Viagem a Andara oo livro invisível. Asa de murmúrios. Vicente Franz Cecim
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- Sarah Canário Sequeira
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1 Viagem a Andara oo livro invisível Asa de murmúrios Vicente Franz Cecim 1
2 2
3 para onde te voltes não estás diz Asa de murmúrios para não esquecer que és alguém onde não há ninguém 3
4 Asa de murmúrios 4
5 um dia ele chegou a Andara, era o Sem Nome e então nós o chamamos de Sem Nome mas ele cortou nossas cabeças para não o chamarmos Sem Nome e nãoeusou passou a se dizer a nós toda a sua presença que era mais uma Ausência de tudo como nunca antes então o víamos passar em nossos sonhos rastejando sua Sombra Imensa que cobria o Sol todos os sóis sobre nós a perder de vista se apagaram 5
6 e começou para nós a Vida Escura 6
7 com os dias passando mas os dias já não passavam mais aquelas noites que vieram havendo se tornado agora uma Treva sem fim fomos entendendo que as nossas vidas já não eram Iluminadas antes dele chegar e o nãoeusou onde mais haveria de se sentir em casa senão na Penumbra em que vivíamos entre ser de claridade e a escuridão de não ser isso foi o que o chamou 7
8 é foi isso foi um de nós dizia eu avisei acendam as luzes acendam as luzes foi isso dizíamos nos dizendo é foi os outros concordassem mas não eram os nossos corpos que falavam eram Elas Lá pois o nãoeusou lançara todas no Abismo 8
9 ah se houvéssemos acendido as luzes ah se houvéssemos aquelas vozes distantes e as nossas cabeças falavam e falavam e livres dos corpos sempre de costas para si mesmos agora olhavam em todas as direções pois haviam recebido um Dom oh e que Dom fosse Esse o de poder ver toda a Vida do fundo do Abismo agora lançadas nessa Graça 9
10 doada pelo nãoeusou havia todo o Circulo do horizonte ao redor delas para agora sim verem girando velozmente e por trás dele o circulo da Noite Imensa trazida pelo nãoeusou onde quem sabe vissem o que já não víamos as estrelas antes a perder de vista e agora todas apagadas devêssemos ser gratas por isso se dizendo umas às outras é concordavam devíamos ser gratas ao nãoeusou pois agora podemos ver tudo como nunca antes sim Agora podemos elas se diziam e dançavam no Abismo Fundo e cantavam no Abismo profundamente canções profundas de Gratidão solenemente dançando no Lá 10
11 enquanto nossos corpos aqui nós ouvíamos suas vozes vindo do fundo de nós do Abismo 11
12 ora como pudesse ser isso se agora sendo só os nossos corpos vagando na Tristeza o que restara isso de ver a Dança das nossas cabeças girando de mãos dadas oh víamos as mãos dadas Lá no abismo Profundo e esse outro isso ouvir aqueles Cantos sem os nossos ouvidos 12
13 é isso um de nós se dizia sua Voz Escura só agora o meu corpo o que restou ah se houvéssemos acendido as luzes ah se houvéssemos uns Lamentos 13
14 e do Abismo as nossas cabeças vissem os nossos corpos chorando se contorcendo no escuro como se dançassem mas não dançávamos elas dançassem quem sabe o que dá nas cabeças quando ficam livres dos corpos elas dançando no Abismo profundo e cantavam no Abismo profundamente canções profundas de Gratidão solenemente 14
15 foi quando o Osso Pai nos abandonou e se deu o Desmoronamento 15
16 e depois cada vez mais então tudo se dando em Se nossa vida se tornando vida de Hipóteses Escuras cada vez mais 16
17 agora sejamos o Fosse nos dizíamos é sejamos nos dizendo estamos na Noite do Fosse Seria teria Sido penetrássemos na vida por uma Fenda entre o Sido e um Sendo o que não era mais 17
18 e veio O Desmoronamento 18
19 o Osso Pai nos abandonou de vez ah se o Osso Pai nos abandonar se dará o Desmoronamento os nossos ossos sabiam e temiam um Acontecimento de Ruínas ah as recém-nascidas vertebrazinhas em nós se chegando aos nossos ossos mais antigos buscando amparo e o Desmoronamento se deu 19
20 partindo o Osso Pai pelo menos os outros fiquem nos dizíamos consolávamos as nossas recém-nascidas vértebras mas não foi assim que se deu pois todos os nossos ossos se foram com ele sigamos o Osso Pai se diziam é sigamos aquela Tristeza se afastando ouvíamos cada vez mais longe as suas vozes de ossos e então após as Danças um novo Canto das nossas cabeças vindo nos dissemos Elas tenham descoberto as fontes da Alegria Lá no Abismo e esse canto seja Celebração 20
21 ah só quando as nossas carnes se desfazendo se transformando em águas que a Terra bebia e tanta era a Sede daquele Deserto com um Abismo no Centro em que agora estávamos ah só quando as nossas carnes fossem as nossas carnes se tornando a água que a Terra bebia para ir se tornar a Fonte da Alegria entendíamos as nossas cabeças as havendo chamado do fundo do Abismo para serem que força tinham aquelas cabeças livres de corpo agora Puras Esferas e nós aqui nessa Noite de Hipótese neste Deserto em que nãoeusou fosse Fenda da vida entre o Sido e um Sendo o que não Era mais 21
22 pelo menos isso nos dizíamos pelo menos é nos dizíamos pelo menos nossas carnes indo novamente se reunir às nossas cabeças que nossas Cabeças nos amparem que Elas as Esferas no Abismo nos amparem gritávamos cheios de silêncios em nossa Ausência cada vez mais de tudo pois já sem o Amparo do Osso Pai e nossos ossos todos também havendo partido e nossas carnes de águas indo ah as sedes da Terra 22
23 nossas cabeças cantassem pela chegada das águas das nossas carnes no Abismo Lá seus Cantos de Alegria pelo menos isso pois os Cantos Solenes haviam cessado 23
24 agora do fundo da Terra fossemos nós que rumorejássemos umas antigas Vozes Solenes jorrando por entre as Raízes indo numa Agonia de sombras de terra só nossas águas de sombra de terra por dentro da Sombra da Terra para sermos a Fonte da Alegria de nossas cabeças no Abismo 24
25 e do Fundo da Terra rumorejando oh como queríamos que em nós nascessem Asas para nos elevar pois víamos sobre nos arvores dando Frutos em sonhos e fundos de lagos cheios de afogados nos chamando como irmãos mas como haveriam de nascerem asas em nós sem as nossas omoplatas ah pois houvessem partido com o Osso Pai todos os nossos ossos 25
26 ah 26
27 ó Dias Ausentes à tona rumorejávamos entre Raízes ó Ausência de Tudo submersa rumorejávamos escurecendo ainda mais no Fundo da Terra tragam para nós uma gota de luz ò Dias Ausentes 27
28 e cada vez mais a Terra nos bebendo avidamente como tinha Sede de nós aquele nãoeusou 28
29 aquilo sim é que fosse o Sido Sendo o que nos acontecia e 29
30 ó Abismos sem sementes quem colheu as Origens das coisas ó Ausências Sombrias e íamos jorrando rumorejando entre raízes em nós 30
31 em nós foi quando vindo Aquela voz em nosso Escuro que cada um ouvisse dentro de si nos dizendo Faz jorrar uma fonte de lágrimas dia e noite e não te dês descanso nem o teu olho seque e se dizendo As minhas lágrimas se tornaram o meu pão dia e noite e pedindo Quem dará água à minha cabeça e aos meus olhos a fonte de água amarga 31
32 ah 32
33 como queríamos que em nós nascessem Asas ah nos elevar rumorejando no fundo da sombra da sede da Terra 33
34 34
35 com o tempo mas que tempo eu me dizendo Ó Sem Tempo e que eu fosse eu 35
36 S ubmerso em Si como um homem esquecido pelas paisagen S E vagando Como se um mundo Não existisse Um mundo não como um mundo Sim E convivendo com Ausência e Sombra 36
37 Quase deitado na linha do Horizonte, e sem temer a Lâmina, e com os pés pisoteando estrelas: dança, mas não é O Dançarino 37
38 38
39 quem sabe é só o Vento nos contando esta história um de nós se disse é quem sabe quem sabe quem sabe quem sabe fossemos só Crianças no fundo da Terra ouvindo os Rumores da Mãe 39
40 é estamos no Fundo da Mãe nos dizíamos é isso nos dizíamos rumorejando e os lençóis de água da Terra nos embrulhando como filhos 40
41 e um oh ao longe também um Rumorejar de Ossos longe pois ao longe ainda ouvíssemos as vozes dos nossos ossos partindo seguindo o Osso Pai 41
42 chegassem 42
43 descendo da Treva Pura que agora envolvia a Terra por todos os lados uns ventos com Aves sem asas nascendo na escuridão daquela Treva Pura e clarões vimos a Imensa 43
44 enquanto dos céus que não havia o Clarão descendo vindo iluminar nossas carnes de água onde esquecido o humano 44
45 agora o Um em nós se elevasse nossas águas misturadas a Gota Imensa o umano e primeiro demos de beber aos minerais profundos pois no fundo da Terra havia aquela Sede sem fim agora umanos sabíamos 45
46 ó Sede Imensa 46
47 dando de beber as nossas Carnes de Águas a tudo que tem sede no fundo da Terra nossos rumorejares agora o Único Rumor profundo ia ao encontro do Canto da Alegria do Abismo onde nossas cabeças L á 47
48 Esferas 48
49 o Silêncio que se fez 49
50 pois vimos Sem Olhos a Imensa Profundamente no fundo da Terra subia para os céus de Aves sem asas que não havia subindo Aquilo ainda mais belo que a Treva Pura que envolvia toda a Terra 50
51 aqueles fossem passos do Osso Pai retornando sem ossos o humano havendo se cumprido em nós se enlevecendo o umanoh 51
52 e vimos a Imensa 52
53 ó Árvore de Negros Corais ó Árvore de Negros Corais 53
54 cantamos 54
55 quando passas, em Si se esconde a Árvore dos Negros Corais tu passeias sem Clamor quem sabe: Até cantes e o Caminho não é longo não colheste nenhum fruto, mas os Corais vão contigo e teus Passos vão deixando Rumor de treva e água profunda, pois te seguem, Negros, os Corais a Árvore dos Negros Corais 55
56 ó Árvore de Negros Corais quando passas em Ti se esconde 56
57 e então se abriu para nós o Caminho longo 57
58 e fomos 58
59 OoO o O oo Oo OoO 59
60 60
61 um dia ele voltará a Andara será o Sem Nome mas nós o chamaremos nãoeusou 61
62 e para Eles cantaremos com voz Una a Um ana h Um só Eu cantand oo na Noite das nutrições profundas 62
63 Para nutrir o Lodo, tu não escreves Tu és o Livro que se lança em todas as direções nas Regiões Escuras: Agora oo Círculo cintilante que te envolve E nos limites da Esfera, se te voltas para te ver Fonte que se jorra, vê: o Outro, Água que no Centro da Esfera ainda Lá és tu de novo, murmurando: 63
64 Tu és o Livro na Areia, que se lança: Chama 64
65 65
66 vê: o Outro, Água que no Centro da Esfera ainda Lá és tu de novo, murmurando: Fim de Asa de murmúrios A Viagem a Andara não tem fim 66
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