PARLAMENTO EUROPEU RELATÓRIO. Documento de sessão A6-0277/
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- Elza Taveira Balsemão
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1 PARLAMENTO EUROPEU 2004 Documento de sessão 2009 A6-0277/ RELATÓRIO sobre o pedido de levantamento da imunidade de Witold Tomczak (2008/2078(IMM)) Comissão dos Assuntos Jurídicos Relatora: Diana Wallis RR\ doc PE v02-00
2 PR_IMM_art6-2 Í N D I C E Página PROPOSTA DE DECISÃO DO PARLAMENTO EUROPEU... 3 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS... 5 RESULTADO DA VOTAÇÃO FINAL EM COMISSÃO... 9 PE v /9 RR\ doc
3 PROPOSTA DE DECISÃO DO PARLAMENTO EUROPEU sobre o pedido de levantamento da imunidade de Witold Tomczak (2008/2078(IMM)) O Parlamento Europeu, Tendo recebido um pedido de levantamento da imunidade de Witold Tomczak, transmitido pelo Delegado-adjunto do Ministério Público de Varsóvia e relacionado com o processo criminal conduzido pelo Gabinete do Procurador Distrital de Varsóvia (Warszawa Śródmieście Północ), Polónia, em data de 14 de Dezembro de 2007, transmitido pelo Procurador-Geral polaco em 31 de Janeiro de 2008 e comunicado em sessão plenária em 10 de Março de 2008, Tendo ouvido Witold Tomczak a 28 de Maio de 2008, nos termos do n.º 3 do artigo 7.º do seu Regimento, Tendo em conta os artigos 9.º e 10.º do Protocolo relativo aos Privilégios e Imunidades das Comunidades Europeias, de 8 de Abril de 1965, e o n.º 2 do artigo 6.º do Acto relativo à Eleição dos Deputados ao Parlamento Europeu por Sufrágio Universal Directo, de 20 de Setembro de 1976, Tendo em conta os acórdãos do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias de 12 de Maio de 1964 e de 10 de Julho de , Tendo em conta o artigo 105.º da Constituição polaca, Tendo em conta o n.º 2 do artigo 6.º e o artigo 7.º do seu Regimento, Tendo em conta o relatório da Comissão dos Assuntos Jurídicos (A6-0277/2008), A. Considerando que Witold Tomczak foi eleito para o Sejm (câmara baixa do Parlamento polaco) em 21 de Setembro de 1997 e em 23 de Setembro de 2001; considerando que após a assinatura do Tratado de Adesão em 16 de Abril de 2003 obteve o estatuto de observador; considerando que foi deputado ao Parlamento Europeu de 1 de Maio de 2004 até 19 de Julho de 2004; considerando que foi eleito para o Parlamento Europeu em 13 de Junho de 2004 e que o seu mandato no Parlamento polaco cessou em 16 de Junho de 2004, B. Considerando que Witold Tomczak é acusado de causar danos avaliados em PLN (aproximadamente EUR) a uma escultura intitulada A Nona Hora que representa o Papa João Paulo II esmagado por uma pedra na Galeria Zachęta em Varsóvia a 21 de Dezembro de 2000, violando o n.º 1 do artigo 288.º do Código Penal 1 Processo 101/63, Wagner/Fohrmann e Krier, Colectânea de Jurisprudência do TJCE, 1964, p. 435; processo 149/85, Wybot/Faure e outros, ibidem, 1986, p RR\ doc 3/9 PE v02-00
4 polaco 1, C. Considerando que o Gabinete do Procurador Distrital de Varsóvia reuniu provas contra Witold Tomczak, tendo-se este recusado a responder a questões relacionadas com: os acontecimentos na Galeria Zachęta, D. Considerando que Witold Tomczak alega que, com o seu comportamento para com a escultura, procurou defender os seus sentimentos religiosos e os de outras pessoas, bem como proteger a dignidade do Papa; considerando que contesta o valor dos danos que alegadamente causou e que, em todo o caso, considera que o seu comportamento pretendia proteger um valor mais elevado - o da honra do Papa aos olhos dos católicos polacos, E. Considerando que, com base nas informações obtidas, Witold Tomczak não se encontra protegido pela imunidade parlamentar relativamente a qualquer uma das alegações que foram trazidas ao conhecimento do Presidente do Parlamento Europeu, 1. Decide levantar a imunidade de Witold Tomczak; 2. Encarrega o seu Presidente de transmitir de imediato a presente decisão, bem como o relatório da sua comissão competente, às autoridades competentes da República da Polónia. 1 Este artigo tem a seguinte redacção: "Quem destrua, cause danos a, ou torne inutilizáveis bens pertencentes a outra pessoa será condenado a pena de prisão de 3 meses a 5 anos" (original polaco: "Kto cudzą rzecz niszczy, uszkadza lub czyni niezdatną do uŝytku, podlega karze pozbawienia wolności od 3 miesięcy do lat 5" ). PE v /9 RR\ doc
5 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS I. Os factos 1. Witold Tomczak foi eleito deputado ao Parlamento polaco (Sejm) em 21 de Setembro de 1997 na lista da Akcja Wyborcza Solidarność (Acção de Solidariedade para as Eleições - AWS) e em 23 de Setembro de 2001 na lista da Liga Polskich Rodzin (Liga das Famílias Polacas - LPR). Tendo sido designado pelo Sejm como observador ao Parlamento Europeu após a assinatura do Tratado de Adesão em 16 de Abril de Witold Tomczak tornou-se deputado ao PE no período de 1 de Maio a 19 de Julho de 2004, quando se realizou a primeira sessão do Parlamento eleito em Julho de Dado ter sido eleito para o Parlamento Europeu nas eleições que ocorreram na Polónia em 13 de Junho de 2004, tornou-se deputado ao PE e o seu mandato no Sejm terminou com efeitos a partir de 16 de Junho de 2004, quando foram anunciados os resultados eleitorais Em Dezembro de 2000 a escultura de Maurizio Cattelan intitulada A Nona Hora, representando o Papa João Paulo II esmagado por uma pedra, que é propriedade da Galeria Emanuel Perrotion em Paris, esteve exposta na Galeria Zachęta em Varsóvia. Esta escultura foi objecto de protestos por parte de W. Tomczak e de outros com fundamento em que era ofensiva para as suas crenças religiosas e para a dignidade do Papa Em 21 de Dezembro de 2001, o jornal Super Express foi informado de que uma acção de protesto iria realizar-se, na Galeria Zachęta, contra a dita escultura. Dois jornalistas foram à galeria, onde testemunharam a chegada de W. Tomczak e de outro membro do Sejm, Halina Nowina-Konopka. Enquanto a Sra. Nowina-Konopka se sentava num lugar reservado ao pessoal da galeria perto da escultura, W. Tomczak atravessou a linha que limitava o acesso à escultura e, empurrando parte da mesma (que representava a pedra) causou a sua queda. Daí resultou que algumas partes componentes da escultura ficassem danificadas Devido aos danos que sofreu, a escultura teve que ser reparada em Paris com um custo estimado em francos franceses, o que deu złotys polacos em 20 de Março de 2001, ou seja no dia em que a companhia de seguros que segurara a escultura (Gerling Polska) pagou o montante reclamado. Posteriormente, a Gerling Polska apresentou junto do Gabinete do Procurador Distrital de Varsóvia uma queixa-crime contra W. Tomczak, em conformidade com o n.º 4 do artigo 288.º Código Penal polaco 1. Em conclusão, o Procurador Distrital de Varsóvia solicita o levantamento da imunidade parlamentar do deputado Tomczak a fim de poder confrontá-lo com as acusações no processo supracitado e interrogá-lo enquanto suspeito. 1 Este artigo tem a seguinte redacção: O processo penal pelos crimes descritos nos n.ºs 1 e 2 terá início com base em queixa das partes prejudicadas (Original polaco: Ściganie przestępstwa określonego w 1 lub 2 następuje na wniosek pokrzywdzonego). RR\ doc 5/9 PE v02-00
6 II. Processo 1. As disposições pertinentes do Regimento são os artigos 6.º e 7.º, nomeadamente os n.ºs 1 e 2 do artigo 6.º: 1. O Parlamento, no exercício dos seus poderes em matéria de privilégios e imunidades, procurará fundamentalmente manter a sua integridade enquanto assembleia legislativa democrática e garantir a independência dos seus membros no exercício das suas funções. 2. Qualquer pedido dirigido ao Presidente pelas autoridades competentes de um Estado-Membro e cujo objecto seja o levantamento da imunidade de um deputado será comunicado ao Parlamento reunido em sessão plenária e enviado à comissão competente. 2. Visto que o Presidente do Parlamento considerou que o Procurador Distrital de Varsóvia dera início ao processo de levantamento da imunidade de Witold Tomczak, como previsto no artigo supracitado, este pedido foi comunicado ao Parlamento. 3. Encontram-se assim preenchidas as condições formais para que a questão seja remetida à Comissão dos Assuntos Jurídicos. III. Disposições aplicáveis 1. Artigos 9º e 10º do Protocolo relativo aos Privilégios e Imunidades das Comunidades Europeias (PPI) 1 Estes artigos têm a seguinte redacção: Artigo 9.º Os membros do Parlamento Europeu não podem ser procurados, detidos ou perseguidos pelas opiniões ou votos emitidos no exercício das suas funções. Artigo 10.º Enquanto durarem as sessões do Parlamento Europeu, os seus membros beneficiam: a) No seu território nacional, das imunidades reconhecidas aos membros do Parlamento do seu país; b) No território de qualquer outro Estado-Membro, da não sujeição a qualquer medida de detenção e a qualquer procedimento judicial. Beneficiam igualmente de imunidade, quando se dirigem para ou regressam do local de 1 Os protocolos em anexo aos tratados originais constituem parte do direito primário comunitário, tendo a mesma força jurídica que os próprios tratados. Uma decisão judicial num processo relacionado com a sujeição de funcionários comunitários a impostos sobre o património tornou claro que a violação do disposto no PPI conforma um incumprimento das obrigações decorrentes dos tratados (decisão de 24 de Fevereiro de 1988 no processo 260/86 Comissão v. Bélgica, Colectânea [1998] 966). PE v /9 RR\ doc
7 reunião do Parlamento Europeu. A imunidade não pode ser invocada em caso de flagrante delito e não pode também constituir obstáculo ao direito de o Parlamento Europeu levantar a imunidade de um dos seus membros. 2. A fim de determinar se o Protocolo relativo aos Privilégios e Imunidades das Comunidades Europeias terá sido violado, convirá relembrar os seguintes factos pertinentes: a) A acusação contra W. Tomczak não se refere a opiniões expressas ou a votos no exercício das suas funções enquanto deputado ao PE, dado que aquele não era membro do Parlamento no período em referência. b) W. Tomczak é actualmente membro do Parlamento Europeu, e os factos que estão na base do processo contra ele ocorreram na Polónia, ou seja, o seu Estado de proveniência. 3. Será conveniente apreciar de que forma os supracitados factos e alegações se conjugam com os privilégios e imunidades concedidos no Capítulo III, artigos 9.º a 10.º-A do Protocolo: 1) O artigo 9.º confere aos membros inviolabilidade pelas opiniões ou votos emitidos no exercício das suas funções. Esta protecção vai para além do termo do mandato, mas o seu âmbito é restrito à formulação clara do artigo. O que se protege são as opiniões ou votos no Parlamento ou, ainda que não sejam emitidos fisicamente nas instalações da assembleia, o são sempre no exercício das funções parlamentares. W. Tomczak não era membro do Parlamento Europeu em Dezembro de 2000 e, por conseguinte, o artigo 9.º não é aplicável. 3) O artigo 10.º prevê que enquanto durarem as sessões do Parlamento Europeu, os seus Membros beneficiam: a) no seu território nacional, das imunidades reconhecidas aos membros do parlamento do seu país... O âmbito da imunidade parlamentar na Polónia é muito semelhante ao da imunidade prevista no Protocolo. O artigo 105.º da Constituição Polaca tem a seguinte redacção: Artigo 105.º. 1. Os deputados não podem ser responsabilizados pelas actividades exercidas durante o seu mandato ou após a cessação do mesmo. No que respeita a essas actividades, os deputados respondem unicamente perante o Sejm e, no caso de violação dos direitos de terceiros, só podem ser sujeitos a um procedimento judicial perante um tribunal com a aprovação do Sejm. 2. Desde a data do anúncio dos resultados das eleições até à data em que cessa o seu mandato, os deputados não podem ser objecto de procedimento criminal sem a aprovação do Sejm. RR\ doc 7/9 PE v02-00
8 3. Os procedimentos criminais movidos contra uma pessoa antes da data da sua eleição para o Parlamento são suspensos a pedido do Sejm até ao término do mandato. Neste caso, a imunidade em relação aos procedimentos criminais será prolongada por um período de duração equivalente. 4. Os deputados podem aceitar ser objecto de procedimento criminal. Neste caso, não se aplica o disposto nos nºs 2 e Os deputados não podem ser detidos ou presos sem a aprovação do Sejm, a não ser em caso de flagrante delito ou quando a sua detenção for necessária para assegurar o bom andamento dos procedimentos. Sendo este o caso, a detenção é imediatamente comunicada ao Presidente do Sejm, que pode ordenar a libertação imediata do deputado. 6. Os princípios e procedimentos específicos relativos à responsabilização criminal dos deputados serão estabelecidos por via legislativa. Tendo em conta o exposto, o pedido do Procurador Distrital de Varsóvia deveria ser tratado como um pedido de decisão do Parlamento Europeu no sentido de levantar a imunidade do deputado Tomczak, por forma a que este possa ser criminalmente responsabilizado, possibilidade conferida pelo n.º 2 do artigo 105º da Constituição polaca. O Parlamento Europeu tem assim o direito de levantar ou não levantar a imunidade do Deputado Tomczak. Seguindo a prática estabelecida, o Parlamento Europeu poderia decidir não levantar a imunidade de um dos seus membros caso existissem suspeitas de que o processo se baseava numa intenção de prejudicar as actividades políticas do membro (fumus persecutionis). Não há provas claras nesse sentido no caso vertente. O facto de base, que W. Tomczak causou danos à escultura intitulada "A Nona Hora", representando o Papa João Paulo II esmagado por uma pedra, não é controverso. Não obstante os motivos que moveram W. Tomczak, danificar bens propriedade de outra pessoa é um crime punível mediante queixa, e a parte prejudicada no caso presente, a Companhia de Seguros Gerling Polska, apresentou queixa nos termos da lei polaca. O valor dos danos causados por W. Tomczak, bem como outras questões processuais e substantivas levantadas no presente caso, deverão ser resolvidas objectivamente pelas autoridades judiciais polacas, tendo em conta todas as circunstâncias relevantes. IV. Conclusão Com base nas considerações que precedem, e nos termos do n.º 2 do artigo 6.º do Regimento, após considerar as razões que militam a favor e contra o levantamento da imunidade do deputado, a Comissão dos Assuntos Jurídicos recomenda que o Parlamento Europeu levante a imunidade parlamentar de Witold Tomczak. PE v /9 RR\ doc
9 RESULTADO DA VOTAÇÃO FINAL EM COMISSÃO Data de aprovação Resultado da votação final +: : 0: Deputados presentes no momento da votação final Suplente(s) presente(s) no momento da votação final Carlo Casini, Titus CorlăŃean, Marek Aleksander Czarnecki, Giuseppe Gargani, Klaus-Heiner Lehne, Manuel Medina Ortega, Hartmut Nassauer, Aloyzas Sakalas, Francesco Enrico Speroni, Diana Wallis, Jaroslav Zvěřina Mario Borghezio RR\ doc 9/9 PE v02-00
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