UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA PRISCILA EVANGELISTA MORAIS E LIMA

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1 0 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA PRISCILA EVANGELISTA MORAIS E LIMA A PALATALIZAÇÃO DO /S/ PÓS-VOCÁLICO: UMA ANÁLISE VARIACIONISTA DA TRANSFERÊNCIA FONOLÓGICA DO FALAR PARAIBANO (L1) NA AQUISIÇÃO DE INGLÊS (L2) João Pessoa 2014

2 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA PRISCILA EVANGELISTA MORAIS E LIMA A PALATALIZAÇÃO DO /S/ PÓS-VOCÁLICO: UMA ANÁLISE VARIACIONISTA DA TRANSFERÊNCIA FONOLÓGICA DO FALAR PARAIBANO (L1) NA AQUISIÇÃO DE INGLÊS (L2) Dissertação apresentada ao programa de Pós- Graduação em Linguística da Universidade Federal da Paraíba, na área de concentração Teoria e Análise Linguística e linha de pesquisa Diversidade e Mudança Linguística, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Linguística. Orientador: Prof. Dr. Rubens Marques de Lucena João Pessoa 2014

3 2 A PALATALIZAÇÃO DO /S/ PÓS-VOCÁLICO: UMA ANÁLISE VARIACIONISTA DA TRANSFERÊNCIA FONOLÓGICA DO FALAR PARAIBANO (L1) NA AQUISIÇÃO DE INGLÊS (L2) Priscila Evangelista Morais e Lima Dissertação aprovada em de de Banca Examinadora: Prof. Dr. Rubens Marques de Lucena (UFPB) (Orientador) Prof. Dr. Márcio Martins Leitão (UFPB) Membro avaliador Profa. Dra. Iara Ferreira de Melo Martins (UEPB) Membro avaliador João Pessoa 2014

4 3 Ao meu pai Enilson Morais de Oliveira, à minha mãe, Rejane Evangelista, que me deram os maiores bens: a educação cristã e a educação para a vida; aos meus irmãos por terem acompanhado minha trajetória e ao meu querido esposo, Geziel de Brito Lima, meu parceiro na vida conjugal e profissional.

5 4 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço ao meu bom Deus, amigo fiel e de todas as horas que, mesmo nos momentos que pensei que não iria conseguir, me ajudou dando provas de seu amor para comigo. Ao meu esposo Geziel, companheiro, amigo e colega de dissertação. Obrigada, por dividir comigo esse momento, pois estamos juntos nessa caminhada acadêmica. Simplesmente, te amo! Aos meus pais, por terem me ensinado o valor do estudo. Aos meus irmãos, Ezequiel e Enilson Filho presentes em minha vida nos momentos difíceis e felizes. Aos meus cunhados, Daniela, Gesielle e Jesimiel. Obrigada por torcerem sempre por mim. Aos meus sogros, José Pedro e Marlene. Obrigada por me tratarem como uma filha, sinto-me bastante amada por vocês. Ao meu querido professor Dermeval da Hora, por ter me apresentado os caminhos da Sociolinguística. De uma forma muito especial, ao prof. Rubens, meu orientador, pela paciência e atenção dedicadas a mim. Muito obrigada! A todos os demais professores que fizeram parte de minha carreira acadêmica, pois devo parte da minha formação. À professora Dra. Juliene, pela carinho e apoio profissional. À minha amiga Izete, que me deu tanta força e contribuiu para a minha carreira acadêmica. Como você mesma disse: que nossa amizade cresça cada dia mais. Ao José Wellisten. Você, Izete e eu demos os primeiros passos acadêmicos juntos. Que privilégio para mim! Ao Fernando Cabral, que mesmo sem me conhecer direito, tanto me ajudou na realização desse trabalho. Só posso dizer: obrigada! Ao querido Almir, companheiro de dissertação. Esse trabalho também tem um pedacinho de você! A todos do VALPB, que foram meus companheiros durante três anos. Foi muito bom estar com vocês. Vocês também fazem parte da minha história.

6 5 Agradeço aos membros examinadores da banca o aceite do convite para participar da qualificação, contribuindo de forma relevante com o aprimoramento deste estudo. Aos participantes da pesquisa, pela contribuição da feitura deste trabalho. Obrigada pela disposição em ajudar-me. Meus sinceros agradecimentos a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram com esse trabalho.

7 6 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS, QUADROS, GRÁFICOS E TABELAS RESUMO INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 DELIMITAÇÃO DO TEMA O FENÔMENO LINGUÍSTICO EM ESTUDO: A PALATALIZAÇÃO DO /S/ NO CONTEXTO /S/T EM PALAVRAS DA LÍNGUA INGLESA NA INTERLÍNGUA DO APRENDIZ BRASILEIRO A PALATALIZAÇÃO DO /S/ PÓS-VOCÁLICO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Pesquisa realizada por Carvalho (2000) Pesquisa realizada por Callou, Leite & Moraes (2002) Pesquisa realizada por Brescancini (2002) Pesquisa realizada por Hora (2003) Pesquisa realizada por Macedo (2004) Pesquisa realizada por Silva (2004) Pesquisa realizada por Brandão (2008) Pesquisa realizada por Monteiro (2009)...29 CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA TEORIA DA SÍLABA Perspectiva linear: os estudos de Hopper (1976) Perspectiva não linear: os estudos de Kahn (1976) e Selkirk (1982) A sílaba do português do Brasil A sílaba do inglês AS FRICATIVAS CORONAIS EM CODA SILÁBICA SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA E AQUISIÇÃO DE L Sociolinguística Variacionista Aquisição de L Interlíngua...46

8 Sociolinguística e Aquisição de L CAPÍTULO 3 METODOLOGIA CONSTITUIÇÃO DO CORPUS Participantes Instrumento Constituição das células Gravação e codificação dos dados de fala Apreciação dos dados pelo programa DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS A variável dependente Variáveis independentes Variáveis linguísticas Tonicidade Contexto fonológico precedente Tipo de instrumento Variáveis extralinguísticas Nível de proficiência Consciência fonológica explícita...57 CAPÍTULO 4 RESULTADOS E ANÁLISES FREQUÊNCIA GLOBAL DA PALATALIZAÇÃO Seleção das Variáveis pelo Programa VARIÁVEL INDEPENDENTE EXTRALINGUÍSTICA Nível de Proficiência VARIÁVEIS INDEPENDENTES LINGUÍSTICAS Tonicidade Contexto Fonológico Precedente VARIÁVEIS NÃO SELECIONADAS Tipo de Instrumento Consciência Fonológica Explícita...68 CONSIDERAÇÕES FINAIS...70

9 8 REFERÊNCIAS...74 APÊNDICE 1 Formulário de Consentimento APÊNDICE 2 Questionário APÊNDICE 3 Lista de frases em Inglês APÊNDICE 4 Lista de textos em Inglês ANEXO 1 Oxford Placement Test (ALLAN, 2004)

10 9 LISTA DE FIGURAS, QUADROS, GRÁFICOS E TABELAS FIGURAS Figura 1 A palatalização do /S/ em coda silábica no PB...30 Figura 2 Constituição silábica (KAHN, 1976)...33 Figura 3 Representação fonológica da sílaba (SELKIRK, 1982)...34 Figura 4 Representação silábica (CÂMARA JR.,1970)...35 QUADROS Quadro 1 Padrões silábicos do PB...34 Quadro 2 Padrões silábicos do inglês...35 Quadro 3 Representação da fricativa coronal /S/ pós-vocálica...38 Quadro 4 Representação da consoante pós-vocálica /S/...38 Quadro 5 Composição dos traços distintivos...39 Quadro 6 Distribuição das células da amostra...52 Quadro 7 Códigos para a transcrição...53 Quadro 8 Contexto Precedente Vocálico...56 GRÁFICOS Gráfico 1 Palatalização X Demais Variantes...21 Gráfico 2 - Resultados da Palatalização...22 Gráfico 3 Frequência Geral: Fricativa Palato-Alveolar e Outras Variantes...23 Gráfico 4 Efeito da Variável Contexto Fonológico Seguinte...24 Gráfico 5 Realizações das Variantes do /S/ em Coda Silábica...25 Gráfico 6 - Dados da Palatalização na Fala Fluminense...27 Gráfico 7 Frequência das Variantes...29 Gráfico 8 Frequência Global da Palatalização...60 Gráfico 9 Frequência Geral de Supressão do /t/...62

11 10 TABELAS Tabela 1 Variante Palatalizada de /S/: efeito da variável localidade nos contextos interno (C.I) e externo (C.E)...28 Tabela 2 Grupo das variáveis analisadas X selecionadas...63 Tabela 3 Nível de Proficiência...64 Tabela 4 Tonicidade...66 Tabela 5 Contexto Fonológico Precedente...67

12 11 RESUMO Diversas pesquisas foram realizadas com o objetivo de analisar o fenômeno da palatalização em Português brasileiro (PB), das quais podemos destacar as de Carvalho (2000), Brescancini (2002) Callou, Leite & Moraes (2002), Hora (2003), Silva (2004), Macedo (2004), Brandão (2008), Monteiro (2009), dentre outras. Todavia, estudos sobre a palatalização da fricativa coronal na aquisição de inglês como L2 são bastante escassos. Isto posto, o presente trabalho tem como objetivo identificar a palatalização na produção do /S/ pós-vocálico no contexto /S/t realizada por falantes paraibanos de inglês como L2. Especificamente, propomos-nos a identificar o processo de palatalização na interlíngua (IL) de aprendizes de inglês como L2, quais os fatores que favorecem ou não a aplicação da regra e se há agentes não linguísticos fomentando a palatalização. O estudo está fundamentado na Sociolinguística Variacionista, formulada por Labov (2008 [1972]) e no aporte teórico da Aquisição de L2 (SELINKER, 1992; ELLIS, 2003 [1994]; BAYLE, 2007). A interface Sociolinguística e Aquisição de L2 tem surgido como um novo campo de estudos linguísticos. A fim de estudar a relação entre o contexto social e a aprendizagem de uma L2, a união desses dois campos busca explicar como os fatores extralinguísticos podem intervir no uso de um novo código. Alguns estudos (BAYLEY, 2005; LUCENA & ALVES, 2009; CAGLIARI, 2010; LIMA, 2012) têm sido realizados nessa perspectiva. O corpus da pesquisa é constituído por 18 informantes paraibanos pertencentes aos níveis básico, intermediário e avançado. Para a coleta dos dados de fala foi gravada a leitura de dezoito frases e de dois textos em inglês. O material coletado foi analisado quantitativamente através do programa computacional GOLDVARB X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). As variáveis independentes observadas foram nível de proficiência, consciência fonológica explícita, tonicidade, contexto fonológico precedente e tipo de instrumento. O tratamento estatístico realizado mostrou, em ordem crescente de significância, que as variáveis nível de proficiência na língua, tonicidade e contexto precedente foram as que se mostraram mais relevantes à realização da palatalização. Palavras-chave: Palatalização; fricativa coronal; aquisição de L2.

13 12 ABSTRACT Several researches have been conducted with the aim of analyzing the phenomenon of the palatalization in Brasilian Portuguese (PB), of which we can highlight the Carvalho (2000), Brescancini (2002) Callou, Leite & Moraes (2002), Hora (2003), Silva (2004), Macedo (2004), Brandão (2008), Monteiro (2009), among others. However studies on the palatalization of coronal fricative in the acquisition of English as L2 are rather scarce. That said this study aims to identify the palatalization in the production of /S/ post-vocalic in the context /S/t realized by paraibanos speakers of English as L2. Specifically, we propose to identify the process of the palatalization in the interlanguage (IL) of English learners as L2, what are the factors which favor or not the application of the rule, and if there are no linguistics agents promoting palatalization. This study is based on Sociolinguistics Variationist formulated by Labov (2008 [1972]) and the theoretical basis of the Acquisition of L2 (SELINKER, 1992; ELLIS, 2003 [1994]; BAYLE, 2007). The Sociolinguistics and Acquisition of L2 interface has emerged as a new field of linguistic studies. In order to study the relationship between social context and the learning of a L2, the union of these two fields wants to explain how extralinguistic factors may interfere in using a new code. Some studies (BAYLEY, 2005; LUCENA & ALVES, 2009; CAGLIARI, 2010; LIMA, 2012) have been realized in this perspective. The corpus of this research is consisted by 18 paraibanos informants belonging to the basic, intermediate, and advanced levels. To collect speech data it was recorded the reading of eighteen sentences and two texts in English. The collected material was quantitatively analysed through the computer program GOLDVARB X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). The independent variables observed were level of proficiency, explicit phonological awareness, tonicity, preceding phonological context, and type of instrument. The statistical analysis performed showed, in increasing order of significance, that the variables level of proficiency in language, tonicity and preceding context were those more relevant to the implementation of palatalization. Keywords: Palatalization; coronal fricative; L2 acquisition.

14 13 INTRODUÇÃO O processo de aprendizagem de uma língua estrangeira é uma ação complexa. Aprender outra língua significa buscar ter o domínio dos elementos constitutivos, bem como o seu uso produtivo. Devido à complexidade desse processo, o aprendiz busca o tempo todo fazer comparações ou até mesmo inferências com a língua materna (L1). Grande parte dos pesquisadores (SANT ANNA, 2003; ZIMMER, 2004) afirma que os aprendizes tendem a transferir as formas linguísticas da língua materna para a língua-alvo. Isso se dá em nível fonológico, sintático, semântico e pragmático. As pesquisas no campo da Aquisição de Segunda Língua (L2) 1 buscam descrever e explicar o processo de aquisição de uma língua subsequente à nativa, objetivando detalhar quais fatores (internos e externos) atuam nesse processo. Os estudos de L2 estabelecem uma distinção entre a aprendizagem de língua e a aquisição de linguagem. Krashen (1982) afirma que o aprendizado de uma língua não nativa acontece por meio de um processo consciente, isto é, envolve a aprendizagem de regras e conceitos. Já a aquisição ocorre de maneira inversa, ou seja, é um processo inconsciente e é adquirida espontaneamente. Por exemplo, uma criança que tem pai americano e mãe brasileira, sendo residentes nos EUA, aprenderá o português como consequência do contato com sua mãe, isto é, de forma inconsciente. As trocas conversacionais estabelecidas entre elas proporcionarão o aprendizado sem ser necessário o conhecimento explícito das regras gramaticais da língua portuguesa. Apesar de haver essa diferenciação na L2, utilizaremos as expressões aquisição e aprendizagem sem distinção de conceitos, referindo-nos sempre a língua aprendida em um contexto formal. A interface Sociolinguística e Aquisição de L2 tem surgido como um novo campo de estudos linguísticos. A fim de estudar a relação entre o contexto social e a aprendizagem de uma L2, a união desses dois campos da Linguística busca explicar como os fatores linguísticos e extralinguísticos podem intervir no uso de um novo código linguístico. Alguns estudos (BAYLEY, 2005; LUCENA & ALVES, 2009; CAGLIARI, 2010; LIMA, 2012) têm sido realizados nessa perspectiva. 1 As pesquisas nessa área de estudo utilizam tanto o vocábulo língua estrangeira como L2. Segundo Ellis (2003), a diferença essencial entre os termos reside no fato de que a L2 é adquirida em um contexto real de uso, desempenhando um papel social, enquanto que a LE é aquela aprendida em contexto escolar. No aporte teórico, apresentaremos uma descrição mais detalhada sobre os termos, justificando a escolha do termo L2.

15 14 Segundo Bayley (2005), essas duas áreas de estudo partiram de uma preocupação comum: procurar compreender os sistemas subjacentes de variedades de línguas, muitas vezes variedades socialmente estigmatizadas, caso este analisado pela Sociolinguística Quantitativa ou a língua desenvolvida pelo aprendiz, no caso da aquisição de L2. No entanto, até o final da década de 1980 estudos variacionista eram relativamente raros em pesquisas no campo de L2. (BAYLEY, 2005, pp. 1-2). As pesquisas em variação na L2 também buscam sugerir regras com o intuito de propor hipóteses sobre a ocorrência dessa variação na língua ou interlíngua do aprendiz. A esse respeito, Lima (2012) afirma que: Esse entrosamento teórico entre Sociolinguística/Variação e Aquisição de L2 demonstra ter em comum o fator social interligando-as, de forma a buscar compreender, com maior rigor, que teor social há em processos de aquisição da linguagem. (LIMA, 2012, p. 40) Sendo o domínio fonológico um dos ambientes que mais favorece a ocorrência da transferência linguística, percebemos a necessidade de desenvolver estudos voltados para questões sobre a transmissão de fenômenos fonológicos de L1 nos diferentes estágios do aprendizado de uma L2. A presente pesquisa, portanto, pretende trabalhar com a aquisição de um traço fonológico da língua inglesa por falantes de um determinado dialeto do português do Brasil. Para tanto, um diálogo entre áreas distintas da Linguística se faz necessário, a saber, Aquisição de L2, Fonologia e a Sociolinguística. Partindo dos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística e da Aquisição de L2, este trabalho busca identificar a palatalização na produção do /S/ pós-vocálico no contexto /S/t realizada por falantes de inglês como L2 paraibanos, conforme os exemplos a seguir: Ex: We are studying the Past Tense. Realização da alveolar: / pa:st/ Realização da palatal: / pa: t/ Diversas pesquisas foram realizadas com o objetivo de analisar o fenômeno da palatalização em Português brasileiro (PB), das quais podemos destacar as de Carvalho (2000), Brescancini (2002) Callou, Leite & Moraes (2002), Hora (2003), Silva (2004),

16 15 Macedo (2004), Brandão (2008), Monteiro (2009), dentre outras. Todavia, não temos notícia de nenhum estudo sobre a palatalização em língua inglesa nessa linha, o que mostra o ineditismo da proposta. De modo geral, esse estudo tem a finalidade de identificar se há transferência do dialeto paraibano na realização do /S/t em palavras de língua inglesa, levando em consideração os casos de interlíngua (IL). Por interlíngua, entendemos ser um sistema linguístico próprio criado pelo usuário de uma L2 2, figurando em um período intermediário, ou seja, entre a L1 e a L2. Formulado pelo linguista americano Larry Selinker em 1972, o termo IL propõe que a expressão em L2 é a manifestação de um sistema de conhecimento autônomo em relação ao sistema que dá suporte à L1 (CARNEIRO & SOUZA, 2012, p. 109). De acordo com Ellis (1997), a IL é uma língua criada pelo aprendiz de L2 que compreende aspectos de sua língua materna e da língua estrangeira. Especificamente, essa pesquisa ainda pretende identificar se há ou não a palatalização do /S/ ante a oclusiva dental surda na produção oral em inglês por aprendizes paraibanos, bem como analisar as variáveis linguísticas e extralinguísticas que podem favorecer a ocorrência dessa transferência, por meio da análise quantitativa dos dados. Trabalhos (SARAIVA, 2000; PEDROSA, 2009) apontam que a coda silábica é uma posição que favorece bastante o fenômeno da variação. Nesta posição, o /S/ não apresenta valor distintivo, mas sim, uma variação linguística. Um caso de variação desse segmento ocorre no falar paraibano. De acordo com Hora e Pedrosa (2008), diferentemente de outros falares brasileiros, os paraibanos utilizam mais as palato-alveolares a depender do contexto fonológico seguinte. As variantes palatais ocorrem categoricamente quando o contexto fonológico seguinte for uma oclusiva dental. Por outro lado, na língua inglesa a palatalização desse segmento nesse mesmo contexto fonológico não ocorre. Esta afirmação nos levanta o questionamento se paraibanos usuários do inglês palatalizam o /s/ ante o fonema /t/ quando estão falando a língua inglesa. A partir do que foi exposto, elencamos as seguintes questões norteadoras: Já que a palatalização do /S/ em posição pós-vocálica no contexto /S/t é um traço característico do dialeto paraibano, haverá essa transferência para a língua inglesa? Em caso de ocorrência dessa transferência, com que frequência ela acontecerá? Por quê? 2 Segundo Carneiro & Souza (2012), o termo usuário de L2, proposto por Cook (2002), é mais abrangente que aprendiz, pois este último dá uma ideia de um sujeito incompleto e anterior a uma meta ideal de aprendizagem (CARNEIRO & SOUZA, 2012, p. 109). Todavia, utilizaremos esses termos como sinônimos.

17 16 Qual a função da tonicidade, do contexto precedente e tipo de instrumento na ocorrência da palatalização? Qual a influência exercida pelas variáveis nível de proficiência e consciência fonológica explícita na realização da palatalização do /S/ em coda silábica ante o fonema [t]? Com relação à palatalização em língua inglesa no contexto em estudo, acreditamos que haverá a transferência do traço da L1 para a L2. Todavia, a ocorrência do fenômeno não será categórica e dependerá do nível de proficiência do informante. No tocante à ocorrência da transferência, foi elaborada a hipótese de que a frequência da realização da palatalização será menor do que a não aplicação da regra. Apoiamos nossa proposição em estudos já realizados (PEREYRON, 2008, FRAGOZO, 2010, LIMA, 2012) sobre transferência fonológica da L1 para a L2. Os resultados apontam que a ocorrência da transferência é menor. O conjunto de restrições linguísticas engloba a tonicidade, o contexto fonológico precedente e o tipo de instrumento. Quanto à tonicidade, esperamos que a palatalização aconteça quando o /S/ estiver em sílaba átona. De acordo com Macedo (2004), a posição átona é ligeiramente favorecedora do fenômeno da palatalização. Com relação ao contexto fonológico precedente, acreditamos que as vogais altas favorecerão a palatalização, pois é possível que um elemento com articulação alta possa exercer algum papel na aplicação da regra, independente do dialeto em questão. Esta hipótese foi elaborada a partir dos resultados sobre a palatalização de uma pesquisa realizada na comunidade de Cordeiro, situada na fronteira do Rio de Janeiro com Minas Gerais, realizada por Gryner & Macedo em 1981 (BRESCANCINI, 1996 apud MACEDO, 2004). No que se refere ao tipo de instrumento, presumimos que a aplicação da regra acontecerá com maior frequência na leitura de textos, pois a velocidade da fala é maior na leitura destes, o que acarretará em uma menor atenção a pronúncia de palavras isoladas. Embasamos esta afirmação na hipótese de Pereyron (2008) que, apesar de tratar de outro fenômeno linguístico, a epêntese, fundamentou seu trabalho nos aportes teóricometodológicos da interface Sociolinguística e Aquisição de L2. Segundo a referida autora, a taxa de realização da epêntese seria menor em lista de palavras, haja vista o informante apresentar um maior índice de monitoramento em sua produção.

18 17 Por fim, no que se refere ao grupo das variáveis extralinguísticas, partiremos da hipótese de que quanto mais elevado o nível de proficiência do informante, menor será a chance de realização da palatalização. Em contrapartida, acreditamos que a transferência da L1 para a L2 ocorrerá em maior escala entre os aprendizes dos níveis básico e intermediário. Em se tratando do fator não linguístico consciência fonológica explícita, esperamos que a não aplicação do fenômeno ocorra entre aqueles que possuem essa consciência, haja vista já terem cursado disciplinas como Fonética e Fonologia da Língua Inglesa. A presente dissertação foi organizada em quatro capítulos. O primeiro capítulo apresenta o objeto de estudo, buscando traçar o comportamento do /S/ em coda silábica. Ainda nesse capítulo, trazemos uma revisão bibliográfica de estudos realizados sobre a palatalização do /S/ pós-vocálico no português brasileiro. O segundo capítulo traz a descrição dos aportes teóricos que fundamentaram a presente pesquisa, a saber, a Teoria da Sílaba (SELKIRK, 1982), a Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1975; LABOV et al., 2006 [1968] e 2008 [1972]) e os pressupostos da Aquisição de L2 (ELLIS, 1997; 2003), também tratando do fenômeno da interlíngua (ELLIS, 1997; SELINKER, 1992). Por fim, apresentamos algumas contribuições provenientes da interface desses dois campos de estudos linguísticos (BAYLEY, 2007; PEREYRON, 2008; LUCENA & ALVES, 2009; FRAGOZO, 2010; LIMA, 2012). O terceiro capítulo é dedicado à apresentação da metodologia empregada na feitura dessa pesquisa. Nessa seção, mostramos todo o percurso percorrido, começando com o processo de constituição da amostra, caracterização das variáveis linguísticas e extralinguísticas que foram controladas no trabalho, descrição dos instrumentos utilizados no trabalho e terminando com a exposição do método utilizado na análise dos dados. Apresentamos uma descrição do software usado nas pesquisas sociolinguísticas, o GoldVarb X (SANKOFF, TAGLIAMONTE & SMITH, 2005), programa este utilizado na análise quantitativa dos dados. No quarto e último capítulo são apresentados os resultados estatísticos obtidos, seguido de uma discussão e análise dos dados. Iniciaremos com a exposição das variáveis elegidas pelo programa como relevantes à aplicação da palatalização, a fim de checar as hipóteses levantadas. Destinamos também um subponto à apresentação das variáveis não selecionadas, buscando entender o motivo da não seleção. Promovemos, ainda, uma comparação dos nossos resultados com de outras pesquisas.

19 18 Por fim, apresentamos as considerações finais em que trataremos das implicações dos resultados de nossa pesquisa para o ensino de inglês como L2.

20 19 CAPÍTULO 1 DELIMITAÇÃO DO TEMA Neste capítulo, apresentaremos uma breve descrição sobre fenômeno linguístico em estudo. Em seguida, exporemos os resultados de pesquisas realizadas em diferentes regiões do Brasil que versam sobre o fenômeno da palatalização no PB. 1.1 O FENÔMENO LINGUÍSTICO EM ESTUDO: A PALATALIZAÇÃO DO /S/ NO CONTEXTO /S/T EM PALAVRAS DA LÍNGUA INGLESA NA INTERLÍNGUA DO APRENDIZ BRASILEIRO Analisando as estruturas silábicas de ambas as línguas, notamos que sequência do tipo state é recorrente no inglês, ao passo que em português, a sequência /S/t não forma sílaba. Para realização no português, seria necessária a inclusão de uma vogal antes do segmento [s]. Além de passar pelo processo de epêntese (acréscimo de uma letra ou de uma sílaba sem valor determinado no meio de uma palavra), nesse caso a inclusão do [i] antes do contexto /S/t, essa mesma sequência também pode sofrer outro tipo de influência da língua materna. O aprendiz pode, por exemplo, palatalizar o [s], uma vez que, em coda silábica, o [s] e [ʃ] podem apresentar um caso de alofonia, ou seja, pode-se dizer que o [s] pode se tornar [ʃ] ante a oclusiva dental surda [t]. No entanto, na língua inglesa não ocorre a alternância desses segmentos diante do [t], o que não caracteriza um caso de alofonia na L2. Discorrendo sobre a alofonia entre as línguas portuguesa e inglesa, Sant Anna (2003) afirma que: A alofonia diferente entre as duas línguas pode levar o estudante a pronunciar as diferentes realizações de alguns fonemas ingleses da maneira como está habituado a fazê-lo em sua própria língua, e talvez esse seja o problema mais difícil de superar durante o processo de aprendizagem da LI 3. (SANT ANNA, 2003, p ) No caso da língua portuguesa, a permissão da alternância dos sons [s] e [ʃ] diante do segmento [t] caracteriza um fenômeno que chamamos de variação linguística. Com isso, observamos que no falar dos paraibanos, uma variedade do português do Brasil, existe a 3 Língua Inglesa

21 20 ocorrência da palatalização do segmento [s] ante a oclusiva dental surda [t], conforme Hora (2003). Devido ao contraste existente entre o molde silábico do português e do inglês, os aprendizes de L2 podem apresentar interferência na aquisição da pronúncia padrão do inglês. Especificamente no caso dos aprendizes paraibanos, eles poderão palatalizar o /S/ na sequência /S/t, devido ao fato de ser um traço característico do dialeto paraibano. Devemos deixar claro que muitos outros fatores, que não linguísticos, também podem influenciar a ocorrência da palatalização do /S/ no contexto /S/t. Fatores como nível de proficiência e consciência fonológica explícita podem ou não favorecer a aplicação do fenômeno. Todavia, não necessariamente a palatalização deve ocorrer de maneira taxativa. Após a descrição do fenômeno da palatalização do /s/ no contexto /s/t em palavras da língua inglesa na interlíngua do aprendiz brasileiro, vejamos os resultados de alguns estudos realizados sobre a palatalização do /S/ em coda silábica no português brasileiro. 1.2 A PALATALIZAÇÃO DO /S/ PÓS-VOCÁLICO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Muitas pesquisas (CARVALHO 2000; CALLOU, LEITE & MORAES, 2002; BRESCANCINI, 2002; HORA, 2003; SILVA, 2004; MACEDO, 2004; BRANDÃO, 2008; MONTEIRO, 2009 dentre outras) já foram realizadas a fim de discutir o comportamento do /S/ pós-vocálico no português brasileiro. É consensual que o /S/ pós-vocálico assume a posição de coda, alternando suas realizações, ora palatal, ora alveolar, ora glotal, podendo também sofrer apagamento (PEDROSA, 2009). A seguir, apresentaremos um breve levantamento sobre alguns trabalhos feitos nas cinco regiões do país. Faremos um recorte dos dados, mostrando os resultados relativos à palatalização desse segmento Pesquisa realizada por Carvalho (2000) Na região Norte do Brasil, Carvalho (2000), ao analisar as múltiplas realizações dos /S/ pós-vocálico na fala dos habitantes de Belém, constatou que as palatais prevalecem na pronúncia dos belenenses. O corpus foi constituído de depoimentos e entrevistas realizadas

22 21 com 42 informantes, sendo 21 homens e 21 mulheres. Os participantes foram devidamente estratificados quanto ao nível de escolarização, idade e sexo. Vejamos o resultado da aplicação da palatalização versus demais variantes no gráfico a seguir: Gráfico 1 Palatalização X Demais Variantes Variante Palatal Demais Variantes 31% 69% Fonte: Carvalho (2000), dados relacionados à cidade de Belém A autora constatou que a variante palatal é considerada como a forma conservadora e de prestígio. Diferentemente das outras pesquisas, Carvalho utiliza a variável independente classe morfológica 4, e mostra que esse fator linguístico interfere na variação do segmento /S/. A variante palatal surge, portanto, como predominante em 69% das ocorrências Pesquisa realizada por Callou, Leite & Moraes (2002) Um dos importantes trabalhos realizados sobre o comportamento do /S/ na posição de coda silábica foi realizado por Callou, Leite & Moraes (2002), envolvendo a questão do enfraquecimento das consoantes no português brasileiro, em cinco capitais brasileiras, a saber, 4 Nessa variável as palavras são classificadas como verbo, adjetivo, advérbio, pronome, substantivo, artigo preposição, numeral e conjunção.

23 22 Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife e Salvador. O corpus da pesquisa foi extraído do corpora Projeto da Norma Urbana Culta (NURC). A amostra contou com estudantes universitários que foram devidamente estratificados quanto ao sexo, faixa etária (25 a 35 anos, 36 a 55 anos e 56 em diante), e a região de origem. Os autores analisaram o fenômeno, apresentando sua realização em coda medial e final. Vejamos o gráfico a seguir: Gráfico 2 - Resultados da Palatalização Coda Medial Coda Final 90% 75% 84% 54% 56% 9% 5% 23% 2% 31% Rio de Janeiro São Paulo Porto Alegre Recife Salvador Fonte: Callou, Leite & Moraes (2002) Os dados da pesquisa apontaram que a variante palatal prevaleceu em posição medial, no total de ocorrências das cinco capitais. Os autores apresentaram os resultados em relação à posição que o segmento ocupa na palavra (medial e final), destacando os agentes linguísticos dimensão do vocábulo e contexto seguinte como significativos a aplicação do processo de palatalização. Os fatores sociais tidos como relevantes foram sexo e faixa etária (CALLOU, LEITE E MORAES, 2002). Comparando os resultados das diferentes cidades, percebemos que o fenômeno em estudo prevalece nas capitais fluminense e pernambucana. Por outro lado, a capital paulista apresenta um baixo uso da forma palatalizada em seu dialeto. Segundo os autores, isso se deve ao fato de o falar paulistano preferir a realização alveolar (88% em coda interna e 91% em final (CALLOU, LEITE E MORAES, 2002, p. 539).

24 Pesquisa realizada por Brescancini (2002) Uma pesquisa envolvendo a Região Sul do país foi realizada por Brescancini. O trabalho versou sobre a palatalização da fricativa alveolar em posição de coda no falar de Florianópolis. Os resultados de Brescancini (2002) foram obtidos a partir de uma amostra de 100 informantes, sendo 48 deles pertencentes à região metropolitana de Florianópolis e 52 provenientes do interior do estado. Todos os participantes da pesquisa nasceram no estado de Santa Catarina. A estratificação da amostra foi feita quanto ao gênero, ao grau de escolaridade, região e a idade de cada informante. Gráfico 3 Frequência Geral: Fricativa Palato-Alveolar e Outras Variantes Variante Palatal Demais Variantes 17% 83% Fonte: Brescancini (2002), dados relacionados à cidade de Florianópolis Segundo Brescancini (2002), a palato-alveolar é a variante que predomina nas regiões que foram selecionadas para a pesquisa (Florianópolis, distrito do Ribeirão da Ilha e distrito de Barra da Lagoa). Quanto aos fatores linguísticos condicionantes à palatalização do /S/ pósvocálico, a pesquisa apontou que o traço [voz], os contextos precedente e seguinte, função morfológica, acento e posição da fricativa na palavra são os mais importantes à aplicação do

25 24 processo, sendo eles mais relevantes do que as variantes extralinguísticas. Em dados percentuais, as palatais apareceram 83% na fala dos informantes catarinenses Pesquisa realizada por Hora (2003) No Nordeste brasileiro, alguns importantes estudos foram realizados sobre o comportamento variável do /S/ pós-vocálico. Hora (2003), ao analisar o corpus do Projeto Variação Linguística no Estado da Paraíba (VALPB), constatou que o segmento /S/ se apresenta de forma heterogênea, ora sendo realizado como alveolar [s, z], ora como palatal [,ʒ] e ainda de forma aspirada [h]. No tocante à posição final, Hora e Pedrosa (2008) apontam as mesmas realizações que a coda interna, acrescentando a possibilidade do apagamento deste fonema [s, z,, ʒ e ø]. De acordo com Hora (2003), a variante palatal na comunidade pessoense é condicionada pelo contexto fonológico seguinte. Gráfico 4 Efeito da Variável Contexto Fonológico Seguinte Consoante Dental (este) Outras Consoantes (escada) 3% 97% Fonte: Hora (2003), dados relacionados à Paraíba Os resultados obtidos apontaram que a presença de uma consoante dental é um forte indicador da aplicação do fenômeno, pois de um total de ocorrências, 97% das

26 25 realizações foram palatais. Assim sendo, quando a oclusiva dental [t,d] ocupam esse contexto (como em peste e desde), a fricativa coronal /S/ assumirá a forma palatalizada no falar pessoense Pesquisa realizada por Macedo (2004) Ainda na região Nordeste, Macedo (2004) estudou quantitativamente o fenômeno da palatalização da fricativa alveolar em posição de coda silábica no falar culto recifense. Com um corpus constituído por 12 inquéritos extraídos de um diálogo entre informante e documentador, a autora concluiu que a palatalização predomina no falar das pessoas daquela cidade, conforme apresenta o gráfico a seguir: Gráfico 5 Realizações das Variantes do /S/ em Coda Silábica Palatal Alveolar 24% 76% Fonte: Macedo (2004), dados relacionados à cidade de Recife De um total de ocorrências, a variante palatal obteve uma frequência de aplicação de 76%. Devido à baixa ocorrência das formas aspirada (7%) e do apagamento (1%), a autora optou por analisar apenas as variantes que apresentaram um resultado significante.

27 26 Um dado interessante apresentado na pesquisa foi que em todas as variáveis analisadas houve a predominância da realização do fenômeno. Segundo a autora, os fatores linguísticos e extralinguísticos que se mostraram relevantes para a produção palatal foram sexo, contexto fonológico seguinte, traço de sonoridade do contexto seguinte, faixa etária e posição da sílaba. Macedo conclui sua pesquisa afirmando que a palatalização no falar recifense indica uma variação estável Pesquisa realizada por Silva (2004) No Centro-oeste brasileiro, Silva (2004), ao pesquisar sobre os aspectos da pronúncia do /S/ em Corumbá MS registrou a presença das palatais surda e sonora, alveolares surda e sonora e o apagamento. A amostra foi colhida por meio de inquéritos que contou com a participação de 72 informantes. As ocorrências do /S/ foram submetidas ao tratamento estatístico, sendo analisado 8 grupos de restrições linguísticas e 4 fatores extralinguísticos. As variáveis linguísticas analisadas foram: a posição do /S/ no vocábulo, a tonicidade da sílaba que contém o /S/, o valor morfemático, o contexto antecedente, a extensão do vocábulo, a tonicidade da sílaba posterior à sílaba do /S/, tipo de item lexical e o contexto subsequente. Para o grupo de fatores extralinguísticos analisados temos o sexo, o grau de escolarização, a localização dialetal e a faixa etária. No tocante à análise dos dados linguísticos, destacamos os seguintes resultados: predomínio do uso da variante palatal, adquirindo status de padrão; uso reduzido quando comparado à variante palatal; a pronúncia alveolar parece ser (palavras da autora) a forma inovadora da região e a variante palatal a conservadora; Quanto à análise linguística, de acordo com Silva (2004), é interessante perceber que apesar da forma palatalizada ser estigmatizada, ela é bastante frequente na pronúncia dos residentes das áreas urbanas, entre as crianças, estudantes do ensino fundamental II, universitários e idosos.

28 Pesquisa realizada por Brandão (2008) Na Região Sudeste, Brandão (2008) realizou um estudo variacionista sobre a palatalização do /S/ em coda silábica na fala fluminense. A pesquisa analisou o dado fenômeno em posição medial e final na sílaba (a autora utilizou os termos contexto interno e externo, respectivamente). A investigação ocorreu nas seguintes regiões: Metropolitana (Itaguaí), Serrana (Cantagalo e Santa Maria Madalena), Baixadas Litorâneas (Cabo Frio e Cachoeiras de Macacu), Médio Paraíba (Resende e Valença), Centro Sul (Três Rios), Noroeste (Porciúncula) e Norte (Quissamã e São Francisco do Itabapoana). O gráfico 6 apresenta o resultado dessa investigação: Gráfico 6 - Dados da Palatalização na Fala Fluminense Coda Medial Coda Final 50% 27% Fonte: Brandão (2008), dados relacionados à Região Sudeste Assim como na pesquisa de Callou, Leite & Moraes (2002), os dados fluminenses mostram que a produção da forma palatal é maior na posição medial da palavra. Segundo Brandão (2008), o fato de a palatalização ser mais produtiva em sílaba interna, permite supor que sua propagação tenha iniciado por esse contexto.

29 28 Tabela 1 Variante Palatalizada de /S/: efeito da variável localidade nos contextos interno (C.I) e externo (C.E) LOCALIDADE C.I P.R 5 C.E P.R Porciúncula 20% 0,11 5% 0,10 São Francisco do Itabapoana 26% 0,27 15% 0,27 Quissamã 37% 0,46 20% 0,32 Cantagalo 38% 0,35 3% 0,06 Santa Maria Madalena 50% 0,33 18% 0,45 Três Rios 53% 0,54 20% 0,40 Cachoeiras da Macacu 83% 0,82 52% 0,81 Cabo Frio 85% 0,87 64% 0,90 Itaguaí 65% 0,73 62% 0,85 Valença 33% 0,25 8% 0,20 Resende 16% 0,11 13% 0,25 Significância 0,000 Fonte: Brandão (2008) A tabela 1 indica que a aplicação da regra ocorre em maior escala nas comunidades mais próximas à capital do Estado, onde a palatalização é praticamente categórica (BRANDÃO, 2008). No ponto de vista da autora, o que justifica um maior índice de utilização da forma palatal nas localidades pertencentes à Região Metropolitana é o fato de grande parte dos habitantes trabalharem na cidade do Rio de Janeiro. Já os municípios das regiões Centro Sul e Baixadas Litorâneas são áreas turísticas e de veraneio, o que proporciona o contato interdialetal. No que diz respeito a questões estruturais, observa-se que a sílaba tônica é o fator que mais condiciona a aplicação do fenômeno (BRANDÃO, 2008). Também ficou constatado que, diferentemente do que ocorre na capital e nas regiões metropolitanas, a variante alveolar predomina nas regiões Norte e Noroeste do Rio de Janeiro. Todavia, a utilização da variante palatal vem aumentando nas zonas Metropolitana, Baixadas Litorâneas e Centro Sul, mostrando que a aplicação da regra indica uma tendência inovadora. A pesquisa verificou que a palatalização mostra-se condicionada pelas variáveis ponto de articulação da consoante subsequente, localidade e gênero. Em todos os locais pesquisados são as mulheres (P.R. 0.63) as que mais favorecem o uso da variante inovadora, justificando ser esta uma variante de prestígio. 5 Peso Relativo

30 Pesquisa realizada por Monteiro (2009) Também no norte do país, Monteiro (2009) realizou um trabalho sobre a produção palato-alveolar do /S/. A autora retratou a fala de Macapá AP, averiguando se a realização do processo constitui um fenômeno variável condicionado por fatores linguísticos e extralinguísticos. O corpus da pesquisa foi constituído de dados do Projeto Vozes do Amapá, sendo selecionados 16 informantes devidamente estratificados quanto ao sexo, faixa etária e anos de escolarização. As variáveis linguísticas selecionadas foram as mesmas utilizadas por Brescancini (2002), a saber, posição da fricativa na palavra, contexto fonológico precedente à fricativa, status do contexto precedente, contexto fonológico seguinte à fricativa, traço [voz]do contexto seguinte, posição da fricativa em relação à sílaba tônica e função morfológica de /S/. No entanto, as variáveis selecionadas pelo programa utilizado na pesquisa como pertinentes ao processo foram posição da fricativa na palavra, contexto fonológico seguinte, faixa etária e contexto fonológico precedente. Vejamos os resultados a seguir: Gráfico 7 Frequência das Variantes Palatal Alveolar 21% 79% Fonte: Monteiro (2009), dados relacionados à cidade de Macapá

31 30 Os resultados apontaram que das ocorrências, corresponderam a variante palatal, indicando que a palatalização é um fenômeno recorrente na fala da comunidade linguística macapaense. A partir das pesquisas acima citadas e com base em Noll (2008, p. 52), a palatalização do /S/ nas cinco regiões do Brasil pode ser esquematizada da seguinte forma: Figura 1 A palatalização do /S/ em coda silábica no PB (79%) s (21%) Monteiro (2009), Macapá Carvalho (2000), Belém (69%) s (31%) Coda Medial (56%) Coda Final (31%) Callou, Leite & Moraes (2002), Salvador (97%) s (3%) (76%) s (24%) Hora (2003), Paraíba Macedo (2004), Pernambuco Callou, Leite & Moraes (2002), Recife Coda Medial (84%) Coda Final (54%) Brescancini (2002), Florianópolis Coda Medial (23%) Coda Final (2%) Callou, Leite & Moraes (2002), Porto Alegre Callou, Leite & Moraes (2002), São Paulo Coda Medial (9%) Coda Final (5%) (83%) s (17%) Callou, Leite & Moraes (2002), Rio de Janeiro Brandão (2008), Dados Fluminense Coda Medial (50%) Coda Final (27%) Coda Medial (90%) Coda Final (75%) Observando o mapa, a palatalização do /S/ se mostra bastante produtiva no português brasileiro. Quando temos a variante palatal em posição de coda medial e final, a divisão apresenta uma maior ocorrência em posição medial.

32 31 CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O presente trabalho tem como objeto de estudo a palatalização do /S/ em posição pósvocálica no contexto /S/t da língua inglesa. A fim de investigar os processos de transferência fonológica dentro desse contexto, se faz necessária a exposição de alguns conceitos fundamentais para a realização da pesquisa. Começaremos apresentando uma breve descrição das estruturas silábicas do Português brasileiro (PB) e do inglês, delineando a posição de coda silábica em ambas as línguas. Para tratarmos dessa temática, utilizaremos os estudos de Colischonn (2010). Em seguida, trataremos do aporte teórico-metodológico da Sociolinguística Quantitativa e da Aquisição de L TEORIA DA SÍLABA No transcorrer das pesquisas no campo da Fonologia, o estudo da estrutura silábica foi marcado pelo surgimento de diferentes posicionamentos teóricos. De acordo com Mendonça (2003), a sílaba começa a ser analisada desde a Escola de Praga, passando pelos estudiosos prosódicos de Londres, encontrando também caminho no estruturalismo americano, até chegar ao modelo gerativo. Todavia, não houve um aprofundamento na análise estrutural da sílaba sob o prisma da Teoria Gerativa. Conforme Pedrosa (2009), a Teoria da Sílaba ganha um papel de destaque por meio das concepções da Fonologia Prosódica, na qual propõe que os domínios prosódicos possibilitam a organização da língua. Os estudos sobre a sílaba são agrupados em duas categorias, a saber, a perspectiva linear e a não linear. Vejamos cada uma dessas duas concepções nas subseções seguintes (seções e 2.1.2), nas quais apresentaremos as propostas defendidas por diferentes pesquisadores sobre a representação fonológica da sílaba Perspectiva linear: os estudos de Hopper (1976)

33 32 Conforme evoca o próprio sentido do termo, a perspectiva linear projetou o molde silábico numa dimensão linearmente distribuída, ou seja, os elementos estão justapostos em um mesmo plano. De acordo com Mendonça (2003), esse modelo não oferecia suporte para aspectos mais profundos da composição da sílaba, tais como o tom e o acento. Dentro dessa concepção, encontram-se os pressupostos formulados por Hooper (1976). Hooper (1976 apud PEREYRON, 2008) descreve a sílaba como uma sucessão de elementos, sendo eles vogais e consoantes, distribuídos em uma mesma dimensão, usando um tratamento de fronteira. Pereyron (2008, p. 17) exemplifica a estrutura, apresentando a palavra plan dentro do domínio da sílaba (representada pelo S inicial e final), conforme visualizamos a seguir: S p 1 l 2 a 3 n 4 S Pereyron (2008) afirma que para a autora a análise da estrutura da sílaba parte da ideia de força silábica, sendo ela o fator condicionante na formação da sílaba e dos prováveis posicionamentos que as consoantes irão assumir. Hooper (1976) propõe, então, a teoria da Hierarquia da Força, na qual prevê a existência de correlação de sonoridade para diferentes segmentos. De acordo com Hora, Pedrosa & Cardoso (2010) a escala universal de força pode ser definida da seguinte maneira: Glides Líquidas Nasais Contínuas Sonoras Contínuas Surdas Oc. Surdas /Oclusivas Son Fonte: Hora, Pedrosa & Cardoso (2010, p. 75) Essa proposta mostra ser possível descrever os diferentes arranjos silábicos das línguas, apresentando a condição de Estrutura Silábica Universal (HOOPER, 1976 apud PEREYRON, 2008). Esta condição demonstra que as línguas do mundo se comportam de maneira uniforme quanto à composição silábica, isto é, as consoantes

34 33 encontram-se nas margens e a vogal ou uma consoante sonorante, no núcleo. (PEREYRON, 2008, p. 18) Para Hooper (1976, pp apud PEREYRON, 2008), a sílaba ótima é o arranjo silábico CV, pois todas as línguas do mundo permitem esse tipo de estruturação. Com o desenvolvimento de estudos mais minuciosos, surge um novo modelo de descrição silábica, a proposta não linear Perspectiva não linear: os estudos de Kahn (1976) e Selkirk (1982) A concepção não linear de estruturação silábica prevê uma ordenação hierárquica dos constituintes da sílaba. Há teorias que tratam da estrutura interna da sílaba. Nesse grupo, de acordo com Pedrosa (2009), encontramos Hooper (1976), Kahn (1976) e Selkirk (1982). Por outro lado, ainda segundo autora, existem pesquisadores que não deram ênfase a essa questão, como Nespor & Vogel (1986). Todavia, todos eles concordam que a sílaba é um constituinte linguístico significante, sendo importante levá-la em conta nas análises fonológicas. Collischonn (2010) diz que há essencialmente duas teorias que abordam a questão da estrutura interna da sílaba dentro da perspectiva não linear. São elas a teoria autossegmental e a teoria métrica. A teoria autossegmental, formulada por Kahn (1976), propõe que as camadas podem ser autossegmentadas, sendo uma delas a que representa a sílaba. Esta é indicada pela letra grega σ (COLLISCHONN, 2010, p. 101). Figura 2 Constituição silábica (KAHN, 1976) σ l a r No tocante ao relacionamento entre os constituintes no interior da sílaba, ao observar a figura 2, percebemos que a relação entre os elementos silábicos acontece no mesmo nível e de maneira uniforme.

35 34 Já a teoria métrica, proposta por Selkirk (1982), descreve a sílaba como um constituinte prosódico composto por duas partes: o ataque (A) e a rima (R). Esta, por sua vez, se ramifica em núcleo (Nu) e coda (Co), conforme ilustra a figura a seguir: Figura 3 Representação fonológica da sílaba (SELKIRK, 1982) σ Ataque (A) Rima (R) Núcleo (Nu) Coda (Co) Analisando a representação fonológica da sílaba nesse modelo teórico, fica evidente que a relação entre os elementos não ocorre de maneira uniforme, haja vista estarem em camadas hierárquicas distintas. Por outro lado, é evidente que há um relacionamento mais ajustado entre os constituintes finais da sílaba (o núcleo e a coda). Cada categoria que compõe a sílaba pode ser preenchida por algum segmento ou ficar vazia. A exceção é o núcleo que sempre precisa ser preenchido. O ataque pode ser ocupado por todos os segmentos consonantais. No português, o núcleo só pode conter segmentos vocálicos. No entanto, outras línguas, como o inglês, por exemplo, admitem o preenchimento dessa posição com consoantes. De acordo com Collischonn (2010), a diferenciação das línguas ocorre quanto à quantidade de segmentos admitidos em cada segmento da sílaba. Para a nossa pesquisa, selecionamos a posição pós-vocálica, denominada por Selkirk (1982) de coda. A seguir, vejamos a representação da estrutura silábica do português brasileiro e do inglês A sílaba do português do Brasil O molde silábico, segundo Collischonn (2010), estabelece a quantidade (mínima e máxima) de elementos que podem preencher a sílaba numa língua específica. Ainda de acordo

36 35 com a autora, não há anuência entre os estudiosos quanto ao valor total de elementos que a sílaba do português pode conter. Esta divergência se dá devido à utilização de análises fonológicas diversificadas. Os padrões silábicos do PB, conforme Collischonn (2010) são apresentados da seguinte forma: Quadro 1 Padrões silábicos do PB V é CCVC três VC ar CCVCC transporte VCC instante VV aula CV cá CVV lei CVC lar CCVV grau CVCC monstro CCVVC claustro CCV tri Câmara Jr. (1970), ao discutir o padrão silábico do português brasileiro (apesar de o referido autor não ter feito um estudo propriamente dito sobre o molde do PB), propôs que a sílaba é constituída por três partes: o aclive, o ápice e o declive. O aclive corresponde a um momento de ascensão, uma fase de intensificação que atinge um ponto mais alto, isto é, o centro silábico, caracterizando o ápice. A última fase, o declive, diz respeito à etapa de atenuação, ou seja, da redução da força motriz. Figura 4 Representação silábica (CÂMARA JR.,1970) Vogal Consoante Consoante Para Câmara Jr. (1970), o ápice é o único segmento que não pode ficar vazio, sendo preenchido por qualquer som vocálico. Tanto o aclive quanto o declive pode ser preenchido

37 36 ou não por consoantes. Quando há a presença de um elemento pós-vocálico, dizemos que a sílaba é travada ou fechada; quando não, temos a sílaba livre ou aberta. Câmara Jr. (1970) sugere que cada sílaba de uma palavra terá um pico de sonoridade, isto é, um segmento que apresenta um grau de projetação maior do que os outros segmentos silábicos. Para o referido autor (1970), o ataque equivale ao estágio crescente da sílaba (denominado de aclive, conforme vimos anteriormente). É, portanto, a posição que possui uma intensidade sonora mais baixa no que se refere à escala de sonoridade, sendo preenchida, preferencialmente, pelas consoantes menos sonoras. O núcleo, denominado por Mattoso Câmara de ápice, apresenta o ponto mais alto de sonoridade, sendo ocupado por uma vogal (segmento mais sonoro). A coda, por sua vez, corresponde à fase decrescente (doravante declive), sendo preenchida por um número menor de consoantes em comparação àquelas permitidas no aclive. Isso se dá devido essa posição travar a sílaba. É ocupada por consoantes mais sonoras. Ainda de acordo com Câmara Jr. (1970), o PB só admite em sua coda as líquidas (amo[r], ca[l]ça), as fricativas não labiais (ca[s]ta, feli[z]) e o arquifonema nasal /N/ (ba[n]do, pajé[m]). Assim como Selkirk (1982), Itô (1986) e Bisol (2005), o referido autor também defende que essa posição pode ser preenchida pelos glides (PEDROSA, 2009) A sílaba do inglês Diferentemente do português, a língua inglesa pode permitir uma estrutura máxima de seis segmentos (COLLISCHON, 2010). A seguir, apresentaremos o quadro proposto por Collischonn (2010) para o molde silábico do inglês: Quadro 2 Padrões silábicos do inglês VC Id VVC isle CVC Bad CVV bye CCVC Bread CVVC bide CVCC band CVVCC bind CCVCC brand CCVVC bride VV I CCVVCC grind

38 37 De acordo Selkirk (1982), a língua inglesa admite um ataque composto por até duas consoantes, sendo que, nesses casos, a segunda deve ser uma soante. O núcleo, por sua vez, pode ser preenchido tanto por vogais como por segmentos consonantais. Estes, entretanto, devem apresentar o traço [+soante]. Em se tratando de coda, Selkirk (1982) afirma que o molde silábico do inglês permite coda composta por até duas consoantes. De acordo com a autora, codas compostas por mais de três consoantes devem ser excluídas. Entretanto, palavras como texts ([teksts]) e sixths ([siksθs]) violam esta condição, pois apresentam quatro consoantes na coda. A solução proposta para a coda quadri-consonantal e considerá-la como sufixo inflexível. Segundo a autora, sufixos inflexíveis são externos a silabação, a qual se da na raiz. (PEREYRON, 2008, pp ) A partir do que foi exposto, em nossa pesquisa escolhemos tratar das fricativas coronais em posição de travamento da sílaba, devido ao fato de a coda ser propensa à variação, visto que será disposta na parte mais extrema da sílaba (PEDROSA, 2009). 2.2 AS FRICATIVAS CORONAIS EM CODA SILÁBICA As consoantes fricativas são caracterizadas pela obstrução parcial da corrente de ar. Na produção de um fonema fricativo os articuladores se aproximam causando uma fricção. No tocante à nomenclatura coronal, Chomsky & Halle (1968) afirmam que sons coronais são produzidos quando a lâmina da língua se ergue, saindo de sua posição neutra (CHOMSKY & HALLE, 1968, p. 304). De acordo com os autores mencionados, as consoantes alveolares e as palato-alveolares possuem esse traço [+coronal]. As fricativas coronais se apresentam de forma bastante variada na coda. Com o objetivo de descrever o comportamento desse segmento, muitas pesquisas foram realizadas dentro da perspectiva variacionista. Dentre elas, podemos citar os trabalhos de Callou, Leite & Moraes (2002) que mostraram dados de cinco capitais brasileiras, a saber, Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Salvador (BA); o de Brescancini (2002) em três regiões de Florianópolis (Barra da Lagoa, Ribeirão da Ilha e Centro Urbano); o de Hora (2003) e Ribeiro (2006) no estado da Paraíba, entre outros. Nesta posição, o /S/ não possui valor distintivo, mas se configura como uma variação linguística de uma comunidade. Segundo Hora, Pedrosa e Cardoso (2010) esse segmento se

39 38 apresenta de forma heterogênea em contexto pós-vocálico no PB (os autores basearam o estudo no falar paraibano). Quadro 3 Representação da fricativa coronal /S/ pós-vocálica /S/ [s] [z] [ ] [ʒ] [ø] [h] No quadro 3, vemos as diferentes realizações do /S/, que pode apresentar-se como alveolares [s,z], palato-alveolares [,ʒ], glotal [h] ou apagamento [Ø]. Com base nesses dados, os mesmos autores afirmam que esse segmento se comporta de maneira heterogênea nas posições de coda interna e final, conforme expressa a tabela a seguir: Quadro 4 Representação da consoante pós-vocálica /S/ Coda Interna Coda Final [s] [z] >> [ ] [ʒ] [s] >> [ø] De acordo com Hora, Pedrosa e Cardoso (2010), o quadro 4 apresenta as variantes mais produtivas em cada posição. As aspas angulares duplas indicam a ordem de dominância. Chomsky & Halle (1968) propuseram uma análise linguística do padrão de som do inglês (SPE). Os fonemas da língua foram representados a partir de matrizes com características distintivas. Cagliari (2002, p. 93) projetou as matrizes de traços distintivos do português, baseado nesse modelo 6. Para os segmentos [s, z,, ʒ], teremos a seguinte representação: 6 Cagliari (2002) tomou como base o quadro das matrizes na obra SPE, p. 177.

40 39 Quadro 5 Composição dos traços distintivos [s] [z] [ ] [ʒ] Consonantal Anterior Coronal Vozeado Contínuo Estridente Fonte: Cagliari (2002, p. 93) Analisando o quadro 5, percebemos que a diferenciação entre os segmentos ocorre a partir dos traços de anterioridade e vozeamento. O traço anterior distingue os fonemas alveolares; o vozeado, os sons palatais. Já o que marca o contraste entre as alveolares e as palatais é o traço [+anterior], revelando que há uma mudança em direção ao lugar de articulação na realização do [ʃ] e do [ʒ] (LIMA, 2013). 2.3 SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA E AQUISIÇÃO DE L2 Os fundamentos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista e da Aquisição de L2 compõem o principal aporte teórico utilizado na análise do objeto de estudo desta pesquisa. A área de Aquisição de L2 busca explicar o funcionamento do complexo processo de aquisição de uma língua não nativa. A Sociolinguística Variacionista possibilita a análise empírica dos dados, indicando quais fatores atuam na utilização de uma determinada forma linguística em detrimento de outra Sociolinguística Variacionista O reconhecimento da relevância do aspecto social nas pesquisas linguísticas fez surgir um novo campo teórico de estudos: a Sociolinguística Variacionista, que teve como principal precursor o americano William Labov (LABOV, 2008 [1972]). Também conhecida como Teoria da Variação Linguística, essa corrente de estudos linguísticos surgiu como resposta ao modelo gerativo, no qual não comportava em suas

41 40 pesquisas os componentes sociais. De acordo com a Escola gerativo-transformacional não era possível sistematizar o caos linguístico devido ao fato de o mesmo ser heterogêneo. Labov, reagindo contra a teoria chomskyana, ressalta a importância da inclusão dos elementos sociais para se fazer um mapeamento e sistematização das variantes existentes de uma determinada língua, dentro de uma mesma comunidade. A ideia da sistematização da heterogeneidade, proposta por Labov, representou uma verdadeira revolução nos estudos linguísticos da época, marcando o rompimento com a concepção de língua como um sistema bem ordenado de signos. A Sociolinguística estabelece a relação entre língua e sociedade, mostrando que através do estudo da língua podemos entender as distinções sociais encontradas na comunidade, bem como a configuração dos grupos que compõem tal sociedade (TARALLO, 2007). A Sociolinguística Variacionista tem como objeto de estudo a variação e mudança da língua partindo do contexto social na qual ela se insere. Tais fenômenos são inerentes às línguas humanas e, desta feita, devem ser considerados na análise linguística. De acordo com os estudiosos da área, para se entender os dois processos em questão é imprescindível observar o comportamento linguístico dos indivíduos pertencentes a uma mesma comunidade de fala, pois não há como conceber a variação e mudança sem levar em conta o contexto social. Entende-se por comunidade de fala um grupo de pessoas que possuem traços linguísticos comuns. Isso não significa dizer que os indivíduos pertencentes a uma mesma comunidade falam de igual modo, mas sim, que não se distinguem quanto às normas e atitudes linguísticas face ao uso da linguagem (LABOV, 2008 [1972]). Em outras palavras, o sujeito compartilha com os membros de seu grupo, particularidades linguísticas que sempre serão associadas a sua comunidade (GUY, 2000). A pesquisa sociolinguística, portanto, parte da noção das variações ordenadas, entendida como heterogeneidade sistemática da língua falada, sendo a língua um dos importantes elementos de identificação da pluralidade social da comunidade. Partindo desse princípio, observa-se que a fala não é assistemática, proposta contrária à afirmação de Saussure na sua célebre dicotomia langue (língua) versus parole (fala), na qual afirmava que a fala, como resultado do uso particular do falante, não apresenta um caráter homogêneo. A própria noção da referida dicotomia representava, para Labov, o que ele chamou de paradoxo saussuriano (LABOV, 2008). Saussure compreendia a linguística como uma ciência que se propunha a estudar os signos no seio da sociedade. Todavia, segundo Labov, os estudiosos que seguem essa concepção, não levam em conta a vida social em seus estudos.

42 41 Em outras palavras, esses linguistas explicam os fenômenos linguísticos utilizando outros fatos linguísticos, deixando de fora quaisquer dados externos sobre o comportamento social (LABOV, 2008, pp. 217). O paradoxo, portanto, reside no fato de que a dimensão individual da língua é analisada pelo estudo em seu contexto social. Por outro lado, a análise do aspecto social parte da observação de qualquer sujeito (LABOV, 2008, pp. 218). Admitindo a noção da variação linguística e da impossibilidade de estudá-la sem levar em conta o uso concreto da fala dentro da comunidade, Labov procura estabelecer a relação entre os fatores linguísticos que condicionam a variação e a configuração social dos membros da comunidade estudada. Para isso, o estudioso realizou uma pesquisa (1963) na ilha de Martha s Vineyard, no estado de Massachusetts (Estados Unidos da América), sobre o inglês falado naquela localidade. O precursor da sociolinguística notou que a comunidade passou por mudanças sociais provocadas pela presença de veranistas. Labov observou também que havia uma forma linguística em variação: a centralização dos ditongos /ay/ e /aw/. Através de entrevistas e de observações em zonas comerciais, ele concluiu que os habitantes nativos utilizavam a variante estigmatizada, realçando a pronúncia da vogal-núcleo como forma de marcar sua identidade, diferenciando-se dos turistas. A primeira teoria que propôs e abordou o fenômeno da variação e da mudança na língua foi resultado de um trabalho em conjunto desenvolvido por Uriel Weinreich, William Labov e Marvin Herzog (1968). A partir deste e de outros trabalhos (LABOV, WEINREICH & HERZOG, 1968; LABOV, 1972), Labov lança um novo modelo teórico-metodológico, objetivando descrever a variedade linguística de uma dada comunidade, bem como os principais fatores que motivam tal variação. Esses fatores podem ser: a) linguísticos também chamados de variantes internas. Estão associados ao fenômeno em estudo. Podem ser de natureza fonológica, morfológica, sintática e semântica; b) extralinguísticos ou variantes externas. Esses fatores estão associados diretamente ao informante, tais como o sexo, a idade, o grau de escolaridade, classe social dentre outros. De acordo com Tarallo (2007), podemos identificar qual a região de origem de um determinado indivíduo, qual o seu grau de instrução, sexo, classe social, quando o mesmo faz uso de uma determinada variante.

43 42 Como a Sociolinguística trata da observação da fala natural, coletar os dados é uma das etapas mais árduas da pesquisa. Conforme Tagliamonte (2006) assevera, a fase de colhimento dos dados é um desafio, pois o pesquisador tem que obter um material linguístico que seja adequado à análise. Para tanto, deve-se buscar uma situação em que a fala seja suscitada da maneira mais espontânea possível, pois serão os registros da fala do informante que permitirão descrever e explicar o fenômeno em estudo. Na pesquisa sociolinguística, os dados coletados são rodados no programa computacional GOLDVARB X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005) a fim de serem analisados estatisticamente. A Teoria da Variação Linguística faz uso de um modelo matemático que associa adequadamente pesos relativos ou probabilidades aos diversos grupos de fatores de cada variável independente (GUY, 2007). Devido atuar com dados estatísticos, esse modelo teórico-metodológico é também chamado de Sociolinguística Quantitativa. Portanto, um pesquisador desta área registra e analisa diferentes falares de um determinado grupo, elegendo, assim, a variedade linguística da comunidade em questão. Neste sentido, Faraco afirma que: [...] entende-se por sociolinguística o estudo das correlações sistemáticas entre formas linguísticas variantes (isto é, entre diferentes formas de dizer a mesma coisa) e determinados fatores sociais, tais como a classe de renda, o nível de escolaridade, o sexo, a etnia dos falantes. (FARACO, 2005, p. 184) O que podemos apreender da citação de Faraco é que o uso de uma determinada variante pode ser explicado não apenas por fatores linguísticos, isto é, a faixa etária do informante, o fato de ele ser analfabeto ou um estudante universitário, por exemplo, poderá ser um agente que condiciona a preferência por uma forma linguística em detrimento de outra. Podemos dizer que o objeto de estudo da análise sociolinguística é o vernáculo, ou seja, a fala espontânea da comunidade estudada. Os estudos sociolinguísticos vêm promovendo contribuições significativas para diversas áreas de conhecimento. A interface com o campo de Aquisição de L2, por exemplo, tem apresentado resultados bastante produtivos, indicando que a Sociolinguística ultrapassa os limites da análise linguística em língua materna. Neste aspecto, Lima (2012) expõe que cada vez mais a Sociolinguística tem fornecido suporte teórico para estudos sobre o uso e aquisição/aprendizado de L2 em contextos específicos.

44 43 A fim de entendermos melhor a parceria estabelecida entre essas duas áreas, passemos a descrição dos aportes teóricos da Aquisição de Linguagem, especialmente no que diz respeito ao papel do aspecto social durante o processo de aquisição de uma L Aquisição de L2 Os estudos desenvolvidos no campo de Aquisição de Segunda Língua (L2) intensificaram-se após a década de 1960, o que a caracteriza, portanto, como uma área relativamente nova de estudo. As pesquisas nessa área partiram do desejo de entender como se dá o complexo processo de aquisição de uma língua não nativa, isto é, a aquisição de outra língua subsequente à materna, buscando explicar quais os fatores que interatuam nesse processo. Desde então, trabalhos (ELLIS, 1997; WHITE, 2003; SPINASSÉ, 2006; PEREYRON, 2008; LUCENA & ALVES, 2009; 2010; FRAGOZO, 2010; LIMA, 2012) vêm sendo desenvolvidos, abordando questões sobre ensino-aprendizagem de línguas, interlíngua, plurilinguismo, casos de transferências, dentre outros. Um exemplo de estudo nessa linha de pesquisa pode ser encontrado em Zimmer (2004), que versou sobre um estudo conexionista da transferência do conhecimento fonético-fonológico do português brasileiro como língua materna para o inglês num contexto de leitura oral. Quando tratamos de estudos que versam sobre L2, é pertinente esclarecemos as diferentes nomenclaturas utilizadas. Apresentaremos, a seguir, a definição dos termos L2 e língua estrangeira (LE). De acordo com Ellis (2003), aparentemente por si só a expressão possui um significado claro, transparente (palavra utilizada pelo autor). No entanto, segundo ele, o termo necessita de um esclarecimento mais preciso. O autor inicia expondo que o vocábulo segunda pode se referir a qualquer língua que é aprendida posterior à língua materna (L1). Deste modo, apesar de utilizarmos a palavra segunda, quando falamos de um sujeito que domina duas ou mais línguas além de sua L1, estamos falando de alguém que possui uma segunda língua. Spinassé (2006) declara que Segunda está para outra que não a primeira (a materna) (aspas utilizadas pela autora). Ainda segundo Ellis (2003), quando nos referimos ao aprendizado de uma língua em um contexto real de uso como, por exemplo, pessoas que moram em um país que fala a tal língua, ou nos casos em que a aprendizagem ocorre em contextos formais, como uma sala de aula, frequentemente dizemos que se trata de

45 44 aquisição de uma segunda língua. No entanto, o autor afirma que os termos segunda e estrangeira não são sinônimos. O conceito de língua estrangeira se assemelha ao de segunda língua no tocante ao fato de ambas serem aprendidas por sujeitos que possuem uma língua materna, pressupondo que esses indivíduos já dispõem de um desenvolvimento cognitivo necessário na emissão e compreensão de mensagens. Quanto à distinção existente, Ellis (1997) afirma que podemos dizer que o processo de aquisição de uma segunda língua envolve uma relação entre a língua e o contexto social. Assim, a L2 pode ser caracterizada como uma língua que cumpre um papel social na comunidade em que está inserida, sendo necessária para que haja comunicação entre os membros (ELLIS, 1997). Um sujeito que imigra para outro país e aprende a língua desta nação para que possa usá-la como meio de comunicação, aprende uma L2. Por outro lado, a LE não desempenha um papel institucional dentro de uma sociedade. Também não é necessária para se estabelecer uma integração entre os membros de uma comunidade. Em resumo, a LE é aquela aprendida em sala de aula. Apesar de toda a discussão travada entre os termos, Spinassé (2006, p. 6) alega que o status de uma língua também pode variar com o tempo, é necessário apenas estabelecer uma outra relação com ela, pois não há uma receita pronta para estabelecer a diferenciação entre os termos primeira língua, segunda língua e língua estrangeira. Assim, com base na exposição de Spinassé (2006), utilizaremos o termo L2, tratando da língua aprendida em condições formais. Durante o processo de aquisição de outra língua, a mente do aprendiz opera com dois sistemas, fazendo com que um sistema linguístico influencie o outro (COOK, 1993). No momento em que um código exerce influência sobre o outro, temos a chamada transferência linguística. A transferência linguística figurou como o ponto de partida nos estudos sobre aquisição de L2. Os pesquisadores da área buscavam compreender as estruturas cognitivas envolvidas durante esse processo, considerando como o conhecimento linguístico já existente dos aprendizes influenciaria o curso do desenvolvimento da L2 (ELLIS, 2003). A partir dessa concepção, acreditava-se que tanto a língua materna poderia ajudar como interferir no processo de aquisição de uma L2, ideia esta defendida pelos behavioristas (ELLIS, 2003). De acordo com essa corrente, quando a influência era resultante das similaridades entre a língua alvo e a L1, o aprendizado poderia ocorrer mais facilmente, caracterizando a transferência positiva dos padrões da língua nativa para a L2. Por outro lado,

46 45 quando ela era decorrente dos contrastes existentes entre os dois sistemas, desvios poderiam ser cometidos pelos aprendizes, evidenciando a chamada transferência negativa (ELLIS, 2003). De acordo com Ellis (2003, p. 300), a corrente behaviorista acreditava que esses maus hábitos (grifo do autor) prejudicariam o processo de aquisição de L2, pois esses erros 7 impediriam a formação dos hábitos corretos da língua alvo. É nesse cenário que surge a Hipótese da Análise Contrastiva (HAC), proposta de pesquisa que tinha como objetivo comparar os dois sistemas (L1 e L2), com vista à descrição da estrutura de ambas as línguas. Tal abordagem era utilizada com o intuito de prever os erros que os aprendizes poderiam cometer, levando-os a evitar produzir tais desvios (FRAGOZO, 2010). No final da década de 1960, uma discussão foi promovida em torno dessa proposta. Segundo Fragozo (2010, p. 46), nem todos os erros cometidos pelos aprendizes poderiam ser explicados por interferência da língua materna e nem todos os erros previstos pela teoria ocorriam de fato. No início dos anos 1970, a total influência da L1 passou a ser questionada. Surge, então, a abordagem minimalista. Essa teoria procurou minimizar a importância da língua materna e a enfatizar a contribuição de processos universais na aquisição de uma L2 (ELLIS, 2003). Logo, o conceito gerativista de Gramática Universal (GU) passa a ser incorporado aos estudos de aquisição de L2. Imbuída nessa abordagem está a ideia da importância do falante nativo, pois é ele quem domina a língua. Sobre o atual papel do falante nativo, Fragozo (2010) declara que: Atualmente, o papel do falante nativo vem sendo bastante discutido. Para Rajagopalan (2008, p. 68), essas discussões estão relacionadas à percepção de que línguas naturais não são estanques, pois estão propensas a todo tipo de influência externa. Assim, não se pode mais pensar em termos de línguas estrangeiras e falantes nativos como conceitos imutáveis, que não podem ser repensados. (FRAGOZO, 2010, p. 47) Na perspectiva minimalista, a transferência figura como uma estratégia de uso da língua. Selinker (1992) apresenta a transferência linguística como um dos cinco processos causadores da fossilização 8. 7 Deve- se deixar claro que, assim como Lima (2012), utilizaremos a noção de erro com sentido semelhante ao da palavra desvio.

47 46 De acordo com Selinker (1992, p. 10), pesquisadores (cf. GASS & SELINKER, 1983ª, passim e KELLERMAN & SHARWOOD SMITH, 1986, passim) agora compreendem que transferência linguística como um processo de seleção (grifo do autor) não deve, necessariamente, ser comparado nem com a realização de erros em uma L2, nem com problemas de aprendizagem na tentativa de adquirir uma língua alvo particular. Dentre os estudos sobre transferência figuram temáticas, tais como: generalizações feitas por aprendizes das regras gramaticais da segunda língua, na tentativa de deixar o sistema mais simples; casos de interlíngua e questões de transferência do sistema fonológico da língua nativa para a língua estrangeira. O objeto de estudo do presente trabalho, portanto, está agregado às duas últimas temáticas supracitadas. Conforme Lima (2012) declara, a transferência é o fator responsável pela formação da interlíngua, fenômeno que será tratado na próxima seção Interlíngua Durante o processo de aquisição de uma L2, os aprendizes desenvolvem um sistema linguístico com o intuito de produzir e compreender a segunda língua. A gramática criada por eles (de forma inconsciente) sofre influências externas e internas (através da transferência linguística da L1, por exemplo). O surgimento dessa língua, principalmente durante os anos iniciais da aprendizagem, é um sistema linguístico que, de certa forma delineia a L1 dos aprendizes, não sendo, de fato, a gramática da língua materna, mas que também é diferente da L2 (ELLIS, 1997). A esse fenômeno dá-se o nome de interlíngua (IL). Segundo Ellis (1997, p. 33) a interlíngua de um aprendiz é, portanto, um sistema linguístico único 9. Ao comentar sobre o assunto Lima (2012) propõe que: Esta produção criativa compõe um processo que pode ser descrito como uma espécie de terceiro sistema linguístico, criado estrategicamente pelo próprio aprendiz, a fim de fazer com que os dados da L2 façam sentido para ele. (LIMA, p. 46) 8 É o processo realizado pelo aprendiz de migração de alguns itens do aparato linguístico da língua nativa para a interlíngua (SELINKER, 1992). 9 A learner s interlanguage is, therefore, a unique linguistic system.

48 47 De acordo com Ellis (1997), o conceito de interlíngua também pode ser entendido como uma estratégia de aprendizagem. Os erros cometidos pelos aprendizes na tentativa de se estabelecer uma comunicação na L2 manifestam as diversas estratégias de aprendizagem empregadas por eles. Esse fenômeno ocorre através da simplificação do processo de aprendizagem, no qual o usuário tende a apresentar problemas relacionados à falta de domínio linguístico da segunda língua, desconsiderando, por exemplo, a utilização de regras gramaticais da L2. Selinker (1972) foi o primeiro linguista a empregar o vocábulo interlíngua. Para o referido autor, há um terceiro sistema envolvido no processo de aquisição além da língua nativa do aprendiz e da língua-alvo. Esse sistema, segundo Selinker (1972), pode ou não conter elementos da L1 e da L2. Ainda de acordo com o pesquisador, o aprendiz nem sempre transfere para a sua IL o que está em sua língua materna. No desenvolvimento de uma interlíngua, percebe-se que ela é caracterizada por um contínuo processo de evolução, pois à medida que o aprendiz amplia seus conhecimentos sobre a L2, mais sua IL se desenvolve, o que indica o seu caráter dinâmico. Conforme Lima (2012, p. 46), a interlíngua representa uma espécie de produção criativa, concebida pelo aprendiz de forma estratégica, com o intuito de fazer com que as construções da L2 façam sentido para ele. De acordo com Pereyron (2008), os estudos sobre a fonologia da interlíngua começam a ser realizado com Eckman (1977). O referido autor realiza pesquisas sobre os possíveis problemas enfrentados por um falante de L1 no processo de aquisição de uma L2, enfatizando a questão da epêntese vocálica no inglês como L2 por falantes brasileiros. Em nossa pesquisa, portanto, pretendemos trabalhar com a noção de interlíngua, buscando caracterizar a fonologia desse sistema transitivo criado pelo aprendiz. A análise do aspecto fonológico da IL dos informantes poderá elucidar de que forma essa interlíngua é constituída como uma estratégia de aprendizagem nos diferentes estágios do aprendizado da língua. Para dar conta de aspectos que possam explicar a ocorrência de certos fenômenos linguísticos durante o processo de aprendizagem de uma língua subsequente à nativa, fatores sociais passaram a ser incorporados nas pesquisas sobre aquisição de L2. Vejamos, na seção seguinte, as contribuições oriundas da interface Sociolinguística e Aquisição de L2.

49 Sociolinguística e Aquisição de L2 Segundo Bayley (2005), no final dos anos 60 e início dos anos 70, duas áreas da Linguística se desenvolveram significativamente, são elas, os estudos quantitativos da variação linguística, iniciados por Labov (1966,1969) e a investigação sistemática da aquisição de segunda língua (SLA), exemplificada pelos estudos de Cazden, Cancino, Rosansky e Schumann (1975) e Hakuta (1976). Bayley (2005, pp. 3-4) considera que os métodos de análise variacionista oferecem benefícios para a pesquisa sobre aquisição de L2. O autor enumera quatro delas, a saber: a variação linguística oferece uma forma objetiva de se estudar a transferência linguística (o teste empírico do efeito da língua materna na produção do falante, levando-se em conta uma ampla gama de variáveis); as análises detalhadas de variantes produzidas em comunidades de fala de todo o mundo oferecem uma visão muito mais realista do funcionamento de línguas alvo, se comparada à forma apresentada nas gramáticas tradicionais (principalmente em comunidades onde os aprendizes recebem muito mais input de falantes de variedades consideradas não padrão); a análise variacionista proporciona um meio de testar se a aquisição de uma L2 envolve um processo de repetida reestruturação, como sugerem Huebner (1983) e outros, ou se procede, gradualmente, ao longo de um contínuo multidimensional. uma nova vertente de pesquisa que analisa a aquisição de padrões de variabilidade da língua alvo oferece insights sobre o processo pelo qual os aprendizes podem caminhar (ou falham) para além do estilo formal que caracteriza a maioria das instruções de sala de aula (aquisição de uma competência sociolinguística). A união desses dois campos de estudo permite entender como fatores extralinguísticos, tais como, sexo, faixa etária, grau de escolaridade, por exemplo, podem explicar uma determinada produção da língua (ou interlíngua) de um falante de L2. Fragozo (2010) apresenta uma discussão bastante pertinente em torno de um dos benefícios trazidos pela interface da Sociolinguística Aquisição de L2. Segundo a autora, uma das contribuições está relacionada ao próprio conceito de língua alvo. Muitas vezes, usa-se o referido termo como sinônimo para língua padrão. De acordo com a pesquisadora, devemos

50 49 deixar claro que a língua padrão é a variante detentora de maior prestígio na sociedade e a língua alvo é qualquer variante à qual o aprendiz é exposto e toma como modelo (FRAGOZO, 2010, p. 48). A autora conclui que a variedade que o aprendiz irá adquirir, dependerá da variedade de língua que ele será exposto, e não da língua tida como padrão (ibidem p. 49). Com isso, Fragozo (2010) sugere que a própria variante do professor poderá exercer grande influência na produção do aluno, pois, para o aprendiz, a pronúncia do professor é o modelo. A variante falada pelo professor pode ter grande influência na produção do aprendiz. No Brasil, por exemplo, grande parte dos professores de língua inglesa não são falantes nativos, ou seja, também fala inglês como LE. Em alguns casos, o aluno produz exatamente a mesma pronúncia do professor, pois esse é seu modelo, ou o seu alvo. Se a pronúncia do professor não é padrão, consequentemente a pronúncia do aluno poderá não ser padrão. (FRAGOZO, 2010, p. 49) Deste modo, observamos que muitos são os fatores que atuam durante a aquisição de uma L2. Devemos deixar claro que quaisquer que sejam as variáveis envolvidas (linguísticas ou extralinguísticas), os estudos que partem da ligação desses dois campos linguísticos se propõem a compreender o complexo processo de se adquirir um novo sistema diferente da língua nativa do indivíduo.

51 50 CAPÍTULO 3 METODOLOGIA A presente seção é destinada à apresentação dos procedimentos metodológicos utilizados na investigação sobre o fenômeno da palatalização do /S/ ante a oclusiva dental surda na produção oral em inglês por aprendizes paraibanos. Pautaremos nossa pesquisa no modelo teórico-metodológico da Teoria da Variação proposto por William Labov (LABOV, 1975; LABOV et al., 2006 [1968] e 2008 [1972]) e nos pressupostos da Aquisição de L2. Nas seções que se seguem, abordaremos os seguintes aspectos: a constituição do corpus (3.1), na qual descreveremos os participantes da pesquisa (3.1.1), o instrumento utilizado na coleta (3.1.2), a constituição das células (3.1.3), a gravação e codificação dos dados (3.1.4) e a descrição do programa utilizado na apreciação do material linguístico colhido (3.1.5). Também trataremos da definição dos fatores controlados (3.2), apresentando as variáveis dependente (3.2.1) e independentes (3.2.2), sendo esta última dividida em variáveis linguísticas ( ) e extralinguísticas ( ). 3.1 CONSTITUIÇÃO DO CORPUS Participantes Para a constituição do corpus que compõe a pesquisa, foram selecionados dezoito informantes, que foram divididos igualmente em dois grupos (nove de Letras e nove dos demais cursos). A escolha dos participantes levou em consideração os seguintes requisitos: ser (ou ter sido) aluno do curso de Letras Inglês, tendo cursado a disciplina de Fonética e Fonologia (GRUPO 1) ou; ser graduado ou graduando de qualquer outro curso superior (GRUPO 2). O primeiro requisito deu origem ao grupo dos informantes com consciência fonológica (explicaremos essa variável na seção ). Os participantes selecionados que se enquadraram no segundo item, foram (ou são) alunos dos seguintes cursos: Fisioterapia, Direito, Administração, Biblioteconomia, Turismo, Química Industrial e Jornalismo.

52 51 Quando convidados a participar da pesquisa, os informantes eram devidamente esclarecidos sobre o procedimento de gravação. Ao aceitarem participar, todos os participantes eram solicitados a preencher o Formulário de Consentimento (Cf. Apêndice 1). Este documento apresenta informações sobre o presente trabalho 10, informando também que eles poderiam desistir a qualquer momento. Caso isso ocorresse, eles teriam seus dados de fala descartados. Após o preenchimento do formulário, os participantes eram convocados a completar um questionário (Cf. Apêndice 2), contendo informações pessoais sobre cada informante e perguntas concernentes à proficiência na língua e a frequência de prática e contato com o inglês. O referido questionário foi uma adaptação de Lima (2012). A fim de avaliarmos o real nível de proficiência do informante, foi realizado um teste de nivelamento, o Oxford Placement Test (ALLAN, 2004), formado por duzentas questões, sendo cem delas referentes à competência auditiva e cem ao conhecimento gramatical na L2. A partir do resultado do referido teste (Cf. Anexo 1), nivelamos os participantes entre os estágios básico, intermediário ou avançado. Devemos deixar claro que os informantes que já possuíam algum tipo de teste de nivelamento, não foram submetidos ao Oxford Placement Test (ALLAN, 2004). Aproveitamos os resultados dos testes outrora realizados (TOEFL e My English Online Placement Test) para a realização da estratificação dos informantes quanto ao nível de proficiência 11. Em seguida, os informantes foram submetidos à gravação da leitura de uma lista de frases (Cf. Apêndice 3) e de dois pequenos textos (Cf. Apêndice 4). Ambos os instrumentos abrangiam construções nas quais favoreciam a ocorrência da palatalização no contexto em estudo Instrumento Para a realização deste estudo foram elaborados dois instrumentos. No primeiro instrumento, a lista de frases, as palavras foram inseridas na frase-veículo The Word is. No segundo instrumento, inserimos as mesmas palavras nos textos, que foram criados com o 10 Não apresentamos nenhuma informação a respeito do real propósito da pesquisa, pois enviesaríamos a produção dos falantes. 11 Dos dezoito participantes, uma já havia realizado o TOEFL e outra o My English Online. Os demais realizaram o Oxford Placement Test.

53 52 intuito de analisar a influência de contextos maiores e menores na produção do fenômeno em estudo. A lista de frases é constituída de 24 palavras, sendo 6 delas distratoras. A utilização desse recurso é uma estratégia usada para se evitar um possível direcionamento dos participantes para o assunto da pesquisa. As palavras utilizadas apresentavam o segmento /S/ em contextos tônicos e átonos. Para cada um desses contextos, foram escolhidas 3 palavras. Também foi levado em conta o contexto fonológico precedente, conforme apresenta a seção As listas de frases e de textos foram apresentadas aos participantes por meio de slides exibidos no aplicativo PowerPoint Constituição das células Nessa amostra foi utilizada a seleção aleatória estratificada, levando-se em consideração as variáveis extralinguísticas nível de proficiência na L2 e o grau de consciência fonológica do informante. A aplicação desta última variável será explicada na seção A partir desses dados, foi elaborado um quadro constituído de 6 células, conforme vemos no quadro a seguir: Quadro 6 Distribuição das células da amostra CÉLULA 1 CÉLULA 2 CÉLULA 3 Nível Básico Nível Intermediário Nível Avançado Com Consciência Com Consciência Com Consciência Fonológica Fonológica Fonológica CÉLULA 4 CÉLULA 5 CÉLULA 6 Nível Básico Nível Intermediário Nível Avançado Sem Consciência Fonológica Sem Consciência Fonológica Sem Consciência Fonológica Cada uma das células dessa amostra foi preenchida por três informantes, dando um total 18 participantes. Todos eles atenderam aos requisitos das variáveis estratificadas.

54 53 Vale salientar que a coleta dos dados ocorreu em ambientes diferenciados, conforme disponibilidade de cada informante. Algumas coletas sucederam nas instituições de ensino dos participantes e outras nos locais de trabalho Gravação e codificação dos dados de fala As produções dos falantes foram gravadas por meio do programa computacional Audacity 1.3 Beta (MAZZONI, 2013). Depois de ouvirmos a gravação de cada informante, realizamos a codificação das ocorrências do fenômeno em estudo. Criamos códigos para a transcrição das produções dos informantes. Na metodologia variacionista, a análise do material coletado é feito por meio de um tratamento estatístico. As pesquisas sociolinguísticas, portanto, utilizam em o software especialmente criado para estudos dessa natureza, o GoldVarb X (SANKOFF, TAGLIAMONTE & SMITH, 2005). Deste modo, estabelecemos um código para cada variável a fim de que o programa pudesse interpretá-los, possibilitando-nos ter acesso aos dados quantitativos. Como em nosso estudo tratamos da produção de um determinado segmento, examinamos os dados utilizando a regra de aplicação ou não aplicação, isto é, a palatalização do /S/ (como aplicação) versus quaisquer outras realizações. A codificação foi feita a partir de uma sequência de símbolos, representando a estrutura produzida pelo informante, bem como todos os demais fatores analisados na pesquisa. Deste modo, a codificação dos dados tratou tanto de fatores linguísticos como extralinguísticos. Segue, abaixo, o quadro dos códigos criados: Quadro 7 Códigos para a transcrição b Nível básico i Nível intermediário a Nível avançado c Com consciência fonológica explícita e Sem consciência fonológica explícita T Produção do /S/ em sílaba tônica O Produção do /S/ em sílaba átona L Contexto precedente (vogal alta) M Contexto precedente (vogal média)

55 54 X f s Contexto precedente (vogal baixa) Leitura de frases (tipo de instrumento) Leitura de texto (tipo de instrumento) seguem. Cada uma das variáveis utilizadas no presente trabalho será discutida nas seções que se Apreciação dos dados pelo programa A fim de obter-se o material linguístico necessário para a apreciação, submetemos os dados ao GoldVarb X (op. cit.), conforme já dissemos anteriormente. O referido software consiste em uma versão mais recente do programa VARBRUL 2S. O programa apresenta os valores de aplicação do fenômeno em estudo em relação às variáveis independentes. De acordo com Tarallo (2007), a análise estatística aponta quais as variáveis condicionam ou não o uso de uma determinada variante. Num primeiro momento, os resultados são exibidos em percentagem. Nessa etapa, quando não há dados suficientes para se estabelecer a relação da realização/ não realização do processo analisado, temos os chamados knockout. Quando há casos de comportamento categórico como esses, o programa exibe os números percentuais 0% ou 100%. Quando casos de knockout ocorrem, o pesquisador pode solucionar o problema, amalgamando os dados. Outro resultado fornecido pelo programa são os pesos relativos (p.r.), gerados pela análise Binominal up & down. O processo de step up apresenta quais os fatores que condicionam a ocorrência do fenômeno em estudo. Por conseguinte, o step down fornece o grupo de variáveis que não são significativos. O peso relativo é medido por uma escala que tem como ponto neutro o valor de As variáveis que apresentam valores abaixo da marca de neutralidade figuram como não relevantes à aplicação do fenômeno. Da mesma forma, os fatores que possuem p.r. acima de 0.50 são considerados como aqueles que favorecem a realização do fenômeno. Por fim, cabe ao pesquisador interpretar os valores percentuais e os pesos relativos fornecidos pelo programa, explicando o por quê de certos grupo de fatores terem sido relevantes e outros não à aplicação do fenômeno em estudo. O software apresenta os números que justificam a ocorrência (ou não); o pesquisador dá significado a eles.

56 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS Este seção é destinada a descrição das variáveis controladas neste estudo. Segundo Tarallo (2007), em uma pesquisa variacionista, o ponto de partida da análise é a identificação do grupo de variantes que estão competindo, isto é, a variável dependente. Posteriormente, o pesquisador precisa definir os fatores linguísticos e extralinguísticos que podem influenciar a variável dependente. Esse conjunto de fatores é chamado de variáveis independentes. As subseções a seguir são destinadas a apresentação das variáveis dependente e independentes A variável dependente A variável dependente da presente pesquisa é a palatalização do /S/ em posição pósvocálica no contexto /S/t da língua inglesa, conforme já apresentamos no capítulo 1. Assim, teremos a aplicação da regra quando o informante produzir a palatal no referido contexto (lo[ ]t) ou a não aplicação (lo[s]t). A variável dependente foi codificada com base em uma análise perceptual, ou seja, a partir da audição dos dados Variáveis independentes Após a identificação da variável dependente, é preciso observar quais são os fatores influenciadores (TARALLO, 2007), conforme já mencionamos anteriormente. As variáveis independentes são subdivididas em dois grupos, a saber, os fatores linguísticos, que envolvem questões de natureza estrutural, e os extralinguísticos, que estão relacionados a aspectos pessoais do informante. As variáveis independentes da presente pesquisa foram elaboradas com base nos estudos de Pereyron (2008), Alves (2009), Fragozzo (2010) e Lima (2012), que trabalham na interface Sociolinguística e Aquisição de L2. De Pereyron (2008), utilizamos a variável tipo de instrumento (linguística) e nível de proficiência (extralinguística). Da dissertação de Fragozzo (2010), usamos o fator contexto fonológico precedente (linguístico). A variável

57 56 tonicidade (linguística) foi elaborada com base no trabalho de Lima (2012). Por fim, o fator consciência fonológica explícita (extralinguístico) foi embasado na proposta de Alves (2009) Variáveis linguísticas As variáveis independentes linguísticas utilizadas no presente trabalho objetivaram verificar se as mesmas desempenham um papel significativo na realização ou inibição da palatalização no contexto em estudo e em que proporção isso se aplica. Isto posto, as variáveis linguísticas controladas na pesquisa foram a tonicidade, o contexto fonológico precedente e o tipo de instrumento Tonicidade A variável tonicidade foi dividida a partir da disposição do contexto /S/t na estrutura silábica, a saber, posição tônica ou átona. Tem-se um contexto tônico, quando o /S/t encontra-se na sílaba mais forte da palavra, como em / restrɒnt/ (restaurant). Consequentemente, quando o /S/t não ocupa a posição tônica da sílaba, temos o contexto átono, conforme observamos em / ɔ:lmoʊst/ (almost). Segundo Macedo (2004), a posição átona é ligeiramente favorecedora do fenômeno da palatalização. Assim, nossa hipótese é que a palatalização ocorrerá com maior frequência quando o segmento /S/ estiver em sílaba átona Contexto fonológico precedente O contexto fonológico precedente diz respeito ao elemento que vem antes do fenômeno em estudo. Para tanto, analisamos os contextos vocálicos. Os fatores que compõem essa variável são as vogais altas, médias e baixas: Quadro 8 Contexto Precedente Vocálico VOGAIS ALTAS VOGAIS MÉDIAS VOGAIS BAIXAS /i/ /Λ/ /æ/ /u/ /e/ /ɒ/ /ʊ/ /ɔ/ /ɑ/ /I/ /ə/ -

58 57 Segundo Macedo (2004), no estudo realizado por Gryner & Macedo no ano de 1981 (BRESCANCINI, 1996 apud MACEDO, 2004) sobre a palatalização na comunidade de Cordeiro (situada na fronteira do Rio de Janeiro com Minas Gerais), as vogais altas apresentaram um pequeno favorecimento para a aplicação da palatalização. A partir desses resultados, elaboramos a hipótese no sentido de que o contexto precedente que exercerá uma maior influência na realização da palatalização será o das vogais altas Tipo de instrumento Na coleta dos dados foram utilizados dois tipos de instrumento, a leitura de frases e a leitura de textos. Nossa hipótese para essa variável é que a palatalização acontecerá com maior frequência na leitura de textos, pois a velocidade da fala é maior na leitura destes, o que acarretará em uma menor atenção à pronúncia de palavras isoladas. Apoiamos nossa hipótese em Pereyron (2008) que, ao tratar da epêntese, presumiu que a taxa de realização do fenômeno seria menor em lista de palavras, haja vista o fato de o informante apresentar um maior índice de monitoramento em sua produção. Assim, a utilização desses dois tipos de instrumento possibilitou averiguar qual deles favoreceu (ou não) a ocorrência da palatalização, verificando a frequência da transferência de elementos linguísticos da língua materna do informante para a L Variáveis extralinguísticas De acordo com Labov (2008 [1972]), fatores extralinguísticos referentes ao contexto social do informante devem ser levados em conta em análises linguísticas. A presente seção é destinada a descrição das variáveis extralinguísticas controladas nesta pesquisa Nível de proficiência

59 58 A variável nível de proficiência tem se mostrado bastante relevante nas pesquisas empreendidas na interface Sociolinguística e Aquisição de L2 (PEREYRON, 2008; LUCENA & ALVES, 2009; 2010; FRAGOZO, 2010; LIMA, 2012). Em nossa pesquisa, esse fator controla três níveis de proficiência na língua, a saber, básico, intermediário e avançado. O objetivo dessa variável é examinar a relação entre o nível em que o aprendiz se encontra e a aplicação da palatalização. Com base nos dados dos estudos autores supracitados, a hipótese para essa variável é a de que quanto mais elevado o nível de proficiência do informante, menor será a chance de realização da palatalização e vice-versa Consciência fonológica explícita Outra variável controlada neste estudo foi a consciência fonológica do aprendiz. Segundo Alves (2009), a consciência fonológica diz respeito à reflexão empreendida pelo aprendiz sobre os aspectos fonético-fonológicos da L2, caracterizando uma habilidade de análise e julgamento consciente do estímulo auditivo (ALVES, 2009, p. 33) Em nossa pesquisa, tratamos os graduandos/graduados em Letras como os aprendizes que possuem essa consciência, haja vista o fato de terem cursado a disciplina de Fonética e Fonologia da Língua Inglesa. Portanto, estabelecemos a hipótese de que o maior índice de realização da palatalização ocorrerá entre os aprendizes que não fazem parte do grupo do curso de Letras. O capítulo que se segue tratará do resultado da correlação das variáveis dependente e independestes, com base nos dados estatísticos gerados pelo Goldvarb X (SANKOFF, TAGLIAMONTE & SMITH, 2005) no tocante à palatalização do segmento /S/ no contexto /S/t da língua inglesa.

60 59 CAPÍTULO 4 RESULTADOS E ANÁLISES A presente seção é destinada à análise do corpus coletado para a pesquisa. Conforme mencionado no capítulo anterior, os dados foram devidamente codificados e submetidos no programa GoldVarb X (SANKOFF, TAGLIAMONTE & SMITH, 2005). Inicialmente, apresentaremos o resultado referente à ocorrência da palatalização versus a não palatalização do /S/ pós-vocálico no contexto /S/t da língua inglesa realizada por falantes paraibanos. Em seguida, exporemos as variáveis selecionadas pelo programa como estatisticamente significativas à aplicação da palatalização, identificando a percentagem de cada variável. Posteriormente, serão apresentadas as rodadas que foram selecionadas pelo programa, demonstrando o peso relativo de cada variável. Também destinaremos uma seção para comentarmos sobre as variáveis não selecionadas pelo programa. Por fim, partiremos para a interpretação dos dados, explicitando os resultados por meio de tabelas e gráficos, com o intuito de discuti-los com base nas teorias utilizadas na fundamentação teórica. Constataremos também se os resultados confirmam ou não as hipóteses lançadas no início dessa investigação. 4.1 FREQUÊNCIA GLOBAL DA PALATALIZAÇÃO Para o corpus desta pesquisa foi levantado um total de 592 ocorrências, das quais 8,3% (49/ ) correspondem à aplicação da palatalização do segmento /S/ no contexto /S/t e 91,7% (543/592) concernentes a não execução do fenômeno, conforme apresenta o gráfico a seguir: 12 Os números apresentados antes da barra correspondem à aplicação da variável analisada (49), do total geral de ocorrências, sendo este último indicado pelo número após as barras (592).

61 60 Gráfico 8 Frequência Global da Palatalização Realização do /S/; 8,3% Não Realização do /S/; 91,7% Em um primeiro momento, na rodada binária (realização X não realização) o programa selecionou todas as variáveis independentes como relevantes, a saber, nível de proficiência, consciência fonológica explícita, tonicidade, contexto fonológico precedente e tipo de instrumento. A partir da análise do gráfico, evidencia-se que há a transferência de traço do falar paraibano (L1) para a língua inglesa (L2). Assim como o esperado, houve um baixo índice de ocorrência do fenômeno. O resultado demonstra que o aprendiz, de certa forma, possui a consciência de que as estruturas das duas línguas são distintas, pois há o cuidado em reproduzir as estruturas da L2 o mais próximo possível da forma que ele aprendeu. Os dados dialogam com os resultados de pesquisas já realizadas na interface Sociolinguística Variacionista e Aquisição de L2 (PEREYRON, 2008; LUCENA & ALVES, 2009; LIMA, 2012). Apesar de tratarem de um fenômeno diferente, os números apontaram a predominância da não aplicação da regra. Para um melhor entendimento dessa comparação, passemos a descrição dos trabalhos produzidos pelos estudiosos supracitados. Pereyron (2008), em sua dissertação, estudou o fenômeno da epêntese vocálica em encontros consonantais mediais por falantes porto-alegrenses de inglês como língua estrangeira. O objetivo da autora foi verificar se os condicionadores da regra da epêntese na língua inglesa (L2) são os mesmos que atuam na regra variável de epêntese vocálica no

62 61 português. Para a constituição do corpus, o estudo contou com a participação de 16 informantes estudantes de inglês, sendo 8 homens e 8 mulheres. Os participantes da pesquisa foram estratificados quanto ao nível de proficiência (do básico ao avançado) e a faixa etária (15 a 17 anos). Foram realizadas duas análises, a saber, uma acústica e uma oitiva. No tocante à frequência geral, os dados de Pereyron (2008) apontaram que, em ambas as análises, a não aplicação da regra apresenta valores mais altos do que a aplicação. Os arquivos de áudio analisados tanto acusticamente quanto perceptualmente, indicaram que a epêntese ocorreu menos do que a não realização (8% e 33%, respectivamente). O mesmo ocorreu no estudo realizado por Lucena & Alves (2009), no qual investigaram o funcionamento da epêntese em L1 e L2. A pesquisa foi realizada com 22 aprendizes de nível básico de inglês. Diferentemente das demais pesquisas realizadas sobre o mesmo fenômeno, a amostra foi constituída por 12 informantes gaúchos e 10 paraibanos. O trabalho objetivou investigar as implicações do fenômeno de afrouxamento de condição de coda (ACC) 13 dos dois dialetos do português em estudo, assim como os efeitos dos falares gaúcho e paraibano em direção ao sistema de L2. Nos resultados referentes aos dados de L2, a epêntese foi aplicada em 21,2%. Em contrapartida, a não realização do fenômeno ocorreu em 78,8%. Em consonância com as pesquisas supracitadas, Lima (2012), realizou um estudo sobre a epêntese vocálica medial em L1 e L2 na região do Brejo Paraibano. O objetivo do estudo foi investigar a ocorrência do fenômeno na produção do português brasileiro, como em cognato > cog[i]nato e do inglês como L2 (object > ob[i]ject) (LIMA, 2012). Para a constituição do corpus foram realizadas gravações de leituras de frases e textos em português e inglês com 18 aprendizes da região do Brejo Paraibano. Os informantes foram estratificados quanto ao sexo e ao nível de proficiência (básico, intermediário e avançado). Na rodada concernente a produção em L2, os dados de Lima (2012) apontaram que a aplicação do fenômeno ocorreu em 14,7% dos casos, contra 85,3 % de não realização da epêntese. O que queremos explicitar através dessas pesquisas é que os resultados só corroboram a nossa hipótese inicial, de que a frequência da realização da palatalização seria menor do que a não aplicação da regra. Foi constatado um dado interessante durante a realização da análise. Alguns informantes apagaram o segmento /t/ do contexto em estudo. Obviamente, as palavras em que 13 Este fenômeno ocorre quando em posição de coda temos um segmento plosivo, como na palavra rap.to (BISOL, 1999).

63 62 ocorreu a supressão desse elemento não foram utilizadas na rodada dos dados, pois o /s/ deixa o lugar da coda e passa a assumir a posição de ataque silábico. O apagamento do referido segmento ocorreu em 42 produções dos falantes. Esse fenômeno foi realizado por informantes dos três níveis de proficiência analisados. Em valores percentuais, temos a seguinte distribuição: Gráfico 9 Frequência Geral de Supressão do /t/ Nível Básico 19% Nível Avançado 62% Nível Intermediário 19% Observando o gráfico 9, percebemos que a realização da supressão apresenta um mesmo valor de aplicação nos estágios básico e intermediário de aquisição da língua, 19%. Por outro lado, o nível avançado foi o grupo que apresentou um maior índice de ocorrência do fenômeno, 62%. Acreditamos que a maior incidência entre os informantes do último nível está relacionada à velocidade da leitura. Quanto mais rápida a produção do aprendiz, maior a probabilidade de apagamento. O apagamento do /t/ nesse contexto não é um fenômeno recorrente no PB, não sendo, portanto, um caso de transferência da L1. Assim posto, o que caracteriza essa supressão? Uma possível explicação para o dado fenômeno pode ser encontrada na representação dos traços distintivos propostos por Chomsky e Halle (1968). Ao analisar as matrizes, observamos que os fonemas /s/ e /t/ compartilham os traços [+consonântico], [+coronal], [- vozeado] e [+anterior]. Entretanto, os dois segmentos são caracterizados pela distinção de

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