VARIABILIDADE CERÂMICA NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GARBIN, PORTO VELHO, RONDÔNIA

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR NÚCLEO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE ARQUEOLOGIA VARIABILIDADE CERÂMICA NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GARBIN, PORTO VELHO, RONDÔNIA MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO Viviane de Brito Romano PORTO VELHO, 2016

2 VARIABILIDADE CERÂMICA NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GARBIN, PORTO VELHO, RONDÔNIA Viviane de Brito Romano Monografia apresentada ao Departamento de Arqueologia da Fundação Universidade Federal de Rondônia como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arqueologia Orientadora: Profa. Dr a.silvana Zuse Porto Velho, Rondônia 2016

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4 Fundação Universidade Federal de Rondônia Departamento de Arqueologia A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia VARIABILIDADE CERÂMICA NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GARBIN, PORTO VELHO, RONDÔNIA Elaborada por Viviane de Brito Romano Como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arqueologia Comissão Examinadora Silvana Zuse (Presidente/Orientadora) (Professor da Universidade Federal de Rondônia) (Mestre em Arqueologia pelo Museu Nacional - UFRJ) Porto Velho, 12 de Agosto 2016

5 Dedico este trabalho a todos os membros da minha família, em especial aos meus pais, Vera Lúcia Anhes de Brito e Valmem Francisco Gomes Romano (In memoriam), pois sem eles este trabalho e muitos dos meus sonhos não se realizariam. 5

6 6 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por cada momento desta jornada renovar minha força e disposição. Ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica PIBIC pelo apoio na pesquisa, bem como ao Departamento de Arqueologia DARQ da Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Agradeço a todos os professores do curso de Arqueologia que desempenharam com dedicação as aulas ministradas, pela convivência, pelas trocas de conhecimento e experiência. Sou muito grata a minha orientadora Dra. Silvana Zuse, por compartilhar seus conhecimentos, pela dedicação, paciência, dedicando seu tempo a me orientar. Muito Obrigada!! Aos meus colegas de classes que com certeza serão futuros excelentes profissionais, em especial agradeço pelas amizades: Isaías Andrade, Carina Campos, Sandro de Jesus, Simone Cândido, Desimar Prestes e ao Tony Los Franzin. Agradeço a Gegliane Silva (Gygy) pela ajudar na triagem do material do sítio Garbin, bem como também ao Odair Vassoler no Corel Draw. Ao Francisco Freitas, quem sempre esteve ao meu lado, pelo incentivo e companheirismo imprescindível ao longo deste trabalho. Que divide comigo os planos e sonhos para o futuro. Sou grata a todos vocês por tudo. Muito Obrigada!!

7 7 RESUMO Variabilidade cerâmica no Sítio Arqueológico Garbin, Porto Velho, Rondônia O presente trabalho aborda o estudo da variabilidade cerâmica no sítio arqueológico Garbin, localizado em um terraço fluvial na margem esquerda do rio Madeira, próximo à cachoeira de Santo Antônio, no município de Porto Velho, Rondônia. Este sítio foi escavado no âmbito do Projeto de Arqueologia Preventiva nas áreas de intervenção da UHE Santo Antônio pela Scientia Consultoria Científica. Nesse sítio foram evidenciadas duas camadas de terra preta arqueológica, uma delas com material lítico nos níveis mais profundos e outra lito-cerâmica nos níveis superiores. Analisamos a cerâmica de quatro unidades do sítio Garbin, com datas radiocarbônicas entre 1710±40 AP e 480±40AP, a fim de entendermos as escolhas tecnológicas na cadeia operatória de confecção dos artefatos cerâmicos. Analisamos atributos que caracterizam as escolhas das ceramistas em relação à pasta, técnicas de confecção, acabamentos de superfície, queima, forma e uso, comparando a distribuição dos atributos nos diferentes níveis da camada arqueológica e áreas do sítio, a fim de entender as permanências e mudanças tecnológicas. Identificamos uma diversidade de escolhas que refletem a dinâmica na ocupação da região, e contribuindo dessa forma para a construção da história indígena no Alto rio Madeira. Palavras-chave: Análise cerâmica. Sítio Garbin. Rio Madeira.

8 8 ABSTRACT Ceramic variability in archaeological site Garbin, Porto Velho, Rondônia This paper describes the study of ceramic variability in the archaeological site Garbin, located on a river terrace on the left bank of the Madeira River, near Santo Antonio waterfall in the city of Porto Velho, Rondônia. This site was excavated under the Project of Preventive Archaeology in the areas of intervention of the Santo Antônio hydroelectric plant by Scientia Scientific Consulting. On this site we were shown two layers of archaeological black earth, one with lithic material at the deepest levels and other litho-ceramic at higher levels. We have analyzed the ceramic four units of Garbin site with radiocarbon dates between 1710 ± 40 and 480 ± AP 40AP in order to understand the technological choices in the operational chain of production of ceramic artifacts. We analyzed attributes that characterize the choices the pottery in relation to the slurry preparation techniques, surface finishes, burns, shape and usage, comparing the distribution of attributes at different levels of archaeological layer and areas of the site, in order to understand the permanence and technological changes. We identified a range of choices that reflect the dynamics in the occupation of the region, and thus contributing to the construction of indigenous history in the Upper Madeira River. Keywords: Analysis ceramics. Garbin site. Rio Madeira.

9 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Bacias hidrográficas de Rondônia. Fonte: CPRM Figura 2: Modelo de evolução da planície do rio Madeira- Tizuka, 2013, p Figura 3: Localização dos sítios arqueológicos próximos à cachoeira de Santo Antônio. (Fonte: Google Earth) Figura 4: Croqui indicando os furos-testes em uma malha regular de 20x20 m. Círculos azuis representam furos negativos. Círculos vermelhos representam furos com material arqueológico cerâmico, e círculos verdes representam furos com material arqueológico lítico. Círculos concêntricos vermelhos e verdes indicam ocorrências de material arqueológico lítico e cerâmico no mesmo furo (SCIENTIA, 2012) Figura 5: Mapa de densidade dos materiais cerâmicos e líticos do sítio Garbin, respectivamente. (Scientia, 2012) Figura 6: Representação das unidades escavadas (resgate arqueológico em 2008) Figura 7: Perfil sul da unidade N981 E941 (SCIENTIA, 2012) Figura 8: Croqui - desenho do perfil norte da unidade N981 E941 (SCIENTIA, 2012) Figura 9: Croqui - desenho do perfil norte da unidade N981 E (SCIENTIA, 2012).. 41 Figura 10: Croqui - desenho do perfil sul da unidade N960 E981 (Scientia, 2010) Figura 11: Croqui da estrutura de combustão da unidade N900 E1017 (Scientia, 2010) Figura 12: Fotografias das pastas: Mineral e carvão; somente mineral; e mineral, caraipé A e carvão, respectivamente Figura 13: Barbotina N981 E Figura 14: Inflexão com inciso e ponteado Figura 15: Borda com inciso ponteado na face externa Figura 16: Fotografia das partes das vasilhas: A: bordas; B: base; C: bojo; e D: NI (Não identificado) Figura 17: Fotografia das pastas: A: mineral; B: cauixí; C: carvão; D: argila; e E: cariapé B. 60 Figura 18: Barbotina - unidade N981 E Figura 19: Borda com inciso na face externa - unidade N981 E Figura 20: Fotografia da parte das vasilhas: A: borda; e B: inflexões Figura 21: Barbotina - unidade N960 E Figura 22: Borda - unidade N960 E Figura 23: Fotografia das partes das vasilhas: A: bordas; e B: inflexões Figura 24: Fotografia das pastas: A: cariapé B; B: cauixí; e C: mineral+cauixí+cariapé A+carvão - unidade N900 E Figura 25: Borda - unidade N900 E Figura 26: Vestígio de pintura vermelha sobre engobo branco - unidade N900 E Figura 27: Vestígio de utilização - unidade N900 E Figura 28: Bordas selecionadas Sítio Garbin (foto: Gegliane Silva) Figura 29: Desenho das bordas Sítio Garbin (Desenho: Silvana Zuse) Figura 30: Borda direta inclinada externamente - (Desenhos: Silvana Zuse) Figura 31: Borda direta vertical (Desenho: Silvana Zuse)... 88

10 10 Figura 32: Bases selecionadas - Sitío Garbin (Foto: Gegliane Silva) Figura 33: Desenho base em pedestal (Desenho: Silvana Zuse) Figura 34: Peças selecionadas - Sitío Garbin (Foto: Gegliane Silva) Figura 35: Peças selecionadas - Sitío Garbin (Foto: Gegliane Silva) Figura 36: Peças selecionadas - Sitío Garbin (Foto: Gegliane Silva) Figura 37: Peças selecionadas Sítio Garbin (Foto: Gegliane Silva) Figura 38: Peças selecionadas Sítio Garbin (Foto: Gegliane Silva) Figura 39: Desenhos dos tratamentos plásticos (Francisco Freitas, Gegliane Silva, Silvana Zuse e Viviane Romano) Figura 40: Bordas Trincheira Sítio Garbin (Foto: Gegliane Silva) Figura 41: Desenho das bordas (Silvana Zuse) Figura 42: Desenho das bordas Trincheira (Silvana Zuse) Figura 43: Bases selecionadas Sítio Garbin Trincheira (Foto: Gegliane Silva) Figura 44: Desenho de base Sítio Garbin Trincheira (Silvana Zuse) Figura 45: Peças selecionadas Trincheira - Sítio Garbin (Foto: Gegliane Silva) Figura 46: Peças selecionadas Trincheira Sítio Garbin (Foto: Gegliane Silva) Figura 47: Desenho tratamento plástico Trincheira Sítio Garbin (Gegliane Silva, Silvana Zuse e Viviane Romano) LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: quantidade de fragmentos por nível unidade N981 E Gráfico 2: tipo de antiplástico unidade N981 E Gráfico 3: tipo de minerais unidade N981 E Gráfico 4: formas dos grãos de quartzo unidade N981 E Gráfico 5: Inclusão/tamanho dos grãos de quartzo unidade N981 E Gráfico 6: técnica de confecção unidade N981 E Gráfico 7: cor da superfície FE e FI unidade N981 E Gráfico 8: queima unidade N981 E Gráfico 9: acabamento de superfície (FE e FI) unidade N981 E Gráfico 10: espessura dos fragmentos unidade N981 E Gráfico 11: conservação unidade N981 E Gráfico 12: técnica de confecção/parte da vasilha por nível unidade N981 E Gráfico 13: tipo de antiplástico unidade N981 E Gráfico 14: tipo de minerais unidade N981 E Gráfico 15: formas dos grãos de quartzo unidade N981 E Gráfico 16: Inclusão/tamanho dos grãos de quartzo unidade N981 E Gráfico 17: acabamento de superfície unidade N981 E Gráfico 18: cor da superfície - unidade N981 E Gráfico 19: queima unidade N981 E Gráfico 20: conservação unidade N981 E Gráfico 21: parte da vasilha-técnica de confecção por nível unidade N960 E

11 11 Gráfico 22: tipo de antiplástico unidade N960 E Gráfico 23: tipo de minerais unidade N960 E Gráfico 24: inclusão/tamanho dos grãos de quartzo unidade N960 E Gráfico 25: forma dos grãos de quartzo unidade N960 E Gráfico 26: acabamento de superfície (FE e FI) unidade N960 E Gráfico 27: cor da superfície unidade N960 E Gráfico 28: queima unidade N960 E Gráfico 29: espessura unidade N960 E Gráfico 30: conservação unidade N960 E Gráfico 31: parte da vasilha-técnica de confecção por nível unidade N900 E Gráfico 32: tipo de antiplástico unidade N900 E Gráfico 33: tipos de minerais unidade N900 E Gráfico 34: formas dos grãos de quartzo unidade N900 E Gráfico 35: inclusão/tamanho dos grãos de quartzo unidade N900 E Gráfico 36: acabamento de superfície unidade N900 E Gráfico 37: cor da superfície unidade N900 E Gráfico 38: queima unidade N900 E Gráfico 39: espessura unidade N900 E Gráfico 40: conservação unidade N900 E LISTA DE TABELA Tabela 1: Datações do sítio Garbin fornecidas pela Scientia Consultoria Científica (Fonte: Zuse, 2014, p. 179)

12 12 Sumário RESUMO Panorama dos Principais Modelos de ocupações pré - coloniais da Região Amazônica Arqueologia do alto rio Madeira CAPÍTULO 2. CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GARBIN CAPÍTULO 3 ANÁLISE CERÂMICA DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GARBIN: ABORDAGEM TEÓRICA, MÉTODOS E TÉCNICAS Conceitos sobre o estudo da tecnologia Descrição dos atributos analisados CAPÍTULO 4 ANÁLISE DA CERÂMICA DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GARBIN Análise da cerâmica da Unidade N981 E Análise da cerâmica da unidade N981 E Análise da cerâmica da Unidade N960 E Análise da cerâmica da Unidade N900 E Comparação das análises do sítio Garbin Triagem da cerâmica do Sítio Garbin Triagem das cerâmicas das trincheiras CONCLUSÃO...97 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ANEXOS

13 13 INTRODUÇÃO No Estado de Rondônia as pesquisas arqueológicas vêm corroborando para um dos maiores potenciais arqueológicos do país, apresentando uma grande diversidade cultural existente nesta região. O sítio arqueológico Garbin foi identificado durante as pesquisas desenvolvidas pela Scientia Consultoria Cientifica no Projeto de Arqueologia Preventiva da UHE de Santo Antônio, no rio Madeira, no ano de Está localizado em um terraço fluvial, próximo á antiga cachoeira de Santo Antônio, na margem esquerda do rio Madeira. Foram encontrados materiais cerâmicos e líticos. Temos como objetivo analisar a cerâmica do sítio Garbin para entender a cadeia operatória de confecção dos artefatos cerâmicos de modo a perceber as continuidades e as mudanças na tecnologia cerâmica em diferentes áreas e períodos de ocupação. A análise dos materiais cerâmicos teve início no âmbito da minha pesquisa de iniciação científica no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC, na Universidade Federal de Rondônia UNIR, e teve continuidade nesta Monografia. No capítulo 1 apresentamos um breve panorama dos principais modelos de ocupações pré-coloniais da região Amazônica, bem como das pesquisas realizadas no alto rio Madeira. No capítulo 2, caracterizamos e localizamos a área de estudo, com sua vegetação, clima, delimitação do sítio, distribuição espacial dos vestígios arqueológicos, densidade de materiais no sítio, escavações e datações. No capítulo 3 serão apresentados os conceitos sobre o estudo da tecnologia e a descrição dos atributos analisados. No 4 capítulo apresentamos os resultados da análise do material cerâmico bem com da triagem do material estudado nesta pesquisa. E no capítulo 5 são as considerações finais do trabalho.

14 14 CAPÍTULO 1. ARQUEOLOGIA NA AMAZÔNIA E NO ALTO RIO MADEIRA 1.1. Panorama dos Principais Modelos de ocupações pré-coloniais da Região Amazônica Desde a década dos anos 40, arqueologia foi sendo rotulada ou contextualizada por conceitos evolucionistas e deterministas que persistiram por um bom tempo na arqueologia amazônica. Com publicação do Handbook of South American Indians, por Julian Steward (1948), que propôs organizar a diversidade culturais da América do Sul, classificando em quatros tipos culturais: Tribos Marginais, Povos Floresta Tropical, Povos do Circun-Caribe e Povos Andinos. Esta classificação foi guiada sob uma forte influência da Ecologia Cultural norte-americana e do determinismo ecológico, na qual as culturas eram classificadas de acordo com níveis de complexidade, modos de produção, organização sociopolítica e ecologia (FAUSTO, 2005). Para a região da floresta Amazônica foi estabelecida Cultura da Floresta Tropical. Este conceito foi definido a partir de alguns elementos que inclui o cultivo de tubérculos (Mandioca), navegações fluviais, usos de redes, cerâmicas e pelas ausências de alguns traços arquitetônicos e metalúrgicos (NEVES, ). De acordo com Neves ( ), Steward tinha uma visão do desenvolvimento dos grupos indígenas que habitavam a floresta tropical a partir de combinações de fatores adaptativos locais com influência externa do Circum-Caribe. Influenciado pelas ideias de Irving Rouse, Betty Meggers e Clifford Evans, passou a considerou os Andes como matriz cultural, que ao entrar na floresta a cultura teria regredido para Cultura de Floresta Tropical, devido ao baixo potencial agrícola da floresta tropical, situando assim a Amazônia em um contexto periférico na história pré-colonial da América do Sul. Meggers e Evans (1987), a fim de testar a hipótese de Steward, iniciaram suas pesquisas na região da Amazônia, onde formularam o primeiro modelo de desenvolvimento cultural na região, considerando a relação entre a cultura e o meio ambiente em termos de subsistência (GOMES, 2002). Meggers tinha uma visão da Amazônia como Inferno Verde, cuja pobreza em recursos naturais, limitaria o desenvolvimento dos grupos existentes, devido à baixa fertilidade do solo teria inibido o crescimento e o adensamento populacional (FAUSTO, 2005). De acordo com Meggers (1987, p. 30), a cultura sem um fornecimento concentrado e produtivo de alimento, não poderia atingir um nível mínimo de complexidade. Sendo assim a

15 15 floresta tropical teria sido ocupada por sociedades simples, igualitárias e de pequenos portes (FAUSTO, 2005). Na década de 1950, Betty Meggers e Clifford Evans escavaram em Marajó e evidenciaram no registro arqueológico indicativo de complexidade social, interpretando este correlato como oriundo de grupos vindos de fora, que apresentavam um padrão do tipo cacicado, mas devido à incapacidade do meio ambiente lhe imposto limites, este grupo teriam então decaído culturalmente, se transformado em padrão do tipo de Floresta Tropical (FAUSTO, 2005; GOMES, 2002). Meggers (1987) salienta as diferenças entre a terra firme e a várzea. Segundo a autora, na terra firme se encontraria em menor quantidade de suprimento alimentar. Essa deficiência e devido aos fatores: como infertilidade do solo (idade do solo), altas temperaturas, a umidade e a baixa concentração de alimentos vegetais e animais que dificultaria a adaptação dos grupos humanos; e a várzea seria um ambiente complexo e heterogêneo, devido ao fato que suas águas carregam grandes quantidades de nutrientes importantes oriundos dos Andes, que espalhar-se de forma irregular pela várzea ocasionada pela cheia do rio, além de oferecer uma grande quantidade de recursos alimentícios, bem como também o uso da terra para agricultura sem danificar o solo, já que a fertilidade do solo é renovada anualmente. Entretanto a susceptibilidade da cheia do rio poderia ocasionar uma diminuição dos recursos alimentares, criando uma condição desfavorável aos grupos que dependem destes recursos para sua subsistência. Segundo Meggers a adaptação a este ambiente está ligada a estabilidade de armazenar os recursos em quantidade muito baixa de modo que esta situação limitou o tamanho da população. Em contrapartida a esta visão determinista ambiental estudos realizados pela corrente da Ecologia Histórica vêm demonstrando que a região amazônica possui condições necessárias para sustentar grandes grupos por longos períodos em uma mesma área, manejando, domesticando e transformando o ambiente em que vivem, originando nas terras pretas evidenciadas nos sítios arqueológicos (SMITH, 1980; BALÉE, 2008). De acordo com Neves ( ) esta corrente mostra que Amazônia não oferece limites contra o crescimento demográfico ou a emergência da complexidade social, mas que ela é um produto da ação humana e não uma variável externa totalmente independente. Donald Lathrap, não partilhava o mesmo ponto de vista dos pesquisadores evolucionista e determinista ambiental, para este autor o conceito de Floresta Tropical deveria ser definido a partir de elementos culturais comuns e não como um estágio de evolução cultural. Para o autor este conceito caracterizar-se pelo cultivo intensivo de tubérculos,

16 16 principalmente a mandioca, com o aproveitamento máximo dos recursos alimentícios aquáticos e da caça terrestre como secundário (LATHRAP, 1970). Para Lathrap, a Floresta Amazônica não teria elementos que limitaria o desenvolvimento cultural, pelo contrário, nela teria surgido grandes eventos importantes como a emergência da agricultura e o aparecimento da cerâmica nas Américas (GOMES, 2002). O autor acreditava que a Amazônia Central era um grande polo de desenvolvimento cultural, e elaborou um modelo denominado de Modelo Cardíaco, que se baseava na combinação de um ambiente rico e ao mesmo tempo restrito, bombeando populações e cultura para outras áreas. Para o autor a várzea era um lugar fértil e criativo que devido ao grande aumento populacional ocorrido pela abundância de recurso teria provocado competição e guerra, obrigando parte das populações a migrar para outras áreas (FAUSTO, 2005). Além da Amazônia Central ter sido uma região de grande dinâmica populacional, seria também o centro de origem de duas famílias linguísticas importantes: Aruak e Tupi. De acordo com Lathrap (1970, p. 75) a bacia do Alto Amazonas apresenta maior diversidade linguística da América do Sul, caracterizada pela variedade de línguas distintas. O centro de origem e dispersão do Tronco Tupi vem sendo debatido desde 1838 até o presente. Diversos pesquisadores das áreas de arqueologia, etnologia e linguística propuseram os possíveis locais de origens e difusões destes grupos. Hipóteses anteriores à publicação de Handbook of South American Indians (1950), eram baseadas em dados etnográficos e históricos que não davam subsídios consistentes para determinar a origem e a expansão da língua Tupi, como os dados arqueológicos e linguísticos. As suposições eram fundamentadas teoricamente a partir do degeneracionismo, determinismos raciais e geográficos e até evolucionista (NOELLI, 1996). A partir da publicação de Handbook of South American Indians os dados arqueológicos passaram a ser interpretados a partir do determinismo ecológico e do difusionismo introduzindo métodos da linguista histórica (NOELLI, 1996), que eram o pensamento da antropologia na época. Segundo Lathrap (1970), o centro de dispersão da língua Tupi seria na Amazônia Central, que devido à pressão demográfica de tais grupos, eles foram forçados a migrar, subindo os rios: Madeira, Guaporé e Xingu. Instalaram-se contra as escarpas dos chapadões do planalto central brasileiro. Entretanto, estudos de glotocronologia sugeriram que a separação da família Tupi Guarani teria começado há anos, isto é 500 a.c e não recentemente como sugeriu Lathrap (BROCHADO,1989). José Brochado, quando participava do PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas), concordava com Meggers

17 17 de uma origem extra-continental e andina como o centro de dispersão deste grupo, mas após iniciar seu doutorado ele mudou seu aporte teórico compartilhando as ideias de Lathrap (1970). Neste período Brochado propõe um novo modelo de dispersão da língua Tupi tendo como o centro de origem o sudoeste da Amazônia. Este modelo foi baseado em dados arqueológicos e linguísticos consistentes, diferentemente do modelo de Meggers que não possuía nenhum dado empírico demonstrável apenas se baseava em opiniões de pesquisadores que lhe seguia (NOELLI, 2008). Para Brochado (1989) a dispersão foi resultado de extensas migrações dos grupos falantes da língua Tupi, visto que alguns destes grupos ainda se mantiveram em movimentos, como os Tupinambás e o Guarani Mybiá. De acordo com Brochado (1989), os Tupinambás e os Guaranis não vieram das mesmas ondas migratórias, mas sim por caminhos distintos: Os tupinambás teriam descido ao longo à costa atlântica, a partir da desembocadura do Amazonas enquanto os Guarani teria ocupado sistema fluvial Paraná-Paraguai- Uruguai descendo ao médio Amazonas ao longo do Madeira e do Guaporé. Segundo Rodrigues (1964) o centro de difusão do Proto-Tupi estaria na área entre os rios Guaporé e Ji-Paraná no estado de Rondônia, devido ao fato de que das dez famílias linguísticas, seis se concentram nesta região. Esta hipótese é a mais aceita pelos linguístas. Pensando em cultura material, Brochado (1989) aponta que a subtradição Guarita teria se formado a partir das cerâmicas Barrancóides, e a subtradição Miracanguera seria pertencente aos Tupinambás cujo apogeu se deu na Ilha do Marajó com a cerâmica denominada Marajoara. Na qual a cerâmica Guarita seria muito mais simples do que a cerâmica Miracanguera. Tanto Lathrap como Brochado acreditavam que a cerâmica da Tradição Polícroma da Amazônia (TPA) era mais antiga na Amazônia Central e que este correlato estaria associado ao grupo falante da língua Tupi. Entretanto, estudo realizado no baixo e médio rio Negro aponta que a cerâmica da Tradição Polícroma da Amazônia (Guarita) encontrada nesta região não e muito mais antiga que na Amazônia Central e não menos sofisticada ou diversificada que a Subtradição Miracanguera, apresentando urnas antropomorfas e formas sofisticadas, não havendo evidências histórica e etnográfica da associação desta subtradição aos grupos da língua Tupi (HECKENBERGER et al, 1998). Segundo Moraes e Neves (2012), a fase Guarita e complexos semelhantes tem uma ampla distribuição pela Amazônia ocidental, são encontradas desde o médio rio Madeira e baixo rio Amazonas, entre os estados do Amazonas e Pará até o rio Napo no Equador, sendo

18 18 que as datas mais antigas para esta fase é de 900 D.C no sítio Açutuba, na margem direita do rio Negro em Iranduba/AM. De acordo com estes autores, a expansão deste grupo se deu muito rápido devido fato que os estratos destas ocupações estarem sempre na superfície e que após a ocupação este grupo ainda mantiveram contatos, pois os padrões formais e decorativos da cerâmica tinham códigos impressos na forma de decoração que era compartilhado por grupos que habitavam o médio do rio Madeira até a região do rio Napo e no Equador. Entretanto, como vem demonstrando os dados arqueológicos obtidos nesta área do alto rio Madeira os Tupi não estavam sozinhos, estariam presentes também os grupos Aruak associados á cerâmica Barrancóide. Os trabalhos feitos na região do rio Madeira vêm identificando características e contextos associados aos grupos Aruak (ALMEIDA, 2013, ZUSE, 2014). Assim como os grupos falantes da língua Tupi, Lathrap apontou seus estudos para a região da Amazônia Central como a terra natal dos povos Aruak, especificamente no baixo rio Negro, correlacionado á Tradição Borda Incisa ou Barrancóide. Seu aluno de doutorado José Oliver se dedicou a estudar os grupos Aruak na década 80, onde propôs que os protoaruak teriam ocupado a Amazônia Central por volta de anos a.p (NEVES, 2000). No entanto não há um consenso sobre a origem de dispersão do grupo linguístico Aruak/Maipure (URBAN, 1992). De acordo com autor a diáspora Aruak teria ocorrido por volta de 3 mil anos a.p ou mais, na qual o principal curso do rio Amazonas não teria sido a rota principal, mas provavelmente as periferias das bacias Amazônica, partindo da área peruana e mais tarde a região das terras baixas Amazônica. Para Heckenberger (2001) umas das áreas para as quais se expandiram estaria localizado no noroeste amazônico, a partir de uma antiga migração ou de umas séries de migrações para região do alto Madeira espalhando-se para oeste (Acre e Peru), para sul (terras baixas bolivianas) e para leste (Alto Xingu). A Tradição Barrancóide teria uma ampla distribuição na América do sul e Caribe. Sendo definida por Cruxente e Rouse (1958); Osgood e Howard (1943); Sanoja e Vargas (1969, 1978) a partir dos estudos realizados no Baixo Orenoco na Venezuela, nos sítios Barrancas e Saladero. Esta tradição abrange outras partes da América do Sul, como nas bacias do Amazonas, na Guiana francesa e na Amazônia boliviana (OLIVER, 2013). Esta Tradição cerâmica apresenta características como bordas largas, com topo achatado, sendo que a superfície das bordas apresentam decorações com incisões e em alguns casos pinturas ou engobo vermelho na face interna e externa de alguns vasos. Na Amazônia Central a tradição Barrancóide é representada pelas fases Manacapuru, Paredão e Açutuba

19 19 (LIMA; NEVES, 2011). Foi identificada pela primeira por volta de 700 a 800 A.C na planície alagada do Baixo Orenoco (PORTOCARRERO, 2006). Alguns dos fatores culturais que caracterizam esse tronco linguístico seriam os assentamentos com grandes aldeias circulares com caminhos interligados; Sedentarismo e a presença de uma agricultura intensiva baseada no cultivo de mandioca e possivelmente de milho e também dos recursos aquáticos; Regionalidade, interação sociopolítica apoiada em ideologias e culturas comum, através de uma rede de trocas rituais, da interdependência cerimonial e de padrões difusos de sociabilidade e a interação entre as comunidades. Eram grupos que tinham uma ideologia não ofensiva, pelo contrário, eram acolhedores, absorvendo tanto traços como pessoas de outros grupos. Outra característica presente neste grupo seria a hierarquia baseada no poder centralizado, que se-dá com base em diferenças de idade e de gênero (HECKENBERG, 2001). A expansão dos povos Aruak não ocorreu de forma amigável pelo contrário houve períodos de conflitos quem podem ser observados no registro arqueológico através da construção de valetas e paliçadas. Segundo Heckenberg (2001), estas estruturas tinham como função defensiva. Estas estruturas são encontradas no baixo rio Madeira, nos sítios arqueológicos Borba e Vila Gomes (MORAES, 2013) e no Amazonas no sítio arqueológico Açutuba (NEVES, 2008). Entretanto outras estruturas foram associadas a este grupo, como a construção de montículos que poderiam ser tanto para habitação no caso do sítio arqueológico Antônio Galo, na Amazônia Central, no qual os montículos se encontram disposto em formato anelar (MORAES, 2013) ou em contexto funerário, como no sítio arqueológico Hatahara, na Amazônia Central associada à fase Paredão (PY-DANIEL, 2010). Ao longo das margens do Amazonas e dos baixos cursos de seus tributários foi denominada a Tradição Pocó-Açutuba, tem uma ampla distribuição pela Amazônia, se espalhando de oeste para leste, desde a foz do Japurá até Santarém, e, de norte a sul, o baixo rio Branco até a região de Manaus. Esta tradição e caracterizado por uma cerâmica por uma pasta diversificada com antiplástico caraipé e cauixí ou combinado no mesmo vaso. As formas são complexas: vasilhames carenados, vasos com gargalos, as flanges labiais e mesiais sendo esta ultima com pinturas, expansões e apliques modelados zoomorfo que geralmente eram aplicados nas flanges labiais ou diretamente nas paredes do vasos. Destaca-se as representações mais naturalistas como onças, morcegos, jabutis, sapos e figuras duais. Em relação às características decorativas destaca-se a policromia com uso dos tons do preto, amarelo, laranja, vermelho, cor-de-vinho e o branco que geralmente usado como engobo, bem como a presença frequente do engobo vermelho. Os motivos eram geométricos como

20 20 retângulos, quadrados, círculos, faixas e linhas com a formação de padrões gráficos complexos. A decoração plástica destaca as incisões (em linhas retas e curvas como as volutas), modelados, excisões, ponteado e escovados, assim como o uso de outras técnicas menos usadas como a raspagem, tracejado e o corrugado (NEVES et al, 2014). De acordo com Neves et al (2014) as cerâmicas Pocó-Açutuba não tem semelhança formal ou estilística com complexos mais antigos da Amazônia, ou anterior a data de 1200 BC o que pode indicar que as ocupações Pocó-Açutuba tiveram uma origem externa que começou a se estabelecer em diferentes partes da bacia Amazônia na transição do segundo para o primeiro milênio AC, possuindo um repertório amplo decorativo; Estas ocupações representaria os primeiros sinais de ocupações humana após longos hiatos no Holoceno médio, ocupando áreas ao longo dos grandes rios ou lagos; presença de feições com concentrações de cerâmicas; associação com a formação inicial de terras pretas, como indicador de modos de vida sedentários. Por possuir amplitude geográfica e de tais características citada permitiu que as ocupações Pocó-Açutuba, sejam tratadas como uma Tradição distinta, diferente da Tradição Borda Incisa; Segundo o autor os produtores da cerâmica Pocó-Açutuba eram grupos que exploravam e manejavam a Amazônia com uma tecnologia (modelado) ao que parece nova para a época. Essa tecnologia espalhou-se por uma grande área, ocupando locais anteriormente vazios ou habitados por grupos distintos, que até o momento não se tem evidencias de conflitos com as ocupações Pocó-Açutuba, o que sugeri um tipo de relação horizontal nos casos de grupos que já habitavam anteriormente essas áreas, permitindo a incorporação desses povos por relações de comércio ou casamentos como e possível vê atualmente em áreas com presença de grupos Arawak. Esta inovação conceitual e tecnológica trazida por esses antigos grupos colonizadores, certamente deu um novo significado em alguns dos complexos cerâmicos.

21 Arqueologia do alto rio Madeira As primeiras pesquisas arqueológicas realizada no estado de Rondônia iniciaram na década de 70 e 80, no contexto do PRONAPABA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas na Bacia Amazônica), pelo arqueólogo Eurico Miller. Suas interpretações para o registro arqueológico eram feitas a partir de uma perspectiva histórico-culturalista (MONGELÓ, 2015), criando diversas fases e tradições e formulando as primeiras hipóteses de ocupação na região (ZUSE, 2014). Miller (1992) identificou ocupações pré-ceramistas ao longo do alto rio Madeira, bem como no seu afluente da margem direita, o rio Jamari. No rio Jamari foram identificadas os complexos: Itapipoca, Pacatuba e Massangana. No alto rio Madeira caracterizado pelos complexos Periquitos e Girau. (Miller et al, 1992; Miller 1983) No rio Jamari o Complexo Itapipoca é atribuído pelas datas entre ± 100 a ±60 A.P. Este complexo apresenta artefatos líticos dos tipos raspadores laterais e terminais, percutores com evidências de uso, lascas com ou sem retoque e núcleos esgotados. Sendo que os percutores e as lascas são trabalhados em quartzito e sílex (MILLER, 1992). O complexo Pacatuba está acima do complexo Itapipoca, datado entre ± 130 a ± 70 A.P. Portadores de uma indústria lítica de lascas e micro lascas em quartzo, percutores e calhaus de quartzito e sílex, bigornas, núcleos sendo que no final da sequência ocorrem polidores e lâminas de machados lascados bifacialmente. Sobre estes complexos ocorrem o Complexo Massangana datado entre ± 90 e ± 60 a.p, caracterizado como a primeira etapa do período Formativo, com material lítico associado ao solo de terra preta antropogênica, dando início a prática de agricultura incipiente e a domesticação de plantas (Palmeira Urucurí) em pleno Óptimum Climático. São encontrados neste complexo artefato líticos como micro lascas e lascas em quartzo, nódulos de hematita, bolotas de argila sem tempero, pequenas mós, mãos de pilão e blocos de afiadores de machado, raros raspadores pequenos (MILLER, 1999, 1999a). Já no alto rio Madeira ao longo da sua calha localiza-se o Complexo Cultural Periquito, datado em anos a.p., e caracterizado por uma indústria lítica de percutores com evidências de uso, lascas e um biface lanceolado ou pré-forma em quartzo, sílex e outras rochas bastante alteradas. De acordo com Miller (1992) foram evidenciados neste complexo resto de esqueletos paleoindígenas (crâneos) e de mandíbulas, materiais estes que foram resgatados por mergulhadores de garimpos e pelas peneiras das balsas.

22 22 O Complexo Girau e evidenciado em cinco sítios arqueológico no rio Madeira (Teotônio, Pederneira 2, Paredão, Girau, Periquitos) e um sítio no rio Mamoré (Ribeirão). Apresenta material lítico lascado em solo não antropogênico (MONGELÓ, 2015). Este complexo é caracterizado por lascas, percutores, núcleos e possíveis raspadores em quartzo, sílex e rochas graníticas alteradas. Cronologicamente se situam no Holoceno Médio (MILLER, 1999a). Mongeló (2015) buscou levantar novos dados do sítio Teotônio, de forma entender os processos de transformação socioeconômica a partir das mudanças tecnológicas dos artefatos dos grupos que ocuparam este sítio. O autor acredita que o sítio Teotônio teria dois conjuntos artefatuais que corresponderia ao período Formativo, a Fase Massangana e a Tradição Pocó/Açutuba. Estes dois conjuntos seriam representativos de um mesmo processo, com características mais complexas e com intensidades distintas: num primeiro momento teria formado a Terra Preta, no Holoceno Médio, posteriormente teria surgido à cerâmica como elemento agregador a este processo. Segundo Mongeló (2015), é possível afirmar que o sítio Teotônio teria uma ocupação que vai desde AP até os dias de hoje, englobando diferentes formas de relações sociais que deixaram registradas através da cultura material, e que o inicio destas ocupações seria durante no Holoceno Inicial pelos Complexos Girau e que a partir do Holoceno Médio estes grupos teriam iniciado o processo de formação da terra preta (Fase Massangana), utilizavam uma indústria expedita de lascas de quartzo, que priorizava os simples gumes retocados. Para Mongeló (2015) o surgimento da Fase Jamari e a Fase Jatuarana teriam aumentado as manchas de Terra Preta sobre o platô e que o sítio Teotônio apresenta um contexto diferenciado, caracterizado por populações pré-ceramistas e com umas das datações mais antigas (na base AP e no topo AP) para um sítio a céu aberto nas Terras Baixas da América do Sul. Já em relação ao contexto ceramista nesta região do alto rio Madeira. Miller estabeleceu a subtradição Jatuarana por volta entre 2.730±75 a.p e 2.340±90 a.p. Esta cultura ceramista ocupou desde a confluência do rio Marmelos a jusante, até as primeiras cachoeiras e corredeiras a montante. Foram identificados mais de 32 sítios habitação, vários sítios oficinas e um sítio cemitério. Os sítios habitação apresentam terra preta em uma profundidade de até 210 cm, com formas elipsoides a retangulares e a presença dos pés de Attalea excelsa Mart.(urucurí) e Pyrenoglyphis marajá (marajá). Segundo o autor as terras pretas antropogênicas eram resultantes de constantes reocupações continuas (MILLER, 1992). De

23 23 acordo com ele, os sítios habitações maiores e mais complexos seriam RO-JP-01: Teotônio e RO-JP-03: Porto Seguro atualmente conhecido como Santa Paula, ambos os sítios situados na Cachoeira de Teotônio, e RO-PV-19: Igapó-1 localizado na margem direita e a jusante da Cachoeira de Santo Antônio, devido ao fato de estarem localizados em lugares estratégicos (cachoeiras), que criaria uma barreira intransponível para captura de recursos aquáticos (cardumes de peixes no período da piracema e de tartarugas nas estiagens). De acordo com Miller (1992, p. 223) as vasilhas da subtradição Jatuarana apresentam: Pasta pouco arenosa, com temperos de cariapé e carvão, cariapé, cariapé e cauixí, caiuxí e areia fina, com espessura de fina a mediana e regular, a pasta e compacta porosa e leve. O tratamento de superfície e bem elaborado e esmerado, variando desde o alisado, polido, brunido e envernizado (resina de jatobá). Sobre a morfologia dos vasilhames Miller (1992, p. 223) afirmar que: Variam de tigelas simples circular como até complexamente curvilíneas, rasas a profundas, com contornos simples a composto entre 10 e 36 cm de diâmetro, com bordas introvertidas, diretas, extrovertidas e dobradas tipo pratos, raros assadores de 30 a 45 cm de diâmetros e urnas funerárias antropomórficas de até 69 cm de altura, com pescoço leve e fortemente constrito, bordas expandidas e introvertidas vertical, diretas e extrovertidas; lábios arredondados, planos, apontados e mistos; base plana, arredondadas, anelar e em pedestal. Segundo Miller (1992, p. 223) a decoração apresenta: Técnicas de exciso raspado, inciso dupla linha e outros, ponteados, ponteados arrastados, ungulados, pinçados, serrungulados, acanalados finos, estampado, carimbado que pode estar isolados ou combinados entre si, com ou sem engobo, monocromia, policromia associados ou não a apliques zoomórficos, antropomórficos, flanges, alças, asas e outros artifícios, compreende monocrômias simples em positivo ou negativo sobre engobo vermelho, policromias sobre engobo branco ou não com cores que variam do preto, sépia escuro, marrom, magenta, vermelho, laranja, amarelo e creme podendo estar combinadas, misturadas ou associadas ou não com decoração plástica. Os motivos em linhas, faixas e campos curvilíneos, geométricos, zoo e antropomórficos. Sendo que os tipos retocados compreendem o inciso, exciso raspado e acanalado fino, retocados ou preenchidos com branco, amarelo, laranja e vermelho. Miller (1992) detectou mudanças significativas que ocorreram ao longo do tempo como: maior popularidade das técnicas plásticas no início das sequências e maior popularidade das técnicas crômicas no final, bem como o aumento da popularidade das urnas funerárias antropomórficas, e a maior presença das flanges e do acanalado da subtradição Guarita na sequência inferior sendo substituído pelo acanalado fino na sequência medianasuperior (MILLER, 1992). Atualmente existe outra definição da subtradição Jatuarana, realizada por Almeida (2013), Zuse (2014) e Pessoa (2015) que caracterizar a cerâmica da Tradição Polícroma no rio Madeira. A cerâmica da Associação Calderita apresentou predomínio do caraipé (90%).

24 24 Destaca a grande presença de engobo vermelho, bem como também de fuligem e poucos fragmentos com pinturas (15%), pintadas em vermelho, branco ou combinações de ambos. Em relação o tratamento plástico apenas 4 fragmentos identificaram incisões. A cerâmica do sítio Itapirema prevaleceu o cauixí (85%). Dentre os tratamentos de superfície destaca a presença de barbotina (10%) e o esfumarado (9%) na face externa. A cerâmica deste sítio seria a mais elaborada em relação à forma e a decoração, sendo que cerca de (30%) das bordas com reforço, presença de bordas extrovertida com ponto angular, raras bordas recortadas, o predomínio dos lábios arredondados (53%) e planos (32%). As bases destacamse as planas e as côncavas; Os tratamentos plásticos predominaram incisões finas ou largas (acanalados), um digitado e um filete aplicado; A decoração pintada consistir do vermelho e branco com predomínio do vermelho; Evidenciou-se uma peça modelada de uma provável representação de uma cabeça zoomórfica com incisões e pintura branca e vermelha (ALMEIDA, 2013). Zuse (2014) identificou uma grande variabilidade nas formas e decorações das vasilhas da Tradição Polícroma, sendo que nos sítios Morros dos Macacos I e Boa Vista ocorrem pinturas pretas e brancas, nos sítios Ilha de Santo Antônio, Vista Alegre e Coração pinturas vermelhas e brancas; Já nos sítios a jusante e frequente os traços largos, sendo que no sítio Coração os traços são finos; Os tratamentos plásticos nos sítios (Morro dos Macacos I, Boa Vista, Vista Alegre) destaca o uso recorrente das incisões em motivos complexos sobre as pinturas brancas enquanto em outros sítios (Novo Engenho Velho) a presença dos acanalados e aplique. Em relação às formas predomina as infletidas nos sítios a jusante, e as compostas prevalecer no sítio Coração. Pessoa (2014) mostrou que alguns atributos pertencentes ao sítio Ilha de Santo Antônio como o antiplástico de cariapé, queima oxidante e redutora, alisamento fino se mantiveram ao longo do tempo. Entretanto em relação aos acabamentos de superfícies por níveis foi possível perceber uma mudança ao longo do tempo, presença maior de engobo nos níveis superficiais e de tratamentos plásticos nos níveis profundos, sendo que os poucos que ocorre de tratamentos plásticos nos níveis superficiais são de roletados. De acordo com autor essa mudança se deu através da transição da cerâmica Barrancóide para a Polícroma, de forma gradativa mantendo alguns aspectos tecnológicos por volta do século X DC na Ilha de Santo Antônio. Almeida (2013) em sua tese de doutorado pesquisou a região do alto rio Madeira, estudou cinco sítios arqueológicos (Associação Calderita datado em 980±40 e Itapirema 540±40 AP; Jacarezinho entre 980±40 e 660±40 AP; Nova Vida 1.790±60 AP; e o Teotônio

25 25 com duas datas entre 1.550±30 e 1.250±30 AP) localizados na região do baixo curso do rio Jamari e do alto rio Madeira. O autor chama atenção para a falta de sítios arqueológicos na área entre os rios Candeias e Jamari devido o baixo contingente populacional nesse trecho, na qual foi denominado de zona tampão entre os grupos do médio Jamari (Tradição Jamari) e os grupos do alto Madeira (Subtradição Jatuarana). Ele também evidenciou diferenças nos materiais entre o médio-baixo Jamari e o médio-alto Jamari que podem representar dois grupos da família Tupi-arikém (Arikém e os Karatiana). A partir das análises da cerâmica foi possível inferir que o sítio Associação Calderita e Itapirema pertence á Tradição Policroma Amazônica e consequentemente a Subtradição Jatuarana, o sítio Jacarezinho a tradição Jamari, e o sítio Nova Vida que não foi possível associar a nenhuma tradição arqueológica. O sitio Teotônio foi caracterizado pelo autor a partir dos conceitos de lugar significativo e lugar persistente. Lugar significativo por se localizar uma área de fronteira ou divisor cultural, separando os grupos da Tradição Jamari e Jatuarana, na região do médio e baixo Jamari e um lugar persistente pela abundância de recursos aquáticos (pescas). O sitio Teotônio foi identificada uma ocupação pré-cerâmica com sedimento escuro com presença de material lítico (unidade N10001 E 10003), com uma data de 700 d.c.. O autor sugere que data de 700 a.c realizada por Miller seria de uma camada pré-cerâmica em terra preta, e não a uma ocupação polícroma, como Miller havia definido. Também foi identificada uma outra cerâmica mais antiga sem decorações pintadas, com decorações plásticas rústicas com antiplástico mineral, datada em 400 d.c., o que aponta que no sítio Teotônio teve duas ocupações de grupos cerâmicos e não apenas uma subtradição. Almeida (2013) vê semelhança desta cerâmica antiga do sítio Teotônio ao contexto do sítio Nova Vida em relação à decoração, espessura das paredes dos fragmentos e a ausência de formas, bem como nas datas que ambos os sítios são razoavelmente próximas (contexto antigo 400 d.c. e sítio Nova vida 200 d.c), se tratando de uma antiga ocupação do alto Madeira que foi substituída pela chegada dos grupos portadores da cerâmica polícroma, entretanto seria apenas uma hipótese a ser testada. Autor dialogar com os dados de Zuse (2011) onde a pesquisadora evidenciou contextos mais antigos no sitio Morros dos Macacos I, como também diversos elementos decorativos que estariam presentes em outros sítios da região (Veneza, Ilha de Santo Antônio e o Garbin). De acordo com Almeida (2013) a região do alto rio Madeira e uma área chave para a compreensão da história dos grupos indígenas do sudoeste da Amazônia, autor apresenta duas propostas interpretativas para a história pré-colonial dos grupos ceramistas do alto Madeira. A

26 26 primeira é que o sítio Teotônio, por estar em um lugar estratégico (cachoeira) seria um núcleo, ou um entroncamento, na rede de caminhos aquáticos e terrestres amazônicos, que era realizado trocas comerciais, rituais festivos de iniciação, trocas de mulheres, alianças políticas ou simples festanças com bebidas para facilitar futuras negociações. Neste, a presença de determinados elementos estilísticos exógenos seria explicado pelo contato e troca verbal entre as oleiras de grupos distintos durante alguns eventos no sítio (ALMEIDA, 2013, p. 298). De acordo com a segunda hipótese, a grande diversidade estilística do sítio seria devido à imensa variabilidade vinda de fora por parte de um dos grupos que ocuparam o sitio, do que pelas trocas em redes de comércio, onde estes elementos encontrados na cerâmica eram difundidos principalmente para fora do núcleo. De acordo com essa hipótese explicaria o aparecimento da Tradição Polícroma no alto Madeira: Grupos autóctones (Aruak) de estilo alóctone (Tradição Póco) teria subido o rio e estaria no principal entroncamento da rede de contatos do alto rio Madeira, os grupos falantes do tronco Tupi na qual teria encontrado este grupo disposto a explorar relações de trocas (simbólica e econômica) que teria originado a primeira cerâmica polícroma da Amazônia, este grupo teria descido o rio com uma relação mais predatória (ALMEIDA, 2013, p. 310). Zuse (2014) pesquisou o alto curso do rio Madeira, entre a cachoeira de Santo Antônio e a foz do rio Jaciparaná, na qual a autora estudou a variabilidade cerâmica de quatorze sítios arqueológicos, com o intuito de caracterizar as ocupações indígenas da região a partir da análise comparativa, identificando cinco conjuntos tecnológicos, que de acordo com a autora, representam diferentes identidades sociais e culturais. O primeiro conjunto tecnológico é caracterizado pelas ocupações ceramistas mais antigas, datada entre e anos atrás, podendo ser ainda mais antigas. Estas cerâmicas foram identificada nos sítios Vista Alegre, Foz do Jatuarana, Boa Vista, Santa Paula, Teotônio, Veneza e Garbin. Esta cerâmica é caracterizada pela uma pasta com baixa inclusão de quartzo, com antiplástico caraipé e carvão; queima reduzida; a superfície alisada com aplicação de barbotina e do engobo vermelho, laranja, vinho e branco, bem como pinturas feitas no lábio ou na face externa das vasilhas associada algumas vezes a incisões. Tratamentos plásticos apresentam uma grande diversidade, com predomínio das incisões, como também o escovado, acanalado, ungulado, exciso (associado ou não com inciso), raros modelados e apliques zoomorfos; ocorrem incisões duplas paralelas feitas no lábio, flange ou nas bordas expandidas. As morfologias das vasilhas variam de boca circular a não circular, presença de flange labial e mesial, com bordas de diferentes inclinações, espessamentos e formas dos lábios; ocorrem vasilhas com pescoço, rasas com a borda bastante inclinada

27 27 (pratos) e a presença de vasilhas com pontos angulares próximos a bordas. As bases predominam convexas côncavas, sendo que algumas vasilhas ocorrem plano-côncavas com reforço na junção com o corpo da vasilha.. Por apresentar características tecnológicas e contextuais semelhantes este conjunto está associado aos complexos cerâmico Pocó e Açutuba (ZUSE, 2014). O segundo conjunto foi localizado um pouco mais afastados das cachoeiras de Santo Antônio e Teotônio, sendo identificado nos sítios Morros dos Macacos I, Vista Alegre e Foz do Jatuarana. Esta cerâmica foi definida por uma pasta com alta inclusão de elementos minerais, com uma queima oxidante. As superfícies das vasilhas são polidas a bem alisadas, com ausência de engobo e pinturas. Entre os tratamentos plásticos, ocorrem incisos, modelados e ponteados, localizados na parte superior das vasilhas, sendo que as incisões são mais largas e com as sessões côncavas, diferente da cerâmica mais antiga. Os motivos apresentam menor variedade, com predomínio das linhas circulares e horizontais e com os modelados abstratos. Algumas vasilhas apresentam flanges labiais ou bordas expandidas; bordas diretas inclinadas externamente e ausência de ângulos nas paredes (ZUSE, 2014, p ). O terceiro conjunto tecnológico está próximo às cachoeiras de Santo Antônio e Teotônio, nos níveis superiores dos sítios Ilha de Santo Antônio, Santa Paula e Brejo; bem como nos níveis inferior dos sítios a montante Ilhas São Francisco, do Japó e das Cobras, entre as cachoeiras do Teotônio e Morrinhos. Este conjunto é caracterizado por ocupações portadoras da cerâmica Barrancóide, datada entre e 700 AP. Esta cerâmica apresenta uma pasta com baixa inclusão de elementos minerais e queima reduzida. As superfícies das vasilhas são bem alisadas, polidas e brunidas, presença de barbotina e engobo vermelho, raros fragmentos com pinturas. Os tratamentos plásticos são as incisões, algumas vezes junto ao modelados e apliques, inciso e ponteado, roletado (na borda) e modelado (lábio com bicos ou ondulações). A espessura das paredes á fina, variando entre 6 e 10 mm, ausência de carenas, mas são frequentes as inflexões (pescoço e bojo). Predomina as bordas contraídas e com bastantes lábios com acabamento irregular (partes planas e partes arredondadas). As bases prevalecem convexas-côncavas e as anelares; ocorre presença de asas e alças com também a reciclagem de fragmentos cerâmicos (possíveis adornos e fusos). Ocorrem bolotas de argilas, lâminas e adornos polidos. Todos esses materiais de ocorrem junto ao denso pacote de terra preta (ZUSE, 2014, p ). O quarto conjunto tecnológico foi identificado nos níveis superiores dos sítios Ilha São Francisco, Ilha das Cobras, Ilha do Japó e Ilha Dionísio, não possuindo datação. Ocorre uma

28 28 cerâmica com a pasta com predomínio de cauixí, além do cariapé e do mineral ocorrem isolados, queima oxidante, baixa presença de decorações plásticas e pintadas; ocorrem fragmentos mais espessos, bordas com espessamento linear e expandida e a presença de trempes, gravuras rupestres, feições de polimentos e possível contexto funerário no sítio Ilha Dionísio (ZUSE, 2014). Segundo a autora, a cerâmica encontrada esporadicamente nos sítios a jusante seriam resultante de trocas com os grupos da montante. De acordo com a autora foi possível identificar semelhanças destes contextos a fase Paredão da Amazônia Central, Axinim do baixo Madeira e a tradição Descalvados no Pantanal de Cáceres, entretanto a falta de datação e o tamanho das amostras analisadas nos sítios do alto rio Madeira não é possível associar a nenhuma destas tradição. O quinto conjunto tecnológico está associado aos portadores da Tradição Polícroma da Amazônia, identificado nos setor 3 do sítio Boa Vista, nos sítios Morros dos Macacos I e Coração e nos níveis superficiais dos sítios Vista Alegre, Ilha de Santo Antônio e Santa Paula. A cerâmica deste conjunto é caracterizada com adição de cariapé na pasta, superfície bem alisada e polida, ocorre pintura vermelha e branca ou preta e branca na face externa, presença incisões finas sobre a pintura branca em motivos complexos. Apresenta formas infletidas, compostas ou complexas; bases predominam convexas côncavas e lábios arredondados, planos ou biselados. Autora chama atenção para a difícil identificação das ocupações da Tradição Polícroma da Amazônia próxima às cachoeiras em razão da mistura dos fragmentos cerâmico com pinturas com os fragmentos da cerâmica Barrancóide (ZUSE, 2014). Segundo Zuse (2014) as cerâmicas antigas dos sítios entre as cachoeiras (Santo Antônio e Teotônio) pode esta relacionada à presença dos povos de matriz cultural Arawak na região, em um período mais antigo ( AP), sendo que as ocupações destes povos estariam bastante consolidadas em AP., estabelecendo redes de trocas de objetos, conhecimentos e pessoas com os grupos das cachoeiras a montante (Ilhas Dionísio, do Japó, das Cobras e São Francisco), quando estas passaram a ser ocupadas por grupos distintos. A autora entende que essa grande variabilidade existente entre os sítios das cachoeiras a jusante e a montante estar relacionada à presença dos povos de matriz cultural Arawak, que seriam grupos com característica expansionistas, que adquiriam relações históricas com outros povos de línguas distintas, ocasionado em contextos multilinguísticos e culturais, absorvendo identidades étnicas e sociais que causariam mudanças na cultura material. Vassoler (2014) estudou os motivos iconográficos presentes nas vasilhas cerâmicas da subtradição Jatuarana de cinco sítios arqueológicos na região do alto rio Madeira, sendo eles os sítios Morro dos Macacos I, Ilha de Santo Antônio, Coração, Brejo e Boa Vista. O autor

29 29 concluiu que existe uma variabilidade iconográfica nos artefatos e nas vasilhas desta subtradição, como também a repetição de motivos que formam padrões gráficos distintos. Por outro lado foi possível observar que motivos gráficos existentes da subtradição Jatuarana podem ser encontrados em cerâmicas de outras fases da Tradição Polícroma da Amazônia. Pessoa (2014) pesquisou dois sítios arqueológicos (Ilha de Santo Antônio e Novo Engenho Velho) localizados próximos à cachoeira de Santo Antônio, propondo investigar as sociedades ceramistas que ocuparam essa região do alto rio Madeira no período pré-colonial tardio, através da cultura material. O autor corrobora com a ideia de Zuse (2014), de que grupos portadores de cerâmica Barrancóide ocuparam a Ilha de Santo Antônio por volta do século X, possuindo vasos cerâmicos com uma alta variedade de técnicas decorativa, resultado de contatos e intercâmbios no passado e que aos poucos esses grupos foram cedendo o trecho encachoeirado para os produtores da cerâmica da subtradição Jatuarana, identificada neste sitio pelo autor. Esta transição teria acontecido de forma lenta revestidas de interações ocorridas antes do segundo milênio. O autor aponta que o sítio Ilha de Santo Antônio além de ser um sítio habitacional e um lugar de cerimônias, encontros e intercâmbios, que alguns atributos da cerâmica analisada como o antiplásticos de caraipé, queima oxidante e redutora, alisamento fino e polimento se mantém ao longo do tempo, ao contrário quando se comparado os acabamentos de superfície com maior tendência de engobo nos níveis mais superficiais e dos tratamentos plásticos nos níveis profundos, apresentando uma mudança ao longo do tempo. Segundo o autor essa mudança está ligada a transição da cerâmica Barrancóide para a Polícroma que teria ocorrido de forma gradativa mantendo alguns aspectos tecnológicos. Já no sítio Novo Engenho Velho as vasilhas são diferentes de outras ocupações da Tradição Polícroma do médio e baixo rio Solimões, havendo apenas semelhanças no reforço externo dos lábios das vasilhas e em algumas formas de gargalo. E visto que neste sitio há uma padronização da cerâmica Polícroma entende-se que este grupo não adotou a mesma rede de relações de trocas feitas nas cachoeiras. As primeiras pesquisas arqueológicas na Amazônia tiveram forte influência da ecologia cultural norte-americana, do determinismo ecológico e do neo-evolucionismo onde análise do material cerâmicos priorizava a identificação de fases e tradição, levando em conta apenas elementos como o tipo de antiplástico e a decoração sem perceber as variações das escolhas na diferentes etapas da cadeia operatória como: pasta, queima, forma, acabamentos de superfície e marcas de uso. Na região do alto rio Madeira esta premissa se resumiu na identificação da Subtradição Jatuarana englobando tudo á esta subtradição, entretanto pesquisas recentes de Almeida (2013) e de Zuse (2014) mostram que a Subtradição Jatuarana

30 30 (TPA) ocorreu em um período mais recente, evidenciando uma grande variabilidade tecnológica e cultural nessa área, bem como contribuindo para a história indígena no Alto rio Madeira.

31 31 CAPÍTULO 2. CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GARBIN. O sítio arqueológico Garbin localizava-se no município de Porto Velho, estado de Rondônia, em um terraço fluvial, na margem direita do rio Madeira, próximo à antiga cachoeira de Santo Antônio. Foi encontrado e escavado no Projeto de Arqueologia Preventiva nas áreas de intervenção da UHE Santo Antônio/RO, realizado pela Scientia Consultoria Cientifica, e por se situar no canteiro de obras da usina, foi diretamente impactado na sua construção. O rio Madeira é o ultimo tributário na margem direita do sistema Solimões-Amazonas, resultante da confluência dos rios Beni, Mamoré e Guaporé. É considerado um rio de águas brancas, mas invariavelmente turvas, pois carregam uma grande quantidade de sedimentos como silte, argila e areia que são transportados desde os Andes, pelo rio Beni e depositados em suas várzeas (RIMA, 2005; CPRM, 2010). Figura 1: Bacias hidrográficas de Rondônia. Fonte: CPRM 2010 De acordo com Tizuka (2013), o rio Madeira apresenta um sistema de múltiplos canais, com desnível topográfico não muito acentuado, sistemas de ramificação que levam a formações das ilhas temporárias ou estáveis e canais abandonados. Seu traçado está condicionado principalmente aos falhamentos, mas seu regime e transporte ocorreram no final do Pleistoceno, junto com o fim do Último Máximo Glacial, entre e AP.

32 32 No trecho superior, entre Abunã e Porto velho, é chamado de alto rio Madeira, onde apresentava grande número de corredeiras, travessões, saltos e planícies de inundação. Os seus principais afluentes dentro do estado de Rondônia, pela margem direita são os rios Jaciparaná, Mutum-Paraná e Jamari e pela esquerda os rios Abunã e Caripunas. Já o baixo rio Madeira possui 341 km de extensão, desde a sua nascente até a cachoeira de Santo Antônio (CPRM, 2010; TIZUKA, 2013; ZUSE, 2014). A vegetação da região onde se insere o sítio Garbin é caracterizada como de Floresta pluvial amazônica, composta por floresta muito densa (TIZUKA, 2013). O clima da região é o equatorial, com temperaturas altas aliadas a uma grande umidade, sendo que os meses mais secos são maio, junho e julho e os mais chuvosos outubro, novembro e dezembro, enquanto que a média anual da temperatura do ar e entre 24 a 26 C (TIZUKA, 2013; ZUSE, 2014). A região pertence ao Cráton Amazônico, entidade geotectônica que abrange a área de estudo na porção noroeste de Rondônia, e apresenta registros de uma evolução geológica policíclica, que resultou na formação de um substrato rochoso que teve a sua geração a partir de 1,78 Ga, formada devido aos sucessivos episódios de magmatismo, metamorfismo, sedimentação e deformação que culminaram na formação de diversos materiais rochosos e de depósitos minerais (CPRM, 2010). A Unidade Geomorfológica da região e caracterizada por três grandes categorias: de agradação, que são às planícies aluviais, terraços fluviais, depressões, lagos e congêneres; de degradação, com formas de relevo submetido a processos erosivos intensos como alinhamentos de morretes, superfícies de aplanamento, agrupamento de morros e colinas com e sem controle estruturais, superfícies tabulares e cuestas; e de intemperismo, abrangendo os areais brancos com escoamento impedido (CPRM, 2005). O relevo da região configura-se pelo predomínio de extensas superfícies aplainadas, com formas suaves e de baixa amplitude, e com maior ou menor grau por processos de dissecação (CPRM, 2005; TIZUKA, 2013). Tizuka (2013) pesquisou a região do Alto rio Madeira, entre as cachoeiras do Teotônio e Santo Antônio, com objetivo de fazer um refinamento do mapa geomorfológico préexistente na região associados aos dados dos sítios arqueológicos pré-coloniais localizados nas planícies aluviais. A autora identificou 139 sítios pré-coloniais, localizados em ambas as margens do rio Madeira, nas ilhas e em compartimentos topográficos variados, como planícies aluvionares de rios principais, terraços fluviais altos e baixos, superfícies de aplainamento e em platôs lateríticos. Estes sítios evidenciaram materiais cerâmicos e/ou líticos e/ou gravuras rupestres. De acordo com a autora os sítios encontrados representaram apenas uma amostra devido ao fato das atividades de prospecção arqueológica priorizar a área

33 33 de influência direta do reservatório dos empreendimentos hidrelétricos. Na figura 2 modelo de evolução da planície do rio Madeira. Figura 2: Modelo de evolução da planície do rio Madeira- Tizuka, 2013, p.85. O sítio arqueológico Garbin localiza-se em um terraço fluvial na margem direita do rio Madeira, próximo à antiga cachoeira de Santo Antônio. É um sítio multicomponencial, com ocupações pré-ceramistas e ceramistas. Quando foi identificado em 2008, a vegetação era composta por capoeira recente e vegetação rasteira, com uma variedade muito grande de plantas no entorno, como Myrtus (murtinhas), Psidium longipetiolatum (Goiaba-araçá), Pteridium aquilinum (samambaia brava), entre outras espécies (SCIENTIA, 2008). Possui localização privilegiada na paisagem, por está próximo ao curso do rio Madeira e da cachoeira de Santo Antônio. As cachoeiras seria lugar significativo e persistente, que se destacam na paisagem local, em função da pesca abundante e do valor simbólico atribuído, e no passado estes locais foram intensamente transformados (ALMEIDA, 2013; ZUSE, 2014). De acordo com Almeida (2013, p. 98) a região da cachoeira de Santo Antônio e a chave para o entendimento das ocupações humanas na bacia do Madeira, tanto no período pré-colonial, colonial e recente. No entorno do sítio arqueológico Garbin estão presentes outros sítios que foram localizados e escavados, como o Brejo, Campelo, Catitu, Novo Engenho Velho, Ilha de Santo Antônio, Igarapé do Engenho e o Veneza. Estes sítios foram estudados nas pesquisas de Costa (2013), Zuse (2014), Pessoa (2015) e Santos (2015).

34 34 Figura 3: Localização dos sítios arqueológicos próximos à cachoeira de Santo Antônio. (Fonte: Google Earth). O Sítio arqueológico Garbin foi encontrado em um processo não sistemático de avaliação de um ramal transversal do acesso Monte Cristo, a partir da realização de um furoteste na coordenada 20L , , executado com uma cavadeira tipo boca de lobo que atingiu mais de 100 cm de profundidade, encontrando-se uma camada de terra preta. Para confirmação da ocorrência arqueológica foram executados outros furos-testes, confirmando a presença de materiais arqueológicos em profundidade de cerca de 80 cm com presença de terra preta, constatando a existência de um sítio arqueológico (SCIENTIA, 2011). Na sequência foi feita a delimitação do sítio, realizada através de furos-testes em uma malha regular de 20 em 20 m, em níveis artificiais de 20 cm (Figura 4), com peneiramento do sedimento separado de acordo com os níveis artificiais, com as descrições de suas características, assim como também dos materiais encontrados que receberam um número de proveniência (NP) em todos os níveis. Esta metodologia fornece informações para selecionar áreas a serem escavadas, além de verificar as dimensões do sítio horizontalmente e verticalmente (ZUSE, 2014, p. 94).

35 35 Figura 4: Croqui indicando os furos-testes em uma malha regular de 20x20 m. Círculos azuis representam furos negativos. Círculos vermelhos representam furos com material arqueológico cerâmico, e círculos verdes representam furos com material arqueológico lítico. Círculos concêntricos vermelhos e verdes indicam ocorrências de material arqueológico lítico e cerâmico no mesmo furo (SCIENTIA, 2012). Na parte sul do sítio havia um desnível abrupto, e nessa área a camada arqueológica era menos espessa, sendo que a camada de Terra Preta diminui em espessura nessa direção, ocorrendo simultaneamente um aumento nas concentrações de cascalhos lateríticos em profundidade nessas áreas. Já ao norte do sítio, os níveis mais profundos eram caracterizados por latossolos argilo-arenosos amarelados ou avermelhados e arqueologicamente estéreis (SCIENTIA, 2012). Em relação à distribuição espacial dos vestígios arqueológicos no sítio percebe-se que há certa sobreposição entre a distribuição do material lítico e do material cerâmico, apresentando áreas de concentrações diferentes entre uma categoria e outra (Figura 5). O material cerâmico concentra-se em áreas bem mais restritas, enquanto o material lítico concentra-se em mais de duas regiões com picos de densidades. Na maior parte do sítio ocorre material lítico em associação com a cerâmica, sendo que este último ocorre com baixa densidade (SCIENTIA, 2012).

36 36 Figura 5: Mapa de densidade dos materiais cerâmicos e líticos do sítio Garbin, respectivamente. (Scientia, 2012). As escavações no sítio foram feitas em duas etapas, uma em 2008 e outra em Em 2008 foram escavadas 50 unidades de 1m², em níveis artificiais de 10 cm e com controle das camadas arqueológicas, registrando a quantidade de materiais, as características do sedimento e o desenho do perfil. As camadas foram identificadas no perfil e descritas de acordo com a cor, textura e compactação do sedimento, com a quantificação dos materiais arqueológicos presentes no perfil (ZUSE, 2014, p. 94). Nestas escavações realizadas em 2008, as camadas foram denominadas por números romanos, da base para o topo. Já em 2010, a fim de complementar as informações obtidas em 2008, foram realizadas outras escavações, sendo reabertas algumas escavações realizadas em 2008 e escavadas outras unidades na área mais preservada do sítio. Foram evidenciadas duas ocupações no sítio, uma mais recente caracterizada como uma ocupação ceramista, contendo materiais cerâmicos e líticos junto à terra preta, e outra pré-ceramista com material lítico em terra preta mais antiga. A principal questão levantada pelos trabalhos de campo foi em relação às características estratigráficas e aos materiais líticos associados à terra preta, semelhante aos contextos evidenciados no rio Jamari por Eurico Miller, da fase Massangana, que seria uma das terras pretas mais antigas da Amazônia. De acordo com Miller (1992; 1992a; 1999;) fase a Massangana datada entre ± 90 e ± 60 a.p, seria a primeira etapa do período formativo com material lítico associado ao solo de terra preta antropogênica, dando início a prática de agricultura incipiente e a domesticação de plantas (Palmeira Urucurí) em pleno Óptimum Climático.

37 Column 2 37 De acordo com o relatório de triagem e com o inventário de materiais arqueológicos fornecidos pela Scientia, foram escavadas cinquenta unidades de 1 m² no sítio Garbin no ano de 2008, e foi aberta uma trincheira (N944 E992, N948 E1000, N950 E1000, N952 E 1000, N954 E 1000, N956 E 1000, N994 E990). Muitas unidades contíguas foram escavadas, como N 1011 E 979 e N 1012 E 979; N 879 E 1000 e N 880 E 1000; N 899 E 1018, N 899 E 1019, N 899 E 1020, N 900 E 1017 e N 900 E 1018; N 960 E 980, N 960 E 981 e N 960 E 982; N 981 E 1000 e N 981 E 1001; N 981 E 976 e N 981 E 977; N 981 E 987, N 981 E 988, N 981 E 994, N 981 E 995, N 981 E 996, N 981 E 997 e N 981 E 999. De acordo com o inventário, a coleção de fragmentos cerâmicos existentes no sítio possui fragmentos cerâmicos. Em 2010, a fim de testar as hipóteses anteriormente levantadas foram realizadas outras escavações no sítio Garbin. Algumas escavações realizadas em 2008 foram reabertas, e outras unidades foram escavadas na área mais preservada do sítio, entre elas a 20 L E N , E N , e uma área com dez unidades contíguas com coordenada de referência E N Foi também escavada uma trincheira com a coordenada de referência E N e retirado um bloco testemunho na coordenada E N Bivariate Scattergram Split By: Column (N 900 E 1017) Datada: (N 960 E 1015) Unidade reaberta em 2010 (N 960 E 982) Datada: (N 981 E 941) Datada: (N 981 E 988) Datada: Unidades abertas em Column 1 Figura 6: Representação das unidades escavadas (resgate arqueológico em 2008). Foram obtidas sete datações para o sítio Garbin, sendo quatro delas relacionadas ao período pré-cerâmico, entre e antes do presente, e três datas do período cerâmico, as quais são colocadas na tabela abaixo. Unidade Nível (cm) Datação Convencional (AP) Código do laboratório

38 38 N981 E ±40 Beta Quadra 3x3m ± 30 Beta (2010) Quadra 3x3m (2010) ± 30 Beta N981 E ± 50 Beta Tabela 1: Datações do sítio Garbin fornecidas pela Scientia Consultoria Científica (Fonte: Zuse, 2014, p. 179). A seguir descrevemos as escavações realizadas nas unidades N981 E941, N981 E988, N960 E982 e N900 E1017, escavadas em 2008, cujas cerâmicas foram analisadas neste trabalho. A unidade N981 E941 compõe junto com a N980 E941 e N982 E941, uma trincheira de 3x1m, escavada até 190 cm, em um local do sítio onde foram coletados mais materiais cerâmicos durante a prospecção. Nestas unidades, a cerâmica apareceu entre os níveis 0-10 cm e cm. No nível cm ocorreram bolotas de argilas em grandes quantidades, e o lítico lascado e polido ocorreu entre 0-10 cm ate 150 cm de profundidade. Nesta unidade foram identificadas seis camadas estratigráficas (I, II, III, IV, V, VI) (figura 7), sendo elas: camada I, entre cm de profundidade, possui sedimento muito compacto, de coloração avermelhada, estéril arqueologicamente. A camada II, entre 130 e 185 cm, apresenta sedimento e coloração 7.5 YR 5/8 (strong brown), textura argilo-arenosa, úmido, com muitas inclusões de cascalho, apresentou material lítico, e uma possível bioturbação (mancha de sedimentação mais escura com presença de raízes). A camada III foi dividida em III A e III B. A camada III B, entre 110 e 140 cm, também possui sedimento argilo-arenoso, muito compacto e úmido, porém com coloração 10 YR 4/6 (dark yellowish brown), com material arqueológico. A camada III A, entre 80 e 120 cm, apresentou sedimento de coloração 10 YR 3/3 (dark brown), argilo-arenoso, úmido e de baixa compactação, com material arqueológico, e com presença de bioturbações (formigueiros e pequenas raízes). A camada IV, predominante entre 30 e 80 cm, com sedimento de coloração 10 YR 4/3 (brown), argiloarenoso e com baixa compactação, com material arqueológico. A camada V, predominante entre 10 e 30 cm, apresentou sedimento de coloração 10 YR 4/6 (dark yellowish brown), argilo-arenoso e com baixa compactação, apresentou material arqueológico, com presença de raízes e tubérculos. A camada VI é a camada superficial, com 10 cm de espessura, é a camada húmica, com coloração 10 YR 3/2 (very dark grayish brown), argilo-arenoso, com material arqueológico e presença de gramíneas, raízes e tubérculos. De acordo com os dados do relatório de campo, a camada III seria a mais escura, com presença de material lítico,

39 39 correlacionada à fase Massangana identificada por Miller et al (1992) no rio Jamari. A cerâmica está associada principalmente às camadas IV, V e VI, e foi obtida uma datação de 1.710±40 com um carvão coletado a 75 cm de profundidade, início da camada IV e possivelmente das ocupações ceramistas nesse local do sítio. Figura 7: Perfil sul da unidade N981 E941 (SCIENTIA, 2012).

40 40 Figura 8: Croqui - desenho do perfil norte da unidade N981 E941 (SCIENTIA, 2012). As unidades contíguas N981 E987 e N981 E988 foram escavadas até 180 cm, onde foi evidenciada quatro camadas estratigráficas (figura 9). A camada I, identificada na base da escavação, possui sedimento de coloração 7.5 YR 5/6 (strong brown), argilo-arenoso, pouco úmido e muito compacto, com presença de cascalho, estéril arqueologicamente. A camada II, entre 120 e 180 cm, foi dividida em IIA e IIB pela presença de cascalho em algumas partes da mesma. Esta camada possui sedimento de coloração 10 YR 5/8 (yellowish brown), argiloso, pouco úmido e compacto, sem material arqueológico. A camada III, entre 50 e 110 cm, foi dividida em IIIA e III V. A camada III B possui sedimento mosqueado entre 10 YR 3/2 (very dark grayish brown) e 10YR 5/8 (yellowish brown), argiloso, úmido e pouco compacto, com presença de pouco cascalho, e pouco material arqueológico; a camada IIIA possui coloração 10 YR 3/2 (very dark grayish brown), argiloso, úmido e pouco compacto, com material lítico lascado em quartzo em maior quantidade. No nível cm apareceram blocos de granito estruturados. A camada IV, entre 0-10 cm e cm, possui sedimento 10 YR 3/3 (dark brown), argilo-siltoso, pouco úmido e pouco compacto, com cerâmica e lítico, e presença de bioturbações. Portanto, a cerâmica ocorre na camada IV, e o lítico, associado pelos pesquisadores de campo à fase Massangana, ocorre na camada III, mais escura. Foi obtida

41 41 uma datação radiocarbônica de 480± 50 AP com um carvão coletado a 17 cm de profundidade. Figura 9: Croqui - desenho do perfil norte da unidade N981 E (SCIENTIA, 2012). Analisamos a cerâmica da unidade N960 E982, a qual compõe uma trincheira de 3 x 1m, com as unidades N960 E980, N960 E981, escavada até 190 metros de profundidade. A cerâmica foi predominante até cerca de 60 cm, com maior ocorrência em 30 cm, e o material lítico ocorreu desde a superfície até 90 cm de profundidade. Foram identificadas cinco camadas estratigráficas (croqui 10). A camada I, identificada no nível mais profundo, possui coloração mosqueada, 10 YR 4/6 (dark yellowish brown) e 10 YR 6/8 (brownish yellow), muito compacta e intemperizada, com blocos de tamanhos variados, estéril arqueologicamente. A camada II foi dividida em IIA e IIB, entre cm de profundidade. A camada IIA, possui coloração 10 YR 5/8 (yellowish brown), úmido e com compactação média, presença de cascalho e ausência de material arqueológico. A camada IIB possui coloração mosqueada 10 YR 3/2 (very dark grayish Brown) e 10 YR 5/8 (yellowish brown), com presença de pequena concreções lateriticas. A camada III, predominante entre 80 e 120 cm, possui coloração 10 YR 3/4 (dark yellowish brown), com alta densidade de materiais líticos lascados, lateritas polidas e blocos que variam de 2 a 9 cm. A camada IV, entre nível 0-10 e cm, possui coloração 10 YR 3/3 (dark brown), com presença de

42 42 material lítico e cerâmico. A camada V é superficial e húmica, coloração 10 YR 2/2 (very dark brown), com atividade biológica visível e presença de radículas. Portanto, nessas unidades a camada III, mais escura e com material lítico, foi associada à Fase Massangana, e a cerâmica ocorre somente na camada IV. Figura 10: Croqui - desenho do perfil sul da unidade N960 E981 (Scientia, 2010). As unidades N899 E1018, N899 E1018 e N900 E1017 foram escavadas ate 140 cm de profundidade, com cerâmica entre 0-10 e cm e lítico até o nível cm. No relatório e fichas de campo há poucas informações sobre a estratigrafia desta escavação. Nos níveis cm à cm foi evidenciada a estrutura de combustão denominada E1, composta por pedaços grandes de carvões e lateritas, sobre uma terra preta (10 YR 2/1 black), de textura argilo-arenosa e consistência muito solta (figura 11). A partir dos dados existentes, imaginamos que esta estrutura esteja associada à ocupação pré-ceramista existente no sítio. Estruturas semelhantes foram evidenciadas em 2010, na escavação de 3 x 3 m (L E N ), associadas à ocupação pré-ceramista antiga.

43 43 Figura 11: Croqui da estrutura de combustão da unidade N900 E1017 (Scientia, 2010). A partir da leitura dos documentos de campo e do relatório, concluímos que a cerâmica está associada à camada V e o lítico lascado, atribuído à fase Massangana, aparece na camada III, mais profunda e mais escura. No relatório de campo encontramos uma síntese interessante da estratigrafia do sítio, elaborada por Eduardo Neves: as camadas estratigráficas do Sítio Garbin foram definidas a partir do exame e interpretação dos perfis estratigráficos das seguintes unidades: N E 941 (face W); N 980 E 941 (face S); N E 1001 (face W); N 981 E (faces N e W); N 981 E (face N). Percebe-se nas descrições que nem todas as camadas estão presentes em todos os perfis. Em linhas gerais as estratigrafias mostram uma sequência que inclui, da base para o topo, um componente pré-cerâmico associado a uma terra preta que convencionamos denominar de Camada III: esta camada está sobreposta a uma camada de latossolo argiloso amarelo, que recebeu a denominação IIB, IIA, e I, que seriam a laterita em diferentes estágios de intemperização (esta camada pode estar associada a fase massangana). Nosso grande problema de interpretação é a Camada IV: trata-se de uma camada, também de terra preta, com materiais líticos e cerâmicos, bastante espessa, predominantemente argilosa, com uma variação cromática razoável, de 10YR 3/4 e 10YR 4/4 (dark yellonish brown), o que nos levou inicialmente a dividi-la em duas camadas distintas (Camadas IV e V). Posteriormente decidimos que não havia diferenças significativas o suficiente para manter a divisão e unificamos as duas camadas em uma só, a Camada IV. No laboratório, a análise dos materiais deve aferir a acuidade dessa unificação. Pode ser que tenhamos que dividi-la mais uma vez. Camada V: ocorre apenas em N E 941. Trata-se de uma camada mais clara, com materiais arqueológicos, que recobre a Camada IV. A Camada VI é o horizonte A, que pode ser uma terra preta superficial (SCIENTIA, 2010, p. 8).

44 44 O material lítico do sítio arqueológico Garbin é composto pela matéria-prima predominante de quartzo, seguida do granito, ocorrendo também quartzo leitoso, quartzo hialino e granitóides. Os materiais lascados apresentam lascas, fragmentos de lascas, lascas fragmentadas e microlascas em grandes quantidades, com técnicas unipolar e bipolar. Também aparecem placas e seixos de granito com pigmentação vermelha devido à possível raspagem de laterita para a obtenção de algum pigmento, percutores de granito, fragmentos de lateritas com algumas estrias e sulcos, e fragmentos de lâmina de machado (SCIENTIA, 2009). Todos os materiais líticos foram higienizados e numerados pelo laboratório de Arqueologia da Scientia Consultoria Cientifica, em Porto Velho - Rondônia. O material cerâmico deste sítio é alvo desta pesquisa e será caracterizado no próximo capítulo, buscando evidenciar as variações na tecnologia cerâmica, a partir do diálogo com a bibliografia existente.

45 45 CAPÍTULO 3 ANÁLISE CERÂMICA DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GARBIN: ABORDAGEM TEÓRICA, MÉTODOS E TÉCNICAS cerâmico. Neste capítulo iremos apresentar alguns conceitos utilizados na análise do material 3.1. Conceitos sobre o estudo da tecnologia O estudo das técnicas e da tecnologia foi mais intensamente explorado pelos pesquisadores franceses, que inicialmente relacionaram suas pesquisas a evolução das técnicas, e no decorrer dos anos os etnólogos aplicaram o conceito de cadeia operatória em suas análises de natureza etnográfica, antes dos arqueólogos, para a descrição das técnicas tradicionais. Para os arqueólogos, o conceito de cadeia operatória tornou-se uma ferramenta indispensável no estudo das técnicas das culturas materiais de populações pré-históricas (ZUSE, 2009). De acordo com Machado (2007) os conceitos de tecnologia utilizados por diversos pesquisadores estão associados às diferentes noções de cultura que estariam predominantes nas correntes teóricas em vigor na antropologia. Correntes como o evolucionismo e o neoevolucionismo viam a cultura como uma ferramenta de adaptação ao meio. Dessa forma a cultura era entendida como uma forma de superar as variáveis ambientais e resolver as necessidades básicas dos grupos humanos. No entanto sob a corrente teórica da Nova Arqueologia, diversos autores compreendem a cultura como sistema simbólico, como um conjunto interligado de conhecimentos e práticas cheio de significados. Autores como Marcel Mauss, André Leroi-Gourhan e Claude Lévi-Strauss entendem que a tecnologia é como um signo, carregado de significados que são transmitidos de geração a geração, vinculado a aspecto da organização social, mística e religiosa (DIAS E SILVA, 2001). Segundo Schiffer e Skibo (1992 APUD MACHADO 2007), tecnologia é um corpus de artefatos, comportamentos e conhecimentos para a criação e utilização de produtos, que é transmitido entre as gerações. Para Lemonnier (1986 APUD DIAS 2007), a tecnologia á um produto social, sendo as escolhas tecnológicas estratégias dinâmicas, relacionadas frequentemente com diferenciação e identidade social. Para o autor a tecnologia é uma preocupação antropológica, pois manifesta

46 46 as escolhas feitas pelas sociedades dentro de um universo de possibilidades, das quais as técnicas, em seus aspectos mais materiais, fazem parte. Os sistemas tecnológicos são constituídos por uma série de conjuntos técnicos. As técnicas seguem uma cadeia operatória específica, e dentro das etapas dessa cadeia operatória, os agentes devem fazer uma série de escolhas e combinação de escolhas, o que caracteriza os conjuntos técnicos e ao final os sistemas tecnológicos (DIAS, 2007). Para Dias e Silva (2001) a utilização do conceito de sistemas tecnológicos implicar no entendimento de que as técnicas utilizadas por uma sociedade e não apenas elementos isolados, mas que estão constituídas sistemicamente. De acordo com as autoras os sistemas tecnológicos são sistemas de representação social que se caracterizam como um local de manifestação estilística. A representação cultural das técnicas e sua classificação por um dado grupo contribuir para firmar seu caráter sistêmico e ao mesmo tempo reafirmar as identidades culturais nele representadas (DIAS, 2007). Para Dias e Silva (2001) o conceito de estilo tecnológico seria o modo como às pessoas realizam o seu trabalho, incluindo as escolhas feitas por eles no que se refere aos materiais e as técnicas de produção. Segundo as autoras: A compreensão deste conceito é fundamental importância para o entendimento dos conjuntos tecnológicos de diferentes grupos culturais, permitindo compreender o estilo não apenas como padrão material que se manifesta na morfologia e na decoração dos artefatos, mas, também como algo que é inerente e subjacente aos processos de produção a partir dos quais estes aspectos visuais são uma resultante (DIAS E SILVA, 2001, p. 96). Segundo Dias (2007) tecnologia, função e estilo são aspectos inter-relacionados do comportamento, indicando fronteiras sociais e afiliação cultural que podem ser reconhecidas na cultura material. De acordo com Dias (2007, p. 64): O estilo tecnológico ligado a corrente teórica processual e pós-processual entende o fenômeno estilístico como algo próprio e subjacente aos processos de produção na qual resultam os aspectos visuais relacionados à forma final dos artefatos. Ou seja, refere-se a um determinado modo de fazer algo ou alguma coisa, sendo que este modo de fazer implica em escolhas dentre possibilidades alternativas, sendo próprio de um determinado tempo e lugar.

47 47 Sackett (1986 APUD MAGESTE, 2015) considera estilo e função como sendo indiscrimináveis, negando a existência de qualquer diferença entre elas. Para esse autor, estilo está presente em todos os aspectos da confecção do artefato, podendo ser considerado como reflexo de etnicidade e identidades sociais. Já Binford define estilo como independente e como um resíduo das variações funcional e tecnológica, ou seja, não estaria ligado a itens utilitários da cultura (PACHECO, 2008). De acordo com Dias e Silva (2001, p. 96) a variabilidade artefatual resulta de escolhas tecnológicas que são culturalmente estabelecidas pelos grupos. Para entender a variabilidade e a variação dos conjuntos artefatuais e preciso aprender os processos a partir dos quais estas foram resultantes. Segundo as autoras: Os estilos tecnológicos estão representados nestas escolhas, que se refletem na seleção das matérias primas, nas técnicas e sequencias de produção escolhidas e nos resultados materiais destas escolhas, representados pelas diferentes categorias de artefatos produzidos. O estilo tecnológico pode ser entendido como produto de uma tradição cultural e seu estudo, relacionado a outros aspectos de ordem contextual, pode servir como indicador de identidades sociais representadas no registro arqueológico. Contudo, esta percepção demanda um suporte contextual de análise na medida em que um estilo tecnológico só adquire sentido quando compreendido como parte de um sistema tecnológico e este, por sua vez, de um sistema cultural mais amplo. Para Schiffer e Skibo (1997 APUD DIAS E SILVA, 2001) a variabilidade dos conjuntos artefatuais relaciona -se a natureza das escolhas tecnológicas. Para os autores a variabilidade artefatual está ligada ao conhecimento e experiência do artesão e por aspectos situacionais. Sendo que o primeiro se refere às diferenças individuais, as estruturas de aprendizagem, a percepção e decisão de fazer, a transmissão de conhecimento e a tradição tecnológica. O segundo pertence aos aspectos como a procura do material, a manufatura, o transporte, a distribuição, o uso, a estocagem, a manutenção e reparo, a reutilização e a disposição. Para Silva (2000) a variabilidade formal está relacionada às propriedades físicas de um artefato que durante a análise deve levar em conta os aspectos como tamanho, espessura, peso, profundidade, textura, cor, consistência e contorno formal do objeto. A autora, ao estudar os grupos Assurini e Xikrin, demonstrou a variabilidade formal da cerâmica e da cestaria que seria resultado de escolhas tecnológicas, feitas pelo artesão. De acordo com a autora, estas escolhas podem ser de caráter individual ou em grupo, resultante de diferentes fatores de ordem prática e simbólica. De acordo com autora:

48 48 Estas escolhas são feitas a partir dos conhecimentos que os artesãos possuem a respeito das matérias primas, bem como, dos processos produtivos e das atribuições utilitárias, estéticas e significativas que estes objetos apresentam. Por sua vez, e resultado de um longo processo de aprendizagem e da experiência empírica na confecção destes materiais (SILVA, 2000, p.185). As escolhas tecnológicas podem ocorrer em qualquer esfera da relação entre agentes, elementos e energia, ou seja, ao longo de todo o processo produtivo do objeto. Através dos conhecimentos prévios das possibilidades existentes naquele tempo e lugar, que iram dar forma a um conjunto artefatual (MACHADO, 2007). Para a análise dos fragmentos cerâmicos do sítio Arqueológico Garbin utilizou-se uma ficha (ver ficha de análise cerâmica em anexo A) desenvolvida na tese de doutorado de Zuse (2014), a qual contém atributos que caracterizam as escolhas das ceramistas em relação à pasta, técnicas de confecção, de acabamento de superfície, queima e uso. A construção da ficha foi baseada na seguinte bibliografia: Shepard (1995), Rye (1981), Rice (1997), Orton et al (1997), Chymz (1976), La Salvia e Brochado (1989), Brochado, Monticelli e Neumann (1990) e Brochado e Monticelli e Neumann (1990), Brochado e Monticelli (1994), Silva (2000), Cerezer (2009), Lima (2008), Machado (2005), Garcia (2010, 2012), Panachuk e Cruz (2010), Dantas e Lima (2006), Neumann (2008, 2010), Zuse (2009), entre outros. Na análise arqueométricas (ALVES, 1998, 2009; GOULART, 2004; APPOLONI et al, 1997, 2004; MUNITA, 2005; CUNHA LIMA, 2010; RIZUTTO, 2009) que não puderam ser contempladas nesta pesquisa. (ZUSE, 2014). Depois de finalizada a etapa de analise dos fragmentos, os dados foram digitalizados em planilha Excel para criação de tabelas e gráficos, sendo realizadas correlações entre os atributos Descrição dos atributos analisados ESCOLHA DA PASTA: a escolha da pasta ocorre a partir da coleta da argila. A argila é coletada em jazidas ou barreiro. Durante a preparação inicial da argila é realizada a remoção ou adição de alguns elementos, como alguns grãos minerais (quartzo, mica, óxido de ferro e feldspato) e restos de materiais orgânicos, de forma a adquirir características propícias para o fabrico do vasilhame. Em relação aos materiais orgânicos, pode ser adicionado o caraipé (entrecasca de árvore rica em sílica) que tem como finalidade melhorar a plasticidade da argila, diminuindo sua capacidade de redução (MACHADO, ); o cauixí (espícula de esponja de água doce) que se apresenta na forma de uma agulha transparente e opaca, com

49 49 as pontas levemente curvas, o qual deixa a argila mais porosa e com maior capacidade de suportar e absorver o calor do fogo (GOMES, 2002; MACHADO, ). TÉCNICAS DE CONFECÇÃO: as técnicas identificadas nas vasilhas cerâmicas do sítio Garbin foram à acordelada no corpo das vasilhas e a modelada em algumas bases. Acordelada ou roletada consiste na superposição de roletes de argila, montados em espiral, de modo simultâneo e pressionados para se unirem. Modelada é uma técnica de confecção cerâmica que implica na utilização dos dedos pressionando uma porção de argila (GOMES, 2002). QUEIMA: é durante o processo de queima da cerâmica que as propriedades físicas da argila se alteram, deixando-a mais dura, porosa e estável. No entanto o processo de queima interfere também na coloração final da cerâmica. Segundo Machado (2005, 2006, p. 107), num ambiente de queima oxidante a cerâmica adquirir uma coloração mais clara, e em ambiente de queima redutora a cerâmica obtém os tons mais escuros de cinza. Entretanto, há diversos fatores que podem alterar a coloração final da cerâmica, como a escolha do local, tipo de fogueira, combustível utilizado na queima, bem como composição da argila, a posição dos potes na fogueira e quantidade e qualidade dos antiplástico usados (LA SALVIA E BROCHADO, 1989; MACHADO, ). Para esta pesquisa foi utilizado os cromas da tabela de Munsell, na qual foram comparadas as cores na face externa, interna e do núcleo dos fragmentos. ACABAMENTOS DE SUPERFÍCIE: os acabamentos de superfície têm como finalidade remover as irregularidades decorrentes da manufatura do vaso, além de impermeabilizar a vasilha, decorar a superfície, entre outros. Pode ser realizada sobre a pasta ainda úmida ou seca. Os tratamentos de superfície mais utilizados são o alisamento (fino, médio e grosseiro), que tem a intenção de deixar a superfície uniforme, mas sem brilho. O alisamento fino apresenta uma superfície lisa e regular, já o alisamento médio a superfície é porosa e regular e o alisamento grosseiro apresenta irregularidade, porosidade e rugosidade na superfície. O polimento geralmente ocorre após o alisamento, sobre uma superfície seca e deixando a superfície da cerâmica brilhante ou lustrosa (ZUSE, 2014). Já a brunidura seria um revestimento de cera e fuligem seguida do polimento, dando uma tonalidade escura e brilhosa na superfície da cerâmica (PROUS, 1992, p. 92). Na análise não apenas consideramos o aspecto brilhoso (polimento) da brunidura, mas também não brilhoso, classificamos como brunidura. Outro atributo que foi analisado é a barbotina, que

50 50 segundo La Salvia e Brochado (1989) é um revestimento superficial de argila refinada aplicada na cerâmica antes do processo da queima. Já o engobo cobre toda superfície da cerâmica, tem função de impermeabilizar, e também dar cor á peça, às vezes servindo de base para a pintura. A pintura envolve na aplicação de pigmentos sobre a superfície, ou sob a camada de engobo (ZIMPEL, 2009; ZUSE, 2014), podendo ser monocromática, bicromática ou policromática, com motivos figurativos e geométricos. Ocorre antes ou depois da queima. Os tratamentos plásticos seriam a modificação tridimensional da superfície da cerâmica antes ou depois da queima (LA SALVIA E BROCHADO, 1989), ou seja, uma sequência de técnica e de expressões, com a utilização de instrumentos distintos, obtendo-se diferentes formas de impressão. Na análise da cerâmica do Garbin foi possível identificar incisões, ponteados, inciso e ponteado e apliques. As incisões são uma ação realizada por um instrumento pontiagudo, permitido a criação de motivos através de sulcos. O ponteado tem como expressão decorativa o ponto, realizado com um instrumento pontiagudo. Às vezes eles ocorrem associados e intercalados. O aplique são formas geométricas ou figurativas modeladas que posteriormente e aplicada á superfície da vasilha (ZUSE, 2014). FORMAS DAS VASILHAS: as diferentes partes das vasilhas (bordas, bases, paredes, bojos, ombros, carenas, flanges labiais e inflexões) fornecem distintas informações em relação à forma das vasilhas. As bordas são caracterizadas a partir da forma e inclinação, espessamento, tipo de lábio, e nas bases são analisadas a forma e o diâmetro. Tanto o diâmetro de abertura das bordas e bases foi medido em Ábaco. Quando se observa grande parte do perfil da vasilha, é possível reconstituir sua forma (LA SALVIA E BROCHADO, 1989). VESTÍGIOS DE UTILIZAÇÃO: os vestígios de utilização estão ligados a possível utilização da vasilha. Na cerâmica do Garbin foi possível visualizar depósito de carbono (resultado do uso intensivo da vasilha sobre o fogo) e fuligem (uma camada escura que ocorre geralmente no bojo e na borda, na face externa, decorrente do uso sobre o fogo), também fermentação na face interna. ESTADO DE CONSERVAÇÃO: de acordo com Almeida (2013) o estado de conservação, em geral, não faz parte das possibilidades de escolhas das oleiras, e sim dos processos tafonômicos que ocorrem após a peça cerâmica deixar de ser utilizada e entrar no contexto arqueológico, mas também pode ser consequência do uso da peça, devido ao contato

51 51 e atrito de instrumento (uma colher) durante a preparação dos alimentos. No Garbin foram identificados fragmentos bem conservados, erodidos, com uma superfície ausente, com decoração vestigial, com crosta sedimentar e marcas de raízes. O sítio Garbin possui uma baixa frequência de fragmentos cerâmicos, se comparado a outros sítios próximos, no rio Madeira. Além disso, a cerâmica é bastante fragmentada. Em função disso, decidiu-se analisar todos os fragmentos cerâmicos de quatro unidades (N981 E941, N981 E988, N960 E982 e N900 E1017), escavadas em 2008, sem distinguir entre fragmentos diagnósticos e não diagnósticos, como comumente os arqueólogos fazem ao analisar coleções de grandes sítios amazônicos, a exemplo de Almeida (2013) e Zuse (2014) que abordaram coleções do alto rio Madeira. O restante da cerâmica do sítio Garbin foi triada, separando-se apenas fragmentos que fornecem informações sobre a forma e as decorações das vasilhas, a fim de conhecer a coleção e comparar com os materiais analisados das quatro unidades. Esta caracterização em relação à forma e decoração trouxe informações relevantes para a compreensão do sítio, e a realização de uma análise tecnológica destes fragmentos no futuro poderá complementar a caracterização das escolhas tecnológicas no sítio Garbin.

52 52 CAPÍTULO 4 ANÁLISE DA CERÂMICA DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GARBIN A seguir apresentaremos os resultados da análise dos materiais das unidades N981 E941, N981 E988, N960 E982 e N900 E1017 escavadas em 2008, totalizando 106 fragmentos cerâmicos analisados. Em seguida faremos a caracterização da cerâmica diagnóstica das demais áreas escavadas no sítio. Com a análise e a triagem dos fragmentos cerâmicos do sítio Garbin pretendemos caracterizar a ocupação do sítio de modo perceber as continuidades e mudanças na tecnologia cerâmica Análise da cerâmica da Unidade N981 E941 Esta unidade foi datada em AP. (75 cm), apresenta ao todo 24 fragmentos de vasilhas, escavados entre a superfície e 70 cm de profundidade, e em função da remontagem de dois deles, trabalhamos com um número de 22 peças. Os níveis e cm apresentam maior quantidade de fragmentos (Gráfico 1) Quantidade por nível _ Gráfico 1: Quantidade de fragmentos por nível unidade N981 E941 Sobre a escolha da pasta, a análise indicou o uso predominante do mineral, bem como do mineral junto ao caraipé A e o carvão, ambos com 8 fragmentos (36,36%) (Gráfico 2). Já em relação aos tipos de minerais, ocorre com maior frequência o quartzo associado ao óxido de ferro (18 fragmentos; 81,82%) (Gráfico 3).

53 53 Tipo de Antiplástico Mineral 4, 18.18% 8, 36.36% Mineral + Cariapé A Mineral + Cariapé A + Carvão 8, 36.36% 2, 9.09% Mineral + Carvão Gráfico 2: Tipo de antiplástico unidade N981 E941 Figura 12: Fotografias das pastas: Mineral e carvão; somente mineral; e mineral, caraipé A e carvão, respectivamente. Tipo de Minerais 1, 4.55% 3, 13.64% Óxido de Fe Quartzo 18, 81.82% Quartzo + Óxido de Fe Gráfico 3: Tipo de minerais unidade N981 E941 Observa-se que as ceramistas estavam escolhendo uma pasta preferencialmente com baixa e média inclusão de grãos finos e médios (gráfico 4) com predomínio de grãos

54 54 arredondados e subangulosos (gráfico 5). O que indica que as ceramistas estavam retirando os grãos maiores, ou que ocorriam poucos grãos minerais no depósito de argila, e adicionavam o cariapé A na maioria das vasilhas. 3, 13.64% 4, 18.18% 1, 4.55% Formas dos grãos 1, 4.55% 1, 4.55% 12, 54.55% Anguloso Anguloso + Sub-anguloso Arredondado NI Sub-anguloso Sub-anguloso + Arredondado Gráfico 4: Formas dos grãos de quartzo unidade N981 E941 Inclusão/Tamanho dos grãos de quartzo Baixa inclusão/ Grãos finos 2, 9.09% 1, 4.55% 8, 36.36% Baixa inclusão/ Grãos grossos Baixa inclusão/ Grãos médios 2, 9.09% Média Inclusão / Grãos médios Média inclusão/ Grãos finos 5, 22.73% 2, 9.09% 2, 9.09% Média inclusão/ Grãos médios NI Gráfico 5: Inclusão/tamanho dos grãos de quartzo unidade N981 E941 A maioria das vasilhas foram confeccionadas com a técnica de sobreposição de roletes (15 fragmentos), e em apenas um fragmento a técnica não foi identificada (Gráfico 6). A queima ocorre em atmosfera redutora (12; 55%), com núcleos escuros, bem como oxidante (9; 41%), que produz núcleos claros (Gráfico 8).

55 Técnica de confecção Borda Carena Inflexão Ombro Parede NI Acordelado NI Gráfico 6: Técnica de confecção unidade N981 E941 Cor superficie FE e FI Gráfico 7: Cor da superfície FE e FI unidade N981 E941

56 56 Queima 9, 41% Oxidante 12, 55% Oxidante interna, reduzida externa 1, 4% Reduzida Gráfico 8: Queima unidade N981 E941 A maioria das vasilhas é bem alisada ou polida e apenas poucas delas possuem alisamento médio ou grosseiro (Gráfico 9). Acabamento Superfície (FE e FI) Gráfico 9: Acabamento de superfície (FE e FI) unidade N981 E941 Apenas quatro fragmentos possuem barbotina, nas cores: A: bruno avermelhado-claro na face interna; B: bruno forte na face externa; C: bruno muito escuro na face interna e D: vermelho na face externa (Figura 13).

57 57 A B C D Figura 13: Barbotina N981 E941 Os tratamentos plásticos foram verificados em apenas dois fragmentos, sendo uma inflexão com inciso e ponteado na face externa e uma borda com inciso e ponteado na face externa e inciso na face interna (Figura 14 e 15). Figura 14: Inflexão com inciso e ponteado Figura 15: Borda com inciso ponteado na face externa

58 58 A espessura dos fragmentos analisados varia entre 5 e 26 mm (Gráfico 10), sendo que maioria deles apresenta bom estado de conservação (11; 50,00%), porém muitos possuem uma das faces erodidas, ausentes ou com desgaste da decoração (Gráficos 11). 2, 9% 3, 14% Espessura dos fragmentos 1, 4% 4, 18% 1, 4% 3, 14 % 3, 14% 5, 23% 5mm 6mm 7mm 8mm 9mm 10mm 11mm 12mm Gráfico 10: Espessura dos fragmentos unidade N981 E941 Conservação 1, 4.55% 1, 4.55% 1, 4.55% 8, 36.36% 11, 50.00% Bem conservado AF Bem conservado FE/ Erodido FI Bem conservado FE/ Superfície ausente Decoração vestigial FE/ Erodido FI Erodido FE/ Bem conservado FI Gráfico 11: Conservação unidade N981 E Análise da cerâmica da unidade N981 E988 Esta unidade possui 38 fragmentos cerâmicos, escavados entre os níveis 0-10 e cm, sendo que dois deles remontaram, portanto trabalhamos com 36 fragmentos. Esta unidade foi datada em 480±50 AP, data obtida de uma amostra de carvão coleta a 17 cm de profundidade, portanto no topo da ocupação ceramista. As peças analisadas se resumiram a

59 59 fragmentos de parede, borda, base e bojo, com técnica de confecção predominantemente acordelada. A espessura dos fragmentos variou entre 6 e 26 mm (Gráfico 12) Técnica de confecção/parte da vasilha por nível _20 10_ _ ModeladoAcordeladoAcordelado Acordelado Acordelado Base Bojo Borda NI Parede Gráfico 12: Técnica de confecção/parte da vasilha por nível unidade N981 E988 A B C D Figura 16: Fotografia das partes das vasilhas: A: bordas; B: base; C: bojo; e D: NI (Não identificado). Nesta unidade identificamos escolhas de pastas bastante diversificadas, com frequência maior da presença de cariapé A e cauixí, que aparecem associados na maioria dos fragmentos (25,00%); ocorreram também carvão e argila em algumas peças (Gráfico 13). O cariapé foi identificado em duas formas: cariapé A e cariapé B. O cariapé A é um elemento que tem como finalidade absorver a umidade da argila, deixando seu processo de secagem mais lento e estável, diminuindo o risco de o pote rachar, comum durante esse processo, e sem falar que eles diminuem a plasticidade da argila, tornando seu manejo mais maleável (Machado, , p. 91).

60 60 Tipos de Antiplástico Mineral 2, 5.56% 5, 13.89% 6, 16.67% 2, 5.56% 1, 2.78% 2, 5.56% 6, 16.67% 2, 5.56% 1, 2.78% 9, 25.00% Mineral + Cariapé A + Carvão Mineral + Carvão Mineral + Cauixí + Cariapé A Mineral + Cauixí + Cariapé A + Carvão Mineral + Cauixí + Carvão Mineral + Cariapé A+ B + Carvão Mineral + Cariapé A+ B + Cauixí + Carvão Mineral + Cariapé A+B + Argila Mineral + Cariapé B + Cauixí + Carvão Gráfico 13: Tipo de antiplástico unidade N981 E988 A B C D E Figura 17: Fotografia das pastas: A: mineral; B: cauixí; C: carvão; D: argila; e E: cariapé B. Entre os tipos de minerais presentes na pasta ocorre com mais frequência o quartzo associado ao óxido de ferro (55,56%) (Gráfico 14). Também foi observada entre as ceramistas uma preferência por uma pasta com poucos grãos minerais de tamanho fino e médio (Gráfico 15), com predomínio dos grãos arredondados e angulosos, mas também foram identificados fragmentos que não continham grãos de quartzo na pasta (19,44%) (Gráfico 16). Esta informação pode corresponder a fontes de argilas distintas, e até mesmo à escolha de determinada argila para tipos de vasilhas cerâmicas diferentes.

61 61 Tipos de minerais 7, 19.44% Óxido de Fe 20, 55.56% 9, 25.00% Quartzo Quartzo + Óxido de Fe Gráfico 14: Tipo de minerais unidade N981 E988 Inclusão/tamanho dos grãos de quartzo 7, 19.44% Baixa inclusão/ Grãos finos 2, 5.56% 5, 13.89% 22, 61.11% Baixa inclusão/ Grãos médios Média inclusão/ Grãos médios NI Gráfico 15: Formas dos grãos de quartzo unidade N981 E988 Forma dos grãos de quartzo 1, 2.78% 7, 19.44% 3, 8.33% 6, 16.67% 1, 2.78% 1, 2.78% 17, 47.22% Anguloso Anguloso + Arredondado Anguloso + Sub-anguloso Arredondado NI Sub-anguloso Sub-anguloso + Arredondado Gráfico 16: Inclusão/tamanho dos grãos de quartzo unidade N981 E988 Nas superfícies da maioria das vasilhas observou-se o predomínio do alisamento fino e do polimento em ambas as faces, ocorrendo também à brunidura, e poucos fragmentos com alisamentos grosseiro e médio. Em somente dois fragmentos não foi possível identificar o tipo

62 62 de acabamento de superfície, devido ao estado de conservação das peças, que se apresentavam erodidas (Gráfico 17). Acabamento de superfície FE e FI Alisamento fino AF 5, 14.29% 1, 2.86% 3, 8.57% 1, 2.86% 12, 34.29% Alisamento fino FE/ Alisamento Médio FI Alisamento fino FE/ NI FI Alisamento fino FE/ Polimento FI Alisamento Grosseiro AF NI AF 2, 5.71% NI FE/ Alisamento fino FI 1, 2.86% 3, 8.57% 1, 2.86% 3, 8.57% 1, 2.86% 2, 5.71% NI FE/ Polimento FI Polimento AF Polimento FE/ Alisamento fino FI Polimento FE/ Alisamento Médio FI Polimento FE/ Brunidura FI Gráfico 17: Acabamento de superfície unidade N981 E988 Foi identificada barbotina em apenas um fragmento, com coloração marrom avermelhado claro (5YR 6/3) (Figura 18). Apenas um fragmento de borda possui tratamento plástico, sendo incisões na face externa com motivos em linhas horizontais (Figura 19). Figura 18: Barbotina - unidade N981 E988

63 63 Figura 19: Borda com inciso na face externa - unidade N981 E988 A borda é direta inclinada externamente, reforçada externamente, com lábio arredondado. A forma e o diâmetro da única borda desta unidade não foi possível identificar, devido a fragmentação. Em relação à cor da superfície, houve uma variação nos tons de cores com predomínio dos tons bruno amarelado claro na face externa e bruno na face interna; bruno em ambas as faces; bruno claro na face externa e bruno avermelhado claro na face interna; bruno avermelhado claro na face externa e bruno claro acinzentado na face interna todos com 2 fragmentos (Gráfico 18). Esta variação pode ocorrer devido à temperatura e a posição em que o vaso estava durante a queima. Quanto à queima foi possível observar que mais da metade possuía queima reduzida (63,89%), mas também ocorreu oxidante externa, e reduzida interno e oxidante com núcleo reduzido (Gráfico 19).

64 BRUNO ACINZETADO FE/ BRUNO-CLARO-ACINZENTADO FI AMARELO AVERMELHADO FE/ CINZA ROSÉO FI ROSA FE/ CINZA CLARO FI CINZENTO-BRUNADO-CLARO FE/ ROSA FI CINZENTO-BRUNADO-CLARO AF CINZA FE/ AMARELO FI VERMELHO FE/ VERNELHO CLARO BRUNO-AVERMELHADO-CLARO FE/ BRUNO FI CINZA FE/ BRUNO-AMARELADO FI BRUNO-AMARELADO-CLARO FE/ BRUNO FI CINZA AF BRUNO MUITO CLARO-ACINZENTADO FE/ BRUNO-ACINZENTADO FI BRUNO-AMARELADO FE/ BRUNO FI BRUNO AF BRUNO-AMARELADO CLARO FE/ BRUNO AMARELADO FI VERMELHO CLARO FE/ BRUNO-AMARELO-CLARO FI VERMELHO CLARO AF BRUNO MUITO CLARO ACINZENTADO FE/ CINZA AVERMELHADO FI ROSA FE/ CINZENTO-BRUNADO-CLARO FI BRUNO MUITO CLARO ACINZENTADO FE/ CINZA FI BRUNO-AVERMELHADO CLARO FE/ VERMELHO FI VERMELHO FE/ AMARELO FI VERMELHO CLARO FE/ BRUNO FI BRUNO-ACINZENTADO FE/BRUNO FI ROSA FE/ BRUNO FI BRUNO CLARO FE/ BRUNO-CLARO-ACINZENTADO FI BRUNO CLARO FE/ BRUNO-AVERMELHADO-CLARO FI BRUNO-AVERMELHADO-CLARO FE/ BRUNO-CLARO-ACINZENTADO FI BRUNO-AVERMELHADO-CLARO FE/ ROSA FI CINZA FE/ BRUNO MUITO CLARO ACINZENTADO FI BRUNO-AMARELADO CLARO FE/ BRUNO ACINZENTADO FI BRUNO ACINZENTADO FE/ CINZENTO MUITO ESCURO FI 64 Cor superfície fe e fi Gráfico 18: Cor da superfície - unidade N981 E988

65 65 Queima 23, 63.89% 9, 25.00% 3, 8.33% 1, 2.78% Oxidante Oxidante externa, reduzida interna Oxidante, núcleo reduzido Reduzida Gráfico 19: Queima unidade N981 E988 Em relação à conservação, pode-se indicar que 75,00% dos fragmentos estão bem conservados, enquanto outros se apresentam erodidos em ambas as faces ou em uma das faces, ou com uma face ausente (Gráfico 20). Conservação 3, 8.33% Bem conservado AF 1, 2.78% 1, 2.78% 3, 8.33% Bem conservado FE/ Ausente FI Bem conservado FE/ Erodido FI Erodido AF 1, 2.78% Erodido FE/ Ausente FI 27, 75.00% Erodido FE/ Bem conservado FI Gráfico 20: Conservação unidade N981 E Análise da cerâmica da Unidade N960 E982 Esta unidade foi a que apresentou a menor representatividade de fragmentos cerâmicos, com apenas 16 fragmentos, do nível 0-10 a cm, entre eles paredes, bordas e inflexões, com técnica de confecção acordelada (Gráfico 21).

66 Parte da vasilha/técnica de confecção por nível _10 10 _ AcordeladoAcordelado Acordelado Borda Inflexão Parede Gráfico 21: Parte da vasilha-técnica de confecção por nível unidade N960 E982 A B Figura 20: Fotografia da parte das vasilhas: A: borda; e B: inflexões Já em relação à argila, as ceramistas escolheram preferencialmente uma pasta com cariapé A e carvão (56, 25%), e também foi encontrado o cariapé B e o mineral (Gráfico 22). Predomina pasta com minerais de quartzo associados ao óxido de ferro (Gráfico 23), com poucos grãos minerais de tamanho fino e médio (Gráfico 24), com grãos de quartzo anguloso e subanguloso (Gráfico 25).

67 67 1, 6.25% 9, 56.25% 1, 6.25% 3, 18.75% Tipo de antiplástico 2, 12.50% Cariapé B Mineral Mineral+Cariapé A Mineral+Cariapé A+Carvão Mineral+Carvão Gráfico 22: Tipo de antiplástico unidade N960 E982 Tipo de minerais 1, 6.25% 2, 12.50% Óxido de ferro 9, 56.25% 4, 25.00% Quartzo Quartzo+Óxido de ferro NI Gráfico 23: Tipo de minerais unidade N960 E982 Tamanho dos grãos de quartzo Grãos finos/ Baixa Inclusão 5, 31.25% 5, 31.25% Grãos grossos/ Média Inclusão Grãos médios/ Baixa Inclusão Grãos médios/ Média Inclusão 1, 6.25% 3, 18.75% 2, 12.50% NI Gráfico 24: Inclusão/tamanho dos grãos de quartzo unidade N960 E982

68 68 5, 31.25% Forma dos grãos de quartzo 4, 25.00% Anguloso Anguloso + sub-anguloso Arredondado 1, 6.25% 3, 18.75% 3, 18.75% Sub-anguloso NI Gráfico 25: Forma dos grãos de quartzo unidade N960 E982 Quanto ao acabamento de superfície, a análise demonstrou que as ceramistas estavam dando um acabamento bem elaborado na superfície das vasilhas, sendo identificado na maioria dos fragmentos o polimento e o alisamento fino em ambas as faces (Gráfico 26). Acabamento de superfície (FE e FI) 1, 6.25% 2, 12.50% Polimento FE/ Alisamento Fino FI Alisamento Fino AF 6, 37.50% 1, 6.25% 4, 25.00% 1, 6.25% 1, 6.25% Alisamento Grosseiro AF Alisamento Médio AF Alisamento Médio FE/ Polimento FI Polimento AF NI Gráfico 26: Acabamento de superfície (FE e FI) unidade N960 E982 A barbotina está presente em três fragmentos, sendo que nos demais fragmentos não foram identificados ou estão ausentes. Os fragmentos em que foram identificados a barbotina apresentam coloração: A: amarelo-avermelhado na face externa, B: bruno-avermelhado na face interna e C: rosado na face externa (Figura 21).

69 69 A B C Figura 21: Barbotina - unidade N960 E982 A borda é direta vertical, com espessamento linear e com lábio plano, e o diâmetro não foi possível identificar (Figura 22). Figura 22: Borda - unidade N960 E982 Em relação à cor da pasta, é possível observar que ocorreu uma heterogeneidade, pois ocorrem diferentes tipos de cores nos fragmentos, apenas sobressaindo das demais cores bruno claro em ambas as faces (2 fragmentos). Essa diferença pode está relacionada ao ambiente da queima, ou em como as vasilhas estavam posicionadas durante a queima, ou a diferentes tipos de argila, que ao irem ao fogo produziriam diferentes colorações (Gráfico 27). De acordo com Zuse (2014), vários fatores influenciam na coloração dos potes, como a temperatura, combustível utilizado, tipo de forno, quantidade de ar disponível e atmosfera que circunda o vasilhame. Quanto mais oxidante é a queima, mais se obtém uma tonalidade mais clara para cerâmica devido ao fato da quantidade suficiente de oxigênio, enquanto uma queima redutora, onde quantidade de oxigênio é insuficiente, produz uma coloração mais escura na cerâmica.

70 70 Gráfico 27: Cor da superfície unidade N960 E982 A queima oxidante é mais frequente (56,25%), seguida pela reduzida. Ocorreu também oxidante interna e reduzida externa e oxidante com núcleo reduzido (Gráfico 28). Queima Oxidante 4, 25.00% Oxidante interna, reduzida externa 2, 12.50% 1, 6.25% 9, 56.25% Oxidante, núcleo reduzido Reduzida Gráfico 28: Queima unidade N960 E982

71 71 Nesta unidade a espessura dos fragmentos variou de 4 a 10 mm (Gráfico 29). De acordo com Zimpel (2008), a espessura dos fragmentos pode está relacionada à função que os utensílios cerâmicos podem ter. Vasilhas com paredes finas podem está relacionadas ao preparo dos alimentos, pois conduzem melhor o calor, já às vasilhas com paredes grossas podem ser destinadas ao armazenamento e ao processamento de alimentos. Os fragmentos apresentam-se na maioria em bom estado de conservação (Gráfico 30) Espessura dos fragmentos mm 5 mm 6 mm 7 mm 8 mm 10 mm Gráfico 29: Espessura unidade N960 E982 Conservação 2, 12.50% 1, 6.25% 13, 81.25% Bem Conservado AF Erodido AF Erodido FE/ Bem Conservado FI Gráfico 30: Conservação unidade N960 E Análise da cerâmica da Unidade N900 E1017

72 72 Foram analisados 29 fragmentos nesta unidade, entre eles: parede, borda e inflexões, dos níveis 0-10 a cm de profundidade. Foi possível observar a técnica de manufatura o acordelado (Gráfico 31). 20 Parte da vasilha x Técnica de confecção por nível _ 10 10_ 20 0_ 10 10_ Acordelado Acordelado Acordelado Borda Inflexão Parede Gráfico 31: Parte da vasilha x Técnica de confecção por nível unidade N900 E1017 A B Figura 23: Fotografia das partes das vasilhas: A: bordas; e B: inflexões Nesta unidade foi identificada uma grande variedade de escolhas de pasta, sendo que o elemento não plástico mais recorrente é o cariapé A associado ao cauixí e ao carvão (37,93%), e ocorreu também o cariapé B associado a estes elementos citados (24,14 %) (Gráfico 32). O antiplástico é adicionado na pasta com função de neutralizar a plasticidade da argila, essa variedade em uma mesma pasta pode estar relacionada em dar mais resistência e permeabilidade na argila.

73 73 Tipo de Antiplástico Mineral + Caraipé B + Cauixí + Carvão Mineral + Cariapé A + Carvão 2, 6.90% 1, 3.45% 1, 3.45% 2, 6.90% Mineral + Cariapé A+B + Carvão Mineral + Cariapé A+B + Cauixí + Carvão Mineral + Cariapé B + Cauixí 11, 37.93% 1, 3.45% 1, 3.45% 7, 24.14% 2, 6.90% 1, 3.45% Mineral + Carvão Mineral + Cauixí Mineral + Cauixí + Cariapé A Mineral + Cauixí + Cariapé A + Carvão Mineral + Cauixí + Carvão Gráfico 32: Tipo de antiplástico unidade N900 E1017 A B C Figura 24: Fotografia das pastas: A: cariapé B; B: cauixí; e C: mineral+cauixí+cariapé A+carvão - unidade N900 E1017 Quanto aos minerais presentes na pasta, ocorre mais frequentemente o quartzo associado ao óxido de ferro (65,52%) (Gráfico 33). Predominam pastas com grãos de quartzo arredondado e anguloso (Gráfico 34), com baixa inclusão de grãos finos (Gráfico 35).

74 74 6, 20.69% Tipos de minerais 4, 13.79% Quartzo Quartzo + Óxido de Ferro 19, 65.52% Óxido de Ferro Gráfico 33: tipos de minerais unidade N900 E1017 Formas dos grãos de quartzo Anguloso 1, 3.45% 6, 20.69% 6, 20.69% 2, 6.90% Anguloso + Arredondado Anguloso + Sub-anguloso Arredondado 3, 10.34% 10, 34.48% 1, 3.45% Sub-anguloso Sub-anguloso + Arredondado NI Gráfico 34: Formas dos grãos de quartzo unidade N900 E1017 Inclusão/Tamanho dos grãos de quartzo 6, 20.69% Baixa Inclusão/ Grãos Finos 14, 48.28% Baixa Inclusão/ Grãos Grossos 4, 13.79% Baixa Inclusão/ Grãos Médios 5, 17.24% NI Gráfico 35: Inclusão/tamanho dos grãos de quartzo unidade N900 E1017 As superfícies das vasilhas eram bem alisadas: o alisamento fino em ambas as faces (37, 93%), seguido do polimento na face externa e alisamento fino na interna (20,69%) (Gráfico 36).

75 75 Acabamento de superfície FE e FI Alisamento Fino AF 3, 10.34% 2, 6.90% 1, 3.45% 11, 37.93% Alisamento Médio AF Polimento AF Polimento FE/ Alisamento Fino FI 6, 20.69% 4, 13.79% 2, 6.90% Polimento FE/ Alisamento Médio FI Polimento FE/ NI FI NI AF Gráfico 36: Acabamento de superfície FE e FI unidade N900 E1017 Durante a análise foi evidenciada apenas dois fragmentos de bordas na qual foram classificadas como: à esquerda: borda direta inclinada externamente, contraída, lábio arredondado. Direita: borda externamente inclinada, com espessamento linear, lábio arredondado (Figura 25). Não foi possível medir o diâmetro destas duas bordas desta unidade. Figura 25: Borda - unidade N900 E1017 Ocorreu apenas um fragmento com pintura vermelha sobre engobo branco, porém bastante desgastado (Figura 26). Figura 26: Vestígio de pintura vermelha sobre engobo branco - unidade N900 E1017

76 76 Em relação à cor da superfície é possível observar uma variedade de tons, sendo a cor predominante o bruno-acinzentado em ambas as faces (3 fragmentos), bem como bruno na face externa e bruno-claro na face interna (2 fragmentos) (Gráfico 37). A queima reduzida é mais frequente (41,38%), seguida da oxidante (31,03%) (Gráfico 38). Cor superfície (FE e FI) Gráfico 37: Cor da superfície FE e FI unidade N900 E1017

77 77 Queima 12, 41.38% 9, 31.03% Oxidante Oxidante externa, Reduzida interna 1, 3.45% 7, 24.14% Oxidante interna, Reduzida externa Reduzida Gráfico 38: Queima unidade N900 E1017 Alguns fragmentos apresentaram vestígios de utilização, ocorrendo dois fragmentos com depósito de carbono na face interna e um fragmento com fuligem na face externa, ambos os vestígios indicando o uso das vasilhas no fogo (Figura 27). De acordo com Pessoa (2014), o depósito de carbono estaria ligado a atividades culinárias, e se originaria da carbonização dos alimentos no interior da panela, enquanto a fuligem traz informação à posição das panelas em relação ao fogo. Depósito de carbono Fuligem Figura 27: Vestígio de utilização - unidade N900 E1017 A espessura dos fragmentos variou entre 5 e 14 mm, sendo predominante a espessura entre oito e nove milímetros (Gráfico 39). Mais da metade dos fragmentos está bem conservada (Gráfico 40).

78 78 Espessura dos Fragmentos mm 7 mm 8 mm 9 mm 10 mm 11 mm 14 mm Gráfico 39: Espessura unidade N900 E1017 Conservação 1, 3.45% Bem Conservado AF 5, 17.24% Bem Conversado FE/ Erodido FI 17, 58.62% Erodido AF 6, 20.69% Erodido FE/ Bem Conservado FI Gráfico 40: Conservação unidade N900 E Comparação dos resultados da análise do sítio Garbin Ao comparar os materiais dos diferentes níveis escavados na unidade N980 E941, datada em 1.710±40 AP (amostra a 75 cm de profundidade), verificou-se que a cerâmica dos níveis mais profundos (40-50 a cm) apresenta uma pasta com mineral e mineral e carvão, com grãos de quartzo angulosos e sub-angulosos núcleo de coloração variando entre marrom e avermelhada e queima oxidante. Os acabamentos de superfície das vasilhas são de alisamentos finos e polidos, e em alguns fragmentos ocorre à aplicação de barbotina na coloração marrom, marrom avermelhado e vermelho. Com relação aos tratamentos plásticos se destacam o inciso e inciso ponteado. Não foi identificada a presença de engobo e nem

79 79 pintura. Essas características são similares às da cerâmica dos sítios Vista Alegre, Morro dos Macacos I e Foz do Jatuarana, com datações em torno de AP, caracterizadas por Zuse (2014). Já nos níveis superiores (10-20 a cm) predomina o cariapé A e mineral, na pasta e a queima reduzida, com cores escuras (ver gráficos). Tipo de pasta por nível _ Mineral Mineral + Cariapé A Mineral + Cariapé A + Carvão Mineral + Carvão Gráfico 41: tipo de pasta por nível - unidade N980 E941, sítio Garbin. Formas dos grãos de quartzo por nível _ Anguloso Anguloso + Subanguloso Arredondado NI Sub-anguloso Sub-anguloso + Arredondado Gráfico 42: formas dos grãos de quartzo por nível unidade N980 E941, sítio Garbin.

80 PRETO CINZA-AVERMELHADO CINZA-AVERMELHADO ESCURO cinza PRETO BRUNO-FORTE AMARELO-AVERMELHADO BRUNO-AMARELADO-ESCURO BRUNO-ESCURO BRUNO-FORTE cinza VERMELHO BRUNO-AVERMELHADO-CLARO CINZA-AVERMELHADO FE/ BRANCO FI VERMELHO 80 Cor do núcleo por nível _ Gráfico 43: cor do núcleo por nível unidade N980 E941, sítio Garbin. Na unidade N981 E988 identificamos duas mudanças tecnológicas: uma mais recente (0-10 a cm), tendo como base a análise do material e datação 14C 480 ± 40 (17 cm), caracterizado por uma pasta com uma predominância do cauixí e do caraipé A, com queima oxidante e reduzida, tratamento de superfície é recorrente o alisamento fino, sendo apenas um fragmento com brunidura e raros tratamentos plásticos (apenas uma borda com inciso). Em relação à espessura dos fragmentos variam de fina a média (6 a 26 mm). Algumas características deste material se assemelham aos sítios Ilha das Cobras, Ilha São Francisco e Ilha Dionísio nos níveis superiores destes sítios correspondendo ao conjunto tecnológico a montante. A cerâmica do nível mais profundo corresponde à ocupação ceramista mais antiga (30-40 a cm) caracterizado por uma pasta com adição de cariapé A e carvão, com queima reduzida, a superfície das vasilhas com alisamento fino e polida, os fragmentos possuem uma espessura mais fina (5 a 14 mm), foi apenas identificado um fragmento inciso. Estas características assemelham com os materiais cerâmico dos sítios Veneza, Ilha de Santo Antônio (níveis profundos), Boa Vista (setor 1), Vista Alegre (setor 3) e no Foz Jatuarana (níveis profundos) e Santa Paula, sendo estas as cerâmicas mais antiga no Alto rio Madeira. Portanto, as diferenças foram identificadas na escolha da pasta, nas formas dos grãos, na queima, na espessura e no tratamento de superfície, conforme pode ser observado nos gráficos abaixo. Em relação à escolha da pasta, no gráfico 44, observa-se nos níveis superiores a predominância do cauixí e do caraipé A, e nos níveis inferiores cariapé A e carvão.

81 Mineral + Carvão Mineral + Cariapé A+ B + Cauixí + Carvão Mineral + Cauixí + Cariapé A + Carvão Mineral Mineral + Cauixí + Cariapé A Mineral + Cauixí + Cariapé A + Carvão Mineral + Cauixí + Carvão Mineral + Cariapé A+ B + Cauixí + Carvão Mineral + Cariapé B + Cauixí + Carvão Mineral Mineral + Carvão Mineral + Cauixí + Cariapé A + Carvão Mineral + Cariapé A+ B + Carvão Mineral + Cariapé A+ B + Cauixí + Carvão Mineral + Cariapé A+B + Argila Mineral + Cariapé B + Cauixí + Carvão Mineral + Cariapé A + Carvão Mineral + Cauixí + Cariapé A + Carvão Mineral + Cariapé A+B + Argila Mineral + Cariapé A + Carvão Mineral + Cauixí + Cariapé A + Carvão Mineral + Cariapé A+B + Argila 81 Tipo de pasta por nível _ Gráfico 44: tipo de pasta por nível unidade N981 E988, sítio Garbin. Quanto à forma dos grãos de quartzo, nos níveis superiores ocorrem os arredondados e nos inferiores os grãos de quartzo angulosos e sub-angulosos e os arredondados (Gráfico 45) Forma dos grãos de quartzo por nível Gráfico 45: forma dos grãos de quartzo por nível unidade N981 E988, sítio Garbin.

82 Reduzida Reduzida Oxidante Reduzida Oxidante Oxidante externa, reduzida interna Reduzida Oxidante Oxidante externa, reduzida interna Reduzida Oxidante Reduzida Oxidante Oxidante, núcleo reduzido Reduzida 82 A queima nos níveis superiores é oxidante e reduzida, e nos mais profundos é predominantemente a reduzida (Gráfico 46). Tipo de queima por nível _ Gráfico 46: tipo de queima por nível unidade N981 E988, sítio Garbin. Nos níveis superiores o acabamento de superfície é o alisamento fino, e nos níveis inferiores o polimento e alisamento fino (Gráfico 47).

83 Alisamento fino AF Polimento AF Alisamento Médio FE/ NI FI NI FE/ Alisamento fino FI Alisamento fino AF Alisamento Grosseiro AF Polimento FE/ Brunidura FI Alisamento fino AF Alisamento Médio FE/ NI FI NI AF NI FE/ Polimento FI Polimento AF Polimento FE/ Alisamento fino FI Polimento FE/ Alisamento Alisamento fino FE/ Alisamento Alisamento fino FE/ NI FI Alisamento fino FE/ Polimento FI NI AF Polimento AF Alisamento fino AF Alisamento fino FE/ Polimento FI NI FE/ Polimento FI Polimento AF 83 Acabamento de superfície por nível _ Gráfico 47: acabamento de superfície por nível unidade N981 E988, sítio Garbin. Em relação à espessura é possível observar que nos níveis superiores estão os fragmentos com espessura fina e média, enquanto nos níveis inferiores os com espessura fina (Gráfico 48) Espessura dos fragmentos por nível mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm _ Gráfico 48: espessura dos fragmentos por nível unidade N981 E988, sítio Garbin. Na unidade N960 E982 a pasta é caracterizada por mineral e mineral e carvão nos níveis superiores, sendo que o cariapé A está presente em toda camada estratigráfica, em pastas com baixa inclusão de grãos médios de quartzo. Predomina os grãos de quartzo

84 Cariapé B Mineral Mineral+Cariapé A Mineral+Cariapé A+Carvão Mineral+Carvão Mineral + Caraipé B + Cauixí + Carvão Mineral + Cariapé A+B + Carvão Mineral + Cariapé A+B + Cauixí + Carvão Mineral + Cariapé B + Cauixí Mineral + Cauixí Mineral + Cauixí + Cariapé A Mineral + Cauixí + Cariapé A + Carvão Mineral + Cauixí + Carvão Mineral+Cariapé A+Carvão Mineral+Carvão Mineral Mineral+Cariapé A Mineral+Cariapé A+Carvão Mineral+Carvão Mineral + Caraipé B + Cauixí + Carvão Mineral Mineral + Cariapé A+B + Argila Mineral + Cariapé A+B + Carvão Mineral + Cariapé A+B + Cauixí + Carvão Mineral + Cauixí + Cariapé A Mineral + Cauixí + Cariapé A + Carvão Mineral + Cauixí + Carvão Mineral+Cariapé A+Carvão Mineral+Carvão 84 angulosos e sub-angulosos, a queima oxidante e o alisamento fino e polimento nas superfícies. Estas características são semelhantes as dos níveis superiores da unidade N980 E941, datada em 1.710±40 AP, bem como à cerâmicas das ocupações datadas em torno de AP, identificadas por Zuse (2014) nos sítios Foz do Jatuarana, Vista Alegre, setor 3 e Morros do Macacos I.A unidade N900 E1017 apresenta uma cerâmica com grande diversidade de escolhas de pasta nos três níveis analisados, com predominância do cauixí, com baixa inclusão de grãos finos e grossos de quartzo, queima reduzida, e vasilhas com superfície polida e com alisamento fino. A característica material (escolha da pasta) cerâmico é semelhante das ocupações ceramistas mais recentes no rio Madeira, porém o tamanho da amostra e a falta de datação não permitem associar este material a este conjunto tecnológico. Ao comparar as pastas de todas as unidades analisadas do sítio Garbin, verificamos que e cerâmica da unidade N960 E982 tem mais mineral, na N900 E 1017 sobressai cauixí, na unidade N981 E941 o mineral associado com carvão e na unidade N981 E988 é recorrente o cariapé A e o B junto ao cauixí e o carvão (Gráfico 49) N 960 E 982 N900 E 1017 N981 E 941 N981 E 988 Gráfico 49: tipos de pasta por unidade sitio Garbin.

85 Triagem da cerâmica do Sítio Garbin Foi realizada a triagem da cerâmica das demais unidades do sítio Garbin, a fim de obter mais informações em relação à forma das vasilhas e decoração. Foram selecionados 120 fragmentos, dentre eles bordas, bases, flanges, decorados e outros com características variadas (bojos, carenas, apêndices, apliques e outros). Todos estes materiais foram fotografados e alguns desenhados. Fragmentos Quantidade selecionados Bordas 52 Bojos 3 Fuligem 1 Bases 12 Carena 3 Polimento 2 Pintura 1 Apêndice 2 Brunidura 2 Deposito de carbono 9 Engobo vermelho 13 Decoração 10 Flange 9 Apliques 1 Total 120 Foram selecionadas 52 bordas (Figura 28). Entre as bordas predominam extrovertidas, diretas verticais, direta inclinada externamente e presença de bordas com flange labial decorada. Os lábios são planos e arrendados (Figura 29). Algumas delas apresentam decorações com incisões e ponteado. Não foi possível medir o diâmetro de todas as bordas, devido à fragmentação, entretanto foi possível medir o diâmetro de apenas 11 bordas, que variam entre 12 e 28 cm.

86 Figura 28: Bordas selecionadas Sítio Garbin (foto: Gegliane Silva) 86

87 87 Figura 29: Desenho das bordas Sítio Garbin (Desenho: Silvana Zuse) Observou-se predomínio de formas abertas. Do total de (6) bordas eram diretas inclinadas externas (Figura 30), também possui uma menor frequência de fragmentos de bordas direta vertical (Figura 31), a porcentagem das bordas variou em média (7,5% á 17.5%) do perfil inferido da vasilha. Figura 30: Borda direta inclinada externamente - (Desenhos: Silvana Zuse)

88 88 Figura 31: Borda direta vertical (Desenho: Silvana Zuse) Em relação às bases identificadas possuem formas convexas côncavas, anelares e em pedestal (Figura 32). Entre as bases anelares uma apresenta engobo vermelho na face externa. Em pedestal apresenta desgastes na face interna o que podemos sugerir que era vasilha pra consumo e armazenar bebidas fermentadas. Ocorre 6 flanges, sendo que 4 com incisões e uma com ponteado. Já as carenas apenas um fragmento apresenta brunidura na face externa (N899 E1000), também nesta mesma unidade foi evidenciado dois fragmentos de apêndice (Figura 33). Ocorrem apenas dois bojos encontrados nas unidades N921 E950 (30-40 cm) e N880 E1000 (20-30 cm), sendo que apenas um apresenta incisões e decoração vestigial com vestígios de pinturas branca e vermelha. Entre as marcas de usos ocorre depósito de carbono (8 fragmentos) que indicar que as vasilhas eram utilizadas sobre o fogo (Figura 34). Figura 32: Bases selecionadas - Sitío Garbin (Foto: Gegliane Silva)

89 89 Figura 33: Desenho base em pedestal (Desenho: Silvana Zuse) Figura 34: Peças selecionadas - Sitío Garbin (Foto: Gegliane Silva)

90 90 Figura 35: Peças selecionadas - Sitío Garbin (Foto: Gegliane Silva) Os acabamentos de superfície idenficamos engobo vermelho que estar presente entre os níveis 40-50, e cm, na unidade N921 E1019 um fragmento de parede remontada com polimento na face externa (Figura 36).

91 91 Figura 36: Peças selecionadas - Sitío Garbin (Foto: Gegliane Silva) Também foi identificado um fragmento com pintura vermelha e branca e um aplique localizado na unidade N899 E1000 (40-50 cm), que possivelmente pode ser trata de uma figura zoomorfa (Figura 37).

92 92 Figura 37: Peças selecionadas Sítio Garbin (Foto: Gegliane Silva) Em relação aos tratamentos plásticos, estão presentes fragmentos com incisões e entalhe no lábio (Figura 38). Figura 38: Peças selecionadas Sítio Garbin (Foto: Gegliane Silva)

93 93 Figura 39: Desenhos dos tratamentos plásticos (Francisco Freitas, Gegliane Silva, Silvana Zuse e Viviane Romano) Triagem das cerâmicas das trincheiras Foi realizada uma triagem dos materiais da trincheira, onde foram selecionados 22 fragmentos, entre eles bordas (13) (Figura 40), destacando uma borda com flange labial e outra borda com incisões na face interna. Identificamos bases, sendo que uma possível base de assador (Figura 41), flanges, carenas, inflexão (Figura 42). Figura 40: Bordas Trincheira Sítio Garbin (Foto: Gegliane Silva)

94 94 Figura 41: Desenho das bordas (Silvana Zuse) Das poucas bordas que foram possíveis tirar o diâmetro, duas são extrovertidas com ponto angular e uma direta inclinada externamente (Figura 42). A porcentagem das bordas variou de 10% a 15%. Figura 42: Desenho das bordas Trincheira (Silvana Zuse)

95 95 Figura 43: Bases selecionadas Sítio Garbin Trincheira (Foto: Gegliane Silva) Figura 44: Desenho de base Sítio Garbin Trincheira (Silvana Zuse) Figura 45: Peças selecionadas Trincheira - Sítio Garbin (Foto: Gegliane Silva) Ocorre brunidura, um fragmento com marcas de fermentação indicando o uso da vasilha para o armazenamento e consumo de bebidas fermentadas. Não ocorre engobo somente um fragmento com pintura vermelha sobre engobo branco, já em relação ao tratamento plástico apenas dois fragmentos possui incisões (Figura 46).

96 96 Figura 46: Peças selecionadas Trincheira Sítio Garbin (Foto: Gegliane Silva) Figura 47: Desenho tratamento plástico Trincheira Sítio Garbin (Gegliane Silva, Silvana Zuse e Viviane Romano)

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