditanstalt für Wiederraufbau (KFW) da Alemanha e o Fondo Mundial de Solidaridad Digital (FSD) Agências de cooperação multilaterais, como a UNESCO, PNUD, PNUMA, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Comição Européia, etc.; Agências de cooperação bilateral, como a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), Agência Canadense para o Desenvolvimento (CIDA), etc.; Agências de internacionais de fomento à gestão da água, tais como Global Water Partnership (GWP), World Water Council (WWC), Rede Internacional de Organismos de Bacia (RIOC), entre outras; Assim como empresários da região, associações de empresários externos a região, entidades financeiras regionais, ONGs representativas da sociedade civil, Governos locais e nacionais, etc. 77 Algumas das agências citadas anteriormente são conhecidas por fazerem parte da (...) Oligarquia Mundial da Água: Global Water Partnership - Rede de Parceiros da água (GWP), World Water Council (WWC) (...), sem falar no Banco 77 Ibid; p. 65. (Tradução Nossa)

47 33 Mundial e as multinacionais dos quais todos esses comungam da mesma idéia: que a água é um bem mercantil e a solução para a suposta crise é privatizá-la. 78 É interessante destacar que pela primeira vez no documento, aparece a expressão oportunidade de negócios aliada à idéia de gestão do aqüífero, Neste evento se apresentarão os diagnósticos assim como as idéias sobre as oportunidades de negócios relativos ao SAG. Serão discutidas as formas de financiamento das mesmas, e se identificarão prováveis associados futuros para os projetos compreendidos ou derivados do Projeto SAG. 79 A partir dos resultados desse evento, buscar-se-á identificar (...) prováveis associados dos futuros projetos ou ações, sejam eles de governo ou junto a organizações internacionais e, junto a iniciativa privada local e internacional. 80 Por isso que este componente é o núcleo do projeto, porque a sua essência de gestão envolve organizações internacionais e a iniciativa privada Componente III Fomento à participação pública e aqueles interessados, à comunicação social e à educação ambiental O objetivo desse componente consiste em desenvolver, promover, apoiar e aprofundar a participação pública e fomentar a educação ambiental especificamente da água, a comunicação social, a difusão dos conhecimentos acerca do projeto SAG, sua gestão e conservação, dentro das comunidades interessadas. Através de estratégias, ações e programas, assim como o apoio dos projetos pilotos nas áreas críticas. Para isso foi desenhado um Plano Regional de Comunicação utilizada para sensibilizar e educar a população do SAG e assegurar que atores relevantes estejam envolvidos na preparação e execução do PAE. Nesse componente, do valor orçado de US$ 1,31 milhão o fundo GEF financia US$ 0,77 milhão e o cofinanciamento de US$ 0,54 milhão. No componente, o que chama a atenção exposta pelo documento PIP é que neste momento ele cita quem são estes atores relevantes e interessados, os quais 78 Esta questão, sobre quem são algumas organizações internacionais que defendem a questão da água doce, será mais desenvolvida e embasada no capitulo 3 deste trabalho. PETRELA, R. Uma necessidade vital se torna mercadoria. In: Cadernos Diplò; p OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 66. (Tradução Nossa) 80 Ibid.; p. 66. (Tradução Nossa)

48 34 são aqueles identificados como (...) usuários de água, instituições responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, provedores de serviços de água em áreas rurais e urbanas, ONGs, instituições acadêmicas, o setor privado e grupos minoritários. 81 Ele está estruturado em quatro subcomponentes. O primeiro consiste na preparação e implementação de planos regionais de comunicação e participação pública. Esse subcomponente prevê que, durante a execução e realização do projeto e na preparação do PAE, realizem-se revisões periódicas da difusão de informação e participação da população da região quanto à realização do projeto SAG. Utilizar-se de Manual de Comunicação o qual visa sempre a realçar a imagem do projeto através de boletins informativos eletrônicos pela Internet, campanhas informativas, cursos a distância destinados à juventude, difusão de conhecimento através de rádios, televisão e imprensa em geral e a criação de um banco de imagens sobre o projeto. 82 O segundo consiste no Fundo Guarani da Cidadania do SAG. Consiste no desenvolvimento de estratégias e ações concretas para fomentar e fortalecer a educação ambiental e a educação das águas do SAG e funcionará simultaneamente à execução do projeto. Entre os objetivos do fundo está em fazer com que a sociedade civil organizada em ONGs ou associações participe do projeto com ações voltadas para educação ambiental das águas subterrâneas e (...) conduzir a atenção da sociedade civil para a importância da preservação e da gestão sustentável do SAG. Pois, acredita-se que a difusão de informação e conhecimento acerca do aqüífero é essencial para assegurar a sustentabilidade do projeto e conseqüentemente do aqüífero. Sendo assim, o fundo seria para dar esse suporte educacional e de informação através de ONGs ou organizações comunitárias que atuem na região do SAG e estejam engajadas na conservação e preservação do aqüífero. O Fundo estritamente será destinado à educação ambiental de águas subterrâneas e do aqüífero e irá subsidiar ações ou projetos com até US$ ,00, sendo que o proponente deverá entrar com 20% de contrapartida do que será solicitado Ibid.; p. 22.(Tradução Nossa) 82 Ibid.; p. 22.(Tradução Nossa) 83 Ibid.; p. 22 e 70. (Tradução Nossa)

49 35 No segundo capítulo do PIP, o subcomponente em questão apresenta o esboço do Regulamento Operacional do Fundo, definindo a natureza, os objetivos, os recursos financeiros e a gestão administrativa, as normas e a elegibilidade de aplicação do fundo. Cabe ao CSDP do projeto a aprovação e revisão do mesmo e instituí-lo por meio de resolução. Destaca-se nesse regulamento além de alguns pontos citados anteriormente, que inicialmente o capital do fundo terá como doador o GEF com US$ ,00, mas que está aberto às doações, seja por ONGs dos países beneficiados, e até organizações internacionais. Os recursos do fundo serão supervisionados pelo Banco Mundial e a UDSMA/OEA. Exige-se no regulamento que apenas as ONG s devidamente organizadas e que atuam na região do aqüífero irão receber apoio financeiro. Outra questão a ser acrescentada é que dentre os trâmites (análise da proposta pela SG do Projeto SAG e pela OEA) a serem atingidos está a apresentação da proposta, a instância maior para apresentação é a não-objeção do Banco Mundial. 84 O terceiro consiste na criação e disseminação de instrumentos para aumentar a consciência, o interesse e o compromisso entre os atores interessados. Esse subcomponente visa a envolver as crianças e os adolescentes no projeto não só fortalecendo a sua imagem, mas também conscientizando e criando compromisso com os mesmos para proteção e conservação do aqüífero. Através de desenvolvimento e difusão de um folheto escolar e de um Atlas do aqüífero além de um manual para os professores e líderes comunitários. 85 O quarto consiste na estratégia de envolver os povos indígenas. O subcomponente visa a desenvolver uma Estratégia para Povos Indígenas (EPI) baseado em estudos preparatórios, consultas e discussões com atores e instituições indígenas importantes. Como a meta do projeto é criar um modelo de gestão pra o SAG, povos indígenas terão participação efetiva e informada através do documento EPI. 86 O documento PIP, no referido subcomponente, tem a intenção de envolver as comunidades indígenas e até diz a localização destas na área do aqüífero: o projeto abrange a região sul oriental do Brasil, a regiões orientais da Argentina e do Paraguai, e a região na porção norte do Uruguai. No que se refere aos quatro 84 Ibid.; p. 22, 70, 71 e 77.(Tradução Nossa) 85 Ibid.; p. 23.(Tradução Nossa) 86 Ibid.; p. 23.(Tradução Nossa)

50 36 projetos pilotos, apenas uma área coincide com a presença de comunidades indígenas que é no projeto do Paraguai, nos outros países não. Mas comunidades indígenas só existem nos três primeiros países. E há a preocupação de deixá-las cientes das atividades do projeto como também de serem beneficiadas; porém segundo o documento poderá haver situações como (...) eventualmente ter um efeito sobre os direitos e obrigações, por exemplo, com respeito ao registro de novos poços. Para isso o projeto quer assegurar que essas comunidades serão devidamente informadas e envolvidas. E cabe destacar que o projeto levantou algumas circunstâncias que tais povos passam e verificou-se que, nos quatro países, elas (comunidades) passam por conflitos devido à causa de demarcação de terras, identificação de fronteiras, avanço das atividades agrícola, florestal e mineral, sendo consideradas estas como as principais ameaças. Outra situação destacada é que nessas áreas do aqüífero, com a presença de povos indígenas, não há uso de águas subterrâneas, assim o meio ambiente está mais protegido devido às culturas de subsistência impactando menos; sendo identificado também que em algumas áreas há fortes divergências entre as comunidades indígenas. 87 Resumidamente esse componente, através de seus resultados, permitirá: fomentar uma maior participação por parte de pessoas interessadas no projeto; ampliar a difusão regional do conhecimento sobre as águas subterrâneas do SAG; realizar a integração entre os participantes do projeto inclusive das comunidades indígenas; produzir materiais de promoção para difundir informação acerca do aqüífero e do projeto; e, promover atividades para despertar o interesse (...) na economia de água e na conservação da qualidade da água. 88 Interessante notar que é a primeira vez que aparece a questão de economia de água como importante no projeto SAG. Até então havia atenção voltada à gestão do aqüífero neste momento já insere a idéia de escassez de água doce Componente IV Acompanhamento, avaliação e divulgação dos resultados do projeto O objetivo desse componente consiste em criar e implementar um sistema para registrar e analisar o avanço alcançado durante o período de execução do 87 Ibid.; p. 79.(Tradução Nossa) 88 Ibid.; p. 24.(Tradução Nossa)

51 37 projeto, através da detectação de problemas potenciais e análise de desempenho. Além da difusão de informações e resultados do projeto. 89 Nesse componente, do valor orçado de US$ 0,48 milhão o fundo GEF financia US$ 0,26 milhão e o cofinanciamento de US$ 0,22 milhão. Ele está estruturado em dois subcomponentes. O primeiro está voltado para o desenvolvimento e instrumentação de um sistema de acompanhamento, avaliação e retroalimentação para o Projeto Guarani. Sob a base de indicadores sobre a gestão e o desempenho acordados, que reflitam os objetivos do projeto, e consistentes com a análise de um marco lógico, as Agências de Execução e Implementação do projeto realizarão avaliações periódicas de seu avanço. Atrelado a isso, o CSDP, em reuniões semestrais analisará o grau de cumprimento do projeto nos indicadores de desempenho. A Secretaria Geral do Projeto realizará acompanhamentos regulares e os indicadores, que serão usados como parâmetro nesses acompanhamentos e avaliações, são os indicadores de processo de avaliação do fundo GEF. O segundo consiste na difusão dos resultados do projeto, dentro e fora da região. E esses resultados e as lições aprendidas serão difundidos mediante informes pela Internet, conferências internacionais, oficinas e reuniões e com o intercâmbio direto de experiências com outros projetos, existentes ou potenciais, de gestão e proteção de águas subterrâneas Componente V Desenvolvimento de medidas para a gestão e mediação das áreas críticas identificadas ( Hot Spots ou Piloto) O objetivo desse componente é (...) desenhar, aplicar e avaliar os custos e a feitoria de boas práticas de gestão, em lugares específicos dentro da região do SAG. O desenvolvimento de projetos pilotos em áreas críticas enfocará a prevenção e mediação de fontes de contaminação pontuais e não pontuais e a sobreexploração de água em áreas críticas de recarga e descarga ou em áreas confinadas do aqüífero em que existam uma alta concentração de uso e usuários. Mas também através da difusão de informações irão dar impulso às ações concretas em áreas de 89 Ibid.; p. 24.(Tradução Nossa)

52 38 pouca ameaça ou onde já se identifiquem conflitos existentes ou que estejam emergindo especialmente em áreas fronteiriças. No que se refere a estes conflitos, o documento menciona que através de estudos técnicos constataram-se questões (...) transfronteiriças claras nas zonas limítrofes entre a Argentina e o Uruguai (onde a surgência de poços está diminuindo e existem latentes disputas transfronteiriças, devido à importância desses poços geotermais para o turismo e entre o Brasil e o Uruguai - devido à contaminação entre cidades irmãs ao longo da fronteira). Além do que essas experiências devidamente documentadas irão auxiliar na preparação do PAE, servindo as outras áreas envolvidas pelo SAG e até em situações pelo mundo que envolvam águas subterrâneas. 90 Nesse componente, do valor orçado de US$ 3,73 milhões o fundo GEF financia US$ 2,31 milhões e o cofinanciamento de US$ 1,42 milhões; além do que está orçado há também a possibilidade de contribuição da BGR no valor de US$ 0,41 milhão. O documento analisa que, se aumentar a extração de água, poderá aprofundar um desses conflitos, dado os potenciais físicos do aqüífero como de volume de recarga ativa que são áreas pequenas e localizados e a maior quantidade esteja confinada. Aliada a estas considerações, o documento PIP cita também que a área de recarga no Paraguai, na fronteira com o Brasil e a Argentina, constitui uma área potencialmente de fricções transfronteiriças. E por conta disso, essas áreas foram incluídas como áreas críticas para que o projeto as tratem com enfoque transfronteiriço. Como também a zona do aqüífero no estado de São Paulo, a qual tem experimentado a maior extração e contaminação na totalidade do SAG, e diante disso havendo conscientização de seu manejo, poderá trazer lições ao país e aos outros países abrangidos pelo Guarani. A partir desses projetos pilotos, medidas serão estudadas para se analisar o que será melhor em áreas transfronteiriças e também em áreas de grande importância nacional. 91 Por isso este componente inclui projetos pilotos transfronteiriços, associados a usos atuais e emergentes das águas subterrâneas; um projeto piloto fronteiriço ligado ao desenvolvimento e compreensão das características do aqüífero e um projeto piloto em uma área altamente urbanizada. Nos quatro projetos, serão 90 Ibid.; p. 25. (Tradução Nossa) 91 Ibid.; p. 26. (Tradução Nossa)

53 39 contratadas consultorias para estudos técnicos e científicos, assim como para atividades educativas e participação pública; exceto no caso do projeto que envolve o Paraguai onde o projeto será desenvolvido pela BGR mediante cooperação entre o governo alemão e o governo paraguaio. Estes projetos são 92: 1. Concórdia (Argentina) / Salto (Uruguai) Essa área do SAG enfrenta problemas de ordem transfronteiriça em relação à exploração de águas para turismo termal, identificada numa porção confinada do aqüífero. O que separa os dois países e conseqüentemente as cidades de Concórdia e Salto é o Rio Uruguai. O documento PIP coloca que esta área é considerada crítica (...) devido às tendências de exploração atuais e problemas emergentes, derivados de usos intensivos e diversificados. A experiência busca replicar e aplicar em outras áreas similares ao SAG. E através do projeto piloto, será desenvolvido um melhor entendimento local do comportamento do SAG, o que irá colaborar com um plano de gestão conjunta das águas termais. Tal pesquisa também auxiliará para a execução de outros componentes. 93 Na etapa de planejamento, serão desenvolvidas várias tarefas que busquem traçar um diagnóstico por meio de levantamento de dados físicos e socioeconômicos, a fim de caracterizar a área. Nesses dados socioeconômicos serão analisados variáveis como o modelo atual de gestão como também os aspectos legais e institucionais do Uruguai e da Argentina no que se refere ao uso do aqüífero nesta área. A análise social também é uma tarefa importante nessa etapa porque serão estudadas as relações dos grupos sociais e as populações residentes com águas subterrâneas em uso. A fim de (...) compreender seu grau de dependência com o mesmo e os prováveis impactos socioeconômicos (...). Daí, com a análise feita da relação desta área com as pessoas através da delimitação física e geográfica, serão desenvolvidas as bases para participação pública e as ações que envolva a comunidade. Na etapa de desenvolvimento serão aprofundadas as análises das características físicas do aqüífero nessa área como: inventário de poços, estudos geológicos e geofísicos, hidrogeológicos, hidrogeoquímicos e o comportamento do aqüífero quanto ao uso atual e suas potencialidades. A partir de 92 Ibid.; p. 26. (Tradução Nossa) 93 Ibid.; p. 26 e 94. (Tradução Nossa)

54 40 tal tarefa, serão desenvolvidas propostas para a instrumentação de medidas, de ações e de gestão Rivera (Uruguai) / Santana do Livramento (Brasil) Esta área situa-se na fronteira dividindo o Uruguai do Brasil, por isso há intenso tráfego urbano e o maior sobre uma área aflorante do aqüífero; também identificada como porção confinada do aqüífero, será desenvolvido projeto transfronteiriço que avalie mecanismos relacionados com a gestão e proteção de águas subterrâneas. A questão é que é uma área de recarga e de afloramento das águas do Guarani. Nesse caso, serão abordadas as crescentes inquietudes identificadas dentro das áreas geográficas dedicadas ao crescente desenvolvimento agrícola e às atividades rurais com padrões relevantes de um crescimento conjunto observado a partir dos últimos anos; já o comércio e a indústria com menos expressão. E partir disso será elaborado um plano de gestão local conjunta, já há demanda de água nesta área. São identificados como conflito neste local o uso por extração intensa e o risco da contaminação devido às atividades econômicas ali desempenhadas. 95 Na etapa de planejamento, serão compilados os dados existentes das características físicas do aqüífero e então emitir um diagnóstico do mesmo. Além disso, serão realizados levantamentos quanto aos aspectos legais e institucionais de gestão do aqüífero nessa área. Com uma análise social da comunidade que ocupa a área, serão desenvolvidas ações que irá envolver a mesma na gestão do aqüífero. Na etapa de desenvolvimento, será realizado o inventário de poços e sobre o uso do aqüífero a fim de atualizar as informações nas quais ocorrem (...) perfurações privadas em geral (empresas de perfuração e de petróleo); levantamento de fontes que já estejam em processo de contaminação, estudos geológicos e geofísicos, a fim de definir e precisar as áreas de afloramento e recarga; estudos hidrogeológicos e hidrogeoquímicos. Análises do uso atual, potencial e riscos de conflitos além de ações que envolvam a comunidade local. Na etapa de gestão serão elaboradas propostas para a implementação das medidas e ações de gestão nesta área, já que 94 Ibid.; p. 26., 95, 96, 97 e 98. (Tradução Nossa) 95 Ibid.; p. 98 e 99. (Tradução Nossa)

55 41 se trata de uma área de recarga e necessita de meios que sejam legais, através de mapeamentos, guias e regras técnicas na perfuração de poços Encarnación - Ciudad del Este - Caaguazú (Paraguai) Segundo o documento PIP, o governo paraguaio, em cooperação com o governo alemão através da BGR 97, irão desenvolver estudos técnicos divididos em duas fases com tarefas de caráter técnico - cientifico como inventário de poços e uso de fontes de contaminação, estudos geológicos, geofísicos, estudos hidrogeológicos, estudos hidrogeoquímicos e estudos de cenários. Essa porção do aqüífero é uma área de recarga/descarga localizada num (...) corredor fronteiriço entre o Paraguai Brasil/Argentina; portanto de grande mobilidade socioeconômico. A atividade desenvolvida nesta área é a expansão agrícola e por isso oferece riscos de contaminação ao SAG. O projeto piloto, neste caso, será desenvolvido com a intenção de prover de informações críticas sobre áreas como estas e abordar as questões de vulnerabilidade e as ações antrópicas e, com base na informação gerada nesta área piloto, será realizada a avaliação e proposta para as futuras necessidades de gestão do SAG. A área exata será definida durante o início da execução do projeto. Apesar de o documento não aprofundar como o projeto piloto realizará suas atividades principalmente em relação à atuação da BGR, pretende-se realizar também estudos com destaques sociais e enfoque nas comunidades indígenas. Considera-se importante o referido projeto piloto porque há poucas informações sobre essa área. Partindo do conhecimento adquirido serão delineadas as atividades de participação pública e de educação ambiental Ribeirão Preto (Brasil) Esta área é considerada de alto risco porque é uma área aflorante do aqüífero e, por conta disso, tem experimentado grande exploração de água para diversos 96 Ibid.; p. 99,100,101 e 102. (Tradução Nossa) 97 Conforme contato com a equipe do projeto no representada no Brasil pelo escritório em Brasília a BGR é o Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturais da Alemanha, empresa de economia mista que por meio de cooperação atua apoiando o Paraguai no projeto SAG. A empresa atua com hidrogeologia e é a autoridade geocientífica central que aconselha o Governo Alemão em questões geológicas relevantes, além disso, o objetivo desta instituição na cooperação desta instituição na cooperação técnica é a de melhorar a qualidade de vida das populações, especialmente carentes nos países parceiros. Há quatro áreas principais de cooperação: combate à pobreza, conservação e recuperação ambiental, educação e treinamento. Desta forma, o Governo do Paraguai propôs à BGR uma parceria na construção do Modelo Conceitual do Aqüífero em seu território, que está configurando como contrapartida deste país ao projeto. Estas são as palavras dos técnicos que representam o Projeto SAG no Brasil com escritório em Brasília, na Secretaria de Recursos Hídricos - Ministério do Meio-Ambiente. SENRA, J. B. Urgente! Perguntas sobre o projeto. Enviado para o rodriguesfer@yahoo.com.br no dia 14 de jan de 2008(Mensagem Eletrônica). 98 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 26, 103 e 104.(Tradução Nossa)

56 42 usos, além de apresentar riscos de contaminação, já que essa água vai também para outros países e regiões. Dentre das ameaças enfrentadas nessa porção do aqüífero localizada no município brasileiro de Ribeirão Preto, está a contaminação e a grande extração de águas devido ao uso urbano em zona densamente povoada. O projeto piloto, neste caso, será desenvolvido para prover com intervenções estratégicas, incluindo a assistência técnica para o desenvolvimento de um plano local para a gestão do aqüífero na tal área altamente urbanizada. Os estudos a serem realizados nesta área serão mais para a descrição do aqüífero nesta área. Mas segundo o PIP, o GEF com as informações obtidas, irá financiar ações de participação pública no desenvolvimento de gestão do aqüífero na área Componente VI Avaliação do Potencial de Energia Geotérmica O objetivo deste componente é avaliar o potencial geotermal do SAG em termos científicos, técnicos, econômicos, financeiros e ambientais, e disponibilizá-las aos ministérios pertinentes, incluindo os de energia dos países participantes. As águas termais do aqüífero estão sendo atualmente exploradas para turismo termal, principalmente no Uruguai e em menor escala na Argentina. No Paraguai e no Brasil, há a possibilidade de ocorrência de águas termais. É interessante notar que, desde quando o componente foi descrito neste documento PIP é a primeira vez que se faz a referência da substituição de combustíveis fósseis pela energia geotermal conforme a citação a seguir 100 : Además del uso del agua para el turismo termal, existe la possibilidad de que estas aguas termales también puedan utilizarse en procesos industriales y para la generación de energia como substituto de combustibles fósiles 101. Nesse componente, do valor orçado de US$ 0,28 milhão o fundo GEF financia US$ 0,20 milhão e o cofinanciamento de US$ 0,8 milhão. Está estruturado em duas fases. 99 Ibid.; p. 26 e 104. (Tradução Nossa) 100 Ibid.; p. 27 e 105. (Tradução Nossa) 101 Ibid.; p. 27.

57 43 Primeira Fase: Durante o primeiro ano da execução do projeto serão compilados e avaliados os dados geohidrológicos existentes e correlaciona-se esta fase com o Componente I do projeto. Esses dados proverão de informações sobre a magnitude das águas do aqüífero e permitirão uma avaliação da sustentabilidade das propostas para utilizá-las na geração de energia geotérmica. Segunda Fase: Durante o segundo ano da execução do projeto, será criado um Grupo de Trabalho composto por representantes dos quatro países, apoiado por especialistas mundiais no estudo e uso de energia geotérmica de baixa entalpia. Apresar de não haver um aprofundamento de como esta etapa será desenvolvida, o Grupo de Trabalho avaliará a facilidade técnica de usar a energia geotérmica com análises financeira e econômica, além de análises de impacto ambiental (...) sobre as possíveis atividades de produção de energia para o futuro; e, com base nisso, serão identificadas e priorizadas as áreas que potencialmente desenvolverão energia geotérmica. Conseqüentemente os resultados avaliados por esse Grupo de Trabalho serão comunicados aos Ministérios de Energia dos quatro países Componente VII Coordenação e administração do projeto Nesse componente, do valor orçado de US$ 4,04 milhões o fundo GEF financia US$ 1,80 milhão e o cofinanciamento de US$ 2,24 milhões; além do que está orçado há também a possibilidade de contribuição da OEA no valor de US$ 0,32 milhão. O objetivo desse componente é proporcionar apoio à organização e à administração do projeto através de um conjunto de ações que envolvam a infraestrutura e escolha da equipe. Inclui a configuração e o funcionamento da Secretaria Geral do projeto SAG com suas equipes e gastos de operação, do mesmo modo as atividades associadas à liderança do projeto e coordenação regional. Tanto a Secretaria Geral quanto o Grupo de Coordenação Colegiada funcionarão como ponto focal para a difusão de resultados do projeto, além da coordenação com outros projetos que o GEF também apóia e a comunicação entre eles na região latinoamericana. E para facilitar esse processo os meios de comunicação serão envolvidos. Para fazer parte da equipe de administração do projeto, será contratado 102 Ibid.; p. 27 e 105. (Tradução Nossa)

58 44 um coordenador para cada dois componentes mediante concurso e normas do Banco Mundial Ibid.; p. 29 e 108. (Tradução Nossa)

59 2 O AQÜÍFERO GUARANI 2.1 Origem, denominação e as principais características do aqüífero Com o discurso de escassez de água doce, o qual aparece como crise, busca-se encontrar, pesquisar e conseqüentemente controlar novas fontes de água doce, que correspondem a 2,5 % do total de água existente no planeta terra. Ao longo de milhões de anos, formou-se um grande reservatório subterrâneo de água. O Aqüífero Guarani está localizado na Bacia Sedimentar do Paraná o qual (...) forma a Província Hidrogeológica mais importante do Brasil e, quiçá, do mundo; não somente pelas suas dimensões, como pelo fato de compreender as regiões mais desenvolvidas e populosas da América do Sul. Essa província hidrogeológica tem três importantes aqüíferos - Botucatu - Pirambóia também chamado de Guarani, Basaltos da Formação Serra Geral e os sedimentos do Grupo Bauru. 104 Conforme o mapa 1 em anexo é possível observar que manancial de águas subterrâneas 105 conhecido como Aqüífero Guarani, constitui importante reservatório de água doce, de extensão de 1,2 milhões de km² e de abrangência transfronteiriça pelos quatro países do MERCOSUL: Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. O aqüífero levou anos para ser formado e, desde então, sempre existiu a exploração de suas águas. No Período Colonial já havia registro de exploração das águas do Guarani. Mas somente na década de 50 sua importância foi reconhecida no estado de São Paulo e Rio Grande do Sul. Em 1954, através de texto publicado pelo geólogo Fernando de Almeida, o autor revela uma série de evidências de que no interior do estado de São Paulo, na região que compreende a formação Botucatu, situava-se no interior de um vasto (...) deserto climático intracontinental, texto o qual teve como título: Botucatu, um deserto triássico da América do Sul REBOUÇAS, A.C. Águas doces no Brasil ; p Segundo Rebouças, a partir da década de sessenta, a denominação de águas subterrâneas para as águas do subsolo é considerada mais apropriada, desde que a abordagem evoluiu do objetivo tradicional de determinadas reservas de água disponível no subsolo,.... Por sua vez, a rocha que tem porosidade e permeabilidade passou a ser chamada de aqüífera independente de estar ou não saturada. Ibid.; p REBOUÇAS, A.C. e AMORE, L. O Sistema Aqüífero Guarani - SAG; p. 139.

60 46 No fim da década de 60, precisamente em 1969, sobre esse reservatório, foi mencionada a sua existência em relatório elaborado pela OEA, utilizado como base na elaboração do Plano de Aproveitamento Integral da Bacia do Prata. 107 Mas é a partir da década de 70 que estudos e pesquisas foram iniciados a fim de se saber mais sobre tal reservatório. Esse processo se intensificou nos últimos 10 anos com as discussões dos crescentes problemas ambientais, revelando a magnitude do reservatório, bem como suas características. E em 2003, iniciou-se a execução do Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, financiado pelo GEF e contrapartida não-financeira dos quatro países do MERCOSUL. A finalidade do projeto não se restringe apenas a ampliar o conhecimento e implementar um acessível sistema de informações sobre o aqüífero, como também apoiar os países que o compõe em elaborar um Plano de Ações Estratégicas e uma proposta de um Marco de Gestão Coordenada. Verifica-se então que historicamente houve estudos que avançaram nas análises deste grande manancial. No que se refere à formação geológica do aqüífero, acredita-se que (...) as regiões do aqüífero compunham um deserto pré-histórico, da era mesozóica, com pouca vida animal e vegetal. 108 Portanto, o aqüífero é formado por um pacote de camadas arenosas que se depositaram ao longo de 200 a 132 milhões de anos (na era Mesozóica), constituídos pelas formações geológicas Pirambóia e Botucatu. 109 Como foi citado anteriormente, o processo de formação do aqüífero se deu numa região formada por desertos, onde atualmente se encontra o continente da América do sul, mas que na época formava o que ficou conhecido como o grande continente GONDWANICO. Com o tempo houve uma separação deste, dividindose no que conhecemos hoje como os continentes da África e América do Sul e, no período Eocretáceo ou cretáceo, subiram lavas pelas fendas do chão (devido a um dos mais volumosos episódios de vulcanismo intracontinental do planeta ) que se solidificaram e formaram o que conhecemos hoje por Formação Serra Geral (rochas basálticas) sobre as camadas arenosas saturadas neste processo. Este processo de solidificação da lava (...) estancou a areia de alta porosidade e condutividade hídrica, 107 ROCHA, G.A. O grande manancial do Cone Sul; p ROSA FILHO, E. F;BOSCARDIN BORGHETTI, N. R. e BORGHETTI, J. R. Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul; p ROCHA, G.A. O grande manancial do Cone Sul; p. 192.

61 47 permitindo o acúmulo da água na região (...), processo geológico que originou a rochas do Aqüífero: Botucatu e Pirambóia. 110 Ocorre que na região, a qual corresponde à Bacia Sedimentar do Paraná, houve mudança de clima e, em seguida, houve o que ficou conhecido como glaciação (época geológica em que geleiras cobriam vastas extensões de terra). Com o período de degelo, há o processo de erosão das rochas e as camadas arenosas se afloram, a água então se infiltra e vai acumulando-se debaixo do basalto. 111 Nesse conjunto de camadas arenosas e rochas fraturadas do basalto, a água vai-se renovando, formando o Sistema Aqüífero Guarani 112, em unidade de tempo geológico. E o aqüífero é isto, água e rocha, também conhecido como aqüífero poroso, já que a água se armazena nos poros das rochas. 113 Conforme a figura 2, verifica-se que existem dois aqüíferos sobre o Guarani. O Aqüífero Bauru (formado basicamente de arenito e lamito) e o Aqüífero Serra Geral (formado basicamente de basalto) e, abaixo destes dois, o Aqüífero Guarani; por conta disso há dados que mostram a existência de interconexão deste com o Serra Geral. Dentre as rochas que formam o Guarani, o arenito Botucatu segundo Rosa Filho (...) é o mais importante, devido à alta permeabilidade de origem eólica que o torna o melhor reservatório de água ROSA FILHO, E. F;BOSCARDIN BORGHETTI, N. R. e BORGHETTI, J. R. Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul; p ROCHA, G.A. O grande manancial do Cone Sul; p A visão sistêmica reconhece a interdependência fundamental de todos os ciclos de energia e matérias da terra, e o fato de que, enquanto indivíduos e sociedades, estamos encaixados nesses processos cíclicos da natureza. Em outras palavras, mostra-se atualmente, que o ciclo da água na terra é um Sistema Aberto, afastado do equilíbrio, caracterizado por um fluxo constante de energia e matéria.... a ciência sistêmica mostra que as propriedades das partes só podem ser entendidas dentro do contexto do todo maior. Desse modo, o pensamento sistêmico concebe o mundo como um todo integrado não como ma coleção de partes independentes. REBOUÇAS, A.C. Águas doces no Brasil; p ROSA FILHO, E. F;BOSCARDIN BORGHETTI, N. R. e BORGHETTI, J. R. Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul; p Ibid.; p.144.

62 48 FIGURA 2 - Representação esquemática do Aqüífero Guarani Fonte: Extraído do livro Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do MERCOSUL; p.145. A reserva permanente de água acumulada ao longo dos anos é estimada entre valores da ordem de 37 a 50 mil Km³. Utilizando como referência os cálculos explanados na obra Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul, os autores colocam que esta variação se deve ao fato de que são usados diferentes parâmetros nos cálculos de espessura, área e coeficiente de porosidade efetiva. Portanto, partindo de valores para os respectivos conceitos especificados acima de espessura de 228 m, área de milhões de Km² e porosidade efetiva média de 17% (0,17) têm-se ,44 Km³, o volume total de água do aqüífero. 115 Devido às variações de profundidade da água do aqüífero (que varia de 50 a metros) e porosidade (15 a 20%), esses diferentes parâmetros terão volumes diferenciados, dependendo da área de estudo a ser considerada. 116 Além dos autores do livro Aqüífero Guarani: A verdadeira integração dos países do Mercosul, outros técnicos da área como Rebouças e Amore, registram que a origem do nome do aqüífero se deve ao geólogo Danilo Anton, em 1996, após a aprovação dos quatro países a fim de unificar o nome do aqüífero, já que por ser transfronteiriço em cada lugar as rochas que o compõem tem um nome, e por muito tempo ficou conhecido como Aqüífero Gigante do Mercosul. A ocasião também teve 115 Ibid.; p Ibid.; p.150.

63 49 como objetivo homenagear os índios de etnia guarani que ocupavam a área na época do descobrimento da América, que corresponde atualmente à área do Aqüífero Guarani. 117 Apesar da magnitude do Aqüífero Guarani, em extensão, volume e qualidade da água, muito se falou na mídia e demais veículos de comunicação que este é o maior reservatório subterrâneo de água doce. Criou-se um mito em torno disso. Já que em relação à qualidade da água em toda a sua extensão, conforme dados pesquisados não é considerado doce, há ocorrência de água salgada, salina e salobra. Em conferências e encontros acadêmicos sobre o aqüífero, este mito está em processo de destruição. 2.2 Localização e distribuição da área do aqüífero O Aqüífero Guarani é um manancial de águas subterrâneas, formado por uma vasta camada de pedra porosa que absorve a água das chuvas para formar este grande reservatório de aproximadamente 1,2 milhões de km² de extensão constituído de rochas arenosas. Localizado na América do Sul região centro-leste, entre 12º e 35º de latitude sul e entre 47º e 65º de longitude oeste, está inserido na Bacia Geológica Sedimentar do Rio Paraná e ocupa 75% da superfície desta bacia. 118 Dentre as rochas que compõem o aqüífero destaca-se o arenito Botucatu, o mais importante no que se refere ao reservatório de água devido à alta permeabilidade característica destas rochas em armazenar água, além da alta porosidade. 119 Da área que se estende em 1,2 milhões de km² 120, 2/3 estão no Brasil (840 mil km²), no Uruguai 58,5 mil km², no Paraguai 71,7 mil km² e na Argentina 225,5 mil km². Portanto, por abranger vários países, constitui-se num sistema 117 REBOUÇAS, A.C. e AMORE, L. O Sistema Aqüífero Guarani - SAG; p ibid.; p ibid.; p A área do Aqüífero Guarani comumente citada nas bibliografias são de km² (ARAÚJO et al., 1995).Por abranger vários países ele é um sistema transfronteiriço e a distribuição da área é: Brasil km², Argentina km², Paraguai km² e o Uruguai km².fonte: ibid.; p. 130.

64 50 transfronteiriço. Como mostra o gráfico abaixo na divisão geográfica do aqüífero, a maior parte encontra-se em território nacional brasileiro. 121 Divisão Geográfica do Aqüífero Guarani (%) 6,1 3,8 19,1 71 FIGURA 3 - Divisão geográfica do aqüífero guarani Argentina Brazil Paraguay Uruguay A participação relativa da extensão do aqüífero em cada país também varia: de 10 % do território brasileiro, 8% da Argentina, 18% do Paraguai e já no Uruguai representa 1/3 da área do país. E esta variação não está só na distribuição do aqüífero, mas também na importância social e econômica. 122 No Brasil os Estados que abrangem o aqüífero são: Mato Grosso do Sul com aproximadamente 213 mil km², Rio Grande do Sul com 157,6 mil km², São Paulo com 155,8 mil km², Paraná com 131,3 mil km², Goiás com 55 mil km², Minas Gerais com 51,3 mil km², Santa Catarina com 49,2 mil km² e Mato Grosso com 26,4 mil km². Com a tabela a seguir, é possível verificar essa distribuição espacial do aqüífero entre os respectivos Estados do Brasil e visualizar que 25,4% da área do aqüífero estão em Mato Grosso do Sul. A população também é um indicador interessante. Da população total de aproximadamente 2 milhões deste Estado, 1,9 milhão de habitantes estão na área de ocorrência do aqüífero; outro dado importante da área total do Estado de ,5 km², a ocorrência do aqüífero está em 121 Ibid.; p REBOUÇAS, A.C. e AMORE, L. O Sistema Aqüífero Guarani - SAG; p. 138.

65 51 aproximadamente 60% da área. Mato Grosso do Sul, criado da divisão do Mato Grosso em 1977, na distribuição estadual tem a maior área de afloramento, o qual o faz estar bem servido no que se refere ao recurso hídrico subterrâneo. 123 TABELA 1 - Distribuição geográfica do Aqüífero Guarani no Brasil conforme a distribuição por Estado e indicadores selecionados conforme ocorrência do aqüífero Estado Valores Absolutos (Km²) Área Valores Relativos (%) População em relação à localização do aqüífero Mil hab (Censo 2000) Número Estimado de Municípios Área de Afloramento (Km²) MS , , RS , , SP , , PR , , GO ,5 706, MG , , SC , , MT ,1 80, TOTAL , Fonte: Adaptado da obra: ROSA FILHO, E. F;BOSCARDIN BORGHETTI, N. R. e BORGHETTI, J. R. Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do MERCOSUL; p A área de afloramento (ou área de recarga direta) consiste (...) em porções do terreno onde ocorre a alimentação do aqüífero pela infiltração das águas de superfície. 124 E Mato Grosso do Sul em território brasileiro é o estado que está localizado na maior área de afloramento do aqüífero. 125 No que se refere ao abastecimento público, o Aqüífero Guarani é responsável por boa parte no Estado e principalmente na capital, Campo Grande. 123 ROSA FILHO, E. F;BOSCARDIN BORGHETTI, N. R. e BORGHETTI, J. R. Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul; p OLIVEIRA, A. M. dos S. e BRITO, S. N. A. de. Água Subterrânea ; p. 116.(Capítulo 8) 125 ROSA FILHO, E. F;BOSCARDIN BORGHETTI, N. R. e BORGHETTI, J. R. Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul; p. 138.

66 52 Destacando Mato Grosso do Sul, dados mostram que, dos municípios que se encontram sob o aqüífero, há pelo menos seis que são abastecidos total ou parcialmente pelo Aqüífero Guarani. Que seriam os municípios de Campo Grande, Dourados, Ponta Porã, Cassilândia, Inocência e Camapuã. 126 Em relação ao volume de água armazenada, leva-se em consideração a observação do livro Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul, onde dados a respeito do volume não é um consenso na comunidade técnica e acadêmica por se tratar de cálculo e valores diferenciados quanto à espessura média, área e porosidade. Segundo Rebouças (1976), numa primeira avaliação do aqüífero, estimou-se que o volume total de reserva permanente de água são de 48 mil km³, considerando parâmetros como 800 km² de área, 300 m de profundidade, e 20 % para o coeficiente de porosidade. O volume de recarga natural foi estimado em 26 km³ / ano, e a recarga indireta de 140 km³ / ano, totalizando 166 km³/ano que entram no aqüífero anualmente. 127 A qualidade da água também é algo a ser analisada. Relativamente ao Guarani, a qualidade da água é muita boa, considerada potável. Porém, devido à composição heterogênea das rochas em algumas partes do aqüífero, verifica-se a presença não só de água doce mas também de água salgada. E nas áreas de maior confinamento, não é considerada adequada ao consumo humano (a não ser que haja tratamento) por causa do (...) elevado teor de sólidos totais dissolvidos, alta concentração de sulfatos e a presença de flúor acima dos limites recomendáveis. 128 No que se refere ao elevado teor de flúor (> 2mg/L) e de salinidade (> 800 mg/l), alguns dados mostram no Brasil em municípios selecionados que apresentam essas diferenças na qualidade da água. Andradina, em São Paulo e Arroio do Meio, Encantado, Erechim, Santo Ângelo e Venâncio Aires no Rio Grande do Sul, dos quais apresentam elevado teor de flúor, considerado anormal. Já em municípios como Auriflama, Fernandópolis e Lins no estado de São Paulo, Santa Rosa no Rio Grande do Sul e em Piratuba em Santa Catarina apresentam anormalidade nos teores de salinidade. No caso de Presidente Prudente no estado de São Paulo e 126 GASTMANS, D. e KIANG, C. H. Avaliação da hidrogeologia e hidroquímica do Sistema Aqüífero Guarani (SAG) no estado de Mato Grosso do Sul; p ROSA FILHO, E. F;BOSCARDIN BORGHETTI, N. R. e BORGHETTI, J. R. Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul; p Ibid.; p. 151

67 53 Nova Prata no Rio Grande do Sul, com alta ocorrência tanto no teor de flúor quanto no de salinidade. 129 A temperatura da água é algo que também merece destaque. No que se refere ao aqüífero o aumento da temperatura se deve à profundidade, e o valor médio no caso do Aqüífero Guarani equivale a uma relação de 1 C/34 m, ou seja, a cada 34 m de profundidade aumenta 1 C. Como o aqüífero tem disparidades, verifica-se que há locais de anomalias positivas e negativas de gradiente geotérmico nas águas do Guarani. Na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ao longo do Rio Pelotas, esta relação de aumento da temperatura em função da profundidade cai em 1 C/50 m, por constituir tal área como zona de descarga local, há mistura com as águas frias do Aqüífero Serra Geral A distribuição de água no globo terrestre Apesar de a água ser encontrada em abundância no planeta terra, 97,5% é salgada; a água apropriada ao consumo humano por sua potabilidade (seguro ao consumo humano) é a água doce que representa 2,5%. Dos reservatórios desta parcela de água doce 68,9% estão sob a forma de calotas polares, geleiras e neves que cobrem as montanhas mais altas; 29,9% são águas subterrâneas; 0,3% são as águas dos rios e lagos e 0,9% outros reservatórios (ar, biomassa, etc). 131 Quando se trata de distribuição continental, verifica-se que ela é desigual. Nem todos os países usufruem grande oferta de água doce. A América do Sul é relativamente rica em água doce, enquanto que países do Norte da África são mais pobres 132. As águas subterrâneas são 29,9 % do total de água doce no mundo. O uso delas sempre existiu; o homem, face à irregularidade ou à escassez das chuvas em áreas que se formaram as primeiras e grandes civilizações do mundo (sumeriano, minóica, chinesa e harrapan no Vale do Indo), já havia a captação de água subterrânea. Com o passar do tempo, o homem foi aprimorando a técnica de uso de 129 Ibid.; p Ibid.; p RIBEIRO, W. C Geografia Política da Água; p REBOUÇAS, A. C. Águas Doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação; p. 16.

68 54 águas subterrâneas que, de simples buracos de água, desenvolveram-se técnicas mais avançadas como a perfuração de poços cada vez mais profundos. 133 Nos EUA há registro da utilização da água subterrânea, como base no desenvolvimento da sua economia, em uma área de 3 milhões de km² de clima semi-árido e, por sua vez, desértico. No Brasil a captação de água subterrânea é antiga, desde o tempo em que o país era Colônia; porém, pela abundância de águas superficiais, desenvolveram-se mais tecnologia de captação nos rios. 134 Mas o Brasil, dentre os países de grande extensão no mundo, possui boa interação de clima tropical dominante, com 90% do seu território abundante em quantidade de chuva (entre a mm/ano), somada às condições geológicas dominantes de 4 milhões de km² de extensão de rochas cristalinas, usufruindo, desta forma, de grandes excedentes hídricos dos quais (...) alimentam uma das mais extensas e densas redes de rios perenes do mundo. 135 Os aqüíferos podem desempenhar várias funções, dentre elas a de produção de água para consumo humano, industrial e para irrigação. Os países como os EUA, Austrália, México, Alemanha e Dinamarca usufruem da utilização de poços, atendendo a boa parte de suas demandas, porém de forma controlada. No Brasil não ocorre da mesma forma, não há controle, por isso fica difícil caracterizar seu nível de utilização, mas há um cálculo aproximado de 61%. 136 Outra função importante e de destaque é a função energética, aquecida pelo gradiente geotermal como fonte de energia elétrica ou termal. Essa tem sido a alternativa escolhida pelos EUA, Japão e Rússia para ampliar sua base energética. Por isso, o interesse nos aqüíferos em seu potencial energético e não só como fonte de água de boa qualidade e grande quantidade Ibid.;p Ibid.;p Ibid.;p Ibid.;p Ibid.;p. 143.

69 55 3 CRISE DE ESCASSEZ DE ÁGUA DOCE OU APROPRIAÇÃO POR NOVAS FONTES DE ÁGUA DOCE? Água é a fonte da vida. Água é a própria vida. Substância incolor, insípida e inodora, a água é um elemento essencial na composição orgânica do ser humano e para a vida da maior parte dos organismos vivos. Água, elemento abundante na natureza, encontrada sob vários estados: sólido, líquido e gasoso nas diferentes partes do planeta terra e, até em outros planetas. Apesar de ser um recurso renovável através do ciclo hidrológico, sofre com os impactos das ações do homem influenciando na sua qualidade. 138 A distribuição da água no planeta não é homogênea; dos continentes a América do Sul é a que responde na participação relativa pela maior porcentagem quanto ao indicador de drenagem global, com 27% a frente da Ásia com 26%. Conforme indicador estabelecido pela Organização das Nações Unidas, o país considerado em situação de escassez hídrica tem menos de m³/ano por habitante, realidade diferente quando comparado a países como o Brasil onde há oferta hídrica de m³/ano por habitante. 139 Segundo Rebouças, apesar dessa distribuição desigual de água doce entre os continentes, mostra dados de abrangência mundial dos quais refletem que (...) o gigantesco ciclo das águas proporciona descargas de água doce nos rios do mundo da ordem de km³/ano (...), ou seja, são de a m³/ano por habitante da terra. Enquanto que a demanda estimada por organizações internacionais na época para ano 2000 iria atingir somente 11% desse potencial hídrico; com tais dados, o próprio autor conclui que diante desse potencial (...) não existe o problema da escassez de água no nível global O ciclo hidrológico ocorre (...) nas bacias hidrográficas, nos continentes, enfim no planeta, constituindo-se basicamente no processo e no balanço de precipitação, evapotranspiração, fluxo e reserva nos aqüíferos. A água então se renova por meio desses processos. BRAGA, B. Et Al. Ciclos biogeoquímicos. In:. Introdução à Engenharia Ambiental; p TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez; p. 8 e REBOUÇAS, A.C., BRAGA, B. e TUNDISI, J. G. Águas Doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação; p. 14.

70 56 Para viver, o homem necessita consumir diariamente 2 l de água, 10 m³ ou 13 kg de ar e 1,5 kg de alimentos. Porém, para sobreviver o corpo humano suporta no máximo 5 semanas sem alimento e apenas 5 dias sem água. Por isso para alguns é vista como elemento vital à vida, para outros como mercadoria, independente do valor de uso, o que importa mesmo é o valor de troca. 141 Ainda que haja muitas discussões em torno desse tema, existe um consenso em se aceitar a importância que ela tem para o ser humano. O tema água ganha cada vez mais espaço nas discussões internacionais e, quando é considerada bem econômico, torna-se recurso hídrico necessário à atividade econômica e conseqüentemente ao processo de produção. 142 O consumo de água doce nas diversas atividades econômicas varia nas regiões e países. Mas a tendência mundial mostra que o maior consumo é por parte da agricultura que, numa série histórica de 100 anos (1900 a 2000), saiu de um consumo anual de 500 km³ em 1900 para quase km³/ano em Enquanto que o consumo total das atividades econômicas é de aproximadamente km³/ano. 143 Esses aspectos de consumo, necessidade e oferta mostram como a água tem sido assunto tão comentado principalmente nos últimos dez anos. Tem-se falado diariamente sobre problemas ambientais e, especificamente, sobre a questão de escassez de água doce : a água está acabando, diz a ideologia dominante e, portanto pensa o senso comum. Os problemas ambientais estão presentes na vida das pessoas; todos os dias se ouve falar sobre isso. Foco de conflitos declarados e até não declarados, quando o assunto se trata de água na atualidade ganha bastante espaço nos meios de comunicação em geral. Diariamente, fala-se em crise da água doce. A sociedade produtivista da década de setenta tinha em mente produzir, pois a idéia era de crescimento a qualquer custo. As questões ambientais de que tanto se fala hoje, torna-se presente cada vez mais e 141 Tal é a necessidade do homem quanto aos recursos naturais que ele suporta 5 semanas sem alimento, 5 dias sem água mas não fica mais que 5 minutos sem ar. FREITAS, A. J. Gestão de Recursos Hídricos. In: SILVA, D. D. da; PRUSKI, F. F. (Org.). Gestão de Recursos Hídricos - Aspectos Legais, Econômicos, Administrativos e Sociais; p PINTO, A.L. Saneamento básico e qualidade das águas subterrâneas; p TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez; p. 27.

71 57 comum na vida diária das pessoas, seja de forma ideológica (em que alguns mitos são sustentados como verdade absoluta), seja de forma bastante real e vivida diariamente, como a falta de saneamento básico ou a contaminação e a poluição das fontes d água existentes. E nesse contexto de importância da água doce, um manancial subterrâneo como o Aqüífero Guarani, diante desta questão, ganha destaque e espaço, devido à sua grande importância. O Guarani nos últimos dez anos aparece cada vez mais na mídia. Com o discurso de que a água vai acabar, assunto que as pessoas comentam todos os dias como papagaios, repetem a mesma idéia, reproduz-se aquilo que se quer que pensem: que a água doce vai acabar. Então o papel ideológico do desenvolvimento sustentável está sendo cumprido. Nunca se falou tanto sobre a questão da água doce, nunca se falou tanto no Aqüífero Guarani. Daí se tem uma problemática a ser respondida : mesmo que se estudem tudo sobre o aqüífero, ainda não é assunto esgotado. Qual o objetivo de organizações internacionais em estudar o aqüífero? Por que financiar um projeto de aproximadamente US$ 27 milhões? Qual o interesse nisso? Qual o interesse de financiar e apoiar um projeto dessa magnitude? O que é bem claro é a existência de interesses. Mas a pergunta é: quais são estes interesses? O projeto foi concebido com o título de Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, criado com o objetivo e a finalidade de apoiar os países que o abrange para elaboração de uma gestão integrada. A partir da deflagrada crise ambiental na década de setenta, em que discussões sobre vários temas foram abordados (inclusive sobre a água), entendese que a escassez de água doce se trata de um discurso ideológico dominante. Em muitas pesquisas a questão ambiental enquanto crise já foi bem explorada. Mas ao analisar a questão da escassez de água doce enquanto discurso, volta-se àquela para mostrar a influência do discurso ideológico na atualidade e como essas idéias ao longo do tempo ganharam força.

72 Início e consolidação da crise ambiental Comumente, identifica-se o surgimento das discussões ambientais na segunda metade do século XX, mais precisamente no fim da década de sessenta e início da década de setenta. 144 O volume de informações que se relaciona ao meio ambiente está presente na vida das pessoas em todos os segmentos: roupas ecologicamente corretas ; papel reciclável ; embalagens de produtos orientando quanto ao desperdício de água com a frase economize água ; commodities ambientais"; banco ambiental ; responsabilidade social e ambiental ; enfim a questão dos problemas ambientais está presente em tudo e em todos os lugares. Desde uma embalagem de produtos em outdoors no mercado financeiro, até em documentos oficiais sejam eles expedidos por organizações governamentais ou não. Por meio de eventos que consolidaram uma profunda crise planetária, como: a Conferência de Estocolmo (1972); a publicação do documento A Estratégia Mundial para a Conservação pela ONU e a WWF (1980); com o documento publicado Nosso Futuro Comum (1982) pela ONU e a primeira-ministra Gro Brundtland; com evento RIO 92 e conseqüentemente a elaboração do documento Agenda 21 a partir deste. Verificou-se, portanto, que houve progressivamente discussões sobre vários assuntos nestes eventos e documentos dentro da questão ambiental como a erosão de solos, desertificação, aquecimento global, superpopulação, pobreza, destruição da camada de ozônio, sobre-exploração de mantos aqüíferos, contaminação das costas e marés, contaminação de água e devastação de matas. Estes são os ditos impactos da ação do homem ao meio ambiente que justificou a idéia de crise ambiental. 145 Rebêlo Júnior mostra que foi de forma repentina o surgimento da abordagem ambiental na década de 70 com o aparecimento das palavras poluição, meio ambiente, ecologia, e outras que (...) subitamente passaram a adquirir importância (...) e hoje são exploradas em todos os níveis e meios de comunicação. Essa observação leva a questionar a consistência da idéia de existência de crise. A sociedade contemporânea encontra-se numa fase das discussões sobre as 144 REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ou Regressão do Subdesenvolvimento; p BEGER, E. M. S. (?). A água e a emergência da questão ambiental. p. 18 e 19 - site: Acesso em 13 de nov

73 59 questões ambientais que não é só entre os ativistas das Organizações Não Governamentais que se comenta sobre os problemas ambientais do mundo, mas em qualquer esfera de comunicação ou ambiente formador de opinião. Portanto, ambientalismo configurou na idéia de se acreditar que existe uma crise ambiental. 146 Outro aspecto para a chamada novidade repentina é que a ecologia, durante 1969 e 1970, (...) passou a ser moda. Ao discorrer sobre fatos e registros neste contexto repentino da crise ambiental (referência que se faz aos problemas ambientais mundiais), mostra o aspecto ideológico dessas discussões. O ecologismo (ou ambientalismo) é (...) uma ideologia alternativa do capitalismo (...) e que são idéias como: o buraco de ozônio, efeito estufa, a destruição da Floresta Amazônica, as quais nasceram de organizações como a Fundação Worldwatch. Tais idéias, como coloca o autor Rebêlo Júnior, foram usadas (...) sob a forma do ecologismo e a sua aplicação ou, o desenvolvimento sustentável (...), idéia por ele analisado posteriormente. 147 Mas, entre essas novidades, o que merece destaque é o aparecimento repentino da crise ambiental e conseqüentemente do ambientalismo que, sob a roupagem de causa mundial e global, na realidade foi pretexto na consolidação da Nova Ordem Mundial. 148 Rebêlo Júnior mostra e relaciona vários autores que registram a coincidência do período de novidade repentina (da crise ambiental) com a década de setenta que foi um período de muitas mudanças: sejam elas sociais, econômicas, legais, religiosas e até ambientais. Mas eram apenas idéias propagadas na base de informação através dos meios de comunicação, surgindo várias fontes bibliográficas falando sobre o assunto. O que se verifica no século XXI são as idéias (de se propagar uma crise ambiental) que saem do campo da informação para se tornarem diretrizes da agenda ambiental, efetivadas somente após décadas de 146 REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ou Regressão do Subdesenvolvimento; p. 49 a Sobre essa questão da Fundação Worldwatch - instituição que até hoje está sob os cuidados de Lester Brown - o autor mostra que a mesma foi inicialmente financiada pela Fundação dos Irmãos Rochefeller, família tradicional nos EUA e empresários no setor petrolífero, na página 52 da versão preliminar da tese. Ibid. Vide p. 49 a Esta questão ambiental já foi analisada na graduação em trabalho de monografia para conclusão de curso. FERREIRA, M.R.. A questão da dívida externa brasileira e a conversão em projetos de meio ambiente (o caso do Brasil); p. 40.

74 60 oitenta/noventa e, enquanto políticas públicas, estão abrindo espaço para a consolidação da Nova Ordem Mundial, ou seja, a aplicação dessas idéias. 149 Ora, a forma de aparecer repentinamente não é casual. Por trás disso, estão os interesses de países do Norte de propagarem uma nova forma de desenvolvimento. Os países do Sul (dito subdesenvolvido na época) na década de setenta como o Brasil, de desempenho industrial expressivo e altas taxas de crescimento econômico, buscaram o modelo baseado na intensa industrialização pesada e comum a tal período, aproveitando-se intensivamente de seus recursos naturais, a fim de alavancar-se industrialmente e serem independentes. Documentos publicados, como o Limites do Crescimento, baseados nas reuniões e convenções lideradas pelas organizações internacionais responsáveis por esta Nova Ordem Mundial foram a forma de difundir tais idéias e, conseqüentemente, propagar a ideologia ambiental. A questão da poluição pelo acúmulo de lixo, a poluição dos mares, dos rios e do ar foi a gênese de uma discussão que se arrasta aos dias de hoje; porém, de forma mais forte devido ao aparecimento de inúmeras ONG s, corporações internacionais, que através da ideologia ambientalista, transcendem barreiras nacionais. E então a crise ambiental é utilizada como estratégia ideológica para interromper esse crescimento, sob a alegação de organizações internacionais que tais países estivessem exaurindo com seus recursos naturais. Interromper tal crescimento seria afastar a possibilidade de esses países do Sul se tornarem grandes concorrentes no mercado internacional, principalmente em relação aos EUA, que já dividiam espaço com o Japão e a Alemanha, os quais estavam em ascensão como potência. Essa é a configuração da Nova Ordem Mundial. 150 A idéia de crise, tem um caráter e uma formação ideológica de crise estrutural, especificamente do sistema de produção capitalista. Pois, O mesmo sistema ideológico que justifica o processo de globalização, ajudando a considerá-lo como o único caminho histórico, acaba, também, por impor uma certa visão da crise e a aceitação dos remédios sugeridos. Em virtude disso, todos os países, lugares e pessoas passam a se comportar, isto é, a organizar sua ação, como se tal crise fosse a mesma 149 Segundo Rebêlo Júnior em sua tese de doutorado, o que caracterizou como novidade repentina foi que palavras como poluição, meio ambiente, ecologia, subitamente passaram a adquirir importância a partir da conferência de Estocolmo em REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ou Regressão do Subdesenvolvimento; p EIR. A Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do governo mundial; p. 243.

75 61 para todos e como se a receita para afastá-la devesse ser geralmente a mesma. 151 E os remédios sugeridos são receitados como urgentes a aplicação do desenvolvimento sustentável com a idéia de preservação e conservação para as gerações futuras. O termo problemas ambientais não está relacionado à crise e sim aos problemas ecológicos, ambientais, problemática ambiental, questão ambiental e questão do meio ambiente, mesmo porque tem relação com as questões sociais presentes na forma de como o homem constrói sua vida material, nas contradições da produção social do espaço, sendo este não só uma categoria física mas ainda social; é a intervenção da sociedade na natureza e conseqüentemente as contradições das classes sociais. 152 E tais problemas que, para alguns justifica a idéia de crise, para outros são encarados apenas como um conjunto de problemas:...águas continentais e oceânicas poluídas, ar atmosférico irrespirável, buraco na camada protetora de ozônio, aumento da temperatura nas áreas centrais das cidades (ilhas de calor), aumento geral da temperatura atmosférica (efeito estufa), chuvas ácidas, solos ressecados, desertificação, ausência de lugares para depositar os resíduos sólidos que também são visíveis nas ruas, praças, parques, praias e nos depósitos de lixo. 153 Portanto, não é crise ambiental, e sim são problemas ambientais. E num primeiro momento este aparece apenas como situação relacional de homem e natureza. Se apenas esse aspecto for analisado, irá ocultar a existência das contradições das classes sociais, e não irá ter a compreensão de que (...) os problemas ambientais dizem respeito às formas como o homem em sociedade se apropria da natureza. Na dinâmica social apropria-se de várias coisas, entre elas, dos recursos naturais e da força de trabalho do outro pela exploração e, dessa forma, vão produzindo as contradições da produção social do espaço e as formas 151 SANTOS, M. A normalidade da Crise. IN: Santos, M. O País Distorcido: o Brasil, a Globalização e a Cidadania; p RODRIGUES, A. M. Problemática ambiental e espaço: algumas questões teórico-metodológicas; p Ibid.; p. 13.

76 62 que se apropria da natureza. Ou seja, é uma associação de aspectos naturais e sociais. 154 Essas idéias foram usadas em busca de uma Nova Ordem Mundial. A ideologia ambientalista seria a consolidação de idéias e a forma de racionalizar que o meio ambiente foi impactado de tal forma que está em crise. No fim da década de sessenta e inicio da década de setenta, eventos colaboraram para que tal propagação de idéias se firmasse e se consolidasse. Coincidentemente a questão ambiental ou a relação homem / natureza é levantada num período marcado por várias mudanças seja no seguimento social, econômico e, no que se refere ao meio ambiente, tem-se um novo olhar. Na época, portanto, o discurso ambiental teve uma conotação antidesenvolvimentista. Foi proposto aos países periféricos um modelo de desenvolvimento baseado no crescimento zero sob a alegação que a pressão demográfica estaria desequilibrando o meio ambiente e que os recursos naturais estão escassos. Portanto, nesse período (fim da década de sessenta e início da década de setenta), a crise ambiental foi utilizada como estratégia ideológica para interromper o crescimento. Sob a acusação de que os países ditos subdesenvolvidos estão acabando com os recursos naturais de seus países. O cenário que havia entre os países ditos desenvolvidos e subdesenvolvidos eram que estes cresciam com altas taxas consolidando seu parque industrial - como foi o caso do Brasil - modelo baseado na intensa industrialização. Essas idéias, portanto, foram concebidas num momento em que os países periféricos, detentores de matéria prima necessárias à produção, questionaram os preços praticados no mercado internacional dos seus produtos primários, havendo portanto impasse entre os países ricos e países pobres. As idéias do ambientalismo no período foi a possibilidade de afastá-los como futuros concorrentes no mercado internacional, espaço que já era dividido entre os EUA, e a Alemanha e Japão em ascensão Ibid.; p. 13 e EIR. A Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do governo mundial; p. 243.

77 63 Na verdade não foi uma coincidência os questionamentos dos países pobres com o surgimento da tal crise ambiental e sim, um remanejamento da ordem econômica e a então crise aparece como estratégia ou ferramenta ideológica com interesses em manter os países, ditos na época subdesenvolvidos, ou pelo menos podar seu intenso processo de industrialização verificado na década de setenta. Então não foi só uma discussão casual das questões ambientais, mas o remanejamento e consolidação de uma Nova Ordem Ambiental. 156 Há um processo de consolidação do ambientalismo ao propagar a idéia e fazer com que as pessoas comecem a acreditar que o mundo está ou irá ter uma crise ambiental. Já havia algumas situações de discussão sobre o meio ambiente, mas é na década de setenta que a ideologia ambientalista ganha força e cenário de atuação, processo este o qual se intensificou com o passar dos anos, e atualmente no início do século XXI tudo envolve a discussão ambiental. A consolidação de crise para os problemas ambientais parte da mesma lógica ambientalista: é ideológico. Na concepção marxista, a ideologia é entendida a partir da luta de classes, conforme a citação a seguir:..., pois ideologia é um dos instrumentos da dominação de classes e umas das formas de luta de classes. A ideologia é um dos meios usados pelos dominantes para exercer a dominação, fazendo com que esta não seja percebida como tal, pelos dominados. 157 A ideologia é uma forma de dominação oculta de uma determinada classe social sobre a outra através de idéias. Na sociedade capitalista, a ideologia funciona como instrumento de dominação. No que se refere ao ambientalismo, não é diferente. Ou seja, ambientalismo é uma ideologia que oculta em si outras pretensões. Mantêm países do Sul subordinados aos países do Norte através da lógica ambientalista E seria então utilizar o ambientalismo como instrumento para implantar um governo mundial, no qual as soberanias nacionais ou Estados Nacionais seriam 156 FERREIRA, M.R.. A questão da dívida externa brasileira e a conversão em projetos de meio ambiente (o caso do Brasil); p CHAUÍ, M. O que é ideologia; p.86.

78 64 limitados. Onde a minoria domina a maioria, atrasando a possibilidade de crescimento e prosperidade das nações menos desenvolvidas e industrializadas. 158 Então as diretrizes de se implementar um governo mundial, vão se difundindo aos poucos a fim de atrasar o desenvolvimento dos países pobres que, em sua maioria são detentores de recursos naturais. Aos poucos então o ambientalismo cria espaço e um ambiente socialmente controlado para concretizar suas ações. A noção de crise e ambientalismo estão e são estreitados que, da forma como foi propagado, são sinônimos. Eles aparecem (...) sob a roupagem de causa mundial e global, que na realidade seria um pretexto para consolidar a Nova Ordem Mundial. 159 A forma como foi concebida e difundida camufla outras intenções para que se consolidasse uma Nova Ordem Mundial entre os países ditos na época de desenvolvidos e os subdesenvolvidos. A discussão ambiental foi inicialmente articulada a partir daqueles países ditos desenvolvidos, em que organizações secretas e até misteriosas como o Clube de Roma, posteriormente deflagraram esse processo de consolidação da ideologia ambiental como urgente causa mundial. Com a Conferência de Estocolmo este cenário ficou bem claro. Junto da ascendente discussão sobre o meio ambiente, verifica-se o surgimento ou destacamento de organizações privadas como a Fundação Rochefeller, Clube de Roma, Comissão Trilateral, Clube de Bildeberg e Conselho de Relações Exteriores, as quais não só gestaram o conceito de desenvolvimento sustentável, mas também criaram condições para aplicá-lo. Junto dessas organizações, ou por trás delas, atuam capitalistas detentores de grandes multinacionais e querem ver seus interesses globais defendidos. 160 A partir da Conferência de Estocolmo intitulada Conferência sobre o Meio Ambiente, configurou-se um marco quanto à discussão dos problemas ambientais no cenário mundial. Realizada pelas agências da ONU em 1972, em Estocolmo na Suécia, abordaram-se vários temas como a poluição atmosférica, a poluição da água, do solo e a pressão do crescimento demográfico sobre os recursos naturais. 158 EIR. A Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do governo mundial; p FERREIRA, M.R.. A questão da dívida externa brasileira e a conversão em projetos de meio ambiente (o caso do Brasil); p O autor faz uma relação da época que surgiu a crise ambiental com o surgimento de organizações internacionais como a Comissão Trilateral REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ou Regressão do Subdesenvolvimento. Tese de Doutorado- versão preliminar. Vide p

79 65 Neste contexto foi abordado sobre o fim das reservas de petróleo onde foram apreciadas propostas de se limitar o controle populacional e o crescimento econômico de países periféricos, levando a um grande debate que ficou conhecido entre os zeristas e os desenvolvimentistas. 161 O destaque na discussão é que ela foi propagada num contexto controvertido sobre as relações de crescimento econômico e meio ambiente devido à influência das idéias do Clube de Roma, no relatório intitulado de Limites do Crescimento, o qual enfatiza a idéia de crescimento zero a fim de evitar uma catástrofe ambiental. 162 Tal questão no que se refere à pressão do crescimento populacional ao meio ambiente, ganhou tanto destaque que países como o Brasil, México e a Índia tiveram de adotar políticas demográficas a fim de promover controle populacional patrocinadas por organizações internacionais. 163 Apesar da influência das idéias de crescimento zero do Clube de Roma, inclusive sobre as Organizações Não Governamentais (ONG), os países periféricos ditos na época de Terceiro Mundo se expressaram manifestando-se a favor do (...) desenvolvimento econômico ainda que com poluição (...), trazendo a discussão sobre a estabilidade de preços das matérias-primas e produtos básicos. E esse debate foi vencido a favor dos países periféricos, considerando que as idéias do Clube de Roma, junto a uma discussão ambiental, tinham uma conotação antidesenvolvimentista (que na verdade tinha em si encobrir a luta de classes existente nestas questões). Por isso, a Conferência de Estocolmo foi uma vitória dos países de Terceiro Mundo no que diz respeito ao enfoque ambiental inicial da conferência. 164 Os países do terceiro mundo, detentores de matéria prima, começaram a questionar os preços de seus produtos e se organizar a fim de requerer uma (...) redistribuição das riquezas entre países pobres e países ricos, através de uma 161 Nesta tese o autor faz uma discussão da questão ambiental em si e dos vários eventos que antecederam a Conferência de Estocolmo. RIBEIRO,W.C. A Ordem Ambiental Internacional. Tese de Doutorado; p ROMEIRO, A. R. Economia ou economia política da sustentabilidade? Texto para discussão. p. 7 e Nesta tese o autor aprofunda estas discussões sobre a influencia das idéias do Clube de Roma. Sugiro a leitura do livro A Trilateral para aprofundar sobre o conhecimento sobre organizações como o Clube de Roma e a Comissão Trilateral, a influência de suas decisões no mundo e quem são as pessoas que estão por trás destas organizações por ora até misteriosas como o Clube de Bildeberg. RIBEIRO,W.C. A Ordem Ambiental Internacional. Tese de Doutorado; p REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ou Regressão do Subdesenvolvimento. Tese de Doutorado- versão preliminar. Vide p. 129.

80 66 correlação mais justa entre os preços das matérias-primas e dos produtos industrializados (...), como foi o caso do questionamento dos países que exportavam petróleo ao criar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) o que significou um desafio aos países ricos. Países que até então eram subordinados politicamente começam a discutir sua atuação no cenário internacional, havendo o que começou a incomodar os países ricos os quais dependiam totalmente do petróleo no sistema de produção, portanto disputas entre Norte-Sul (países ricos e pobres). Com a crise do petróleo no inicio da década de setenta essa situação se agrava. 165 A OPEP foi criada em 1960 com o intuito de questionar os preços praticados, porque os lucros que recebia eram muito desproporcionais aos que eram recebidos pelas companhias que formavam o cartel do petróleo: Shell, Standart Oil, Anglo- Iranian, Socony Vacuum, Gulf, Texaco e a Standart da Califórnia. A OPEP então é uma ameaça à política econômica praticada por essas corporações que queriam produzir com petróleo barato e manter os países produtores que formavam a OPEP na situação que sempre esteve. 166 Ao longo dos anos sessenta, houve várias mudanças políticas e econômicas em que os países do Terceiro Mundo pressionam o cenário internacional na criação de uma Nova Ordem Econômica Internacional, surgindo o Clube de Roma, o qual é formado por grandes empresários com a intenção de (...) representarem os interesses concretos de empresas capitalistas frente aos novos desafios (...), como os questionamentos do Terceiro Mundo. Para isso, seria necessário manter o statos quo. Ele criou o conhecido relatório Limites do Crescimento. Essa organização atua comungando das mesmas intenções do Clube de Bildeberg, criado na década de cinqüenta e posteriormente a Comissão Trilateral criada na década de setenta, formada pelos EUA, Japão e Alemanha. 167 Como coloca Rebêlo Júnior, surge a idéia de Nave Espacial Terra, ou seja, a discussão ambiental surgiu num momento em que o Terceiro Mundo questiona as relações de produção e durante a década não só impacta esta relação com a organização da OPEP, mas também de documentos oriundos da Conferência de 165 ASSMANN, H.. A Trilateral: Nova Fase do Capitalismo Mundial. p REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ou Regressão do Subdesenvolvimento. Tese de Doutorado- versão preliminar. Vide p Ibid;p.92 e 94.

81 67 Solidariedade aos Povos da África, Ásia e América Latina mais conhecida como Conferência Tricontinental, realizada em Numa circunstância em que as idéias ambientalistas ganham cenário e força. 168 Muito já se falou e pesquisou sobre a questão ambiental. Esta se volta sempre para a análise homem / natureza, discussões que se baseiam de como homem se relaciona com a natureza, ou seja, os impactos de suas ações sobre o meio em que habita, ao produzir sua vida material, ganharam espaço e força ao longo dos anos até se consolidar a partir da década de setenta como ambiental crise e, portanto, como ideologia ambientalista. A forma de como o homem produz suas condições de vida é baseada no uso de recursos naturais, e esta relação é questionada a partir do momento em que se tem de conviver com os impactos de suas ações pra sobreviver e manter tal condição de vida. Mas sob a ótica crítica ao capitalismo, a produção da vida material acontece através do trabalho e o homem que aparece sob forma genérica se organiza em sociedade e, portanto, em classes sociais e conseqüentemente a luta de classes é inerente àquelas. 169 E na concepção marxista, verifica-se que o trabalho é mais que um ato de força física ou intelectual é uma relação social e a própria dinâmica social em que os homens se relacionam, explorando a força de trabalho do outro: A utilização da força de trabalho é o próprio trabalho. O comprador da força de trabalho a consome ao fazer trabalhar o vendedor dela.... Para representar seu trabalho em mercadorias, ele tem de representá-lo, sobretudo em valores de uso, em coisas que sirvam para satisfazer as necessidades de alguma espécie... Antes de tudo o trabalho é um processo entre o homem e a natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para a sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele desenvolve as potências nela adormecidas e sujeita o jogo de suas forças a seu próprio domínio. 170 Ao fazer uma análise sobre a categoria Formação Econômica Social, na proposta de Santos é necessário fazê-la a partir de uma análise espacial, partindo do princípio de que esta relação homem / natureza ou homem / meio ambiente ou 168 Ibid.; p MARX, K. e ENGELS, F. A Ideologia Alemã; p MARX, K. O Capital: Crítica da Economia Política; p. 149.

82 68 homem / espaço, que por meio das dinâmicas sociais se modifica - no momento da produção - e o espaço não seja visto somente como solo, como já foi no passado, mas como elemento social e categoria. Elementos como natureza, meio ambiente, espaço, homem, trabalho, não estão soltos mas interligados interagindo através das dinâmicas sociais que são as relações sociais, movimentando-se ao longo do tempo e construindo então um processo histórico. 171 E Marx que fundamentou tal questão do trabalho no Sistema de Produção do Capital (identificado por Capitalismo), colocando que o homem na produção de sua vida material se distingue dos animais não só pela consciência, mas também porque produz suas condições de vida pelo trabalho. O qual, conforme a dinâmica social, foi-se desenvolvendo de tal forma que surgiu a luta de classes, uma vez que por meio do trabalho há a exploração da força de trabalho entre os homens. Pressupomos o trabalho numa forma em que pertence exclusivamente ao homem. 172 E vê que os homens se relacionam através da exploração da força de trabalho de outro homem e por isso fala da mais - valia que é a força de trabalho não paga e que isso tudo é capital, ou seja, é relação social de exploração seja sob a forma de dinheiro ou não e que no processo de circulação (D - M - D : dinheiro por mercadoria, mercadoria por dinheiro mais uma variação que é a mais-valia ou trabalho não pago) que neste processo de trabalho explorado enquanto mais-valia (D ) que aparece. 173 Portanto, o homem na produção material precisa usar os recursos naturais e obviamente suas ações vão impactar e é isso que foi abordado com tanta ênfase a partir da década de setenta, e não sobre a exploração da força de trabalho. E é curioso, pois quem faz esses questionamentos sobre a ação do homem são aqueles que Marx chama de capitalistas (...) O trabalhador trabalha sob o controle do capitalista a quem pertence seu trabalho. 174 Os capitalistas são os detentores dos meios de produção, inclusive da força de trabalho e, conseqüentemente, as idéias racionalizadas pela classe dominante 171 SANTOS, M. Espaço e Sociedade; p MARX, K. O Capital: Crítica da Economia Política; p Ibid.; p Ibid.; p. 154.

83 69 (classe composta de capitalistas influentes) é que se destacarão e serão impostas às demais: As idéias da classe dominante são, em todas as épocas, as idéias dominantes; ou seja, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. A classe que dispõe dos meios de produção espiritual, o que faz com que sejam a ela submetidas, ao mesmo tempo e em média, as idéias daqueles que não possuem os meios de produção espiritual. 175 Além de o capitalista deter os meios de produção, também detém as idéias que irão condizer com os seus interesses. E no que se refere à questão ambiental, foram idéias levantadas a partir destes capitalistas organizados não em países, mas em organizações e multinacionais em busca de uma ordem que atendesse aos seus interesses Ambientalismo enquanto ideologia e contexto da Nova Ordem Mundial A ideologia ambientalista propagou a forma de racionalizar ou pensar a respeito do meio ambiente. Na concepção marxista a ideologia é um conjunto de idéias que expressam os interesses de uma determinada classe. Com bem coloca a autora Chaui, Marx analisa (...) a ideologia em geral enquanto pensamento historicamente determinado (...), para ele não se separam as condições sociais das históricas em que as idéias são produzidas das idéias em si. 176 E ao imaginar a realidade na abordagem dessas idéias, irá passá-la como verdade absoluta, havendo um contraponto entre o que foi idealizado e o que existe na realidade. Nesse contexto o ambientalismo é ideológico; o ambientalismo é um conjunto de idéias de determinados grupos na sociedade em defesa da preservação do meio ambiente. E numa conceituação mais precisa da autora ainda a partir da concepção marxista (...) as idéias aparecem produzidas somente pelo pensamento, porque seus pensadores estão distanciados da produção material MARX, K. e ENGELS, F. A Ideologia Alemã; p Chauí, M. O que é Ideologia; p Esta produção material é a base material da sociedade capitalista, ou aquilo que a mantém, a produção de mercadorias. Materialismo histórico é o método, é a leitura de como Marx vê a vida material e aborda no livro A Ideologia Alemã. Ibid. p. 66.

84 70 Então não é só um conjunto de idéias, mas de que forma foram construídas e de que maneira expressam o interesse de uma determinada classe e, portanto, a forma manipuladora das referidas idéias. A produção de idéias é própria da condição social do homem, ou seja, do que o homem faz de sua vida. E, analisando a partir da afirmação citada, quando há separação das condições sociais das históricas, as contradições reais desta produção material e, portanto de condição social, permanecem ocultas. Contradições estas entre as relações de produção ou as forças produtivas e as relações sociais. Já que nem sempre quem produz os bens, como os trabalhadores, usufrui daquilo que produziu, mas os detentores dos meios de produção (dessa mão-de-obra) e dos outros fatores de produção sim. Eles que usufruem. E isso é que são relações sociais: uma luta entre as classes a partir das (...) contradições estabelecidas entre os homens reais em condições históricas e sociais reais. Portanto, as questões ambientais da forma que são conduzidas por determinados agentes sociais as tornam uma ideologia, e os vários fatos que ocorreram e conseqüentemente têm ocorrido para que estas idéias tenham cada vez mais força. E acreditar e propagar a idéia de crise ecológica é acreditar na existência de uma ideologia ambientalista a qual é o ecologismo defendido pelos movimentos ambientais. A propagação da citada ideologia do ecologismo é uma resposta a esta suposta crise ambiental. A ideologia tem esse poder de ocultar o que realmente deveria aparecer, e o que o ecologismo oculta é que esta crise é do sistema capitalista e não do meio ambiente conforme diz a citação a seguir não é (...) senão um dos aspectos desse mundo às avessas que a alienação mercantil e capitalista do ato social de trabalho institui. 178 A lógica do capital é o enriquecimento privado, no qual a produção capitalista submete elementos como a mão-de-obra do trabalhador, a energia e até os recursos naturais (matéria-prima) enquanto fatores de produção ao sistema de produção e reprodução do capital. O que demonstra que esta crise, na verdade, é na sociedade industrial: reprodução do capital e fonte de enriquecimento privado. E por isso são nas relações capitalistas de produção a razão para tal suposta crise ambiental. É 178 BIHR, A. Da grande Noite à alternativa; p. 129.

85 71 necessário desvendar a crise ambiental a partir das contradições do sistema capitalista. 179 O ecologismo é incapaz de explicar por que as sociedades contemporâneas produzem uma crise ecológica, por que ele nega as relações sociais, nega a luta de classes presente nos processos sociais, nega a exploração do homem pelo homem; se fizer uma análise crítica das relações capitalistas de produção não atingirão suas metas e deverão romper com suas estratégias globais. 180 A contradição do discurso da água é dizer que todos necessitam dela, mas sabemos que, ao privatizar os serviços e a própria mercantilização por água engarrafada, verifica-se que nem todos têm acesso a ela. Portanto, a contradição entre a idéia de escassez de água doce e a realidade das pessoas é de aparecer como suposta preocupação coletiva, mas é de interesse de uma pequena minoria. A questão do ambientalismo está inserida no contexto da Nova Ordem Mundial em que se prega um governo mundial reforçado pela globalização. 181 A discussão de proteção ambiental justifica a necessidade de um governo mundial, o qual passa por barreiras nacionais, colocando limitações nos governo ou estados nacionais. O destaque para o conceito de Nova Ordem Mundial é que mesmo a Ordem Mundial atuando de forma que atenda os interesses de potências (países poderosos) ela transcende aos Estados Nacionais. Na verdade não só países buscando seus interesses, mas capitalistas sob a forma de grandes empresas multinacionais e grandes corporações interessadas na Nova Ordem Mundial. A situação estrutural das relações internacionais é a de anarquia, com atores ou sujeitos múltiplos, em especial os Estados e os conflitos ou guerras entre eles [...]. A existência de grandes potências introduz um fator de ordem na anarquia internacional, que preside particularmente as relações entre os grandes e pequenos Estados. O equilíbrio entre as grandes potências é um outro elemento importante nessa ordem. Esses dois elementos, a hierarquia entre os Estados e o equilíbrio entre as grandes potências, constituem os principais fatores que transformam a imensa pluralidade caótica de Estado num sistema relativamente organizado, numa relativa ordem Ibid.; p REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ou Regressão do Subdesenvolvimento. Tese de Doutorado- versão preliminar. Vide p FERREIRA, M.R.. A questão da dívida externa brasileira e a conversão em projetos de meio ambiente (o caso do Brasil); p VESENTINI, J. W. A Nova Ordem Mundial; p. 6.

86 72 Portanto, essa nova ordem não trata somente em suas características de tendências neoliberais, mas também de riqueza e poder. Os arquitetos da ordem são os grandes capitalistas, ora em situação de conflito, ora em situação cooperação e querem continuar na posição de riqueza e poder. 183 Para que tal ordem fosse idealizada e concretizada a fim de enfrentar as crises inerentes ao sistema capitalista a solução não seria mais através de guerras como historicamente se fez. A solução pela guerra está afastada. 184 A atuação destes pressupõe a intenção de uma Nova Ordem Mundial por meio do discurso da globalização em que se reforça a idéia e a necessidade de um Governo Mundial. E o que atende bem essa idéia é justamente o ambientalismo enquanto ideologia, a discussão ambiental (...) passa por barreiras nacionais, colocando limitações aos governos ou Estados Nacionais. A questão ambiental no mundo ganhou força na sua discussão a partir da década de 70 quando documento Limites do Crescimento e eventos como a Conferência de Estocolmo foram articulados por grupos com interesse em estratégias internacionais como o Clube de Roma, a Comissão Trilateral e o Clube de Bildeberg, sem falar no Conselho de Relação Exteriores. 185 Portanto, o ambientalismo está inserido nessa Nova Ordem Mundial, em que forças são bem manipuladoras e que planejam e concretizam seus interesses, aparecendo como causa mundial, como é a questão meio ambiente no cenário mundial. O que caracteriza esta ordem é impor as idéias de livre comércio, da Divisão Internacional do Trabalho, de malthusianismo e globalização através de várias roupagens, sendo a que se destaca é o ambientalismo. 186 A construção da ordem no fim do século XX foi a ação de desarticulação dos países (na época ditos subdesenvolvidos), na estratégia de buscar industrialmente diminuir a distâncias em relação aos países ditos desenvolvidos. Face aos questionamentos feitos por aqueles em relação aos preços das suas matériasprimas na Conferência de Estocolmo em 1972, as ações mais desarticuladoras foram: a crise das dívidas externas na primeira metade da década de 80 e a 183 BENJAMIM, C. A nova ordem mundial e o destino do Brasil; p Ibid; p FERREIRA, M. R. A questão da dívida externa brasileira e a conversão em projetos de meio ambiente (o caso do Brasil); p EIR. A Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do governo mundial; p. 13.

87 73 influência das políticas neoliberais, destruindo os projetos em andamento da América Latina. Nessa ordem, países como o Brasil tendem manter condição de país primário exportador e com as idéias ambientalistas há uma sutil e aparente intenção de continuar nessa situação e não emergir como potência capitalista. 187 Apesar de a Nova Ordem Mundial ter íntima relação com tais questões como a crise da dívida e políticas neoliberais, a estratégia ideológica que aparecem sob a roupagem de causas ambientais são muito desarticuladoras como é o caso da idéia de desenvolvimento sustentável. Na visão do autor Ribeiro existe uma Ordem Ambiental Internacional em que as idéias como o desenvolvimento sustentável e segurança ambiental internacional são centrais para (...) o estabelecimento da ordem ambiental internacional. Com o intuito de salientar apenas o desenvolvimento sustentável, este pressupõe a idéia, baseada na descrição feita por este autor, de que (...) as ações humanas dirigidas para a produção de coisas necessárias à reprodução da vida devem evitar a destruição do planeta. O autor acrescenta ainda que tais conceitos foram criados para legitimar a ordem ambiental internacional. 188 Desde a década de 70 havia uma discussão ideológica em torno da produção econômica e conservação ambiental a fim de estreitar uma relação entre eles, algo que foi promovido ao longo desses anos através de reuniões e relatórios internacionais. Mas um conceito já havia sido criado na década de 70 para aproximar esses dois temas, o qual foi o chamado ecodesenvolvimento, através do economista Ignacy Sachs. Sem falar no encontro que houve em Founex na Suíça em 1971, o qual fazia uma reflexão sobre o modelo desenvolvimento e os problemas ambientais. 189 Em 1973, na Primeira Reunião Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Maurice Strong emprega a expressão ecodesenvolvimento sem conceituá-la, o que foi feito por Sachs em 1974 definindo-o (...) un estilo del desarrollo particularmente adaptado a las regiones rurales del Tercer Mundo, fundado en su capacidad natural para la fotosíntesis Ibid.; p O autor vê o desenvolvimento sustentável como um conceito e não idéia.ribeiro,w. C. A Ordem Ambiental Internacional; p Ibid; p.239 / Ibid.; p. 240 / 241.

88 74 Com essa definição, Sachs quis fazer uma reflexão sobre o ambiente rural como lugar possível para desenvolver-se um modo de vida capaz de manter e reproduzir as condições de existência humana sem comprometer a base natural necessária à produção. Em 1983, com a criação da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) foi consolidada a idéia de desenvolvimento sustentável na comunidade internacional. Comissão esta presidida pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, produziu seu relatório mais conhecido: Nosso Futuro Comum, que também ficou conhecido como Relatório de Brundtland a partir de estudos realizados entre os anos de 1983 e 1987 sobre a degradação ambiental e econômica do planeta. 191 Apesar de não aprofundar sobre a natureza do conceito, o autor que faz este relato mostrando a evolução histórica do mesmo, julgando-o ser vago e por isso passa servir interesses diversos, apesar disso o considera um discurso poderoso promovido por organizações internacionais, empresários e políticos, de grande repercussão na sociedade. 192 O mesmo raciocínio do ecologismo (ideologia ambientalista), o qual nega as contradições do capitalismo vale para a idéia de desenvolvimento sustentável. Da forma como foi concebido, tende a não questionar as relações de produção conforme a afirmação (...) las relaciones de producción capitalistas no son discutidas en la teoria del desarrollo sustentable. Essa idéia é uma consolidação da ideologia ambientalista e foi inicialmente propagado pela publicação do livro Nosso Futuro Comum. 193 A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento realizada em 1992 no Brasil, Rio de Janeiro, conhecida como ECO 92, trouxe para discussão o documento Agenda 21: Diretrizes de uma agenda ambiental, a qual implicitamente propaga a Nova Ordem Mundial por meio de mudanças nas relações de produção internacionais. Mas a questão da Nova Ordem Mundial vai mais além. Ela pressupõe a discussão da Divisão Internacional do Trabalho, das relações de produção, em que 191 Ibid.; p Ibid.; p PIERRI, N.; FOLADORI, G. Desacuerdos sobre el desarrollo sustentable; p.14.

89 75 o capital busca (nas relações sociais) novas formas de autovalorização. Significa na verdade uma resposta ao questionamento ou ao processo que se estabelece à Nova Ordem Econômica Internacional, já que implicaria (...) numa redistribuição das riquezas entre países pobres e países ricos, através de uma correlação mais justa entre os preços das matérias-primas e dos produtos industrializados. 194 Portanto, é por isso que o terceiro mundo significa uma ameaça aos interesses dos países industrializados. O terceiro mundo começa a desafiar os países industrializados, como por exemplo, a criação da OPEP; então se passa a ter preocupação destes em solucionar a tensão que existe entre Norte-Sul (países ricos e países pobres). Esses países, não mais subordinados politicamente, começam a questionar ou a buscar seu papel e espaço na Divisão Internacional de Trabalho, e isso assusta os países industrializados, pois são vistos como novos concorrentes considerando as altas taxas de crescimento na década de setenta e do período pós-guerra. E a Comissão Trilateral criada em 1973, defende antes de tudo os interesses das potências: EUA, Japão e Alemanha (Europa), as quais sabem que não é possível lutar sozinho e concorrer entre si. Mas que cada um possa agir na sua área de influência (suas ex-colônias). Mas a forma de agir e difundir os seus verdadeiros interesses foi a de difundir conceitos como interdependência e cooperação a nova estratégia global dos trilateralistas. 195 Essa seria a base ideológica da comissão e uma forma de propor uma ordem econômica mais justa sem sair das estruturas existentes. E a interdependência bem idealizada pelos trilateralistas e formatada no documento Para além da interdependência em 1990, se torna a arma ideológica e de atuação. Conceituação de serena ambigüidade, numa primeira aproximação interdependência significa dependência mútua. Mas para a tríade, significa na verdade (...) a fase atual da Divisão Internacional do Trabalho e o conseqüente tipo de acumulação do capital (...), ou seja, algo que funcione de forma dinâmica. Então à medida que há relação interna entre os centros industriais, há também 194 ASSMANN H. Como se interpenetram o Conselho de Relações Exteriores, o Círculo Bildeberg e a Comissão Trilateral. In: A Trilateral-Nova fase do Capitalismo Mundial; p Ibid.; p. 11.

90 76 dependência de se importar matérias-primas dos países em desenvolvimento. E conforme foi citado antes, o conceito é dinâmico, pois à medida que muda essas relações de produção, muda também a Divisão Internacional do Trabalho. Mas para que tal ideologia seja bem difundida é necessário que haja cooperação de todos. Esse novo conceito utilizado pela tríade seria a solução contra as (...) catástrofes possíveis de ordem externa - guerra e colapso ecológico (...), colocados desta forma pelo autor. 196 Portanto, o Estado - Nação de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, devem submeter-se a cooperar com as políticas e interesses externos conforme as diretrizes encarnadas em instituições internacionais. Sendo, que os promotores da interdependência são os bancos internacionais e as corporações multinacionais. Mas o que o ambientalismo tem a ver com a Nova Ordem Mundial? O ambientalismo, o qual propaga a existência de uma crise está inserido nesta Nova Ordem Mundial, como uma necessidade de mudança nas relações de produção de mercadorias sem degradar o meio ambiente. E conforme a citação anterior problemas ambientais aparecem como catástrofe externa - colapso ecológico. E para pregar uma mudança nas relações de trabalho e produção de mercadorias é necessário uma linguagem de algo que seja visto como causa global como o ambientalismo.então se usa uma imagem para impor idéias antidesenvolvimentistas (como a desindustrialização) e idéias que limitem a ação nacionalista, através de efetivas diretrizes repassadas como uma agenda ambiental. 197 E no documento Para Além da Interdependência, este coloca inicialmente que interdependência seria uma íntima ligação entre economia do mundo e ecologia da Terra, e que há necessidade de se avançar além desta interdependência. 198 Posteriormente coloca sobre o problema que há entre a disparidade do alto crescimento demográfico e baixo índice de crescimento econômico. Reconhecem ainda que tais disparidades refletem na renda per capita e colocam índice de crescimento para cada região, mas que alguns chegaram a registrar altas taxas de 196 Ibid.; p FERREIRA, M. R. A questão da dívida externa brasileira e a conversão em projetos de meio ambiente (o caso do Brasil); p MACNEILL, J.; WINSEMIUS, P. e YAKUSHIJI, T. Para além da interdependência; p. 9.

91 77 crescimento, porém na verdade, tais países (América Latina, Ásia, Ásia Ocidental e África) chegaram a ter crescimento dessa grandeza, no caso da América Latina registra 5,5%, onde alguns mantêm tal índice, mas na década de oitenta esse cenário mudou. 199 No que se refere ao uso de recursos naturais, coloca que a maioria dos países de terceiro mundo e países industrializados baseia-se em atividades econômicas de uso destes recursos (...) solos, pescas, florestas, água e espécies que constituem reservas de capital econômico. 200 Reconhecem que reconciliar desenvolvimento com meio ambiente teve de início um grau de insatisfação e, por conta disso na década de setenta (Conferência de Estocolmo-1972) perceberam o descontentamento dos países em desenvolvimento nesta relação de desenvolvimento com meio ambiente. 201 O documento coloca e faz uma relação da presença de recursos em vários centros, que no caso ele chama de geocentros: América do Norte, Comunidade Européia, Japão, União Soviética, Bangladesh, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão. Juntos controlam mais da metade das florestas do mercado; consomem 85% de energia; geram grande proporção de poluição, detritos tóxicos, gases produtores de efeito estufa. E ainda acrescenta que o Brasil, entre outros, é o que mais destrói florestas tropicais. Porém são os principais países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que emitem gases de efeito estufa. Portanto, ao se fazer as negociações ambientais, serão feitas tais considerações. Acrescentando ainda que países desenvolvidos e países em desenvolvimento irão negociar, porém, com coisas e em circunstâncias diferentes. Por isso colocam que o processo de barganha pode ser concebido com a negociação de reformas políticas, nas quais cada um irá colocar o que está disposto a ceder em curto prazo para concretizar os objetivos ambientais. Os países desenvolvidos terão pressão interna quanto ao meio ambiente, e os países em desenvolvimento sob pressão para reduzir a pobreza e a dívida externa, e abrir mercados para seus produtos; refletem dessa forma negociações com diferenciada pressão. Sendo que a pressão que a dívida externa e a pobreza dos países em 199 Ibid.; p. 17 e Ibid.; p Ibid.; p. 43.

92 78 desenvolvimento é mais grave e espoliativa, já esses países, em sua maioria são dependentes de capital externo. 202 No final do documento, creditam ao encontro ocorrido no Rio de Janeiro em 1992 (RIO 92) que a partir deste devem iniciar reformas internacionais para habilitar as nações a administrar a interdependência global e implementar a Agenda Portanto, é assim que se configura a Nova Ordem Mundial por meio do ambientalismo. 3.2 O discurso da escassez de água doce A partir do entendimento da forma como foi concebido o ambientalismo no mundo, verifica-se no discurso que se propaga em relação à água doce não é diferente. Parte-se do pressuposto de que o processo de mentalidade de escassez de água doce é entendido neste trabalho como um processo ideológico. Nas palavras da filósofa Marilena Chaui, tem-se um corpo de representações e normas construídas para representar a si mesmos e à vida coletiva de que os sujeitos sociais e políticos se utilizam. E todo esse processo é ideológico, é a própria ideologia. A qual é usada para explicar tudo a partir de idéias. É o campo do imaginário não baseado em irrealidade ou fantasia, mas (...) no sentido de conjunto coerente e sistemático de imagens ou representações tidas como capazes de explicar e justificar a realidade concreta. E o aparecer social é tomado como ser do social. Mas o aparecer não é aparência no sentido de falso, mas como o (...) processo oculto, que produz e conserva a sociedade, se manifesta para os homens. 204 Ao longo da década de noventa, criou-se um conjunto de representações (idéias) para justificar ideologia de iminente crise de escassez em relação à água doce que da forma como foi desenvolvida aparece como um conjunto de idéias coerentes; não através do falseamento, mas do ocultamento das reais intenções. 202 Ibid.; p. 94 e Ibid.; p CHAUÍ, M. Cultura. e democracia: o discurso competente e outras falas; p. 19.

93 79 Petrella, apesar de não questionar o discurso da água em si (se ele realmente procede ou não) aborda outros aspectos quanto às proporções que ele tomou quanto ao uso dessas idéias. Idéias que ora são usadas como fator de conflitos, ora como justificativa de tendências privatistas das multinacionais organizadas em instituições que buscam defender seus próprios interesses. Tais idéias são levantadas primeiramente em grupos dominantes de países desenvolvidos, os mesmos grupos que trouxeram à tona as discussões da questão ambiental no mundo e, quanto à água, baseiam-se em pressupostos aparentemente simples e verdadeiros cuja relevância científica e até empírica são questionáveis. Estas representações construídas são idéias que Petrella relaciona: 205 O enorme desperdício no uso e gerenciamento da água é supostamente devido ao fato de que a maioria de nossas sociedades até o momento considerou a água como um bem social e não como uma mercadoria. 206 Acrescenta à idéia acima que os baixos preços praticados em relação à água num passado recente estimulou o uso negligente, esbanjador e ineficiente, delegando a culpa à atividade agrícola e ao uso doméstico. E essa mesma racionalidade reflete-se nas idéias de Ismaïl Serageldin do Banco Mundial o qual acredita que água não deve ser tratada como elemento abundante e sim (...) redefinida como um bem econômico; e também na fala do pesquisador do influente Instituto de Pesquisa sobre as Políticas de Alimentos nos EUA: (...) Devemos abandonar a noção de que a água é um produto gratuito. 207 Já não estamos na era da abundância,... a era da pré-escassez acabou; a disponibilidade da água está em crise (a crise da água) e nossas sociedades em risco de mergulhar em uma situação de escassez geral. 208 Essa afirmação se refere à atual sociedade contemporânea a qual não mais está vivendo um período ou era de pré-escassez e sim de escassez, conforme as palavras anteriormente citadas. Portanto, a idéia de cobrar pelo uso e consumo da água, através de um gerenciamento eficiente irá controlar este uso negligente; a escassez é a razão de guerras pela água e para evitá-las no futuro é necessário 205 PETRELA, R. O Manifesto da Água; p Ibid.; p Ibid.; p Ibid.; p.77

94 80 aumentar o preço. Torná-la mercadoria é a melhor saída pra controlar o uso negligente e evitar conflitos por conta da água. 209 O mercado levará à distribuição e ao uso eficiente da água. Contanto que certos critérios precisos sejam respeitados (tais como uma clara definição dos mercados e direitos de propriedade garantidos),. 210 Com base nesse argumento, os mercados darão a indivíduos e países maior oportunidade e capacidade para (...) desenvolver, transferir e usar recursos hídricos (...) de forma que o mundo inteiro seja beneficiado. 211 Os defensores do zeitgeist (espíritos do tempo - termo alemão que exprime o avanço intelectual e cultural do mundo), ao mesmo tempo que expressam um desejo de ir além das disputas ideológicas, afirma que regimes privatizados de propriedade, de construção infra-estrutural e gerenciamento, de distribuição e purificação, oferecem uma solução mais eficiente e lucrativa, e que é mais do interesse geral que os regimes de propriedade pública, nacional, estatal ou municipal. 212 Esse argumento defende que o setor privado é um símbolo de eficiência, lucratividade, flexibilidade e eqüidade, enquanto que o Estado é sinônimo de burocracia, ineficiência, rigidez, letargia e corporativismo; idéias privatistas no que se refere à gestão da água. Isso é refletido na frase do presidente do Banco Mundial Serageldin em 1995 quando citou que: 213 Oferecer à empresa privada a oportunidade de operar um sistema eficiente para ser hoje o meio de fornecer os melhores serviços aos pobres, ao custo mais favorável. 214 São idéias de forte atuação, inspirando e embasando decisões de privatização do setor da água como foi o caso da primeira-ministra Margareth Thatcher na Grã-Bretanha em Marilena Chauí relaciona a ideologia com a construção do discurso. Ao desenvolver seu raciocínio sobre isso, ela mostra que a ideologia é intrínseca às sociedades históricas. Ela mostra que as sociedades históricas, a partir da concepção marxista, são entendidas que a vida social, por causa do ato do trabalho, 209 Ibid.; p.77 e Ibid.; p Ibid.; p Ibid.; p Ibid.; p Ibid.; p Ibid.; p. 78

95 81 começa com a divisão social do trabalho, e por isso determina as relações dos homens com a natureza, (...) deles entre si, as divisões das autoridades e as formas de poder. 216 Mesmo que haja dificuldade em se explicar a origem da sociedade histórica, e que não está em conceituar teorias e nem buscar fatos, mas buscar entendê-la a partir do (...) trabalho pelo qual uma sociedade se institui, mascara-se, oculta, constrói seu imaginário e simboliza sua origem, sem cessar de repensar essa instituição, seu imaginário e seus símbolos. Então, verifica-se que se constrói representações a partir da luta entre classes presente nas relações de produção em que está embutido o trabalho e são usadas sob forma de poder. 217 Por isso, para falar de ideologia, ela fala da sociedade histórica por que esta necessita de representações de sujeitos sociais e políticos, presos à aparência social e determinadas (essas representações) pela separação entre trabalho e pensamento (...) irão constituir o pano de fundo sobre o qual pensarão a si mesmos, pensarão as instituições, as relações de poder, a vida cultural, a sociedade e a política no seu todo. Daí se tem a elaboração de um discurso, inverte-se a ordem do discurso social e do discurso da política para o discurso impessoal sobre a sociedade e sobre a política. Nessa transformação do de para o sobre já se tem a elaboração da ideologia. 218 Na concepção marxista as idéias dominantes de uma época são as idéias das classes dominantes dessa época, e quando a ideologia se institui, é quando o dominante se reveste de generalidade e de universalidade. Dessa forma oculta, a realidade dessas classes, é irá funcionar através da manipulação dessas idéias em que uma classe domina a outra. É proposital, na constituição da ideologia, separar o trabalho do pensamento e, quando faz isso faz ideologia. Porque as idéias, as representações surgiram a partir do momento em que o ato do trabalho foi executado nas relações de produção. Esse pano de fundo é o discurso. Relativamente à água, as representações criaram tamanha força por parte da classe dominante que na década de noventa surgiu não só conferências internacionais e conseqüentemente documentos a respeito, mas também 216 CHAUÍ, M. Cultura. e democracia: o discurso competente e outras falas; p Ibid; p Ibid; p. 19

96 82 organizações internacionais que existem só pra defender ou manipular o tal discurso de crise de escassez de água doce no cenário mundial. Antes de entrar a configuração desse processo na década de noventa, já na década de setenta, através do Relatório Limites do Crescimento e a conhecida Conferência de Estocolmo, passou-se uma preocupação com a escassez dos recursos naturais, entre eles, a água. Na conferência realizada em Estocolmo, Suécia em 1972 foram tratados vários temas, entre eles a poluição da água e a pressão que o crescimento demográfico exerce sobre os recursos naturais (visão inclusive propagada pelo do Clube de Roma). 219 A Agência da ONU, a UNESCO fundada em 1946 e até a década de 70 foi o principal organismo da ONU na discussão ambiental; a UNESCO foi criada com o intuito de minimizar os conflitos entre os países quanto ao acesso aos recursos naturais. 220 Portanto, assuntos ligados à água sempre foram pauta nas discussões ambientais, porém a partir da década de 80, com o ambientalismo consolidado na década de setenta, esse processo foi intensificado. E na década de 90, tornou-se e passou a ser uma das questões principais das agendas políticas nacionais e internacionais. Após a Conferência das Nações Unidas, realizada na Argentina em 1977 e conhecida como Conferência de Mar del Plata, na década de oitenta foi lançada pela ONU como Década Internacional da Água Potável e Saneamento com intuito que mais pessoas tivessem acesso à água potável, mas sem muitos resultados no que se refere a resolução de problemas; ainda assim houve reuniões, conferências e fóruns a respeito, que fortaleceu e criou ambiente para a década de noventa que iniciou com o conhecido evento RIO 92. Nesse evento foi destacada a idéia de desenvolvimento sustentável, assim como base para uma política ambiental (através da Agenda 21) e estabelecido o dia 22 de março a ser comemorado anualmente o Dia Mundial da Água RIBEIRO,W.C. A Ordem Ambiental Internacional; p. 154 e Ibid.; p PETRELA, R. O Manifesto da Água; p.46.

97 83 De 1997 a 2000 houve 15 conferências sobre a água, consideradas importantes. Tal o avanço da questão da água que foi mais de uma por ano como mostra a tabela 2. E desde então muito se tem discutido sobre a água doce. Seja em conferências internacionais, seja em encontros nacionais. É interessante notar que se desenvolveu ao longo dos anos a idéia de uma iminente crise de água doce para os próximos anos, uma idéia muita difundida por organizações internacionais como a ONU e o Banco Mundial. E a cada ano que passa ela ganha força através do que convencionou chamar de Dia da Água, Ano da Água e Década da Água. Tudo isso para que a sociedade, como um todo, não se esqueça da crise. A atuação do Banco Mundial não se restringe à propagação de idéias, pois na década de noventa, empenhou-se em fazer alianças com organizações internacionais como a ONU, países como, por exemplo, a Suécia e os Países Baixos e a multinacionais como a Suez na iniciativa de criar o Conselho Mundial da Água (CMA) e o da Parceria Global da Água (GWP) em Já em 1999 foi criada a Comissão Mundial da Água, por meio da cooperação do Conselho Mundial da Água, com a maioria das agências da ONU, com número significativo de governos, entre eles da Holanda e o Banco Mundial. Essa comissão ficou com incumbência de (...) elaborar e implementar uma Visão de longo prazo para a água, a vida e o meio ambiente mundiais no século XXI (...), com base no que já havia sido desenvolvido pelo conselho. Posteriormente esse documento foi apreciado durante o 2 Fórum Mundial da Água realizado pelo Conselho Mundial da Água em Ele é a declaração de Haia sobre segurança hídrica Ibid.; p Ibid.; p.50 e 51.

98 84 TABELA 2 Principais Conferências sobre a água no período de 1997 a 2000 Ano 1997 Primeiro Fórum Mundial da Água Evento Nono Congresso Mundial da Associação Internacional de Recursos Hídricos sobre Perspectivas para os recursos hídricos no século XXI: Conflitos e oportunidade Quarto Fórum Global do Conselho Colaborativo de Abastecimento de Água e Saneamento Reunião do Serviço Público Internacional que aprovou um Código para os Serviços de Água Conferência mundial patrocinada pela UNESCO sobre Gerenciamento da água no século XX: em busca de um tribunal internacional Reunião de peritos sobre Abordagens estratégicas para o gerenciamento de água doce, em preparação para Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável Conferência Internacional sobre o Gerenciamento Internacional de Bacias de Rios, realizada com a iniciativa do governo alemão Conferência Internacional sobre o Desenvolvimento Sustentável e Recursos Hídricos, realizada com a iniciativa do governo francês Sexta Sessão da CSD para aplicar a Agenda 21 na proteção de recursos hídricos (Ação Água 21) Conferência Internacional da UNESCO sobre recursos hídricos mundiais, Água: uma crise que se agiganta? Conferência Internacional sobre Direito Internacional e direito comparativo relacionado com cursos da água internacionais: educação em uma cultura de água compartilhada e protegida, patrocinado pela Universidade Internacional Nono Simpósio da Água em Estocolmo organizado pelo Instituto Internacional da Água de Estocolmo, em particular o seminário sobre Solidariedade hídrica Congresso Mundial da Água, organizado pela Associação Internacional de Recursos Hídricos (IWRA) Décimo Congresso Mundial da Água (IWRA) sobre o Gerenciamento hídrico Segundo Fórum Mundial da Água Fonte: adaptado de PETRELLA, R. O manifesto da água; p. 48 e 49. Não só conferências se destacaram nas discussões da água, mas também declarações criadas na década de noventa consideradas importantes, como mostra a tabela 3.

99 85 TABELA 3 Principais Declarações sobre a água na década de noventa Ano Declaração 1990 Carta Montreal sobre Água e Saneamento Declaração de Dublin sobre Água em uma perspectiva de desenvolvimento sustentável. Declaração de Strasburgo sobre Água como fonte de cidadania, paz e desenvolvimento regional 1998 Declaração de Paris sobre Água e desenvolvimento sustentável 2000 A declaração de Haia sobre Segurança Hídrica Fonte: adaptado de PETRELLA, R. O manifesto da água; p. 50. Destacam-se dessas as declarações de Dublin e de Haia. A declaração de Haia sobre segurança hídrica, discutida no 2 Fórum Mundial da Água realizado pelo Conselho Mundial da Água, segundo Petrella contempla as principais idéias sobre a política mundial da água para garantir que todos recebam água: A água é um recurso escasso, um bem vital econômico e social. Como petróleo ou qualquer outro recurso natural, deve ser submetido às leis do mercado e aberto à livre competição; O gerenciamento racional e eficiente dos recursos hídricos requer cultura e práticas econômicas rigorosas. Os provedores de serviços de água sejam eles públicos ou privados, devem estabelecer metas de desempenho que deverão ser medidas pelo critério da satisfação do consumidor; A água é um fator primário para a saúde. Uma política racional e eficiente para a água deve ter como objetivo conseguir manter a melhor qualidade possível e para esse fim, cada vez mais investimentos com infra-estrutura e manutenção serão necessários no mundo todo. Tais enormes quantias só poderão ser asseguradas pelo mercado de capitais de acordo com o objetivo de lucratividade. Em última instância, portanto, a política da água é uma questão financeira (acesso a investimentos, capacidade de fazer lucros). 224 A declaração de Dublin, apesar de mais antiga tem o mesmo teor de conteúdo e costuma ser muito usada como referência. O evento que mais marcou ou simboliza um divisor de águas em relação à água doce foi a Conferência de Dublin, realizada em 1992; a qual deixou explícita a consagração formal de adesão do princípio da água enquanto mercadoria, já que a água foi declarada bem econômico, 224 Ibid.; p. 51.

100 86 um marco de cunho político e intergovernamental. Com o documento intitulado de Os Princípios de Dublin foram norteadas as políticas dos quais os países especialmente os que estão em desenvolvimento, delinearam suas ações no que se refere à água. Conforme a citação a seguir, os princípios de Dublin são usados como referência nos documentos do Banco Mundial como uma das declarações de manifesto e consenso internacional quanto à água: La comunidad internacional de recursos hídricos ha universalmente adotado los PRINCIPIOS DE DUBLIN (1992) como guía de la utilización del agua para el desarrollo sostenible 225 El agua dulce es un recurso finito y vulnerable, además de ser esencial para sustentar la vida, el desarrollo y el medio ambiente; El desarrollo y el manejo del agua deben tener como base un criterio de participación involucrando a los usuarios, los planificadores y quienes formulan la política en todos los niveles adoptándose las decisiones al nivel más bajo que corresponda. Incumbe a la mujer un papel central en el abastecimiento, el manejo y la protección del agua. El agua, en todos sus usos competitivos, tiene un valor económico y debe ser reconocida como bien económico. O papel da referida conferência além de legitimar fortalece a idéia de mercantilização e o documento que saiu dela é utilizado para legitimar esse processo; uma tendência de ir ao encontro dos anseios do capital (aqui entendido como relação social). A ideologia ambientalista pesa e repercute para as nações do mundo como verdade absoluta e tendem a agir pensar e, portanto, reproduzir a mesma idéia: água é mercadoria, dotada não só de valor de uso, mas também de valor de troca. 226 Todas essas manifestações, sejam por documentos ou conferências mostram, que o assunto da água evoluiu dentro de uma visão de bem econômico e privatização. E que organizações como o Banco Mundial, a ONU e, conseqüentemente suas agências ao longo do tempo divulgaram bem essas idéias. Em 1995, o vice-presidente do Banco Mundial na época, declarou, em relatório sobre recursos hídricos, que possivelmente no século XXI as guerras terão como alvo não a disputa por petróleo ou variáveis políticas e sim a água, já que a escassez está fazendo surgir até mesmo uma política das águas; que com a idéia ou 225 MUNDIAL, B. Estrategia para el manejo integrado de los recursos hídricos; p Acesso em 24 / 01 / PETRELA, R. A conquista da água. In: A disputa pelo ouro azul. Cadernos Le Monde Diplomatique ;p.16.

101 87 situação de (...) escassez está fazendo surgir políticas para gestão dos recursos hídricos. Tal declaração reflete muito bem a década de noventa para a água. 227 Realmente a referida década simboliza um período de intensificação na elaboração de documentos emitidos pelas conhecidas organizações de atuação internacional voltados para a questão de escassez e para a política de gestão de recursos hídricos; que além de documentos foram criadas muitas das organizações internacionais. A crise de escassez de água doce anunciada cumpre seu papel através da ideológica do ambientalismo. Os documentos oficiais expressam bem a idéia de enxergar os problemas em relação à água doce como crise conforme o seguinte documento principais do século XXI : Problemas Deben abordarse las amenazas ambientales resultantes de las tendencias aceleradas de la urbanización y desarrollo de megaciudades,..., las crisis mundial del agua dulce y sus consecuencias para la seguridad alimentaria y el medio ambiente,. 228 privado que: Nesse mesmo documento, foi abordada a questão de participação do setor...emerge como un agente mundial que tiene un efecto importante en las tendencias ambientales mediante sus decisiones en materia de inversión y tecnología. 229 Além de a ONU expressar o que pensa sobre a questão da água como crise, enfatiza também a importância do papel do setor privado para tal situação e como os governos devem agir. No mesmo parágrafo, os governos, tienem la función vital de crear un ambiente hibilitante. La capacidad institucional y normativa de los gobiernos para interactuar con el sector privado debe ser acrecentar. 230 Ora, uma organização como a ONU, é mais uma a defender o setor privado nas questões ambientais e, no que se refere à água e, atual ordem, ela está nas mãos das transnacionais (setor privado). A idéia no documento é que tal setor tenha 227 RODRIGUES, A. M. Problemática ambiental e espaço: algumas questões teórico-metodológicas; p p Ibid.; p Ibid.; p.4.

102 88 noção dos danos causados pela indústria ao meio ambiente, de que quem polui paga. Acontece que o setor privado, o grande capital, pela lógica do enriquecimento privado, só irá entrar nessa causa se for possível tirar algum proveito disso, ou seja, lucro, caso contrário não; querem na verdade seus interesses defendidos. Esse é o papel do Conselho Mundial da Água, organização a qual representa formalmente os Senhores da água e tem seus interesses defendidos a partir da anunciada crise de água doce. 231 Têm-se, portanto a concretização e práticas sociais da ideologia ao sair a representação da vida, de sua roupagem, para tornar-se discurso sobre as práticas sociais. É como se fosse um mecanismo de se fazer coincidir as representações das coisas elaboradas com a realidade das coisas. 232 Da Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, nos EUA em 1944, conhecida como Conferência de Breton Woods, nascem as instituições financeiras Banco Mundial (Banco Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) com o objetivo de financiar projetos de recuperação dos países atingidos pela guerra. Atualmente o banco atua em vários segmentos. Entre as organizações que gestam o Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, ele atua como implementador dos recursos do fundo GEF. 233 Vários são os documentos do Banco Mundial sobre a questão da água doce. No documento Série - Água Brasil 2: Sistemas de Suporte à Decisão para a Outorga de Direitos de Uso da Água no Brasil é expressa a idéia de que a água doce está escassa, segundo as palavras do Diretor do Banco Mundial para o Brasil em 2003, Vinod Thomas. Na parte introdutória do documento declara que: Durante a última década, problemas de escassez e poluição da água têm exigido dos governos e da sociedade em geral uma maior atenção para o assunto. 234 E conforme outra declaração desse banco: Nesse contexto, o setor água tem sido uma das áreas mais importantes de atuação do Banco Mundial nas últimas três décadas BARLOW, M. e CLARD, T. Ouro Azul; p CHAUÍ, M. Cultura. e democracia: o discurso competente e outras falas; p SANDRONI, P. Dicionário de Economia; p BANCO, M. Água Brasil 2: Sistemas de Suporte à Decisão para a Outorga de Direitos de Uso da Água no Brasil; p.vii.

103 89 Reconhece ainda que: O Brasil concentra uma das maiores reservas de água doce do mundo que, aliada à sua biodiversidade e à beleza dos seus rios e lagos,representa um importante patrimônio natural do País. 236 E que, apesar disso, há uma má distribuição hídrica espacial e temporal no país, e por conta disso: Mundial se insere como um agente de desenvolvimento, disponibilizando assistência técnica, experiências internacionais e apoio financeiro para elaboração e a implementação de programas sociais de impacto, visando a melhoria das condições de vida daqueles que são mais afetados por esses problemas. 237 O Banco Mundial, ainda no documento Water Market: in the Américas de 1997, foi lançado analisando a questão da água e a habilidade e prática de usar mercados de água para melhorar a eficiência de seu uso, e que no passado foi entendido como propriedade pública, mas segundo o documento esta situação está em transição, e que deveria haver um preço que reflete a verdadeira escassez. 238 Em outro documento do banco considera que o recurso hídrico em si permanece constante o problema e a questão da poluição, Si bien la disponibilidad global de agua se ha considerado en general constante, su disponibilidad per cápita ha disminuido con el curso del tiempo y su calidad se ha deteriorado por el uso, E que a:... UNESCO indica que el número de países de América Latina y el Caribe que experimentarían tensión por falta de agua subiría de tres a ocho en los próximos 25 años Consultar a parte introdutória deste documento : MUNDIAL, B. Série - Água Brasil 2: Sistemas de Suporte à Decisão para a Outorga de Direitos de Uso da Água no Brasil; p.vii. 238 SIMPSON, L.; RINGSKOG, K. Water markets in the Americas. Washington D.C.: The World Bank, MUNDIAL, B. Estrategia para el manejo integrado de los recursos hídricos; p Ibid.; p. 4

104 90 O que realmente tem fundamento não é que a água doce esteja acabando, mas que existe má distribuição de fontes hídricas e das que existem estão poluídas em sua maioria pelo grande capital industrial e agroindustrial. O banco espera fazer parte do manejo dos recursos hídricos nesses países, pois América Latina já passa por mudanças dentre estas caminha-se: Tener en cuenta el valor social, económico y ambiental del agua en el proceso de desarrollo sostenible; E, Aumentar la participación de las comunidades y del sector privado en el proceso de toma de decisiones y el financiamiento. 241 No que se refere ao Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani gestado pelo Banco Mundial e executado pela OEA, não é possível enxergá-lo à parte da questão da escassez da água doce. Tudo o que se refere à mesma hoje, vista e propagada como escassa, caminha com pressa ao processo de mercantilização, balizada pelo mesmo órgão que gesta o projeto: o Banco Mundial. Discurso dominante usado para justificar a necessidade e não o direito à água, que por meio de idéias privatistas quer solucionar a suposta escassez através das forças do mercado. Cada vez mais ela está sob a égide do grande capital que prega um recurso natural a ser preservado, mas que na verdade ela é fonte de lucro, como é bem sinalizada na postura mercantil do superintendente da Suez, ao se referir à água como produto a ser comercializado. 242 Com o desenvolvimento sustentável, as questões concernentes à humanidade são discutidas como urgentes, necessárias, como a ideologia ambientalista vem fazendo fortemente desde a década de 70. Discurso bondoso e sutil através das ONGs, não encontra barreiras para entrar no país, daí ao mesmo tempo, têm-se capitalistas vorazes em investir nesse próspero mercado da água, seja água mineral ou na prestação de serviços. 241 MUNDIAL, B. Estrategia para el manejo integrado de los recursos hídricos; p BARLOW, M. e CLARD, T. Ouro Azul; p.106.

105 91 Segundo Chaui, operação ideológica é tratar com simplicidade que a sociedade é indivisa e o poder estatal que a torna homogênea. Mas ela também reconhece que existem conflitos sociais e, portanto divisões, mas a causa disso não está no fato isolado de homens injustos. Esse tratamento é simplório ao raciocinar os conflitos sociais, a divisão de classes com base em dado empírico e moral. 243 citação: Daí se tem essa operação ideológica concretizada conforme a seguinte O trabalho do discurso ideológico está em realizar a lógica do poder fazendo com que as divisões e as diferenças apareçam como simples diversidade das condições de vida de cada um, e a multiplicidade das instituições, longe de ser percebida como pluralidade conflituosa, apareça como um conjunto de esferas identificadas umas às outras, harmoniosa e funcionalmente entrelaçadas, condição para que um poder unitário se exerça sobre a totalidade do social e apareça, portanto, dotado da aura da universalidade, Ela completa esse raciocínio colocando que característica do discurso ideológico é, portanto, ocultar a divisão, a diferença e a contradição presentes na sociedade. E para ser representante na sociedade, o discurso do poder precisa ser discurso ideológico, precisa camuflar a realidade. Portanto, o discurso da água em escassez oculta a pretensão de se apropriar por novas fontes ou reservas de água como e caso da água doce. O discurso construído em cima da urgência em relação à água foi embasado nesses aspectos anteriormente citados. Em 2003 o jornal francês Le Monde Diplomantique lançou no Brasil um caderno especial (Caderno Diplo) com o título A disputa pelo Ouro Azul. Já na visão do editorial do caderno, mostra-se que sob o manto do discurso aparentemente neutro da necessidade ao se referir que este está sob o processo recente de mercantilização e privatização de serviços da água. 245 Os dados divulgados pela ONU, órgão responsável pela coordenação do Programa Hidrogeológico Internacional (PHI) desde 1977, em março 2003 que mostram cenários de escassez de água para 7 milhões de pessoas para 2050 em 60 países, além disso enquanto um órgão oficial responsabiliza os governos pela 243 Ibid.; p Ibid.; p PETRELA, R. A conquista da água. In: A disputa pelo ouro azul. p.3.

106 92 permanente redução dos mananciais do planeta. É visto como solução para a escassez o mercado e tal posição é balizada e reforçada por grandes empresas transnacionais, governos e teóricos sob o guarda-chuva do Banco Mundial, dos quais defendem a idéia privatista da água. Ora na fala do editorial, é curioso ver que a água de direito passou a ser necessidade, neutra necessidade a qual justifica a absorção da lógica do capital As oligarquias da água e o processo de mercantilização da água doce - um processo de conquista do capital Petrella entende a questão da água como um processo de mercantilização. Em entrevista ao Diplomatique coloca que: A água é e será cada vez mais cara. De olho neste ouro azul do século XXI, as multinacionais, os governos aliados a elas e o Banco Mundial já tramam a repartição das fontes e dos mercados. 247 Será que houve ao longo da década de noventa, um despertar para a questão da água ou remanejamento de forças pra se apropriar de fontes de água como foi feito com o petróleo? Como bem coloca Petrella, (...) a pressão para transformar a água em mercadoria e para privatizá-la não é um fenômeno isolado é a ultima expressão de uma tendência geral que durante pelo menos trinta anos tem afetado todos os outros campos da vida econômica nas sociedades desenvolvidas, partindo mais particularmente dos EUA. 248 Ele faz referência às privatizações que atingiram quase todos os setores do setor público: serviços de correio, telecomunicações, gás e eletricidade, transporte urbano, ferrovias, companhias aéreas, saúde, educação e treinamento, segurança social, ou até escritórios nacionais de estatística, tudo foi privatizado totalmente ou em parte, variando de país para país. Mas são tendências gestadas desde a década de setenta, que vieram dos países considerados desenvolvidos como os EUA; tendências que fazem parte de um arranjo maior que aparece sob a forma de (...) 246 Ibid.; p PETRELLA, R. A Nova Conquista da Água. Entrevista ao jornal francês Le Monde Diplomatique; consultado em 26/12/ PETRELA, R. O Manifesto da Água; p.46

107 93 transformações ideológica, política, econômico, social e cultural de sistemas normativos, e uma reviravolta na relação de forças entre grupos constituídos. 249 E tais transformações foram tamanhas que o capital financeiro, além do industrial, teve crescente influência em decisões importantes e assumiu posições reguladoras até então executadas pelo Estado. E a água é transformada num destes aspectos, ao colocá-la sob a forma de mercadoria no mercado, como única força para combater a suposta idéia de escassez. Assim a (...) privatização, desregulamentação e a liberalização (...) foram a saída para que corporações privadas e o mercado financeiro fossem os reguladores, papel pertecente ao Estado. 250 Petrella acrescenta por que isso não aconteceu antes, de implantar idéias privatistas em relação à água: As razões pelas quais a água levou mais tempo que os outros bens e serviços para seguir essa tendência tem a ver com a irracionalidade e falta de justificativas para a sua transformação em mercadoria e privatização. 251 Verifica-se que o discurso de escassez da água foi uma das pressões para que as tendências que se seguiram atingissem todos os países Organismos multilaterais O fim da década de sessenta foi marcado pelo início da crise do sistema capitalista (segundo a queda tendencial da taxa de lucro) nos países ditos desenvolvidos na época, período marcado também por alguns fatos como a crise do petróleo, crise dos EUA em função da desvalorização do dólar, os questionamentos do Terceiro Mundo e, com isso, sua organização frente à ordem econômica vigente. Enfim esses vários aspectos da crise do sistema capitalista fez com que os capitalistas reagissem para que uma Nova Ordem Mundial se configurasse. E o ambientalismo através do desenvolvimento sustentável foi a saída. Organizações misteriosas surgiram para discutir os problemas da humanidade Ibid.; p Ibid; p Ibid.; p HERRERA, R. Existe um pensamento único em economia política. In: Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política; p. 13.

108 94 Outra forma de pressão para que essas tendências atingissem em especial aos países em desenvolvimento foi o Consenso de Washington. Tal idéia de crise, como tudo no capitalismo, foi construída e o ambiente do Consenso de Washington mostrou o caminho para esta crise: mercantilização da água e ação mínima do Estado no que se refere aos serviços básicos. São os princípios que norteiam este tipo de discussão, o que se chama de globalização financeira. 253 Em novembro de 1989, na capital dos EUA, foi realizado encontro que reuniu economistas latino-americanos, funcionários do governo norte-americano e dos organismos financeiros internacionais (FMI, Banco Mundial e BID) especializados em assuntos latino-americanos, e ficou conhecido por Consenso de Washington. Encontro este convocado pelo Institute for International Economics, com o título de Latin American Adjustment: How Much Has Happened a fim de avaliar as reformas econômicas empreendidas nos países da América Latina. 254 E como colocou Tavares: o que deu suporte ao Consenso de Washington foram as Reformas Estruturais as quais tiveram como grande divulgador o Banco Mundial, que desde 1985 vem buscando estruturar uma sólida doutrina neoliberal. 255 Sob esse pano de fundo neoliberal muito defendido a partir do governo Reagan nos EUA (em que se prega a atuação mínima do Estado), que àquela altura já havia sido bem difundida. Foi denominado Consenso de Washington porque não foram discutidas idéias novas, mas efetivar o grau de aprovação daquilo que já era defendido pelas agências internacionais no que se refere às reformas as quais os países latino-americanos deveriam fazer (considerando que já havia alguns países que haviam iniciado suas reformas baseadas na política neoliberal), entendidas como condição para conceder cooperação financeira externa. Já que tais países da America Latina estavam mergulhados em dívidas eram exigências para que mudassem radicalmente suas políticas econômicas e sociais dentro de um modelo de mercado preconizado pelo consenso BARLOW, M. e CLARD, T. Ouro Azul; p BATISTA, P. N.O Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas latino-americanos; p TAVARES, M.C. O Dissenso de Washington; p A avaliação objeto do Consenso abrangeu 10 áreas: disciplina fiscal; priorização dos gastos públicos; reforma tributária; liberalização financeira; regime cambial; liberalização comercial; investimento direto estrangeiro; privatização; desregulação e propriedade intelectual. Estas propostas convergiam para dois objetivos: drástica redução do Estado e com isso corrosão do conceito Nação e, o máximo de abertura à importação de bens e serviços e à entrada de capitais de risco. Tudo em nome de um grande princípio: o da soberania absoluta do

109 95 Esta idéia, ou doutrina de liberalização econômica, baseia-se nos princípios pregados pela Comissão Trilateral a qual propôs os Programas de Ajuste Estrutural aos países endividados a serem executados por organizações internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (juntamente com a Organização Mundial do Comércio funcionam como se fossem autoridades acima dos Estados); sob a forma de pressão os programas vão de encontro às intenções dos trilateralistas, arquitetos da Nova Ordem Mundial, em estruturar a economia global em mercados livres e um mundo sem fronteiras nacionais. Sob a forma de questões ambientais fazem com que a atuação destes seja necessária aos países de economias em desenvolvimento. Portanto, mais um argumento de que a questão da água doce enquanto discurso ideológico ao propagá-la como escassa sob a ótica da liberalização econômica e das idéias privatistas, ambiente ideal para a atuação das multinacionais. 257 Curiosamente nesse período surgem organizações internacionais em busca de cooperação de algumas corporações e através de estratégias internacionais conforme os seus interesses. Há mais de trinta anos, surgia a Comissão Trilateral, organização criada em julho de 1973 por David Rochefeller, tem como composição a elite política e econômica dos EUA, Japão e Europa Ocidental, e estreita relação com o poder das multinacionais, das finanças e da política. Alguns dos que compõe essa comissão são David Rockefeller, Jimmy Carter, Zbigniew Brzezinski, Maurice Strong (Petróleo- Canadá), Chujiro Fujino (Mitsubishi), Elji Toyoda (Toyota), dentre outros mais. Ela surgiu num período conturbado, onde a economia mundial parecia fugir do controle das elites dos países ricos; esta organização que se costuma se encontrar geralmente a portas fechadas com especialistas da política internacional, políticos, diretores de multinacionais, banqueiros e até professores universitários e tem como alvo (...) desenvolver propostas práticas para uma ação conjunta (...) que beneficie ou atenda os interesses dos EUA, Europa Ocidental (Alemanha) e o Japão. 258 A ideologia pregada pelos trilateralistas está voltada em salvar (...) a crise do capitalismo frente à ameaça dos recentes embates do Terceiro mundo. Dentro deste mercado auto-regulável nas relações econômicas tanto internas quanto externas. BATISTA, P. N.O Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas latino-americanos; p.100,101,118 e BARLOW, M. e CLARD, T. Ouro Azul; p MICHEO, A. O Caso Carter: um fenômeno planejado. In: A Trilateral: Nova Fase do Capitalismo Mundial; p. 19.

110 96 contexto, propõem uma ordem econômica mais justa sem sair das estruturas existentes. 259 Apesar das reuniões terem cunho secreto, são publicados documentos para o público que refletem as idéias da organização quanto aos problemas globais (idéia de ser além das fronteiras nacionais), alguns desses problemas são: (...) reforma das instituições nacionais, globalização de mercados, meio ambiente, finanças internacionais, liberalização da economia, regionalização das operações comerciais e endividamento pobres. Um dos relatórios conhecidos da Comissão Trilateral é o Além da Interdependência: a mescla da economia mundial e a ecologia terrestre. 260 Não tão jovem quanto a Comissão Trilateral havia o Conselho de Relações Exteriores dos EUA organização responsável por planejar a ordem econômica vigente desde a II Guerra Mundial. Criado após a Primeira Guerra Mundial tinha um contexto mundial diferenciado ao da Comissão Trilateral, entre elas, o fim do império inglês e a ascensão imperialista dos EUA; inclusive boa parte dos que passaram a compor a Comissão Trilateral vieram do Conselho de Relações Exteriores. Mas com a crise na década de setenta do sistema capitalista, procurou-se encontrar em substituir a velha ordem, para isso o Conselho de Relações Exteriores foi responsável pelo Projeto do Conselho para a Década de 80, traçados três etapas: esboço das características de um meio ambiente desejável ; análise dos obstáculos e relação entre o desejável e o realizável; montagem e desenvolvimento de estratégias e obtenção de um consenso com respeito à nova ordem. O projeto foi executado junto com a Comissão Trilateral. 261 O Clube de Bildeberg também tem relação com os anteriores, surgiu do Conselho de Relações Exteriores em 1954 diante de um contexto em que havia uma crescente transnacionalização das grandes corporações, esta é conhecida por ser mais secreta, não publica boletins, sua formação abrange mais a elite européia e partiu da iniciativa do príncipe da Holanda na época. É composto por líderes da 259 Ibid.; p BOIRAL, O; O Clube dos Ricos - Acesso em 13 / 11 / SHOUP, L. H. e MINTER, W. Rumo à década de 80. In: A Trilateral: Nova Fase do Capitalismo Mundial. 3º edição, Petrópolis-RJ: Vozes, 1986; p. 45.

111 97 Europa Ocidental e da América do Norte e é dirigido por David Rockefeller e o príncipe Bernardo da Holanda. 262 Enfim, tais organizações, juntamente com o Clube de Bildeberg e outras que aqui não foram citadas, atuam de forma particular e longe dos olhos da mídia fazem parte de uma rede universal em busca de estratégias globais. Os membros do Bildeberg são conhecidos pelo tamanho poder que possuem para tomar, por exemplo, decisões sobre guerras (quando começam ou terminam), pois representam a elite de todas as nações; inclusive todos os presidentes americanos pertenceram ao clube. Além dessa lista, fazem parte também representantes do Banco Mundial, FMI, OMC, multinacionais de telecomunicações, energia e outras. 263 Em 1996 a OEA (neste documento ela é uma facilitadora para o desenvolvimento sustentável nas Américas) declarou que seria importante intensificar no período (...) las acciones para llevar a cabo los principios de la gestión integrada de los recursos hídricos (...), formando uma Rede de Recursos Hídricos nas Américas com o princípio de, establecer mecanismos para gestionar los problemas de recursos hídricos transfronterizos... e mejorar la gestión Integrada de la Demanda del Agua a través de los Mecanismos Económicos y de Regulación. 265 O Clube de Roma, criado em 1968, resultou das deliberações das conferências da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e da OCDE, com a participação da família Rockefeller, e desde então tem atuado em difundir a ideologia de crescimento zero, culminando em 1972 na publicação do relatório Limites do Crescimento, onde foi passada a mensagem de impossibilidade de um crescimento econômico permanente devido à escassez de recursos. 266 Estas organizações, assim como o CMA e a GWP têm em comum na sua composição estar em estreita relação não só com organizações oficiais, ex- 262 ASSMAN, H. Como se interpenetram o Conselho de Relações Exteriores, o Circulo Bildeberg e a Comissão Trilateral. In: A Trilateral: Nova Fase do Capitalismo Mundial;p Este jornalista denuncia como funciona esta rede universal destacando o Clube de Bildeberg, o principal destes que tem atuado no cenário internacional e mostra com detalhes a continuação da lista de participantes do clube. ESTULIN, D. A verdadeira historia do Clube de Bildeberg; p OEA. Segundo Diálogo Interamericano sobre Gestión del Agua. Declaración de Buenos Aires y Recomendaciones; p Ibid.;p EIR. A Máfia Verde: O ambientalismo a serviço do governo mundial; p. 49.

112 98 estadistas, mas principalmente com grandes corporações empresariais conhecidas como Senhores da Água. Um traço em comum com as referidas organizações é que elas se interpenetram de atuação ligada com a outra porque é um aspecto (...) que as forças imperialismo exigem diversas frentes, cada qual com sua ênfase e sua flexibilidade. Onde e quando convier, esses clubes atuam. E isso é importante para o capitalismo quanto às (...) diretrizes que se interpenetram para as corporações transnacionais. É da mesma forma que ocorre com as organizações que agem em torno da água. 267 Ao longo dos anos noventa, como se observou, foi formada uma rede de agências internacionais de água: a Parceria Mundial da Água criada em 1996; o Conselho Mundial da Água também em 1996 e a Comissão Mundial da Água para o século XX em Elas têm uma aparência imparcial e neutra, mas existem para facilitar o diálogo entre os vários agentes ligados à questão da água. A Parceira Global da Água (GWP) foi estabelecida para (...) ajudar países no gerenciamento sustentável de seus recursos hídricos. Para isso, tem como princípio que a água é um bem econômico. O vice-presidente do Banco Mundial, Ishmail Serageldin, é o diretor do comitê responsável pela GWP, ela recebe apoio de alguns países e agências financeiras internacionais como o Banco Mundial, PNUD/ONU e a Fundação Ford. 268 Conselho Mundial da Água é um órgão de atuação mais política porque tem como principal tarefa dar conselhos aos tomadores de decisões e ajudar em questões globais da água. Estão envolvidos no Conselho 175 grupos-membros compostos por corporações de água, organizações da ONU, ministérios governamentais de água e instituições financeiras. 269 Para o Conselho Mundial da Água (...) a crise da água é uma crise de administração (...), e que a água está escassa. A Visão de Água Mundial é o produto da análise mais inclusiva dos recursos de água do mundo empreendido. Baseado em contribuições de milhares peritos envolvidos em âmbito regional e nacional, além de consultas do setor ASSMAN, H. Como se interpenetram o Conselho de Relações Exteriores, o Circulo Bildeberg e a Comissão Trilateral. In: A Trilateral: Nova Fase do Capitalismo Mundial.;p BARLOW, M. e CLARD, T. Ouro Azul; p Ibid.; p CMA. Visão Mundial da Água; Acesso em 25 / 01 / 2008.

113 99 Comissão Mundial sobre a Água para o século XX dirigida também pelo vicepresidente do Banco Mundial, Ishmail Serageldin, comissão é composta por 21 personalidades eminentes do mundo inteiro, pelos Países Baixos e por algumas agências da ONU relacionadas à água Imperialismo e os Senhores da Água Fazem parte das agências GWP, CMA e a Comissão Mundial da Água, corporações que ocupam representações destacáveis. Em 1999 o vice-presidente do Conselho Mundial da Água e membro influente do conselho do GWP foi ex-diretor da Suez, René Coulomb; Ivan Chéret, integrante do conselho da diretoria da Suez, serviu ao Conselho Técnico da GWP; Jérome Monod, diretor Conselho Supervisor da Suez foi membro da Comissão Mundial da Água; Margaret Catley - Carlson, expresidente da Agência de Desenvolvimento Internacional Canadense (CIDA) e atualmente Diretora do Conselho de Recursos de Água, patrocinado pela Suez, ela também é membro da Comissão Mundial da Água. Portanto essas agências também se interpenetram e são compostas por capitalistas que mais se interessam pela questão da água enquanto bem econômico. 272 Os conhecidos Senhores da água 273 é um termo usado para representar a atuação das corporações Suez e Vivend enquanto maiores companhias distribuidoras de água do mundo. O governo francês iniciou o modelo de privatização do fornecimento de água na metade do século XIX, com isso tais corporações foram-se destacando e atualmente monopolizam 70% do mercado de água no mundo. 274 Tal é o avanço e organização das corporações, que ora se aglutinam em organizações secretas como o Clube de Roma, Comissão Trilateral, Clube de 271 BARLOW, M. e CLARD, T. Ouro Azul; p Ibid.; p Segundo Petrella, o Senhor da Água (...) obtém seu poder através da propriedade e do controle da água, ou através dos mecanismos de acesso, apropriação e uso em vigor, já que esses lhe permitem beneficiar-se ao máximo dos bens e serviços que a água gera ou faz ser possível gerar. Assim ele é capaz de ampliar sua capacidade de ação (em termos de conhecimento, informação, tecnologia, finanças, relações socias e poder cultural) e de perpetuar seu controle. PETRELA, R. O Manifesto da Água; p BARLOW, M. e CLARD, T. Ouro Azul; p.128.

114 100 Bildeberg, e outros; ora em organizações como a GWP, CMA e Comissão Mundial da Água ligadas a grandes grupos internacionais. 275 Na questão da água doce, as estratégias internacionais remetem ao conceito de imperialismo. Na visão de Lênin imperialismo é a,... fase monopolista do capitalismo; ele surgiu como desenvolvimento e seqüência direta das propriedades essenciais do capitalismo em geral. Simplesmente, o capitalismo só se transformou no imperialismo capitalista num dado momento, muito elevado, do seu desenvolvimento, quando se formaram e se revelaram plenamente os traços de uma época de transição do capitalismo para um regime econômico e social superior. O que, sob o ponto de vista econômico, existe de essencial neste processo é a substituição da livre concorrência capitalista pelos monopólios capitalistas. 276 No desenvolvimento do conceito, Lênin aborda alguns aspectos do imperialismo como o capital financeiro o qual surge a partir da fusão do capital industrial e bancário e, a (...) partilha territorial do globo entre as maiores potências capitalistas. Este último aspecto é interessante porque aborda a posse de monopólios por territórios enquanto transição de uma política colonial, mas agora sob a forma de potências que avançam o seu campo de atuação. Tais idéias refletem a atuação das multinacionais enquanto forças que avançam em conquistar não só potenciais mercados (como é o caso de países em desenvolvimento), mas também fontes de matérias primas. 277 Na visão de Magdoff sobre imperialismo, o aspecto inicialmente abordado por Lênin sobre a expansão e a atuação das organizações empresariais (monopólios) vai mais além do que uma relação desigual entre as nações: Há um paralelo estreito entre, por um lado, a política externa agressiva dos EUA, visando controlar (direta ou indiretamente) a maior parte possível do globo e, por outro lado, uma intensa política expansionista internacional das empresas dos EUA. 278 Como Cohen comenta que, na visão de Magdoff, as idéias sobre imperialismo são voltadas não só entre nações, mas à expansão de empresas não só dos EUA, 275 REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ou Regressão do Subdesenvolvimento. Tese de Doutorado- versão preliminar; p LÊNIN, V. I. O imperialismo : fase superior do capitalismo; p Ibid.; p MAGDOFF, H. Apud. COHEN, B. J. A questão do imperialismo: a economia política da dominação e da dependência; p.113.

115 101 mas de outros países. O atual estágio do capitalismo tem como característica a concorrência e a cooperação entre as multinacionais e, os governos são usados para atender seus interesses por meio das influências de seus governos nacionais. 279 Portanto, com base nisso o imperialismo atua numa economia baseada em liberalismo econômico em que corporações atuam livremente e se apóiam em governos que atenderão seus interesses. O conceito de multinacionais ou corporações multinacionais ou empresas multinacionais foi usado pela primeira vez em um trabalho do economista David Lilienthal, em Foi popularizada em 1963, pela Revista Business Week, a qual publicou na ocasião o primeiro de uma série de grandes relatórios sobre as Corporações Multinacionais. 280 São empresas que, devido ao intenso processo de acumulação de capital, chegaram a obter resultados maiores do que o Produto Nacional Bruto-PNB de muitos países desenvolvidos como foi o caso em 1978 das quatro maiores multinacionais: General Motors, Exxon, Ford Motor e Royal Dutch-Shell, cujo faturamento na época foi superior a US$ 40 bilhões cada uma, mais do que PNB de países altamente desenvolvidos como a Noruega, a Dinamarca e a Finlândia. Como diz Kucinski (...) são empresas mais poderosas do que Estados (...), pois manipulam mais recursos do que uma nação. E a maioria dessas multinacionais, na década de setenta, eram norte-americanas, ou seja, das 650, 358 eram dos EUA, 74 japonesas e 45 alemãs. 281 Tal foi à expansão delas que: Sob a égide das multinacionais, o capitalismo assumiu abertamente seu caráter supracional e criou uma ideologia nesse sentido, surgiram os mercados comuns, os embriões de governos supracionais, fóruns como o Clube de Roma ou a Comissão Trilateral, em que presidentes de grandes corporações multinacionais de todos os continentes passaram a discutir estratégias comuns para o futuro. 282 São empresas que atravessam fronteiras nacionais que procuram crescer e obter lucro onde quer que haja oportunidade. E Kucinski faz um comentário 279 COHEN, B. J. A questão do imperialismo: a economia política da dominação e da dependência; p KUCINSKI, B. O que são Multinacionais; p Ibid.; p. 8 e Ibid.; p. 10.

116 102 interessante que tal é a expansão dessas empresas que sua dinâmica no sistema capitalista (...) se proclama um sistema econômico ideal, capaz de um desenvolvimento sem guerras, decente, talvez eterno. Por isso há quem acredite que as multinacionais são das maiores e duradouras criações do pós- guerra. Já que seus investimentos alcançaram os países periféricos, em busca de grandes mercados potenciais e reservas de matéria prima. 283 Tal foi a expansão das multinacionais que começaram a atuar além de suas fronteiras nacionais, intervindo em países ao ponto de financiar golpes contra os governos marxistas como foi o caso Chile contra Salvador Allende no início da década de setenta a fim de manter sua influência naquele país. 284 Nas idéias explanadas por Magdoff, mostra bem como funciona a motivação dessas (...) organizações empresariais de tipo monopolista, elas são movidas por um comportamento compulsivo por dominar e, este impulso faz parte do negócio. E essa (...) compulsão é maximizar o seu próprio poder de mercado, na tormentosa luta competitiva (...). Ou seja, elas sobrevivem não pelo lucro em si que está embutido na lógica de enriquecimento privado, mas no poder de dominar e conquistar. 285 No entanto se voltarmos a saber como se deu a consolidação ambiental para impor uma nova ordem, verifica-se que dominar as fontes de recursos naturais foi uma estratégia para se manter os países do Sul, ditos na época de Terceiro Mundo, na situação que estavam fornecedores de matéria prima. Na época o que valia era se apropriar por reservas de petróleo, mas como seria possível de apropriar de fontes de água se não havia crise da água na década de setenta? Então foi necessário gestar essa idéia ao longo do tempo e, por meio da suposta crise, anunciar que a água está acabando, como aconteceu em 1990 em HAIA. E daí sim é possível justificar que, por causa disso, é natural que ela entre para o mercado como qualquer outra comoditie : petróleo, alimentos, etc E no que se refere à questão da água, o capital sob a forma de multinacionais, aparece como um processo de mudança, uma causa mundial, mas na verdade é o capital que se autovaloriza no processo de circulação (D M - p - M 283 Ibid; p Ibid; p. 18 e MAGDOFF, H. Apud. COHEN, B. J. A questão do imperialismo: a economia política da dominação e da dependência; p.114.

117 103 - D ), e através do processo se substantivação, ele começa a ter nome próprio. Essa é a forma que o capital aparece e domina tudo. 286 Como tudo no capitalismo, as contradições em relação à mercantilização são visíveis, pois enquanto se fala em crise da água doce, que ela vai acabar há o crescente processo de mercantilização da água, notório e evidente no cenário internacional. Na fala de um superintendente da grande empresa Suez, Gerard Mestrallet, fica evidente o interesse mercantil: A água é um produto eficiente, é um produto que normalmente seria gratuito e nosso trabalho é vendê-la Mas é um produto absolutamente necessário à vida. 287 A configuração da Nova Ordem Mundial, através do ambientalismo, fortalece o processo de mercantilização da água doce, justificando-o como solução para a crise. Com a idéia de preservação e conservação, nos últimos 15 anos essa tendência é fortalecida por seguidos fatos de que a mercantilização é vista como solução para os problemas ambientais. Tem-se, portanto um processo de conquista da água doce. Na ideologia ambiental, a qual segue a lógica do capital, para difundir uma idéia e, conseqüentemente política age através de documentos, conferências, e com a água não é diferente. A questão não é se água tem ou não valor, se é ou não bem econômico, mas a forma como é conduzida tal questão. O capital, enquanto relação social, é representado nesse processo pelos Senhores da Água, são multinacionais que além de lucrar tem seus interesses defendidos por organizações internacionais como Conselho Mundial da Água e o Banco Mundial. Aquelas também são chamadas de grandes corporações e os dois maiores titãs da água no mundo são a Vivendi Universal atua em mais de 90 países e a Suez atua em 130 países, ambas da França. Outras corporações que entram na lista dos Senhores da água são a: Bouygues-SAUR, a RWE-Thames Water, a Bechtel-United Utilities e a Enron-Azurix; e as empresas britâncias neste setor, que possuem alguma expressão no mercado, 286 CARCANHOLO, R. e NAKATAMI, P.O Capital Especulativo Parasitário: Uma Precisão Teórica sobre o Capital Financeiro; p BARLOW, M. e CLARD, T. Ouro Azul; p.106.

118 104 são Servern Trent, Anglian Water e a Kelda Group e se firmaram na década de oitenta com as privatizações do governo de Margareth Thatcher. 288 O que chama a atenção é que as multinacionais citadas anteriormente da primeira e segunda lista possuem outras importantes atividades industriais que variam de eletricidade e gás até construção e entretenimento. O grande capital da água atua em setores importantes da economia e sua expansão conta com a motivação política pelos governos, partidos, instituições financeiras como Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, os quais comungam de que o setor da água é um mercado promissor. 289 Na lógica capitalista, havendo possibilidade de auferir riqueza e obter lucro, então é algo obviamente que será destacado como importante regulado pelas forças do mercado. Sob a lógica capitalista, os capitalistas como as empresas transnacionais, querem cada vez mais deter a água porque lucram com ela. Para isso contam com o apoio de organizações internacionais como o Banco Mundial e o Conselho Mundial da Água que deliberam a favor de seus interesses. Essa expansão imperialista é uma nova conquista da água quanto ao processo de mercantilização que desde o fim dos anos setenta, foi desenvolvido a partir do que se chamou de (...) mercantilização, privatização e a integração oligopolista mundial (...) quanto à potável, água engarrafada, tratamento de água e bebidas gaseificadas. E (...) o capital privado está assim solidamente instalado nas esferas de decisão (...), a partir do que se configurou na década de noventa uma visão de implantação de uma espécie de estado maior global da água quanto em relação às ações do Conselho Mundial da Água (entre eles multinacionais) e o GWP. 290 Petrella em seu artigo A conquista da Água, coloca que a água enquanto mercadoria tem princípio fundamentado no cenário de mercantilização com (...) a passagem de uma cultura de direitos a uma lógica de necessidades. O peso que é dado aos investimentos privados é outro princípio no processo de mercantilização. O Banco Mundial é um grande promotor da idéia, a qual se tem concretizada através de documentos e com mais força através de projetos como o de políticas de ajuste 288 Ibid.; p.128 e Ibid.; p PETRELLA, R. A Nova Conquista da Água. Entrevista ao jornal francês Le Monde Diplomatique; consultado em 26/12/2007.

119 105 estrutural idealizado há 20 anos. O investimento privado é visto como (...) o motor principal para o desenvolvimento econômico e social (...), o Estado cria ambiente para o mesmo reduzindo sua ação, abre espaço através dos investimentos públicos. Através da idéia de se pregar a lógica de necessidades, legitima-se a aplicação de recursos privados e que os recursos financeiros públicos são insuficientes para atender à necessidade crescente de investimentos, abre-se espaço para o financiamento privado, confirmado na conferência da ONU em 2002, que o recurso privado (...) reduz pela metade o número de pessoas que não tem acesso à água potável. 291 Com a política de Programas de Ajuste Estrutural, imposta pelas organizações financeiras sexagenárias do Breton Woods, Banco Mundial e FMI, aos países na época tidos como subdesenvolvidos e dependentes, a fim de se obter recursos externos e apoio aos seus projetos econômicos, sociais e ambientais, submetem-se a tal lógica. Impõe-se a atuação mínima do Estado através da privatização de alguns serviços, e a regulação destes vem com a criação de agências, as quais têm uma estrutura menor com menos pessoas, mas independentes enquanto à tomada de decisões O Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do SAG Dentro do contexto imperialista de avanço de grandes multinacionais, o projeto SAG destaca ser importante à gestão do aqüífero e visa buscar financiamento por meio de apoio ou cooperação junto às organizações internacionais para propostas do PAE (o qual contém um Plano de Investimentos e o ADT) que, sob a forma de ações, compõem o chamado Marco de Gestão do SAG o qual ao final do projeto, com previsão de encerramento para o ano de 2009, será disponibilizado para as organizações. O PAE, enquanto programa de ações, será elaborado inicialmente um documento com a identificação dos temas que requer investimentos prioritários que estejam de acordo com a preservação, gestão e uso sustentável do SAG. Para isso, tomar-se-á como base o ADT e, a partir deste, serão elencadas as prioridades e, 291 PETRELA, R. A conquista da água. In: A disputa pelo ouro azul ; p.16 e 17.

120 106 assim as ações dentro de cada tema levando em consideração a questão transfronteiriça. Acredita-se que a partir dessa análise serão identificados os problemas como também as ações, dando direcionamento aos projetos de investimentos e cooperação que visam remediar as questões ou ameaças ao SAG. Com as propostas traçadas serão realizados seminários e oficinas envolvendo público interessado para discuti-las e então formalizá-las. Nesses projetos serão identificadas áreas geográficas prioritárias já identificadas no ADT. Segundo o documento PIP, serão eleitas áreas com base nos (...) aspectos negativos de sobreexploração, riscos de contaminação, etc., como também, em relação aos aspectos positivos, tais como desenvolvimento das exportações, geração de novos postos de trabalho, geração de energia limpa, etc. 292 E não só as informações através do SISAG que ali houver sobre o aqüífero e conseqüentemente sobre os países que o compõem serão disponibilizadas, mas também aliar a gestão à participação de organizações internacionais através do Modelo de Gestão proposto para o SAG. É interessante notar que há uma conotação econômica para as intenções do projeto como é o caso agora da elaboração do PAE com a elaboração de um Plano de Investimentos, o qual mesmo com prévia discussão com os países interessados representados pelas UNEP s, tal documento será disponibilizado à apreciação de organismos de financiamento e, dessa forma, facilitar a vinculação (...) com outras agências de financiamento e de cooperação interessadas nestes projetos. Na referida etapa do documento PIP, tem-se a idéia de como será a gestão do aqüífero a partir do PAE e conseqüentemente do Marco de Gestão do SAG. 293 Um grande evento internacional para apresentação e divulgação do Marco de Gestão do SAG o qual inclui os projetos de investimento e cooperação; o objetivo do evento é convidar agências internacionais (...) com o objetivo de incorporá-los ao programa no financiamento ou apoio de suas propostas. É interessante saber quem são estas organizações internacionais.a partir dos resultados de tal evento, buscarse-á identificar (...) prováveis associados dos futuros projetos ou ações, sejam eles 292 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 64.(Tradução Nossa) 293 Ibid.; p. 65.(Tradução Nossa)

121 107 de governo ou junto às organizações internacionais e, junto à iniciativa privada local e internacional. 294 Além das citadas agências multilaterais de crédito, tais como os conhecidos BID, Banco Mundial, o Fundo Financeiro da Bacia do Prata (FONPLATA), o Corporação Andina de Fomento (CAF) foram citadas também as agências bilaterais de crédito, tais como Japan Bank for International Cooperation (JBIC), Banco Alemão Kreditanstalt für Wiederraufbau (KFW) da Alemanha e o Fondo mundial de Solidaridad Digital (FSD). Conta-se também com o apoio das agências de cooperação multilaterais, como a UNESCO, PNUD, PNUMA, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e a Comissão Européia; como também agências de cooperação bilateral, como a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), CIDA do Canadá. Agências internacionais de fomento à gestão da água, tais como GWP, World Water Council (WWC), Rede Internacional de Organismos de Bacia (RIOC), entre outras; além de empresários da região, associações de empresários externos a região, entidades financeiras regionais, ONGs representativas da sociedade civil, Governos locais e nacionais. 295 Algumas das agências citadas anteriormente são conhecidas por fazerem parte da Oligarquia Mundial da Água: GWP e o WWC, sem falar no Banco Mundial e as multinacionais, os quais comungam da mesma idéia, formam uma rede de interesses e pensam o mesmo: que a água é um bem mercantil e a solução para a suposta crise é privatizá-la. 296 Portanto, a gestão de que se trata no documento inteiro terá como estratégia atrair oportunidades de negócios relativos ao SAG conforme diz a seguinte citação: Neste evento se apresentarão os diagnósticos assim como as idéias sobre as oportunidades de negócios relativos ao SAG. Serão discutidas as formas de financiamento das mesmas, e se identificarão prováveis associados futuros para os projetos compreendidos ou derivados do Projeto SAG. 297 Por isso o Componente II é o núcleo do projeto, porque a sua essência de gestão vai de encontro com as organizações internacionais e a iniciativa privada; e no projeto em vários momentos discorre o que se pensa em relação à água e que o 294 Ibid; p. 66. (Tradução Nossa) 295 Ibid.; p. 65.(Tradução Nossa) 296 PETRELA, R. Uma necessidade vital se torna mercadoria. In: Cadernos Diplò; p OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 66. (Tradução Nossa)

122 108 problema é gestão. Por isso tais organizações serão envolvidas, uma vez que além de repetir a idéia de problemas com a água, comungam da idéia de que o mercado é a saída; as mesmas palavras do atual Secretário Geral do projeto, Luiz Amore: (...) conhecer mais sobre o aqüífero é um dos aspectos do projeto, o objetivo principal é a gestão. E acrescenta destacando que o interesse do GEF e enfoque é na gestão do aqüífero conforme a seguintes palavras: O GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente) disse: é preciso que tenha um forte componente de desenvolvimento de gestão. Temos que gerir o Aqüífero Guarani, não só conhecer. 298 A idéia é que os quatro países abrangidos pelo aqüífero tenham uma gestão integrada do mesmo. É interessante destacar que a trajetória do projeto, no que se refere à tomada de decisões, mudou a partir do envolvimento e intervenção das organizações internacionais envolvidas. Concomitante à execução do projeto SAG está sendo denunciado em notícias sobre Apropriação do Aqüífero Guarani relacionando mesmo com a presença de tropas militares norte-americanas no Paraguai e o que significa o projeto para o aqüífero, colocando que a OEA e o Banco Mundial trabalham no projeto com o objetivo de desenhar o plano de gestão do SAG. E acrescenta ainda que é evidente que (...) preparan el terreno político para que esa gestión esteja manejada por organismos internacionais, y no por los estados, siendo justificado en que los gobiernos podrían entrar em conflictos que entorpecieran la gestión (...), em função das questões transfronteiriças levantadas no ADT. Tal idéia vai de encontro com as tendências que o projeto pretende tomar relativamente à gestão do Aqüífero Guarani. Com o envolvimento de multinacionais como a Suez e Vivendi sob a roupagem de organizações privadas como a GWP, CMA e outras não é difícil pensar que o capital irá ter acesso a este manancial de águas subterrâneas. 299 Outras notícias quanto ao aqüífero é a intenção de empresas multinacionais do setor da água interessadas em se instalar também no Paraguai, em torno de 298 AMORE, L. Águas do Guarani IV - site ecoentrevistas&tipo=temas&cd=856 Acesso em 27 setembro de REYNOSO, L. Apropriación del Acuífero Guarany Acesso em 30 / 06 /

123 com (...) interesse em industrializar, engarrafar e exportar água da área paraguaia (...), essa informação foi citada por Fernando Lugo, candidato à presidência no Paraguai, que se manifestou contra as políticas de privatização. A notícia vai de encontro com a denúncia da canadense Sara Grusky ao jornal Clarin que ( ) los organismos internacionales como el Banco Mundial buscan crear em la región del Guaraní una nueva región industrial y competitiva a nível mundial, sin que les importe resguardar la conservación del acuífero ni los reales intereses de los habitantes da la región (15 millones de personas). Su único objetivo es el desarrolo industrial, lo que aumenta los riscos de cualquier proceso de privatización. 301 Há também denúncias de aquisição de terras no Paraguai pela Coca-cola na região do aqüífero, o que vai de encontro com à situação deste país o qual tem uma situação econômica dependente e sua oferta em recursos hídricos são de 63 mil litros / habitante / ano, enquanto que o Brasil são 10 mil litros / habitante / ano. A situação é paradoxa porque mostra a oferta de água presente nos países do Sul enquanto há o interesse de países do Norte em investir na inclusão da água nos tratados de livre comércio 302 Então quando projetos como do SAG são concebidos, deve haver leitura crítica deles. Onde isso vai parar? Qual é a tendência no projeto, ou o que o projeto vai definir como gestão integrada? Ele foi concebido no Brasil. A idéia era de se estudar mais sobre o Aqüífero Guarani, então necessitaria de recursos para avançar as pesquisas que haviam sido feitas por técnicos brasileiros dentro do Brasil. Porém, o projeto atualmente é mantido com recursos externos, gestado e executado por recursos externos e principalmente organizações internacionais, ainda que haja contrapartida não financeira dos países de US$ 12 milhões. Os países que abrangem o aqüífero (Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina) estão no projeto como UNEP, mas é a OEA a agência responsável por executá-lo. Então por que não é o MERCOSUL? Porque com certeza é uma exigência dessas organizações externas. 300 Este número é citado por mais de uma fonte; durante a pesquisa deste trabalho foi tentado contato com o Ministério de Indústria e comercio do Paraguai para saber a mais a respeito desta informação e até o momento não houve retorno. LUGO, F. - Acesso em 02 /01/ Acesso em 02 /01/ MORELLI, L. Água: nas mãos de quem? In: Cadernos Dipló: Lê Monde Diplomatique; p. 19,20 e 21.

124 110 Acontece que tais organizações têm relação, ou pelo menos alguma relação com a Comissão Trilateral, Conselho de Relações Exteriores, Clube de Roma e Clube de Bildeberg. Não são países e sim as principais forças capitalistas que compõe essas organizações e que de alguma forma estão envolvidas ou ligadas direta e indiretamente com as multinacionais que atuam no setor da água. A água doce não vai acabar. O ciclo hidrológico é o mesmo. O problema é a poluição da água doce pelas grandes indústrias que extraem da natureza tudo o que precisam para o sistema de produção. A mídia veiculou intensamente que o Guarani seria o maior reservatório de água doce do mundo, e que poderia matar a sede de muita gente, ou seja, poderia futuramente ser uma estratégica reserva de água e solução em tempos de escassez. Acontece, porém que o problema da água doce é a crescente poluição dos rios e águas subterrâneas. Este grande reservatório demorou bilhões de anos para ser formado. Através das áreas de carga e recarga, o processo se renova desde então. Já se constatou que em algumas partes tal água é salina e até salgada, ou que possuem minerais os quais não a tornam adequada ao consumo humano. Um dos coordenadores do projeto, Luis Amore, mencionou que o interesse pelo aqüífero pra gerar energia e de se apropriar o aqüífero não é real. Apesar disso há quem acredite que (...) este discurso de tomar o aqüífero é coisa de xiita. Outro técnico, o geólogo Hirata, enxerga esta discussão como mito. No capitalismo não é necessário se apropriar de um território (no sentido de chão), mas da territorialidade, da identidade do local, da suas características locais. Para se apropriar do que ele possui em ternos de recursos naturais. A privatização de serviços e a mercantilização da água doce em garrafas são tendências crescentes e reais. Não precisa necessariamente tomar posse de um bem para explorar o que há nele. Ao conseguir concessão de se furar poços, seria uma autorização ou licenciamento; então se usa aquele recurso da forma que quiser, dependendo da legislação daquele país, estados e municípios, que no caso das águas subterrâneas legislação organizada está em processo diferente das águas superficiais.

125 As veias abertas do Aqüífero Guarani A questão é que não é crise de escassez de água e sim problemas ambientais em relação à água. Eles são inegáveis (poluição ao meio ambiente, muito lixo, recursos naturais não renováveis, sobre catástrofes ou fenômenos da natureza, camada de ozônio, efeito estufa, mudança climática, poluição da água, etc), porém o discurso ideológico é pesado no sentido de maquiar a luta de classes presente no capitalismo, contradição esta pregada como aparente harmonia através do desenvolvimento sustentável. O capitalismo é que está em crise. O desenvolvimento sustentável foi a saída encontrada para fugir da crise, porque cumpre o papel de ser neutro, de aparecer como neutro e sem clareza. 303 Com uma leitura crítica sobre o assunto, constata-se que no capitalismo tudo é mercadoria, desde uma simples abstração a mais concreta realidade das relações sociais. A lógica do capitalismo é lucro. Com a questão ambiental não é diferente, já que envolve recursos naturais. Não é possível extrair dessa discussão as questões ambientais. Elas também estão inseridas, e o homem, enquanto ser histórico, busca meios de sobreviver, de manter-se vivo, busca por alimentos, abrigar-se do frio e o faz através do trabalho. Buscando alternativas e meios de garantir sua sobrevivência. E ele faz isso através de trabalho, de dispêndio de força de trabalho. Isso é materialismo. Nesse processo usa de recursos naturais além de outros elementos para manter-se e para sobreviver. As relações sociais de produção é uma cristalização de como esse quadro vai se alterando, se superando, já que é algo que está em movimento. E a história vai se construindo. 304 O processo se intensificou de tal forma que ele foi alterando seu modo de vida. Descobrindo coisas sobre si, fazendo descobertas de novos lugares, objetos e até idéias, ele viu que havia superação de alguns desses elementos. E o trabalho é o que o faz passar por superações, seja ela física, seja intelectual. Alguns superam mais no físico que no intelectual. Alguns superam mais no intelectual do que no físico. E assim descobre que nas relações de produção, socialmente e, historicamente construídas, existem interesses pessoais em que ao se relacionar politicamente (exercendo a habilidade de se relacionar com o outro com a intenção 303 REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ou Regressão do Subdesenvolvimento; p MARX, K. e ENGELS, F. A Ideologia Alemã; p

126 112 de obter resultados desejados), poderia destacar-se dominando o outro, seja pela força física ou pela influência intelectual de suas idéias. Daí nós vemos exploração. Vemos a luta de classes. Porque ele descobre que, em vez de trabalhar, pode fazer outras coisas inclusive mandar, governar o trabalho do outro. Então o sistema capitalista é isso, o capital enquanto relação social, em que o homem em busca da sua sobrevivência lida todos os dias com pessoas que fazem o papel de dominantes e outras de dominadas. De apropriar-se não só da força de trabalho do outro mas também da terra, a propriedade privada. Antes havia o sistema feudal, nele as relações que existiam eram de servos e senhores. Mas não havia a mais-valia, o trabalho não pago. 305 Portanto a sociedade contemporânea vive no sistema capitalista, porém não é possível extrair dela questões ambientais para discuti-la à parte: consumir menos para não se ter tanto lixo e não desperdiçar água por que ela vai acabar. A questão não é essa. O que deve ser alterado é a produção. O capitalismo necessita de recursos naturais para continuar produzindo. Mas produzindo para quê e para quem? Pra se obter lucro e o capitalista manter-se no poder. O autor do livro As veias abertas da América Latina, escritor e jornalista Eduardo Galeano abordou na década de 70, de forma bastante crítica o saque à América Latina ao longo da história da humanidade. É o que ele chama de a região das veias abertas. Sempre fazendo uma associação dos imperialistas mundiais com as classes dominantes latinas (os capitalistas), dos quais cada um busca o seu próprio interesse, por isso ele menciona em sua narrativa o preço dessa busca através das vidas sacrificadas e de muito sangue derramado. O destaque nessa análise crítica é que ele denuncia, utilizando-se da historiografia e mesmo no século XXI, tal abordagem continua atual, ou seja, continua sendo uma leitura atual para os dias de hoje. O que se vive neste milênio não é muito diferente do que foi exposto séculos atrás. Trata-se da continuidade daquele saque, trata-se do que restou dele: desenvolvimento comprometido com políticas externas atreladas neste milênio ao discurso de preservação do meio ambiente e à necessidade de aplicar as políticas do desenvolvimento sustentável Ibid.; p GALEANO, E. As veias abertas da América Latina;p

127 113 A questão dos recursos naturais é muito pertinente ao relato crítico do jornalista Eduardo Galeano, e o discurso de escassez da água não fica solto já que o interesse em apropriar-se é o mesmo. Em seu relato, o coloca-o de forma irônica na primeira parte do livro a relação mercantil e, portanto comercial desigual que existe entre os países do Sul e Norte, onde há os dois lados da divisão internacional do trabalho: (...) um em que alguns países especializam-se em ganhar, e outro em que especializaram em perder. Que a América Latina aperfeiçoou a função de perder seus recursos, assim como era quando ainda era Colônia. Ele coloca ainda que ela continue existindo a serviço das necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo, ferro e cobre; alimentos como carnes, frutas, café e matérias-primas em geral, destinados aos países ricos que ganham consumindo-os muito mais do que a América Latina ganha produzindo-os. E em função do liberalismo econômico pregado, em que a abertura de mercado faz parte da então economia neoliberal e da voracidade do capitalismo, tal relação continua valendo e sendo sustentada, como necessária ao país que quer crescer. 307 No que se refere aos recursos naturais, tem-se a mesma relação, considerando que o discurso ambientalista prega a necessidade da preservação e conservação dos recursos, dando ênfase ao bem comum e para todos através da atuação das ONG s. Aliada à outra análise e continuidade do jornalista, quando ele cita que em relação à abertura de mercados e ao liberalismo econômico nas relações comerciais entre países desenvolvidos e em desenvolvimento onde mais liberdade se outorga aos negócios, mais cárceres se tornam necessários construir para aqueles que sofrem com os negócios. Será que é muito diferente do que se vê em relação aos recursos naturais na atualidade? Tratar o discurso ambiental como algo inofensivo e bem comum a todos, sabendo da existência das desigualdades e diferenças que existem, e que o capitalismo continua o mesmo ainda que se trate de problemas ambientais? Quanto mais liberdade se dá, mais se aprofundará a dependência ou o que ele chama de cárcere dos países pobres (maiores detentores de recursos naturais) em relação aos países ricos. 308 Para o jornalista, do descobrimento até os nossos dias, na região das veias abertas tudo é capital, tudo se transformou em capital europeu e mais tarde norte- 307 Ibid.;p Ibid.;p. 13.

128 114 americano e como tal tem se acumulado nos centros do poder. Tudo: a terra seus frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. 309 Essa reflexão nos remete aos dias de hoje ela, não é diferente de usurpação. Nos discursos de preservação, remetemo-nos a tal idéia também. E para completála, ele coloca que (...) a história de subdesenvolvimento da América Latina é a história de desenvolvimento do capitalismo mundial. E acrescenta ainda a influência e a participação das classes dominantes em âmbito nacional: (...) dominantes para dentro e dominados para fora (...), ao comentar sobre os interesses privados dos capitalistas. Ora, quando falamos em meio ambiente, não é possível tratar disso sem considerar esse passado de desgaste e comprometedor da América Latina e conseqüentemente brasileira. É um passado que se faz presente. 310 Em tempos que nos EUA, o preço de um galão de água potável supera um galão de petróleo e a indústria da água engarrafada movimenta milhões de dólares, no que se refere ao Aqüífero Guarani não é diferente, a lógica capitalista através do imperialismo das multinacionais avança em controlar e repetir ao que já se assistiu na America Latina, (...) história de subdesenvolvimento da América Latina é a história de desenvolvimento do capitalismo mundial Ibid;p Ibid;p El Acuífero Guaraní: tesoro codiciado en tiempos de sed; htm.

129 115 CONCLUSÃO O controle da água doce pela lógica do mercado tem sido cada vez mais assustador e se amplia rapidamente. Sob a análise da ideologia, a questão da escassez de água doce é entendida como um discurso usado para justificar, sob o argumento de necessidade e não de direito de acesso à água, que a privatização e as forças de mercado através da participação do setor privado nesta gestão é a saída. Os organismos multilaterais como as Agências da ONU, o FMI, o Banco Mundial e a OMC, defendem uma modernização do setor de gerenciamento dos serviços da água, em que a privatização é um dos passos para alcançá-lo. São tendências que mostram que o capital, sob a forma de multinacionais, se organizou de tal forma que foi montada uma rede internacional para gestão de recursos hídricos em que os interesses de capitalistas tem convergido à privatização da água. Mas antes de ser concebida e concretizada esta idéia foi gestada com bastante ênfase na década de noventa onde foi visto na bibliografia levantada e consultada que a água, segundo estes documentos, está escassa e a saída para essa crise é o mercado. Aliado a isso há as políticas internacionais impostas aos países do Sul (onde coincidentemente está boa parte da água doce disponível no mundo) pelas conhecidas instituições financeiras FMI e Banco Mundial, assim como agências da ONU e a OEA, além daquelas organizações de atuação mais secreta como a Comissão Trilateral (que defende a liberalização de mercado), o Clube de Bildeberg (a força dos imperialistas europeus). A política de ajuste estrutural, o Consenso de Washington e a idéia de desenvolvimento sustentável, impostas pelas instituições financeiras aos países do Sul a fim de se obter recursos externos e apoio aos seus projetos econômicos, sociais e ambientais, tem submetido nações a esta lógica: atuação mínima do Estado, modelo que nega o desenvolvimento e a industrialização; do controle e regulação da água não pelo Estado mas pelas grandes corporações conhecidas como os Senhores da Água. São portanto idéias privatistas que permitem o avanço das multinacionais.

130 116 A forma de como a questão ambiental foi concebida e sustentada no mundo influenciou a questão da água porque sob a forma de classe dominante os mesmos grupos que na década de setenta levantam a questão do meio ambiente também é o grupo que divulga a idéia de escassez de água doce. Ou seja, com o desenvolvimento sustentável a ordem de interesse da classe dominante é que sob a roupagem de crise ambiental e crise da água doce a exploração em cima da classe dominada permaneça e se alcance o lucro desejado. Por isso, racionaliza os capitalistas, não importa se a água é fonte de conflito, resultado de uma fictícia escassez hídrica tão abordada atualmente, mas se é fonte de lucro. Portanto o objetivo deste trabalho foi investigar a relação que existe entre o Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani e o uso do aqüífero, segundo o interesse mundial pela água doce. Dado o discurso de escassez de água doce, verifica-se que o interesse por novas fontes se dá de forma crescente. A metodologia desenvolvida durante o trabalho foi levantar e consultar bibliografia disponível sobre a questão da água doce e do Aqüífero Guarani e a que mostra interesse imperialista pela água; levantar os textos disponibilizados na Internet sobre o aqüífero, como o próprio projeto do SAG (conteúdo disponível no site do próprio projeto), e textos sobre as organizações internacionais envolvidas; entrevista aberta com técnico Luiz Amore (Secretário Geral do projeto SAG), técnica Adriana Niemeyer (a qual foi contactada por correio eletrônico e respondeu pela UNEP Brasil na ausência do Coordenador João Bosco Sanra) e o Professor Doutor Ernani F. Rosa Filho. Após a entrevista foi possível verificar tanto pela fala do Secretario Geral como pela fala do professor, o qual pesquisa o aqüífero há muitos anos, uma diferenciação na forma de ver o projeto de forma de como foi concebido e o que tem sido feito. A partir do material consultado foi constado que o projeto foi iniciativa da Universidade do Paraná, mas ao necessitar ampliar as pesquisas foi necessário mais recurso e com isso ao ser apresentado ao governo brasileiro não houve apoio, portanto com base no material consultado inicialmente o projeto SAG não foi política governamental brasileira, mas ao ser colocado como proposta às organizações internacionais o Banco Mundial mostrou interesse financiando o projeto junto ao GEF (Fundo Mundial para o Meio Ambiente). Com o envolvimento da OEA como

131 117 executora do projeto, além do banco, o projeto mudou do foco técnico - cientifico para o enfoque da gestão do aqüífero considerado passo importante na preservação do mesmo. A partir da estrutura do projeto verificou-se que ele abrange vários aspectos do aqüífero: social, econômico, industrial além do potencial energético e turístico. Com a descrição das características físicas do aqüífero como formação e localização, além de sua importância econômica para os países abrangidos, verificou-se que o aqüífero está localizado em regiões populosas e economicamente desenvolvidas. Estruturado em sete componentes, o projeto tem como alvo apoiar os países na elaboração de Modelo de Gestão para proteção do Sistema Aqüífero Guarani, com destaque e prioridade na gestão do mesmo aliado à pesquisa técnica e cientifica. Esta idéia de gestão tão enfocada no projeto vai de encontro com o que as organizações multilaterais têm divulgado em relação à água doce: gestão com participação do setor privado e, não só dos países através do setor público. Portanto a gestão do aqüífero caminha para o controle do capital, assim como ocorreu com o petróleo e demais recursos. Foi visto também que as organizações internacionais entendem que a crise de escassez da água é uma crise de administração e que tornando a água como bem econômico (não só enquanto serviços como também água em garrafa) e o uso considerado negligente será equilibrado. Verificou-se a influência do fundo GEF no financiamento e nas áreas priorizadas no projeto quanto ao curioso destaque que é dado à gestão com a elaboração do PAE e do documento ADT na questão transfronteiriça - enquanto atividades financiáveis pelo fundo e contempladas no Componente II do projeto; na verdade não só a proteção do aqüífero é visada, mas o controle do aqüífero por parte do capital. Entendo-se, portanto que a questão da água doce é ambígua e ideológica, para que os interesses privatistas sejam atendidos, verifica-se que o projeto irá atuar de forma que a gestão do aqüífero seja partilhada com o setor privado o qual tem buscado não só mercados para atuar mas se apropriar de fontes de água doce como é o caso do Aqüífero Guarani. É assim que o capital atua.

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