Resposta da Cultura do Milho Irrigado a Aplicação de Diferentes Fontes de Nitrogênio

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1 Resposta da Cultura do Milho Irrigado a Aplicação de Diferentes Fontes de Nitrogênio MARTINS, F. C. (1) ; ALOVISI, A. M. T. (2) e MARTINELLI, W. A. (1). (1) Acadêmicos do Curso de Agronomia, Faculdade Anhanguera de Dourados. Rua Manoel Santiago, 1155, Vila São Luiz Dourados, MS, CEP fabiocancio@hotmail.com; martinelli_will@hotmail.com. (2) Professora do Curso de Agronomia, Faculdade Anhanguera de Dourados. Rua Manoel Santiago, 1155, Vila São Luiz Dourados, MS, CEP amtokura@zipmail.com.br INTRODUÇÃO O milho é um dos cereais mais cultivados em nível mundial, haja vista que, trata-se uma cultura que apresenta uma grande capacidade de adaptação a diversas condições edafoclimáticas e que pode conseguir altos rendimentos. Atualmente, a cultura do milho ocupa uma posição de destaque no cenário agrícola brasileiro. Segundo CONAB (2009) o Brasil deverá produzir aproximadamente 50 milhões de toneladas do grão, de modo que o Paraná poderá ser o maior produtor nacional respondendo por cerca de 22,5% da produção brasileira, seguido do Estado do Mato Grosso que responderá por quase 13,8% desta safra e do Estado de Minas Gerais que poderá ser considerado o terceiro maior produtor do grão, uma vez que, se encarregará de 12,9% do milho produzido no país (COSTA et al., 2009). De acordo com MANTOVANI (2006) a agricultura irrigada mostra-se como uma importante estratégia para a otimização da produção. Nos dias de hoje, cerca de mais da metade da população mundial é dependente de alimentos produzidos em lavouras irrigadas. É importante que o produtor não considere a irrigação como uma opção tecnológica isolada que pode proporcionar maior produtividade do milho, mas que a irrigação somente tem sentido e possibilidades de sucesso, quando os requisitos de conservação e características físicas, químicas, biológicas e de fertilidade possam ser consideradas adequadas para o crescimento desejado das plantas e conseqüente para a produtividade (CERETTA e SILVEIRA, 2001). Para obtenção de altos rendimentos de grãos de milho é de extrema importância a aplicação de fertilizantes que contém nitrogênio, uma vez, que os solos brasileiros não conseguem atender a demanda deste elemento nos diversos estádios de desenvolvimento da planta (PÖTTKER e WIETHÖLTER, 2004). No Brasil, a uréia, o sulfato de amônio e o nitrato de amônio compreendem os adubos nitrogenados mais utilizados. Como características comuns apresentam alta solubilidade em água e são prontamente disponíveis para as plantas. A uréia é o fertilizante nitrogenado mais utilizado no Brasil devido às suas vantagens comparativas em termos de custo, facilidade de fabricação e custo final para o agricultor. Do ponto de vista agronômico a uréia apresenta uma séria limitação quando aplicada na superfície do solo, devido às chances de perdas por volatilização de N-NH 3 (KOELLIKER e KISSEL, 1988). O sulfato de amônio apresenta como vantagens sua baixa higroscopicidade, boas propriedades físicas, estabilidade química e oferta de enxofre (24%). Como desvantagem, apresenta, no solo, uma reação fortemente ácida, possui apenas 21% de N, aumentando o custo de aplicação e transporte. Dessa forma, o custo por unidade de N acaba sendo maior em relação à uréia (BYRNES, 2000). Com o objetivo de retardar a hidrólise da uréia, existe no mercado compostos com potencial de atuar como inibidores da urease. São materiais que retardam as reações que 2415

2 levam a volatilização de N-NH 3, até que a uréia possa ser incorporada pela chuva. Entre os produtos testados como inibidor da urease, o NBPT (N-(n-butil) tiofosfórico triamida) vem obtendo bons resultados (BREMNER e CHAY, 1986; BRONSON et al., 1989). Uma formulação comercial, chamada Agrotain, está disponível no mercado para a mistura à uréia previamente fabricada. O inibidor ocupa o local de atuação da urease, inativando a enzima (KOLODZIEJ e MARTINS, 1992), retardando o início e reduzindo o grau de velocidade de volatilização de N-NH 3 por aproximadamente 14 dias. O atraso na hidrólise reduz a concentração de N-NH 3 presente na superfície do solo, diminuindo o potencial de volatilização de N-NH 3 e permitindo o deslocamento da uréia para horizontes mais profundos do solo (CHRISTIANSON et al., 1990). O presente trabalho teve por objetivo comparar a eficiência do nitrogênio de uma fonte não sujeita às perdas por volatilização de N-NH 3 (sulfato de amônio, usado como referência) com a uréia comum, uréia revestida e uréia com inibidor da uréase na cultura do milho, em condições de campo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na safra 2009/2010 em lavoura de sequeiro na Fazenda Escola da Faculdade Anhanguera de Dourados, município de Dourados MS, localizado na Rodovia MS-270, km 8, com as seguintes coordenadas: latitude 22º S e longitude 54º W, e altitude média é de 430m. O solo é classificado como LATOSSOLO VERMELHO Distrófico. O solo apresentava as seguintes características físicas e químicas antes da instalação do experimento: análise granulométrica: 547 g kg -1 de argila, 149 g kg -1 de silte e 304 g kg -1 de areia, e os seguintes atributos químicos na camada de 0,0 0,2 m: 14, 2 g kg -1 de matéria orgânica; ph água 6,37; 11,9 mg dm -3 de P Mehlich; 1,0 cmol c dm -3 de K; 7,5 cmol c dm -3 de Ca; 5,7 cmol c dm -3 de Mg; 18,0 cmol c dm -3 de CTC e 79% de saturação por bases. Antes da implantação do experimento a área foi dessecada utilizando 3,5 litros de glyphosate e 0,6 litros ha -1 de 2,4 diclorofenoxiacético. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com 13 tratamentos e quatro repetições. Foram estudadas quatro doses de N em cobertura (0, 30, 60 e 120 kg ha -1 ), e quatro fontes de N sendo: Uréia convencional (45% de N), uréia revestida (37% de N), uréia com inibidor urease (44% de N + 0,42B + 0,15 Cu) e Sulfato de amônio (20% de N). Cada parcela compreendeu 6 fileiras espaçadas de 0,9 m, com 6 m de comprimento. A adubação de cobertura foi dividida em duas parcelas, a primeira iniciou-se quando as plantas apresentavam 8 folhas desenvolvidas, no estádio fenológico V8, 50% da adubação total, a segunda aplicação foi feita quando as plantas apresentavam 12 folhas desenvolvidas, no estádio fenológico V12. Foi utilizado o híbrido simples Bt AG O plantio ocorreu em 14 de outubro de 2009, com aproximadamente sementes por hectare, sob irrigação. Na adubação realizada na semeadura foram aplicados 400 kg ha -1 do formulado O controle de plantas daninhas foi realizado pós emergência, utilizando-se o herbicida Tembotriona na dosagem de 200 ml ha -1 juntamente com óleo mineral ATTACH na dosagem de 1 litro ha -1 no estádio V4 da cultura. Em março de 2001, foi avaliada a produtividade de grãos de milho, colhendo-se quatro linhas centrais de cada parcela, descartando-se 1 m de cada extremidade da bordadura de um metro de cada lado, depois de colhido as espigas foram debulhadas através de uma debulhadora de milho manual, a qual foi convertida para kg ha -1 e devidamente corrigida para 13% de umidade. 2416

3 Os dados obtidos de cada variável forma submetidos às análises de variância e teste de médias, processadas em microcomputador com o auxílio do pacote computacional ASSISTAT (SILVA, 2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO Verifica-se que não houve efeito significativo entre as fontes de N em relação à testemunha, com exceção do tratamento que recebeu 30 kg de N na forma de uréia convencional (Tabela 1). Tabela 1. Produtividade de grão de milho em relação às fontes e doses de N. Tratamento Produtividade (kg ha -1 ) Uréia convencional ,60 b Uréia convencional ,40 ab Uréia convencional ,31 ab Sulfato de amônio ,36 ab Sulfato de amônio ,82 ab Sulfato de amônio ,48 a Uréia com inibidor da urease ,16 ab Uréia com inibidor da urease ,55 ab Uréia com inibidor da urease ,14 a Uréia revestida ,57 ab Uréia revestida ,74 ab Uréia revestida ,96 a Testemunha 9233,66 ab CV % 6,56 Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Observam-se os maiores valores da produtividade de grão de milho quando adicionou as maiores doses de N. Esses resultados mostram a importância da adubação nitrogenada em doses adequadas para a otimização da produtividade. De acordo com Cobucci (1991) o nitrogênio é um dos nutrientes que pode interferir em diversas características da planta relacionadas ao crescimento e desenvolvimento, as quais direta ou indiretamente afetam a produtividade da cultura. Segundo Amado et al. (2002) e Sousa e Lobato (2004), a obtenção de altas produtividades de milho é diretamente dependente de elevadas doses de N. Observa-se que para uma mesma dose do N, independente da fonte não houve diferença significativa, ou seja, mesmo com a utilização da uréia com inibidor de urease e uréia revestida, assim como do sulfato de amônio não interferiram nas perdas de N por volatilização. Isto provavelmente ocorreu porque o solo onde o experimento foi conduzido apresenta boa fertilidade e drenagem, um bom teor de matéria orgânica, além disso, o cultivo do milho foi conduzido sob irrigação, o que contribuiu com a incorporação do N ao solo evitando a volatilização. O manejo da adubação é sem dúvida, uma das principais maneiras de garantir alta produtividade, pois o adequado fornecimento de nutrientes é essencial para o bom desenvolvimento da cultura. 2417

4 CONCLUSÃO Não houve efeito significativo entre as fontes de N em relação à testemunha, entretanto, as maiores produtividades foram obtidas com a adição de 120 kg ha -1 de N das fontes não sujeitas a perdas do nitrogênio por volatilização. LITERATURA CITADA AMADO, T. J. C.; MIELCNIZUK, J.; AITA, C. Recomendação de adubação nitrogenada para o milho no RS e SC adaptada ao uso de culturas de cobertura do solo, sob sistema plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.24, p , BREMNER, J. M.; CHAY, H. S. Evaluation of N-butil phosphorotic triamide for retardation of urea hydrolysis in soil. Communications in Soil Science and Plant Analysis. v.35, p , BRONSON, K.F.; TOUCHTON, J.T.; HILTBOLD, A.E.; HENDRICKSON, L.L. Control of ammonia volatilization with N- (n-butyl) thiofosphoric triamide in loamy sands. Communications in Soil Science and Plant Analysis. v. 20, p , BYRNES, B.H. Liquid fertilizers and nitrogen solutions. In: International Fertilizer Development Center, Fertilizer manual, Kluwer Academic, Alabama, p.20-44, CERETTA, C. A.; SILVEIRA, M. J. da. Manejo da fertilidade do solo para altas produtividades. In: Irrigação por aspersão no Rio Grande do Sul. Santa Maria, RS, 2001, p CHRISTIANSON, C.B.; BYRNES, B.H.; CARMONA, G. A comparison of the sulfur and oxygen analogs of phosphoric triamide urease inhibitors in reducing urea hydrolysis and ammonia volatilization. Fertilizer Research. v. 26, p , COBUCCI, T. Efeitos de doses e épocas de aplicação em cobertura do adubo nitrogenado no consórcio milho-feijão. Viçosa: UFV, p. (Tese- Doutorado em Fitotecnia). MEIRA, F. de A. Fontes e modos de aplicação do nitrogênio na cultura do milho. Ilha Solteira: SP, p. (Tese Doutorado em Sistema de Produção). COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Acompanhamento da Safra Brasileira. Grãos. Safra 2008/2009. Nono Levantamento. Junho / Disponível em: < 09. Pdf>. Acesso em: 08 jun COSTA, M. C. G., VITTI, G. C. e CANTARELLA, H. Volatilização de N-NH3 de fontes nitrogenadas em cana-de-açúcar colhida sem despalha a fogo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 27, n. 4, p , KOELLIKER, J. K.; KISSEL, D. E.. Chemical equilibrium affecting ammonia volatilization. 2418

5 In: BOCK, B.R.; KISSEL, D.E. (Ed.). Ammonia volatilization from urea fertilizers. Bull Y-206. Muscle Shoals, AL: Tennessee Valley Authority, National Fertilizer Development Center, p MANTOVANI, E.C; BERNARDO, S.; PALARETTI, L.F. P; Irrigação princípios e métodos. Viçosa: UFV, 2006, p.13. PÖTTKER, D.; WIETHÖLTER, S. Épocas e métodos de aplicação de nitrogênio em milho cultivado no sistema plantio direto. Ciência Rural, v.34, n.4, p , SILVA, F. de A. S. E.; AZEVEDO, C. A. V. de. A New Version of The Assistat-Statistical Assistance Software. In: WORLD CONGRESS ON COMPUTERS IN AGRICULTURE, 4, Orlando-FL-USA: Anais... Orlando: American Society of Agricultural and Biological Engineers, SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E. Adubação com nitrogênio. In: SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E. (Ed.). Cerrado: correção do solo e adubação. 2.ed. Brasília: Embrapa Cerrados, p