PRAMOSVALDO E A AUTOMEDICAÇÃO

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1 PRAMOSVALDO E A AUTOMEDICAÇÃO PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO Herbert Arlindo Trebien CURITIBA PR Riscos_da_automedicacao.indd 1 23/10/ :29:40

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3 Reitor Zaki Akel Sobrinho Vice-Reitor Rogério Andrade Mulinari Pró-Reitora de Extensão e Cultura Elenice Mara Matos Novak Coordenadora de Extensão Nadia Gaiofatto Gonçalves Diretor do Setor de Ciências Biológicas Luiz Cláudio Fernandes Chefe do Departamento de Farmacologia Paulo Roberto Dalsenter Vice-Chefe do Departamento de Farmacologia Joice Maria da Cunha Coordenador do Projeto de Extensão Universitária RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO - 055/90-PROEC UFPR Herbert Arlindo Trebien Vice-Coordenadora do Projeto de Extensão Universitária RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO - 055/90-PROEC UFPR Maria Aparecida Barbato Frazão Vital copyright Herbert Arlindo Trebien 3 Riscos_da_automedicacao.indd 3 23/10/ :29:40

4 Coordenação Editorial Herbert Arlindo Trebien Revisão Herbert Arlindo Trebien Ilustração da capa Rodrigo Tanoue Capa, projeto gráfico e editoração Wilson M. Voitena - UNIGRAF/PROEC Ilustrações Rodrigo Tanoue e José Lucas de Andrade Impressão e acabamento Imprensa da UFPR Tiragem A Imprensa UFPR irá INSERIR esta informação UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. SISTEMA DE BIBLIOTECAS. BIBLIOTECA CENTRAL. COORDENAÇÃO DE PROCESSOS TÉCNICOS. Ficha catalográfica ISBN Trebien, Herbert Arlindo T784 Pramosvaldo e a automedicação / Herbert Arlindo Trebien; coordenador do RAM Projeto de Extensão Universitária Riscos de Automedicação; colaboradores Alyni Cristiny Dobkoviski... [et al.] ; ilustrações Rodrigo Tanoue e José de Andrade. Curitiba : UFPR/Setor de Ciências Biológicas, p. : il. color., retrs. 1.Automedicação. 2. Pacientes Educação Teatro. 3. Avaliação de riscos de saúde. 4. Reações adversas. 4. RAM Projeto de Extensão Universitária Riscos de Automedicação. I. Dobkoviski, Alyni Cristiny. II. Título. CDD 22.ed Samira do Rego Elias CRB-9/755 4 Riscos_da_automedicacao.indd 4 23/10/ :29:40

5 Autor Herbert Arlindo Trebien PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO ::: COLABORADORES Alyni Cristiny Dobkovski Acadêmica do curso de Enfermagem na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e voluntária e bolsista PRAE do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM) Ângela Taís Mattei Acadêmica do curso de Enfermagem na Universidade Federal do Paraná (UFPR), voluntária e bolsista PRAE do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM) Beatriz Avilla Zacaron - Acadêmica do curso de Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e voluntária do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM). Bruno Jacson Martynhak doutorando do programa de pós-graduação em Farmacologia UFPR e colaborador do PRAM. Cláudio Lages Guerra acadêmico de Odontologia e voluntário do PRAM. Diandra Maria Gasparini Mendes da Silva acadêmica de Farmácia e bolsista PRAE no PRAM. Ely de Fátima Rodrigues servidora UFPR e colaboradora do PRAM. Felipe Campos Teixeira acadêmico de Medicina e bolsista PROEC do PRAM. Gisele de Oliveira Guaita servidora UFPR e colaboradora do PRAM. Herbert Arlindo Trebien Doutor em Farmacologia pela USP Ribeirão Preto, Professor de Farmacologia pelo Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Coordenador do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM) Registro PROEC-UFPR. herbert@ufpr.br Idavir de Freitas Colli Trebien Formada em Psicologia pela USP Ri- 5 Riscos_da_automedicacao.indd 5 23/10/ :29:41

6 beirão Preto, Especialista em Psicopedagogia pela PUC-PR, Psicóloga da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto SP e colaboradora do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação. Isabella Karoline Maba - Acadêmica do curso de Biomedicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM). Jackson Carlos Rapkiewics Farmacêutico, responsável pelo CIM/CRF -PR e colaborador do PRAM. Jacqueline Ojeda Tolotti acadêmica de Medicina e bolsista PRAE no PRAM. Jéssica Rivera de Melo acadêmica de Odontologia e bolsista PRAE no PRAM. José Lucas de Andrade acadêmico de Arquitetura na UFPR e colaborador como ilustrador no capítulo 1 deste livro. Karina Peria de Sene acadêmica de Odontologia e bolsista PRAE no PRAM. Kelver Luiz Krigoski - acadêmico de Odontologia e bolsista PRAE no PRAM. Luiz Henrique de Andrade - Acadêmico do curso de Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM). Maria Aparecida Barbato Frazão Vital Doutora em Farmacologia pela USP SP, Professora de Farmacologia pelo Departamento de Farmacologia da UFPR e vice-coordenadora do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação. Marina Macedo Coimbra - Acadêmica do curso de Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e voluntária do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM). Marja Carolina Rufino dos Santos - Acadêmica do curso de Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e voluntária do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM). Masahiko Ohi, M.V., MsC. Professor aposentado da UFPR. Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Paraná, Mestrado em Farmacologia, área Toxicologia Ambiental/UFPR. Coordenador do Projeto de Extensão Universitária Leite, Alimento de Criança/ PROLAC e Vice- Coordenador do Projeto Riscos da Automedicação da Pró-Reitoria de Extensão 6 Riscos_da_automedicacao.indd 6 23/10/ :29:41

7 e Cultura da Universidade Federal do Paraná. Coordenador do Projeto Cuidando da Qualidade do Leite do Vale do Ribeira/PR, do Programa Universidade Sem Fronteiras, Subprograma Agricultura Familiar, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná (SETI). masahiko@ufpr.br Max Falchetti Cossul - acadêmico de Odontologia e bolsista PRAE no PRAM. Michele Jacowski Acadêmica do curso de Enfermagem na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista PRAE do Projeto Riscos da Automedicação. Miriam Machado Cunico - Química - Doutora em Ciências Farmacêuticas UFPR, colaboradora do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação. Miriam Elizabeth Mendes Angelucci Professora de Farmacologia pelo Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e criadora e anteriormente Coordenadora do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação. Nair Natividade Oliveira Lugo servidora UFPR e colaboradora do PRAM. Natallie Reikdal Cervieri - Acadêmica do curso de Biomedicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e voluntária do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM). Patrícia Caroline Gapski Pereira acadêmica de Medicina e bolsista PRAE no PRAM. Patricia Pott Servidora da UFPR e colaboradora do PRAM. Paulo Roberto Worfel Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mestrado na UFPR. Professor da Universidade Tuiuti do Paraná. Colaborador do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM). Rafaela Aparecida Pereira - acadêmica de Enfermagem e bolsista PRAE no PRAM. Rodrigo Tanoue Acadêmico do curso de Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM). Silvia Nardi Cordazzo Genari - Servidora da UFPR e colaboradora do PRAM. 7 Riscos_da_automedicacao.indd 7 23/10/ :29:41

8 Tayse Inácio Farias - acadêmica de Odontologia e bolsista PRAE no PRAM. Vanessa Cristine Ribeiro Fredrich Acadêmica do curso de Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação (PRAM). 8 Riscos_da_automedicacao.indd 8 23/10/ :29:41

9 Saudade, a que já estava desafeito, Daqueles nobres, plácidos espíritos, De mim se apossa, e qual eólia lira Só vagos cantos o meu estro entoa; Estremeço, de lágrimas banhado Comovido se sente o peito austero; Como que foge o que possuo agora, Em presente o passado eis se converte. Dedicatória Fausto - Goethe Dedicado a Rodrigo pela sugestão e desenvolvimento da idéia Luiz Henrique e Marina por dar a forma inicial a uma idéia Vanessa pela dedicação e sofisticação do enredo Marja e Marina por introduzir complexidade ao enredo Beatriz por aumentar a complexidade do enredo Todos os extensionistas! 9 Riscos_da_automedicacao.indd 9 23/10/ :29:41

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11 ::: AGRADECIMENTOS Aos colaboradores atuais e anteriores do Projeto de Extensão Universitária RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO professores, técnicos, colaboradores externos, alunos de graduação e pós-graduação, bolsistas e voluntários, cujas atividades acadêmica e de extensão criaram as bases para essa publicação. Às escolas, postos de saúde, igrejas, centros comunitários, empresas, programas de escolarização, programas de governo como o Paraná em Ação, que receberam tão bem o Projeto Riscos da Automedicação, contribuíram para a formação de conhecimentos e para a experiência que o projeto hoje possui, e complementaram as bases para a presente publicação. Aos professores do Departamento de Farmacologia da UFPR, que aprovaram o projeto de elaboração do livro. À Direção do Setor de Ciências Biológicas UFPR, que aprovou o projeto de elaboração do livro. À PROEC - UFPR e ao CAEX UFPR, que aprovaram o projeto de elaboração do livro e colaboram continuamente nas atividades do projeto. 11 Riscos_da_automedicacao.indd 11 23/10/ :29:41

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13 ::: APRESENTAÇÃO O presente livro PRAMOSVALDO E A AUTOMEDICAÇÃO é fruto de um árduo trabalho e muita dedicação. É resultado de um bem sucedido projeto que iniciou há muitos anos, o Projeto Riscos da Automedicação. Muitas pessoas participaram deste precioso projeto, tanto na atualidade como em todo o seu decurso. Saliento que a primeira coordenadora foi a Prof a. Estela Maria Arruda Muñoz, que idealizou o projeto e implantou um importante marco no Departamento de Farmacologia. O Professor Herbert Arlindo Trebien, atual coordenador do Projeto, autor e organizador do livro foi muito feliz ao delegar aos estudantes bolsistas e voluntários, e profissionais voluntários, a participação efetiva em cada capítulo, bem como nas ilustrações. Com isto denotou-se o avanço de tal empreitada, tanto no Programa Permanente, como no presente livro. Basta observar quantas pessoas se envolveram de maneira produtiva no processo. Pode-se notar, também, o avanço alcançado ao compararmos o caderno pedagógico Riscos da Automedicação com o livro atual. Ao ler cada capítulo o leitor vai se deparar com informações importantes, conceitos que vão ajudar em muito a compreender o porquê dos Riscos da Automedicação além de ter uma noção da amplitude da ciência farmacológica. Esta obra, assim como o Programa Riscos da Automedicação, tem vários objetivos o que se salienta, no entanto, é orientar os leitores sobre os perigos da Automedicação e educá-los na área dos medicamentos. 13 Riscos_da_automedicacao.indd 13 23/10/ :29:41

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15 A Automedicação é praticada em todos os países do mundo. Qual o problema então? Esta resposta você vai encontrar detalhadamente ao ler o presente livro. A Automedicação, quando praticada, deve ser feita com muito cuidado e de preferência com a atenção ou assistência farmacêutica. Este livro tem a proposta de trazer conhecimentos sobre os medicamentos e efeitos adversos no seu uso. Mais que isto, orienta sobre os perigos de não procurar um profissional de saúde, de tratar a doença errada com o medicamento errado, já que o diagnóstico não foi feito adequadamente, muito menos o emprego da medicação. A prática da automedicação deve ser desestimulada: medicamentos são benéficos quando bem indicados e sob orientação adequada, mas podem ser muito prejudiciais se usados indiscriminadamente. O livro é muito interessante, de fácil leitura e muito útil. Além disto, este livro será um excelente instrumento de consulta. Esperamos que as informações contidas neste exemplar venham a contribuir para uma vida mais saudável e de qualidade. Miriam Elizabeth Mendes Angelucci Coordenadora de Assistência Estudantil- PRAE - UFPR 15 Riscos_da_automedicacao.indd 15 23/10/ :29:41

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17 ::: SUMÁRIO 1. PRAMOSVALDO E O PROPRANOLOL O QUE SÃO OS RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO CAROLINA A PROVA DE BIOQUÍMICA E A INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA FERNANDA ROBERTO E A PÍLULA PRAMOSVALDO E A EXTENSÃO PRAMOSVALDO NO SEURS PRAMOSVALDO NO TESTE SELETIVO O SEMINÁRIO TREINO DE PALESTRA DE PRAMOSVALDO PRAMOSVALDO NO TEATRO PALESTRAS DE PRAMOSVALDO DEDUÇÕES DE PRAMOSVALDO Riscos_da_automedicacao.indd 17 23/10/ :29:41

18 Capítulo 1 18 Riscos_da_automedicacao.indd 18 23/10/ :29:41

19 PRAMOSVALDO E O PROPRANOLOL Era chegado o tão esperado dia da divulgação do resultado do vestibular. Todo um ano de árduo estudo, haveria de em poucas horas se revelar o início de uma trajetória de sucesso ou mais um ano de árduo estudo. Milhares de jovens, cujos últimos meses haviam sido entre intensivões e apostilas, memorex e macetes, estavam agora diante de uma tela de computador. Pramosvaldo, de 17 anos, era um destes jovens: - Nossa Priscila, que demora pra carregar a página, como que você agüenta esse PC!? - Calma, Pram! Assim você vai quebrar o teclado Riscos_da_automedicacao.indd 19 23/10/ :29:41

20 Pram, que passava as férias de fim de ano na casa de seus tios, apertava incessantemente o F5 no antigo computador de sua prima, dois anos mais nova que ele. - Que falta de organização dessa UFPR! Quanta lerdeza pra colocar esse resultado, é um absurdo o que fazem com os estudantes, já não basta o ENEM ser como é! - Ai relaxa, daqui a pouco alguém com internet melhor já liga aqui em casa e te avisa do resultado. - Esse é meu medo! Eu mesmo quero ver, não quero que ninguém me conte! Andava de um lado para o outro, olhando fixamente para a tela do computador e a página que tentava carregar, onde esperava ver escrito o nome estranho que recebera em homenagem de seu falecido avô, Pramosvaldo Vieira Neto. Já não dormia há dois dias, sua prima nunca o vira tão preocupado, e não era para menos. Ela havia passado as férias de julho na casa de sua tia, mãe de Pram, e viu com seus próprios olhos a disciplina espartana com que ele conduzira seus estudos, acordando às seis horas da manhã e lendo todo um capítulo antes mesmo do café. Assim como as horas inacabáveis que passava debruçado estudando na escrivaninha dentro do seu quarto, cujas paredes haviam sido tomadas por folhas de papel com inúmeros lembretes. -Pram, já sei como você pode ficar menos nervoso. Priscila saiu do quarto e em poucos instantes voltou com uma cartela de comprimidos e um copo d água na mão. - Que é isso? - Minha mãe toma um desses sempre que está nervosa. Bom, você como qua se estudante de medicina deve saber melhor que eu. Priscila entregou os comprimidos ao Pram, inocentemente convicta de estar prestando um enorme auxílio ao primo, que por um momento desviou a atenção do computador para analisar detalhadamente a cartela. - Propranolol... sei, sei. É, eu conheço. Mentiu Pram, orgulhoso demais para admitir que nunca ouvira falar no medicamento. Só os que conhecia de verdade eram os que usava para asma grave que tinha desde a infância e que só recentemente fora controlada. Ele olhou para a prima, como que para ler em seu semblante mais informações sobre aquele comprimido ou para se certificar de que 20 Riscos_da_automedicacao.indd 20 23/10/ :29:41

21 era algo seguro. Porém, não fez nenhuma pergunta. Colocou o comprimido branco na boca e engoliu-o com um gole d água. - Pensando melhor, unzinho vai fazer pouco efeito e eu estou super nervoso. Vou tomar logo três para ser mais efetivo. Disse Pram enquanto destacava mais dois comprimidos da cartela de sua tia. Continuaram a conversar sobre o futuro por algum tempo até que Pram começou a sentir uma progressiva falta de ar, que não melhorou com o uso da bombinha para asma, como costumava acontecer. Sua prima se desesperou e gritou por ajuda. Logo estavam a caminho do pequeno hospital da cidade. - Onde estou? O que aconteceu? Pram acordava sentindo-se atropelado por um trem. Tinha uma máscara de oxigênio em seu rosto e um acesso venoso em cada antebraço. Havia perdido a consciência ainda no carro de seu tio que agora se encontrava ao seu lado na maca mais ao canto daquela sala de emergência tão agitada. A enfermeira, enquanto conversava com familiares, preenchia papéis e aplicava injeções em outros pacientes, uns em macas como ele, outros sentados em cadeiras espalhadas pelos cantos da sala. Percebeu Pram acordando e chamou o médico. - Como está se sentindo garoto? Perguntou o médico, que inspirava confiança, talvez devido aos seus cabelos brancos, talvez ao seu tom de voz calmo e firme. Pram parou por um momento e sentindo o ar fluir em seus pulmões novamente, respondeu: - Estou bem... O que aconteceu comigo? - O que aconteceu com você é algo que eu atendo aqui quase todos os dias, o uso incorreto de medicamentos. Medicamento é coisa séria, meu rapaz! Você sabia que poderia ter morrido? - Como assim? Eu apenas tomei um porpanolol para ficar mais calmo e... - É propranolol. Esse medicamento pertence a classe dos beta-bloqueadores, como tal, realmente é utilizado em algumas situações para tratamento de ansiedade, apesar de seu uso mais comum ser controle da pressão sanguínea. Mas jamais deveria ser utilizado por asmáticos como você. 21 Riscos_da_automedicacao.indd 21 23/10/ :29:41

22 - Hum... Beta-bloqueador... Pram sentiu vergonha por ter sido tão irresponsável com sua própria saúde. Ouviu sua prima entrando na sala, ainda soluçando e com o rosto inchado de tanto chorar. Priscila, ao avistar o primo consciente, desabou em um novo choro e o abraçou dizendo: - Graças a Deus, Pram! Achei que tinha te matado. Por que você tinha que ter tomado logo três comprimidos de uma vez? Nunca mais, prometo, nunca mais vou dar remédio nenhum para ninguém! - Sábias palavras, mocinha. Emendou o médico, e continuou: - Para receitar um medicamento, é preciso saber o diagnóstico em primeiro lugar. Além disso, saber qual medicamento é o mais adequado, qual a via de administração, a dose, as contraindicações, as interações medicamentosas e os efeitos colaterais também é muito importante. Não é à toa que os médicos estudam tantos anos. Os dois adolescentes continuaram ouvindo aquele importante sermão como se estivessem descobrindo um novo universo, principalmente Pram, que começou a entender a responsabilidade de ser médico. Decidiu que iria aprender mais sobre aquele assunto. Nesse momento lembrou-se que àquela hora o resultado já deveria ter saído e a sensação de nervosismo em seu estômago retornou. Mal tinha começado a se preocupar e seu tio, que lia uma mensagem no celular, disparou: - Com licença doutor, mas preciso dar uma notícia maravilhosa... Pram, você passou em Medicina! Capítulo 2 22 Riscos_da_automedicacao.indd 22 23/10/ :29:41

23 O QUE É RISCO DE AUTOMEDICAÇÃO? Durante as semanas que se passaram, Pram pesquisou bastante, na in- 23 Riscos_da_automedicacao.indd 23 23/10/ :29:41

24 ternet mesmo, sobre automedicação. O susto que levou com o uso do tal propranolol despertou sua curiosidade e o fez querer entender mais sobre o assunto. Viu que a prática é comum e que muitas pessoas sofrem com o mau uso de medicamentos. Os dias passavam rápido, em meio a leituras como o livro O século dos cirurgiões, que ganhara de um tio depois que passou no vestibular e horas de vídeo game. Sua expectativa em relação ao início das aulas aumentava. Já tinha, literalmente, sonhado diversas vezes com o esperado primeiro dia, que, finalmente, chegou. Pramosvaldo estava ansioso. Diferente dos outros estudantes, já tinha uma dúvida em sua mente. Sentiu na pele que os remédios podem fazer mal e, em seu leigo conhecimento sobre medicamentos, ficou admirado e contemplativo, afinal como um simples comprimido pôde causar mudanças tão fortes em seu organismo? Queria saber por que isso aconteceu, como era o mecanismo de ação desse medicamento e ainda será que se o tomasse novamente iria ocorrer a mesma coisa? Pram, que não era bobo, tirou uma lição da experiência que viveu. Afinal gato escaldado tem medo de água fria. Isso significa que podemos aprender por erro e tentativa. Sofrer reforço positivo ou negativo pelas ações que realizamos. Assim moldamos nossas atitudes pela reflexão e o reconhecimento do erro, para depois desenvolver novas ações, certas ou mais adaptadas. Tudo isso parece ser intuitivo para nosso personagem. E ele se questionava: - Reconheço que ainda sou leigo, não sei curar ninguém, então pelo menos devo não fazer mal nem a mim nem aos outros. Este será meu primeiro lema: só vou fazer as coisas quando tiver certeza do que estou fazendo, afinal tem vidas em jogo. Certamente prudência é a palavra mais certa. Nosso personagem nesse período de reflexão viu que ser médico não é tão fácil quanto pensava, começou a ver suas limitações e sentir o peso da responsabilidade de ser estudante de medicina, afinal sabia que mais cedo ou mais tarde as pessoas ou familiares já iriam começar a tirar dúvidas ou falar sobre suas dores e remédios... Mas Pram não se intimidou com tal responsabilidade. Tinha ralado muito até chegar ali. Lembrou-se da palavra de seu pai: sofrimento vale ouro. Nunca tinha entendido isso. Achava que passar dificuldades era só sofrimento e ponto, mas agora percebia que lhe dava força para continuar e reconhecer o valor das coisas. Relembrou aquela angústia da falta de ar, da vontade que tinha de sugar o ar, do árduo esforço, do sofrimento, da sensação de morte e a partir disso formulou uma lição pra si mesmo, pensando: 24 Riscos_da_automedicacao.indd 24 23/10/ :29:42

25 - Com a mesma vontade que tive de respirar, me esforçarei para aprender e ser um bom médico. Esse é meu objetivo. Estava disposto a dar o melhor de si. Não sabia quais ou quantas barreiras iria enfrentar pela frente, mas certamente nesse momento sua auto-estima estava nas alturas. Então olhou a porta abrir. Viu o professor chegar. Todos os alunos estavam quietos, prestando muita atenção em seus passos, a expectativa era grande. A primeira aula era de farmacologia, pois com a mudança curricular essa disciplina foi colocada no primeiro semestre. O professor grisalho, de passos rápidos e objetivos, se dirigiu para a mesa, onde colocou sua pasta. Ligou o projetor, conectou o pendrive, acoplou o notebook e disse: - Bom dia, meu nome é Humberto. Parabéns por estarem aqui. Esse é nosso primeiro dia de aula, das vinte que teremos nesse semestre e como são poucas, não podemos perder tempo. Sei que muitos de vocês acabaram de sair do ensino médio, então vamos começar do básico. Hoje, nosso primeiro dia de aula, vamos falar sobre um tema atípico, mas muito interessante. Coloquei esse tema na primeira aula porque acredito que será útil. Como o primeiro mandamento médico é primum non nocere que traduzindo em minhas palavras ficaria se não puder curar que pelo menos não prejudique, decidi falar sobre esse tema. Pram ficou espantado, afinal acabara por meios próprios chegando a semelhante conclusão. Ficou entusiasmado, pois isso parecia uma profecia de que estava no caminho certo. E o professor disse: - Nosso primeiro tema será... Pram pensou: - Remédio? Fármacos? Será que ele vai explicar o que são Betabloqueadores? O professor disse: - Riscos da automedicação... Pram demonstrou curiosidade, logo uma reflexão veio a sua mente: - Já tomei remédio e me fez mal. 25 Riscos_da_automedicacao.indd 25 23/10/ :29:42

26 Agora os olhos de Pram estavam vidrados, prestava muita atenção, em cada palavra ou gesto do professor. Afinal um primeiro dia de aula que poderia explicar seus problemas seria a melhor coisa. Quem não queria uma aula para explicar seus problemas? E o professor, para incitar a curiosidade de seus alunos e não deixar a aula monótona, logo fez a proposta: - O que é automedicação? Quais seus riscos? Quem souber e der um exemplo, ganhará 1 ponto. A pergunta, que parecia fácil, intimidou os alunos, pois era o primeiro dia de aula. E a vergonha de levantar a mão? O que os outros vão pensar de mim? Não podia dar bola fora... Como era de se esperar, num primeiro momento ninguém se manifestou. Pram estava se segurando e quando o professor já ia proferir outras palavras levantou a mão e disse: -Eu sei!. Todos imediatamente fixaram seu olhar no garoto, que ficou vermelho. - Qual seu nome? - Pramosvaldo. Alguns risos escaparam pela sala, apesar da expressão austera do professor. - Prossiga, Pramosvaldo. Pram, timidamente, iniciou seu raciocínio. - Riscos todos corremos diariamente, desde o momento em que saímos de casa: não prevemos tudo o que nos espera e é isso que nos faz ter medo, reagir às situações. Medicamento é, por exemplo, um que tomei nas férias, o propranolol. Fiquei com falta de ar, uma sensação de que estava morrendo e fiz isso por conta própria, ou melhor, minha prima achou que iria acalmar minha ansiedade, enquanto aguardava o resultado do vestibular. Todos da sala olharam, alguns surpresos, outros riram. Pram olhou em volta para avaliar se tinha dito algo errado... Ficou um pouco acanhado. O professor sem mais demoras e com o tom da palavra forte disse: 26 Riscos_da_automedicacao.indd 26 23/10/ :29:42

27 - Excelente, um ponto!!! Agora o orgulho do Pram transbordava, sentiu que o pressentimento era verdadeiro, já começara bem. E o professor traduzindo as palavras de Pram para os que não tinham captado a informação disse: - Automedicação é A ATITUDE de tomar medicamentos por conta própria, sem receita médica, por indicação de amigos ou parentes, assumindo o risco de efeitos colaterais ou ausência de efeito. E nosso colega aqui já pôde sentir na pele o drama de tomar medicamento por conta própria. Pram se sentiu mais importante. O professor, sem mais demora, logo emendou perguntando: - Alguém mais conhece alguém que tenha tido experiências, como a do colega, de efeito colateral ou intoxicação? Agora todos, a fim de conseguir um ponto, levantaram a mão. Pram ficou espantado, nossa! Ele não era o único que tinha sido vítima dos medicamentos, a prática era muito mais comum do que pensava. E indagou ao professor: - Por que as pessoas fazem o uso de remédios sem consultar o médico? O professor Humberto retrucou a pergunta e fez uma nova aposta, mais desafiadora: - Pram por que você acha que as pessoas fazem automedicação? Vou te dar 2 pontos se você acertar... Agora a aposta era maior, a responsabilidade também, o silêncio e o tempo o pressionavam... Estava difícil elaborar uma nova resposta, que agora exigia mais esforço de sua mente. Pram pensava sobre o motivo aparentemente irracional que levava as pessoas a usar medicamentos por conta própria, inclusive, arriscando suas vidas com isso. Mas tinha que dar alguma resposta. Olhou para um lado e, através da janela, viu uma farmácia, na qual várias pessoas compravam medicamentos e perfumarias. Sua mente analisava, tentava encontrar uma razão que justificasse esse comportamento nas pessoas. Agora não estava mais tão confiante, começou a titubear. Entretanto, o professor queria uma resposta e, para não demorar mais, disse: - Não sei a verdadeira razão que move todas essas pessoas a correr 27 Riscos_da_automedicacao.indd 27 23/10/ :29:42

28 o risco de se intoxicar, mas observei através da janela e vi como é fácil adquirir um medicamento. Se eu tivesse um sintoma como dor ou ansiedade, como ocorreu comigo no caso do propranolol, arriscaria tomar, como fiz, um remédio que eu acreditasse que resolveria meu problema. O professor agora fez uma cara diferente, um ar de mistério. Pram nem esperava recompensa, os dois pontos pareciam escapar... Então a ansiedade da turma voltou ao professor, que disse em voz mais devagar no começo e que aos poucos foi subindo de entonação e velocidade: - Pram, você é um ótimo observador, e sua resposta está absolutamente correta!!! Pram nem entendeu o que tinha dito de tão relevante, afinal sua resposta parecia tão óbvia... E o professor prosseguiu: - Para essa pergunta existem muitas respostas certas, distribuiria muitos pontos aqui! Agora todos olharam entusiasmados para o professor, que prosseguiu dizendo: - Existem infinidades de motivos que levam as pessoas a fazerem uso da automedicação, dentre elas, a facilidade com que a população tem de adquirir o medicamento, como falou esse garoto. Agora vamos refletir um momento sobre esses motivos. Continuou o professor: - Toda pessoa que tem um problema quer solucionar esse problema. Por exemplo, se eu tivesse uma dor de cabeça, iria à farmácia, compraria um analgésico e, aparentemente sem mais complicações, a resposta esperada para esse medicamento seria passar a dor. Além disso, consultar com o médico demora, é difícil de marcar, é caro, tenho que disponibilizar um tempo do meu dia só para ir ao médico, tem que levantar cedo para esperar na fila, e na consulta o médico só ia olhar para mim e dar um analgésico mesmo... Alguns riram - Isso é o que muitas pessoas responderiam. Controlando a turma, Humberto prosseguiu: - Logo, percebemos que se automedicar é um processo também cultural. É um vício da sociedade e o efeito desse vício e suas con- 28 Riscos_da_automedicacao.indd 28 23/10/ :29:42

29 sequências notamos aqui mesmo na sala, com a maioria de vocês que já tiveram algum efeito indesejado com o uso de medicamentos. Mas, quais os riscos dessa prática de se automedicar? Questionou o professor. Humberto continuou perguntando: - Será que as pessoas estão aptas a tomar essa decisão?- Agora quem responder a essas perguntas ganhará 3 pontos! Os olhos de Pram saltaram, e num lapso de ambição já levantou a mão sem dar chance para ninguém da classe, afinal já tinha 3 pontos e, com mais 3, somaria 6 pontos. Como a média para passar sem exame era 7, era só acertar 1/10 (um décimo) da prova e já teria sua primeira nota que poderia livrá-lo do exame, e com 4 pontos na prova atingiria uma nota MÁXIMA!!!!!. Lembrou-se da explicação do médico que o atendera e dos estudos que realizou durante as férias sobre aquele assunto. Respirou fundo e disse: - Professor, respondo essa última questão dizendo que não é fácil ser médico, porque acredito que para usar um medicamento tem que saber como ele age no organismo, quais são os efeitos colaterais, qual é a dose do medicamento, quanto tempo tem que usar, tem que saber a via de administração, as interações medicamentosas, saber também que horário do dia tomar, se tem que tomar em jejum, se tem que tomar com algum alimento, às vezes tem até que ajustar a dose aumentando ou diminuindo. E acima de tudo, tem que prescrever o medicamento APÓS FAZER O DIAGNÓSTICO CORRETO!!! Porque se tomar um medicamento errado, não vai fazer efeito, ou melhor, só ficarão os efeitos colaterais. Esqueci algum detalhe? Em relação a primeira questão: acredito que o maior risco dessa prática, como tenho experiência própria no assunto, é o efeito colateral indesejado ou inesperado por fazer o mau uso desta substância. Afinal ficar sem ar e conseguir recuperar foi até sorte, poderia ter complicado mais e até ter morrido. O professor ficou admirado, imaginando de onde vinha tanta inspiração para uma resposta tão completa num primeiro dia de aula. E disse: - Excelente resposta: 3 pontos!!!. Pram agora era considerado o maior CDF da turma, sem mesmo ter conhecido muitos colegas. Tinha, sem querer, conquistado até pretendentes: notou que algumas meninas passaram a dirigir-lhe olhares curiosos. Estava transpirando de alegria Riscos_da_automedicacao.indd 29 23/10/ :29:42

30 O professor prosseguiu dizendo: - O que o colega de vocês disse está certo e vou continuar o raciocínio para que fique mais completo. - O medicamento usado por conta própria, além dos efeitos colaterais, pode também mascarar os sintomas da doença e, assim, dificultar o diagnóstico e conduta quando o médico for procurado. No caso de uma doença mais grave, isso pode implicar em sérias conseqüências para a saúde. Exemplo: tomar anti-inflamatórios e analgésicos para um quadro de dor abdominal durante meses, sem consultar um médico. O alívio aparente dos sintomas retarda a busca do atendimento médico e, quando o doente finalmente vai se consultar, descobre que a dor na verdade era um sintoma de câncer intestinal, cujo tratamento, num estágio mais avançado é muito mais difícil. Pram achou um pouco dramático esse exemplo do professor, mas se lembrando da falta de ar deu toda razão. O professor continuou, concluindo o raciocínio. - Pramosvaldo, para fazer tudo isso que você disse é necessário muito estudo e muita experiência, afinal prescrever um medicamento é algo de altíssima reponsabilidade. Fazer um diagnóstico e instituir um tratamento adequado requer o cumprimento de muitas etapas. Agora a responsabilidade de ser médico deixava os ombros de Pram mais pesados. Afinal é impossível saber tudo sobre tudo, e é isso que se espera de um médico. Apesar disso, Pram estava motivado. Despedindo-se da turma, o professor disse: - Então turma, espero que essa pequena discussão tenha motivado e despertado a curiosidade de vocês para a jornada de nossa disciplina. Pramosvaldo, parabéns pela participação hoje. E quanto aos pontos: só serão válidos se você for bem na prova. O professor sorriu transmitindo confiança ao aluno. Pram sorriu também. Lógico que não poderia ser tão fácil, pensou. Acabou a aula e uma menina de olhos castanhos chamou sua atenção. Pram, até então, não tinha se dado conta, mas a garota era realmente muito bonita. Ainda não sabia seu nome. Agora que a aula havia acabado, parecia que responder às questões perante toda a turma tinha sido mais fácil do que dizer oi para ela. A garota se aproximava e ele queria causar uma boa impressão Riscos_da_automedicacao.indd 30 23/10/ :29:42

31 Capítulo 3 CAROLINA - Pramosvaldo? É esse seu nome, quer dizer, de verdade? Pram ficou surpreso e envergonhado. - É sim, homenagem ao meu avô... fazer o que. E você, como se chama? respondeu sem muito entusiasmo. - Carolina. - Bonito nome, um nome comum na verdade... não, quero dizer, em comparação com o meu... ah você entendeu. Ambos ficaram em silêncio por um tempo, Pram se perguntando por que se atrapalhava tanto nessas situações. - Você não achou que o professor te daria pontos de verdade, achou? Cada pergunta boba... nem levantei a mão. Meu irmão mais velho já teve aula com ele e me disse que esse tal Humberto faz esse truque todos os anos, pra pegar calouros como você. Pram ficou mais constrangido ainda. Então todo o esforço que teve para formular boas respostas fora em vão? Será que todos já sabiam do truque e ele era o único a embarcar na história? - Não fique assim... disse a menina com tom de superioridade - você não tem culpa de ser calouro. Pram começava a se irritar. Perguntava-se por que ela se referia a ele dessa forma, afinal, não seria ela também uma caloura? - Quer saber o que eu acho? Concordo com você, garoto, as pessoas comuns não podem sair por aí tomando medicamentos a torto e a direito. Agora eu, que sou estudante de medicina, sei o que faço... nunca tive problemas. Isso de efeitos colaterais é coisa de leigo, desinformado. 31 Riscos_da_automedicacao.indd 31 23/10/ :29:42

32 Seria mesmo? Pram permaneceu em silêncio, olhando para uma inscrição na madeira da carteira em que estava. Como essa garota fala... pensou. - Estou precisando de um café, quer ir à cantina? Convidou a moça. - Acho que não, fica pra próxima. - Ok, a gente se fala. Ela virou as costas e partiu, agitando os cabelos. Pram ficou ainda alguns minutos analisando tudo o que tinha acabado de acontecer na última hora. A expectativa da primeira aula, a excitação e nervosismo ao responder as perguntas, a satisfação em ganhar os pontos, e, agora, a decepção ao saber que tudo poderia ter sido um joguinho para pegar calouro. Pram terminou de guardar seu material, que incluía um caderno do Star Wars, e seguiu em direção à saída da sala. Mais tarde, enquanto voltava para casa, muitos pensamentos rondavam sua mente. Quanta informação e novas sensações para um único dia de aula! Estava exausto, mas era só o começo. Durante as semanas que se seguiram, Pram percebeu que se enganara achando que o duro era no cursinho e que quando entrasse na faculdade poderia relaxar. Cada dia de aula representava muita informação e muitos capítulos de livro para ler. Sentia-se tão cansado quanto nos tempos de pré-vestibular, que para ele parecia ter sido há muito tempo. Entretanto, naquela ocasião o estudo era mais simples: ler a apostila e resolver as questões correspondentes. Agora era diferente, não havia apostilas nem macetes. Ele tinha que, aos poucos, encontrar o melhor método para assimilar os conteúdos. Resumir por conta própria os muitos capítulos estudados e selecionar os pontos mais relevantes. Na faculdade, a atmosfera estava agitada, pois a primeira prova do curso de Medicina seria dali a três dias. - Não acredito que pegaram todos os exemplares do livro recomendado para estudar biologia celular! Disse Carol indignada quando voltou da biblioteca e aproximou-se de Pram na cantina, atirando uma pilha de quatro livros e dois cadernos sobre a mesa. - Mas também... três dias antes da prova, você queria o quê? Isso seu irmão não te contou né? 32 Riscos_da_automedicacao.indd 32 23/10/ :29:42

33 Respondeu Pram sem erguer os olhos enquanto rabiscava num papel sulfite. Carolina olhou perplexa para ele. - É claro que ele me avisou disse a garota, ainda agitada e balançando os braços e é por isso que emprestei os melhores livros na primeira semana de aula. - Humm, então do que você está reclamando? Aliás, vejo que você está com um bom estoque de livros aí. Pram deu uma olhada na mesa e retornou sua atenção para o papel. - É que o livro base eu já li há algum tempo e acabei devolvendo à biblioteca. Peguei esses outros para me aprofundar no assunto e, agora que está perto da prova, gostaria de revisar pelo primeiro livro. Mas esse bando de calouros desesperados limparam as prateleiras, que raiva! - Calma Carol, que estresse! É só a primeira prova de muitas, e muito mais difíceis, diga-se de passagem. - Você não está me tranqüilizando! - Senta aí, vai... disse Pram desocupando a cadeira vizinha. Eu, como calouro que sou, também emprestei esse livro da biblioteca. Você pode tirar cópia do assunto, se quiser. - Jura? Disse Carol mudando a expressão para um sorriso e abraçando Pram Muito obrigada! Está com ele aí? Posso dar uma olhadinha? - Está na minha mala... Já pego pra você. Carolina, finalmente, puxou a cadeira e sentou-se, voltando sua atenção para Pram. - E o que você está fazendo aí, posso ver? antes que Pram respondesse, o papel já estava em suas mãos. Nossa... até que esse rabisco está bem feito, Pram! Isso é uma mitocôndria, não é? E um ribossomo, com suas subunidades... que legal, você poderia muito bem ilustrar um livro um dia! - Ah, até parece... - Mas por que você está desenhando isso? - É meu jeito de relembrar a matéria. Gravo melhor as informações se for fazendo desenhos e esquemas junto. 33 Riscos_da_automedicacao.indd 33 23/10/ :29:42

34 - É... quem pode, pode né! Agora passa logo o livro aí, antes que termine o intervalo. E capricha nesse desenho, pra você me emprestar depois, claro. Pram abriu a mochila, pegou o livro da biblioteca e emprestou à colega. Ela saiu a passos rápidos, gritando, já do corredor, fique de olho nas minhas coisas!. Pram lembrou das últimas semanas e do primeiro dia de aula, quando conheceu Carolina. Ela não tinha mudado muito durante esse tempo, mas ao menos agora ele já estava habituado a seu jeito mandão. Achava que no fundo ela era uma boa pessoa. Só precisava amadurecer. Dois dias depois, à noite, véspera da tão temida prova de biologia celular, Pram revisava seus desenhos e esquemas antes de dormir, quando ouviu uma batida na porta de seu quarto. - Entra! era dona Amália, a mãe de Pram, que trazia uma xícara fumegante nas mãos. - Pram? Não está na hora de dormir? Amanhã você acorda cedo, filho. - Eu sei mãe... mas é a primeira prova e ainda falta revisar os tipos de transporte celular, microtúbulos e função dos lisossomos. - Liso o quê? - Lisossomos... são estruturas celulares responsáveis pela digestão intracelular. - Esse papo está me dando indigestão, isso sim meu filho... Tome, fiz esse chazinho de camomila pra você dormir tranqüilo. Você sabe que tanto estudo sem uma boa noite de sono não adianta nada. - Eu devia era tomar alguma coisa pra ficar acordado mais tempo e terminar de ler mais um capítulo! - Pram, meu filho, você já estudou bastante que eu vi. Agora você precisa é descansar a cabeça para conseguir aplicar o que aprendeu na prova amanhã. Tome o chá que eu fiz pra você e cama, futuro doutor. Mãe sabe o que diz, melhor não contrariar, pensou. Pram aceitou a xícara que a mãe lhe estendia e bebeu, a grandes e pausados goles. O líquido quente foi relaxando seu corpo, tenso pela má po- 34 Riscos_da_automedicacao.indd 34 23/10/ :29:42

35 sição à escrivaninha. Seus olhos foram ficando pesados enquanto tentava ler mais um parágrafo de Biologia Celular: princípios e fundamentos, o mesmo livro que havia emprestado à Carolina dias atrás. Percebendo que não adiantava mais lutar contra o sono, deixou-se desmontar na cama até a manhã seguinte, quando o celular o despertou as 06:20 da manhã. Pram, que geralmente precisava de três sonecas antes de sair da cama, o fez de imediato essa manhã. Acordou incrivelmente desperto, com a sensação de ter revisado várias vezes o que leu à noite, de modo inconsciente, enquanto dormia. Seu café já estava preparado quando apareceu na cozinha quinze minutos depois, com roupa trocada e cabelo penteado. Comeu rapidamente e em silêncio, enquanto sua mãe o observava. - Dormiu bem filho? - Sim, mãe. - Quer levar uma fruta ou um iogurte? - Não precisa, mãe. Eu como alguma coisa na cantina, no intervalo. Sentado no ônibus, no caminho para a faculdade, revisou mais uma vez, um de seus esquemas. Trinta minutos depois, já no campus de biologia, sua excitação ia crescendo conforme caminhava pelo corredor. Ao entrar na sala o burburinho era intenso: vários de seus colegas tinham resumos e cadernos abertos, tentando gravar alguma informação de última hora. Outros tantos tiravam dúvidas com colegas, trocavam palpites sobre questões que poderiam ser cobradas ou repetiam macetes que eles mesmos criaram para facilitar a memorização de alguns pontos da matéria. Aquela atmosfera deixou Pram mais ansioso ainda. Preocupava-se cada vez que entreouvia um termo que não conhecia ou que tinha passado batido por seu estudo. Escolheu um lugar na terceira fila e sentou. De repente ouviu um comentário: - Virei a noite estudando, achei que não aguentaria, mas consegui! Pram reconheceu a voz da amiga, que conversava com outra garota duas fileiras atrás. Ficou observando-as. - Mas como você conseguiu, Carol? Eu bem que tentei, afinal tinha um capítulo inteiro ainda para ler, mas quando deu três da manhã caí num sono profundo... Carol baixou o tom de voz, olhando para os lados a fim de certificar-se que não estava sendo ouvida. 35 Riscos_da_automedicacao.indd 35 23/10/ :29:42

36 - Eu tomei um comprimido que minha mãe usa para emagrecer, sibutramina, já ouviu falar? - Sério, Carol? Mas e aí, ele funciona para ficar acordada também? - Bom, minha mãe toma esse remédio há anos, tem receita e tudo. E ela sempre reclama de dificuldade para dormir, desde que começou a usar esse remédio... Eu também notei que ela fica mais agitada quando toma. Aí, um dia, quando precisava terminar um trabalho de bioquímica, tive a ideia de testar e deu certo! - E você não tem medo de tomar medicação assim, sem precisar? - Ah Fernanda, eu sei o que faço. Já tomei esse remédio para ficar acordada outras vezes e nunca tive problemas... Disse isso enquanto organizava vários papéis e lembretes dentro de uma pasta - a professora já estava na sala e pedia para os alunos guardarem os materiais. - Ah, que linda a cor da tua unha, deixa eu ver! Carolina espalmou os dedos, a fim de expôr melhor as unhas à amiga. - Nossa, Carol! Como você está tremendo! - É, devo estar realmente nervosa para essa prova. - Será que as mocinhas podem terminar o assunto mais tarde? - disse a professora ao se aproximar delas e entregar uma cópia da prova a cada uma. Nesse momento, Carolina reparou que Pram sentava alguns lugares a sua frente. Seus olhares se cruzaram rapidamente e, sem poder falar, Carolina cochichou as palavras boa sorte ao amigo. A prova, como Pram havia imaginado, estava difícil, mas não impossível. Foram dez questões discursivas, das quais seis ele sabia bem o conteúdo, três ele precisou dar uma enrolada e uma não fazia ideia da resposta. Ao deixar a sala em direção à cantina, sentia-se atropelado por um trem. Só pensava na hora em que poderia encontrar o conforto de sua cama e tirar um bom cochilo. O problema é que a semana de provas só estava começando, no dia seguinte seria a prova de bioquímica. Ele já havia adiantado parte do estudo durante o fim de semana, mas ainda tinha muito para ler. Na cantina, encontrou Carol exaltada: como ele, havia uma questão na prova que ela não conseguira responder. Folheava um livro nervosamen- 36 Riscos_da_automedicacao.indd 36 23/10/ :29:42

37 te, procurando alguma nota de rodapé que pudesse ter lhe escapado. Não era possível, tinha lido tudo! Por que a professora era tão má a ponto de cobrar um conteúdo que não estava na leitura recomendada? - pensava, já com lágrimas nos olhos e o rosto vermelho. Pram sabia que a amiga era um pouco exagerada, mas essa agitação toda parecia além do normal, mesmo para Carol. - Carol? Está tudo bem? - Não, é óbvio que não está! - Tem algo que eu possa fazer pra te ajudar? - Sim, me deixe em paz! Quem ela pensa que é? - Está falando de quem? - Aquela professora infeliz e mal amada, que resolve descontar seus problemas na gente. Onde já se viu, fazer uma prova dessas! - Calma, Carol. É só uma prova, aposto que você nem foi tão mal assim. A nota nem saiu ainda! A garota desabou em um choro. - Eu sei, Pram. Mas eu sei que fui mal, eu sei... E estudei tanto, nem dormi por causa dessa prova maldita e amanhã tem mais. Acha que poderei dormir essa noite? Claro que não! - E por que não? - Você é burro ou o quê? Acabei de dizer que amanhã tem mais uma prova e preciso estudar, né. O que será de mim se tirar mais um zero? - Você ainda não tirou nenhum zero... - Não sei, o resultado da prova ainda não saiu, não foi o que você acabou de me dizer? - Carol, você não está bem. Precisa ir para casa e descansar. Todo esse estresse está te fazendo mal. - Eu sei. Estou agitada, nervosa! Mas o que posso fazer? - Faz assim: durma por algumas horas, acorde e termine de estudar. Aí vai dormir no horário hoje, para descansar à noite. Virar a madrugada estudando parece uma boa ideia na hora, mas sério, 37 Riscos_da_automedicacao.indd 37 23/10/ :29:42

38 38 não vale a pena. Ontem pensei em ficar acordado estudando, mas minha mãe disse para eu dormir e segui o conselho dela. Não consegui revisar cem por cento da matéria, mas hoje estou bem e não me arrependo. - Mas e aí, vou perder as aulas da tarde? - Depois te passo o conteúdo das aulas de hoje. Nesse momento ir para casa é o melhor que você pode fazer, acredite. E foi o que Carol fez. Chegou em casa, tomou um banho e foi para a cama. Sentia-se muito cansada, mas a agitação não tinha passado. Fechava os olhos, mas em sua mente só apareciam flashes do conteúdo da prova da manhã. Virava de um lado e de outro, sem conseguir pegar no sono. Mas que raiva!. Levantou-se para tomar um copo d água na cozinha. Sobre a mesa estava a caixinha de remédios de sua mãe, onde faltavam dois comprimidos que havia tomado para ficar acordada: um à noite e um pela manhã, para não dormir na prova. E agora, que queria e precisava descansar simplesmente não conseguia! Além da insônia e da agitação, uma dor de cabeça chata a incomodava desde o início da manhã. Com a correria de cedo nem tinha dado importância, mas agora que queria descansar a dor parecia incomodar mais e mais. Carol tinha crises de enxaqueca desde os quinze anos. Na época das primeiras crises, sua mãe a levara ao médico, que receitou um comprimido para aliviar a dor. Desde então, sempre que tinha a típica dor unilateral, pulsátil, associada a enjoo e que piorava com a claridade, já tomava um comprimido de sumatriptano. Entretanto, dessa vez era uma dor de cabeça diferente: os dois lados doíam e sem pulsar. Não tem problema pensou Carol. Sempre tomo esse remédio pra dor de cabeça, aposto que dessa vez vai funcionar igual. Destacou um comprimido de sumatriptano da cartela e tomou com um pouco de água. Subiu para seu quarto, deitou na cama e, finalmente, cochilou. Uma hora mais tarde, Carol acordou suando frio e profusamente. Seu coração batia acelerado e sua respiração estava ofegante. Que diabos está acontecendo?. Levantou-se de um salto e olhou-se no espelho: o rosto estava vermelho e seu corpo todo tremia. Lembrou-se do primeiro dia de aula, quando riu da história que Pram havia contado. Agora sabia exatamente o que o garoto havia sentido. Sua boca estava seca e um mal estar crescente foi tomando conta do seu corpo. Estava sozinha em casa. A mãe, com quem morava, estava no trabalho e só chegaria mais tarde. Pensou em ligar para ela no escritório, mas sabia que a deixaria muito preocupada. Teria que procurar ajuda sozinha mesmo, e só avisar quando já estivesse melhor. Ainda tremendo, sentou-se na cama. A dor de cabeça, que não tinha passado, aumentava de intensidade. Sua visão foi Riscos_da_automedicacao.indd 38 23/10/ :29:42

39 escurecendo e a cabeça ficando pesada... Já não sustentava mais o peso de seu corpo, que, sem se dar conta, caiu sobre o colchão... Síndrome serotoninérgica É uma síndrome clínica resultante da estimulação excessiva de receptores serotoninérgicos centrais e periféricos, caracterizada pela tríade de sintomas: mudança do estado mental, anormalidades neuromusculares e hiperatividade autonômica. Sintomas: diaforese, febre, hipertensão, taquipneia, dilatação das pupilas, rubor, insônia, mioclonia, convulsões, letargia, tremores, etc. Tratamento: descontinuação dos agentes serotoninérgicos, hidratação, redução da hipertermia, monitorização e tratamento dos sintomas (propranolol, diazepam...). 39 Riscos_da_automedicacao.indd 39 23/10/ :29:42

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41 Capítulo 4 A PROVA DE BIOQUÍMICA E A INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA A prova de bioquímica agora atormentava a vida de Pram, que queria tirar uma dúvida com Carol pelo celular, a qual, por sua vez, não atendia. Tentou a primeira, a segunda vez e o telefone tocava até o fim. Nada dela atender. Já era relativamente tarde da noite, quando chegou por a prova antiga de bioquímica. Havia a fama do professor sempre repetir as mesmas questões, as quais, de ultima hora alguém caridoso soltou no da turma para alegria de muitos, já desanimados com a primeira prova. Pram não tinha o de Carol, queria encaminhar o dossiê. Passou rapidamente os olhos na prova antiga, viu que não era uma prova das mais fáceis, mesmo com a prova na mão e o livro ao seu lado ainda assim tinha dúvidas em algumas questões. Pram imediatamente pensou: Carol deve estar ainda rachando de estudar, talvez se ela me ajudasse nessas questões que não sei a gente poderia chegar a uma resposta. E com certeza ela iria ficar mais tranquila para essa prova. Pram logo imprimiu seu novo guia de estudo, colocou na bolsa e foi correndo para o ponto de táxi onde por sorte já havia um. Embarcou com destino à casa de Carol. Pram desceu do táxi, pagou e pediu para o taxista esperar alguns minutos, já que poderia existir a possibilidade de que Carol não o atendesse ou que já estivesse dormindo. Pram tocou a campainha e nada de alguém atender. Resolveu ligar no celular de Carol, conseguia até ouvir seu toque característico vindo de dentro de casa. Começou a ficar desanimado, já que tinha se empenhado 41 Riscos_da_automedicacao.indd 41 23/10/ :29:42

42 tanto para poder estar ali com o dossiê da bioquímica. Já ia dar meia-volta para ir embora quando malandramente resolveu dar uma espiadinha pela janela do quarto de Carol, que estava com a luz acesa, subindo na muretinha do muro de sua casa. E para sua surpresa viu Carol tremendo e parecia desacordada. - Carol! -Pram gritou. Ela mesmo semiconsciente, conseguiu balbuciar - Praam! - com dificuldade. Pram estrava aflito: Imediatamente, pediu para o taxista ajudá-lo. Já que sua amiga não estava bem.pram escalou a grade apoiando-se no pilar do muro e conseguiu ter acesso ao quarto de Carol pela janela. Nesse momento os olhinhos de Carol brilharam, a tremedeira até diminuira um pouco. Estava solitária e passando muito mal, até que Pram como um ente divino conseguiu saltar pela janela. Pram se aproximou rapidamente e a abraçou, viu que estava mais abatida, sua respiração estava rápida e um pouco ofegante, suando frio e perguntou: - O que aconteceu???!!!!!! Carol respondeu: - Obrigada por estar aqui... Carol abraçou Pram mais forte, agora mais confortada e aliviada por não estar mais sozinha. E não tinha a menor noção do motivo por que Pram estava ali. E uma lágrima rolou de sua face até o ombro de Pram. E Carol continuou a falar: - Comecei a passar mal após ter tomado o remédio para dor de cabeça, não sei que aconteceu! - E mostrou o envelope do medicamento para Pram Pram lembrou-se da vez em que tomara o tal propranolol e passara mal. Não entende, por que esse remédio que Carol sempre tomava tinha deixado ela desse jeito. Mil perguntas vinham na sua cabeça. Até esquecera da prova de bioquímica, queria agora solucionar esse enigma. Olhou para carol e disse: 42 Riscos_da_automedicacao.indd 42 23/10/ :29:42

43 - Carol, tem um taxi aqui na frente, vamos ao médico. Carol concordou com um movimento de cabeça. Já estava um pouco melhor agora e conseguiu se levantar com a ajuda de Pram. Ao saírem pela porta da frente da casa, Pram não se esqueceu de pegar sua mochila que continha o dossiê de bioquímica e sua carteira. Tomaram o táxi e seguiram para a UPA mas próxima. No táxi Carol se aconchegou nos ombros de Pram e seguiu dormindo até chegar a UPA. Lá chegando Pram e Carol contaram sua história para o médico que entendera que era de fato uma intoxicação por interação medicamentosa, conferiu os dados vitais de Carol, que estavam levemente alterados, fez um acesso venoso para hidratação e deu um propranolol. Pram se arrepiou todo ao ouvir falar em aplicar o TAL propranolol... A seguir o médico fez uma longa exposição sobre o que é a interação medicamentosa, inclusive relatando outros casos; Entre eles os mais comuns no Pronto Socorro. Carol estava agora bem melhor, começou a se dar de conta onde estava e falou para Pram: - A prova de amanhã, não consegui estudar. Minha mãe deve estar preocupada. Pram viu que Carol estava mais agitada após lembrar da prova. Pram logo respondeu - Calma Carol, o pessoal da UPA e o médico já conseguiram falar com sua mãe, e, para prova de amanhã, consegui aquela prova antiga tão comentada pelos corredores. Preciso tirar umas dúvidas com você. Pram tirou logo a prova e colocou no colo de Carol. Agora Carol se sentiu a pessoa mais abençoada da terra, não tinha palavras para agradecer, olhava para Pram como um ser divino e até começou a reparar o quanto ele era bonito, alias, até já tinha achado, mas até então não dera o braço a torcer... Nesse momento o soro até quase saiu do seu braço. Carol colocou sua mão sobre a de Pram, olhou em seus olhos e disse, contente, com uma voz doce 43 Riscos_da_automedicacao.indd 43 23/10/ :29:42

44 - Você é meu super herói! Pram que era meio tímido logo ficou vermelho. E explodiu de alegria em seu interior. Carol felizmente se recuperou bem e dormiu no hospital até o dia seguinte. Cedinho recebeu alta. A prova iria ser realizada por volta das 10 horas. Carol chegou a tempo. Sentou na cadeira e a prova estava sobre a sua carteira, virada para baixo. O professor cercou a sala de monitores para coibir qualquer tipo de comunicação. Será que a prova era a mesma? 44 Riscos_da_automedicacao.indd 44 23/10/ :29:42

45 Capítulo 5 FERNANDA Ao virar a prova, para alegria geral da turma, sete das dez questões eram idênticas às da prova enviada por . Carol, aliviada, respondeu suas questões rapidamente e saiu entusiasmadamente da sala em busca de Pram para dar-lhe um abraço de agradecimento. Não conseguia parar de pensar no rapaz que lhe salvara a vida e a nota na matéria de bioquímica. Imaginou que o amigo estivesse tomando um café, uma vez que não o encontrou pelos corredores. A caminho da cantina preferiu passar no banheiro e conferir seu visual, pois viera direto do hospital e desejava que Pram a visse bonita. Pram também havia sido rápido em sua prova, realizara-a sem dificuldades e foi o primeiro a deixar a sala. Já tomando um café na cantina encontrou sua colega de turma Fernanda, que havia enviado a prova por . O menino ficou entusiasmado em ver a colega e chamou-a para sentar-se em sua mesa. - Fernanda, você foi genial em enviar aquele resumo. Não fosse você, eu teria me saído muito mal. - Imagine, Pram. Não foi nada. Um amigo ajuda o outro. - Você é minha heroína! Foi a frase que Carol, que acabava de chegar à cantina, ouviu Pram dizer ao entregar um bombom de morango à Fernanda. Carol imediatamente sentiu o estômago gelar. Em seguida, a raiva subiu a seu rosto e ruborizou. Estava desnorteada com aquela frase. Como o Pram pode dizer isso àquela loira aguada da Fernanda? Aquela falsa, desengonçada! Ainda mais depois do que EU disse a ele ontem? E ainda entregar um bombom de morango? O meu bombom preferido! Pensava atônita no meio da cantina. Despertou de sua fúria de ciúmes quando um 45 Riscos_da_automedicacao.indd 45 23/10/ :29:42

46 grupo de rapazes pedia licença para passar. - Carol, amiga! Como você está? Ah, menina! Sua mãe me contou tudo! Quer dizer que passou a noite no hospital? Tadinha! Você está com uma cara, amiga! Sério! É melhor você ficar sentadinha e repousar! Dizia sem dar pausa a agitada Luciana, vizinha de Carol. - Lu, preciso tomar um ar mesmo! Vem comigo? - Claro, amiga! Vamos! A gente se conhece há tanto tempo, não é? Mas nunca te vi assim, tão palidazinha. Vou ficar com você até sua mãe chegar. E as duas meninas foram caminhando em direção ao estacionamento do câmpus. -Você deve ter estudado muito, Fer, para fazer um resumo tão impecável! - Pior que não, Pram, queria ter estudado mais. Pram, como você vai pra casa? - Eu pego o Inter 2, Fer. Moro lá no Bairro Alto, demoro horrores pra chegar em casa. Disse Pramosvaldo cabisbaixa ao lembrar-se da odisseia que enfrentaria até encontrar sua escrivaninha de estudo. - Quer uma carona? Meu pai vem me buscar em alguns minutos. Eu passo pelo Bairro Alto, já te vi uma vez pegando ônibus por lá. - Nossa Fer! Eu aceito, sim! Você hoje é minha heroína mesmo! E os dois se encaminharam ao estacionamento entre risos. Quando chegaram encontraram Carolina entrando no carro de sua mãe. - Tchau Carol! despediu-se alto Pram que em troca recebeu um abatido sorriso entrecortado. - Veja! Meu pai chegou! Informou Fernanda apontando para o Porsche Panamera preto que acabava de estacionar. 46 Riscos_da_automedicacao.indd 46 23/10/ :29:42

47 - Uau! O que seu pai faz da vida mesmo, Fer? - Sou advogado, mocinho! E você, quem é? Disse, sério, o Sr. Afonso, pai de Fernanda, olhando os dois entrarem no carro. - Não liga pra ele, Pram. Ele faz essa pose toda mas é um doce, não é papai? Pai, esse é meu colega de faculdade Pramosvaldo, mas todos o chamam de Pram. Pram, este é meu pai, Afonso, e esse, ao seu lado, é meu irmão caçula, Pedro. Mas se eu fosse você não ficava muito perto dele não! Tá mais perebento que coisa ruim Brincou Fernanda, enquanto mandava uma piscadinha para o irmão. - Vou me esfregar em você quando chegarmos em casa! Disse fanho o caçulinha de 5 anos. Pram encantou-se por Pedro desde o primeiro momento em que o viu. Como podia ser tão parecido com seu querido primo André que morava no interior? Ao longo da viagem admirou-se com o entrosamento daquela família. Pedro, com certeza, era o xodó da irmã que contava que ele era campeão no judô e na natação. O Sr. Afonso, muito simpático, contou-lhe as façanhas que o filho caçula fizera quando Fernanda passara no vestibular. - Foi o Pedro quem preparou a gororoba de ovo, catchup, mostarda e xampu que jogamos nela quando vimos o resultado. Foi uma alegria só! Contava saudosamente o Sr. Afonso. - Hahahahahahha. Ela ficou fedendo dias. Ria-se muito o fanhoso Pedro. - Pedrinho! Olha que peço pra mamãe preparar aquele chá de gengibre e limão que você adora! - Vocês são muito agradáveis e divertidos. Mas Sr Afonso o senhor pode me deixar ali na próxima esquina, está ótimo para mim. Moro na casa amarela da quadra ao lado. - Ok, caro rapaz. Está entregue. Obrigado pela companhia em nossa viagem. - Eu que agradeço, Sr. Afonso! Muito obrigado e prazer conhecê-lo. Até amanhã, Fer. Muito prazer conhecer você, Pedro! Você é um 47 Riscos_da_automedicacao.indd 47 23/10/ :29:42

48 menino muito alegre! - Tchau Pram! Até mais. Despediram-se Pedrinho e Fernanda. Chegando em casa, Pedro queixou-se de dor de cabeça e piora na dor de garganta para a mãe. Fazia alguns dias que o garoto evoluía com coriza e mal estar. A mãe já o havia levado ao pediatra que prescreveu antibiótico e dipirona gotas. Com a nova queixa do filho, Dona Izabel foi procurar a dipirona para darlhe, constatando que já havia acabado. Para não deixar o filho com dor enquanto ia a farmácia pegou o AAS infantil que ainda estava presente em sua caixa de remédios, e deu um comprimido ao filho. - Vamos irmãozinho! Quero ver o brinquedo novo que ganhou do papai! - É um pebolim super legal! Vamos montar comigo? - Só um pouquinho, porque a irmã tem que estudar. Fernanda brincou um pouco com o caçula e voltou aos estudos, uma vez que a semana de provas estava só começando. As horas foram passando e a noite chegando, quando percebeu eram 7 da noite. Sentiu o cheiro da comida de sua mãe e foi chamar o irmão para jantar. O espoleta não devia ter parado de brincar um minuto só com o novo pebolim. Quando se aproximava do quarto de Pedro ouviu um estridor agudo e um barulho de queda. Correu, abriu a porta e encontrou Pedro estirado no chão, imóvel, duro e com o pescoço estendido para trás. Apavorada, bradou pela mãe, que prontamente apareceu. Pedro não respondia e iniciava tremores rítmicos de seus membros. A mãe que já havia presenciado uma crise convulsiva antes soube conter o filho evitando que se machucasse. O Sr. Afonso já ligava para a ambulância e em questão de minutos encontravam-se todos a caminho do hospital. A família encontrava-se apreensiva na sala de espera do hospital pediátrico. Fernanda andava de um lado para o outro e a mãe chorava no ombro do marido. Após alguns minutos de espera, que aos três, pareceram anos, o pediatra apareceu. - Boa noite, vocês são os familiares do pequeno Pedro? 48 Riscos_da_automedicacao.indd 48 23/10/ :29:42

49 - Sim, sou a irmã mais velha dele. E esses nossos pais. - Sou o Sr Afonso Antunes, Doutor. Essa é minha esposa, Izabel Pacheco Antunes. Como está nosso filho? - Senhores, ele está melhor, ainda um pouco confuso, devido à crise convulsiva. Mas não se preocupem, pois esse sintoma é normal após a crise. Gostaria que me contassem como está o Pedro nos últimos dias. Ao exame ele encontra-se um pouco febril. Dona Izabel, desamparada, contou todo o ocorrido, desde o início do quadro gripal até o evento de dor de cabeça naquela manhã. O médico fez mais algumas perguntas e pediu licença para realizar mais alguns exames. Pedro evoluiu com vômito e irritabilidade, que em virtude do uso de ácido acetil salicílico (AAS), pela manhã, preocuparam os médicos. Aos exames de laboratório, todos os parâmetros de Pedro encontravam-se normais, porém para maior tranquilidade e segurança, a equipe médica decidiu solicitar uma biópsia do fígado de Pedro, pois queriam afastar a possibilidade do diagnóstico de Síndrome de Reye. - Essa síndrome é muito rara e de causa desconhecida, porém associada a infecções virais, possivelmente combinadas com o uso de aspirina ou salicilatos. - Ah, meu Deus! Meu filho! Choramingava a mãe angustiada enquanto ouvia atentamente a explicação do médico. - Minha senhora, como disse a vocês, essa é uma síndrome muito rara que causa uma encefalopatia não-inflamatória aguda (uma doença no cérebro de início súbito). Devido à gravidade da doença e a história do Pedro, ou seja, esse quadro viral conjuntamente do uso de AAS, necessitamos descartar essa doença para termos segurança de liberá-lo para casa. Ele, após a crise, apresentou episódio de vômito e irritabilidade, que pode perfeitamente ser explicado pela crise convulsiva, mas consistem em sintomas também dessa síndrome. O que peço que entendam, é que a Síndrome de Reye é muito rara e muito provavelmente não é o que está acometendo nosso querido Pedro, mas precisamos descartá-la. - E para isso necessitam da biópsia do fígado do meu irmão? - Exatamente. Essa síndrome causa a infiltração de lipídios, gorduras, nos órgãos, principalmente o fígado. E é dessa forma que 49 Riscos_da_automedicacao.indd 49 23/10/ :29:42

50 conseguimos diagnosticá-la, nós pegamos um pedaçinho do fígado e examinamos pelo microscópio. Já analisamos o líquor do Pedro, que é o líquido que envolve o Sistema Nervoso, e seus parâmetros deram normais. Mas devido à gravidade dessa doença e a importância, portanto, de um diagnóstico precoce, para podermos contê-la o quanto antes, solicitamos que nos autorizem a realizar a biópsia. - Onde devo assinar, doutor? Perguntou, ansioso, o Sr Afonso. - Vocês podem ler o termo e assinar nessa linha, Sr. Apontou o médico para o documento que causava espanto à Fernanda. - Quero ir junto. Solicitou com ardor Fernanda. Sou estudante de medicina, estou no primeiro período ainda, mas peço que me deixe estar junto do meu irmão. - Sim, senhorita. Pode acompanhá-lo sim. É um procedimento simples, com riscos, mas não deverá demorar muito. Pode vir comigo. As horas custaram a passar para os pais Afonso e Izabel. A mãe de Pedro não conseguia deixar de pensar e martirizar-se por aquela atitude impensada de dar ao filho ácido acetilsalicílico. Seu querido filho agora em risco por sua culpa. - Minha querida, você não sabia. Não se martirize. Não há de ser nada. Tudo dará certo. Fique calma e oremos por nosso amado filho. As horas já denunciavam que a madrugada reinava. Mas aqueles pais nem conseguiam pensar no cansaço, só conseguiam orar e pedir pela saúde do filho que estava na sala cirúrgica junto de sua primogênita. Angustiados estavam quando viram vir Fernanda, com ar menos aflito que antes. -Então, minha filha. Como está seu irmão? - Papai, a biópsia ocorreu otimamente. Nem precisaram dar anestesia geral no Pedro, ele obedeceu muito bem aos médicos. Agora estão analisando o pedaçinho do fígado dele. Mais uma hora se passou quando viram o médico trazer a notícia. -Meus senhores, é com imensa alegria que lhes trago essa notícia. O fígado de Pedro está ótimo A biópsia foi muito satisfatória para afastarmos a síndrome de Reye. - Minha Nossa Senhora, obrigada! Bradou Dona Izabel com imenso entusiasmo. Sentiu o abraço do marido 50 Riscos_da_automedicacao.indd 50 23/10/ :29:43

51 e da filha com imenso fervor. - Vamos deixá-lo em observação pelo resto da noite e pela manhã terá alta. Ele já está no quarto se quiserem vê-lo. - Ah, doutor! Muitíssimo obrigado! Como estamos felizes com essa notícia! Que peso nos tira das costas! Muito obrigado! Queremos vê-lo sim. - Imagine Sr Afonso. Também estou imensamente feliz com essa notícia. Queiram me acompanhar que os levarei para o quarto de Pedro. Ele já não se encontra confuso, apenas um pouco cansado, por isso peço que o deixem repousar. -Claro doutor, claro. Vamos, filha. Vamos, amor. 51 Riscos_da_automedicacao.indd 51 23/10/ :29:43

52 Síndrome de Reye A síndrome de Reye é uma afecção rara, mas muito grave e com frequência mortal, que provoca inflamação do cérebro e acumulação rápida de gorduras no fígado. Embora se desconheça a causa da síndrome de Reye, certos vírus, como os vírus A e B da gripe ou o vírus da varicela, podem estar implicados, talvez em combinação com a ingestão de aspirina, a qual pode aumentar até 35 vezes o risco de contrair a síndrome de Reye. Precisamente devido ao risco da síndrome de Reye, o uso de aspirina ou de compostos similares (chamados salicilatos) em crianças e adolescentes é considerado potencialmente perigoso. No entanto, em alguns casos específicos, pode ser necessário utilizar estes fármacos. A síndrome de Reye normalmente afeta as crianças e os adolescentes. No entanto, por vezes também afeta os adultos. A maioria dos casos ocorre no fim do Outono e durante o Inverno. Os surtos importantes afetaram pessoas com gripe e com varicela. Um irmão de uma pessoa que tenha tido a síndrome de Reye é ligeiramente mais propenso a contraí-la. Não se sabe se esta tendência ocorre porque a infecção passa de um irmão para outro, se é porque os irmãos partilham uma exposição a uma determinada toxina ou porque existe um componente hereditário. A gravidade da síndrome de Reye varia muito. Normalmente, primeiro produz-se uma infecção viral, podendo ser uma infecção das vias respiratórias altas, uma gripe ou a varicela. Depois, normalmente 4 ou 5 dias depois, a criança tem náuseas e vômitos muito intensos. À medida que os vômitos diminuem, ao longo de aproximadamente um dia, a criança entra em estado de confusão, que por vezes é seguido de desorientação, agitação e, mais tarde, convulsões e coma. Quando a síndrome aparece depois da varicela, os sintomas normalmente começam 4 ou 5 dias depois de aparecer a erupção. A morte pode ocorrer rapidamente (em 4 dias após o internamento no hospital), embora alguns casos possam ser ligeiros. 52 Riscos_da_automedicacao.indd 52 23/10/ :29:43

53 O médico suspeita da síndrome de Reye se uma criança tiver vômitos intensos e sinais de inflamação cerebral súbita sem uma explicação razoável. Para diagnosticar a síndrome de Reye, é provável que se tenha de fazer uma biópsia do fígado e uma punção na coluna vertebral (punção lombar). O prognóstico da criança depende da gravidade das alterações mentais e da sua velocidade de progressão. Também depende da pressão dentro do crânio e da quantidade de amoníaco no sangue (as altas concentrações de amoníaco indicam uma função hepática anormal). As possibilidades de a criança morrer são, aproximadamente, de 20 %, mas oscilam de menos de 2 % em crianças com doença ligeira a mais de 80 % nas que estão em coma profundo. As crianças que sobrevivem à fase aguda da doença normalmente têm uma recuperação completa. Quem sofre convulsões pode desenvolver mais tarde algum sinal de dano cerebral, como um atraso mental, um problema com convulsões, movimentos musculares anormais ou dano em determinados nervos. A síndrome de Reye quase nunca afeta duas vezes a mesma criança. Nenhum tratamento específico pode deter o curso da síndrome de Reye. O diagnóstico precoce e o cuidado intensivo para facilitar as funções vitais, como a circulação do sangue e a respiração, são fundamentais. São administrados líquidos por via endovenosa, juntamente com eletrólitos e glicose. Também se fornece vitamina K para prevenir a hemorragia e fármacos, como manitol, corticosteroides (como dexametasona) ou glicerol para reduzir a pressão dentro do cérebro. A respiração da criança poderá ter que ser apoiada com um respirador artificial. Em geral, o pessoal do hospital coloca tubos (cateteres) nas artérias e veias da criança para controlar a tensão arterial e os gases do sangue. 53 Riscos_da_automedicacao.indd 53 23/10/ :29:43

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55 Capítulo 6 ROBERTO E A PÍLULA Estavam todos no anf.2, e Pramosvaldo nunca tinha visto a aula de Bioquímica tão cheia. Olhou para os lados e percebeu gente em que ele nunca havia reparado antes. Também, oitenta alunos não é pouca coisa, não., pensou. E pareceu-lhe que naquele dia estavam exatos oitenta alunos ali. Não por acaso, era a primeira aula após a temível semana de provas. Se tomasse como base os comentários que o garoto tinha ouvido pelos corredores do Politécnico, as provas tinham realmente assustado a maior parte dos calouros de Medicina. Escutou várias promessas, do tipo: Se eu tirar mais que sete na prova de bioquímica, desço rolando a rampa de entrada da faculdade umas dez vezes, ou então algo como: Se eu tirar 5 na bioquímica, já tá bom, mas prometo ler todos os capítulos do Lehninger para a próxima prova, não faço nada da minha vida até terminar tudinho, ou ainda: Pra mim, se vier um 8, eu dou minha palavra que venho pra aula de pantufa até o fim do ano. Aliviado por não ser o único com medo de suas notas, Pramosvaldo deduziu que a maioria de seus colegas tinham chegado à mesma conclusão que ele: preciso estudar mais, preciso escrever mais no caderno, preciso prestar mais atenção às aulas... E estava divagando nesses pensamentos, quando foi subitamente interrompido por uma voz grosseira, certamente masculina, destoando de forma exagerada do monotom da professora Gertrude: - Bom dia, calourinhos! Meu nome é Artur, essa é a Camila, e aquele, o João. Nós somos do 3º período e gostaríamos de, antes de tudo, parabenizá-los pelo sucesso no vestibular. Assim como vocês, tivemos que estudar muito para estar aqui, e estamos felizes que vocês conseguiram. Queremos desejar as boas-vindas a todos vocês, co- 55 Riscos_da_automedicacao.indd 55 23/10/ :29:43

56 legas. Pramosvaldo levou um susto. Estava tão concentrado nos seus pensamentos que nem viu os três alunos entrando, muito menos pedindo autorização para interromper uma aula e falar lá na frente. Mas Camila logo continuou: - Queremos comunicar a vocês que aqui na Federal todo ano é feito um churrasco para os calouros, uma festa tradicional nossa. O Churras dos Calouros é uma confraternização que tem por objetivo receber vocês, novos colegas, e apresentá-los aos veteranos. Como no curso de Medicina os quatro primeiros períodos ficam aqui, e os outros, no hospital, é difícil reunir todo mundo. E esse churrasco é uma oportunidade para isso, pois estão sempre presentes alunos de todos os períodos, do primeiro ao último. Para mais detalhes, João foi acrescentando: - Quem organiza o churrasco somos nós, do 3º período, em conjunto com vocês, do 1º. O nosso papel é organizar a festa em si, e o de vocês é buscar financiamento. Mais tarde, quando vocês estiverem no 3º período, farão a mesma coisa, entenderam? É uma troca. É assim todo ano. E sempre dá certo. Além dos alunos de Medicina, que entram sem pagar no churrasco, o pessoal de outros cursos também está convidado, só que eles tem que comprar ingresso! Prosseguiu Camila: - Isso! E quem vai ter que vender os ingressos são vocês! Cada um vai ganhar uns 20 ingressos pra vender. E tem que vender tudo! O máximo que der! Tem 3 lotes, começa mais barato e depois aumenta 5 reais a cada lote. Retomou Artur: - É, e uma dica que a gente dá, é de ficar na fila do RU (Restaurante Universitário), oferecendo os ingressos pros outros cursos! Todo ano, nosso churrasco faz muito sucesso e é bastante procurado! Foi João quem finalizou, com muita simpatia: - Boa sorte, calouros! Contamos com a participação e a presença de vocês. Vocês estão convidados (e intimados) a participar! Boa sorte com a venda! Se precisarem de ajuda, estamos aqui. Pramosvaldo esboçou um sorriso e pensou: Ufa! Tem festa no curso então? Achei que era só estudo, estudo, estudo! Que legal! Vou falar com a 56 Riscos_da_automedicacao.indd 56 23/10/ :29:43

57 Carol e com a Fernanda para vendermos os ingressos juntos. A aula pareceu ter durado uma eternidade, nosso protagonista estava ansioso para comentar com as meninas sobre o churrasco. O tempo teimava em atrasar, quando, enfim, a professora despediu-se. - Carol, Fê, esperem, quero falar com vocês. gritou Pram. - Tá, fica lá no corredor que já vou. respondeu Carol. Fernanda adiantou-se. Logo se pôs ao lado de Pram, comentando: - Viu que legal, Pram? Estou precisando mesmo relaxar um pouco! Depois de tudo que ocorreu com meu irmão e todas essas provas... - Nossa Fer, até agora não acredito em tudo o que o Pedrinho passou. Ele é muito forte. Mas agora está tudo bem, temos que comemorar! Essa festa agora veio bem a calhar, Fê! Vamos vender o ingresso no RU juntos? disse enquanto colocava o braço sobre os ombros da amiga, gentilmente, para consolá-la. - Vamos! intrometeu-se Carol, que havia acabado de chegar e não tinha gostado de nada do que via. Combinaram um encontro para segunda-feira. Ao meio-dia, estariam os três com os ingressos à mão em frente ao RU. Venderiam o que conseguissem e depois almoçariam juntos. Despediram-se com desejos de um ótimo final de semana. Só que o final de semana passou num piscar de olhos. Nem deu tempo para aproveitar direito, e logo chegou segunda-feira. Pelo menos, Pramosvaldo estava satisfeito. Havia adiantado matéria. Leu de uma só vez dois capítulos do livro. Não queria deixar acumular muito assunto. Fez resumos bem caprichados, desenhos, esquemas, tudo pensando também em impressionar as meninas. Pretendia oferecer todo esse material às suas amigas para que tirassem fotocópias. - Olá, Carol! Tudo bem? Cadê a Fê? perguntou Pram, assim que encontrou a colega no lugar combinado. - Não sei, não falo muito com ela. Você, que é todo amiguinho dela, deveria saber, e não eu! instigou Carolina. - Ah, deixa eu ver se ela me ligou. Hum... Verdade, tem uma mensagem dela. Vai se atrasar 15 minutos. Começamos a vender ou esperamos que ela chegue? 57 Riscos_da_automedicacao.indd 57 23/10/ :29:43

58 - Começamos, lógico, Pramosvaldo! E vamos logo! Deu de perder tempo?! No entanto, a venda de ingressos não foi tão fácil quanto parecera. Iludida, Carolina achava que terminaria de vender tudo num só dia, mas até agora e só tinham mais 40 minutos para almoçar antes da aula havia vendido apenas cinco entradas. Claro que, para ela, a culpa era de Fernanda. A ditacuja, além de chegar atrasada, chegou mal vestida. Carolina, que não era burra, percebeu que a outra queria provocar, com aquela blusa de verão apertada mostrando a barriga. E pior que a rival tinha conseguido de cara vender 6 ingressos para os meninos da Engenharia. Por sorte, chegou mais um grupo de meninos que ignorou totalmente Fernanda e dirigiu-se diretamente a Pramosvaldo. - Fala, rapaz! acenou Pram. - Beleza, cara! Era Roberto, um colega de cursinho. Pramosvaldo tinha muito apreço pelo garoto. Foi companheiro de sofrimento. Sentavam sempre um ao lado do outro nas aulas do pré-vestibular. Tiravam dúvidas, reclamavam das noites mal-dormidas, compartilhavam dores de cabeça, e agora, finalmente, estavam ali, ambos na tão sonhada Federal. - Valeu o esforço, hein, cara? perguntou à Pram. - E pior que valeu! Não caibo em mim de felicidade. Estamos até organizando um churrasco dos calouros...bora? respondeu-lhe Pram, já mostrando os ingressos. - Só vou se aquelas gatinhas ali forem. e apontou para Fernanda e Carolina - Me apresenta pra elas, cara? - Nem conheço direito, foi mal. Mas elas devem ir, sim, são da minha sala. Mas, cara, me contaram que você estava namorando, não é verdade? - É sim! Te apresento lá no churrasco. Você separa pra mim dois ingressos? Vou querer ir, mas to sem grana agora. Um masculino e um feminino. Teu número não mudou, né? Beleza! Te ligo pra pegar os ingressos amanhã, trago a bufunfa e a gente marca de se encontrar aqui no RU mesmo. Falou, cara! Bom te ver! Mais dois ingressos garantidos. E foram almoçar rapidamente, pois logo teriam aula. Já ao final da aula, o telefone de Pramosvaldo tocava. 58 Riscos_da_automedicacao.indd 58 23/10/ :29:43

59 - Alô? Quem? Roberto? Ah, tudo bem, to com os ingressos aqui, quer pegar agora? antecipou-se Pram. - Não, Pram. Estou ligando por outro motivo. Na real, queria te ligar ontem já, mas fiquei com vergonha. E sei lá, depois do nosso encontro hoje, pensei, ai, dane-se, vou perguntar pra ele, que mal pode fazer? - Diga, cara! - Primeiro, promete que não vai contar pra ninguém? Seria tipo aquela confidência médico-paciente? Como é que fala? - Sigilo profissional. Pode confiar, minha boca é um túmulo. Que que foi, cara? perguntou Pramosvaldo, já curioso. - É o seguinte. Eu to namorando a Marina, sabe? Faz tempinho já. E até aí, tudo bem. Mas faz mais de uma semana, ela ficou meio doentinha e começou a tomar antibiótico. - Tá, e daí? interessou-se Pram. - E daí que ela não foi no médico pra tomar o antibiótico, foi a vizinha que deu uns que ela tomava e que tinham sobrado. E eu fiquei preocupado, sabe? Até onde eu saiba, essas coisas de antibióticos são fortes. E ela já toma a pílula, aquela pra não engravidar. Tá muito remédio pro meu gosto. - Olha, Roberto, você tem razão em se preocupar, nunca é bom tomar nenhum medicamento sem antes consultar um médico. Eu mesmo tive experiências bem ruins quando fiz isso. Causa mais mal do que bem. Mas me conta, quais são especificamente os fármacos que ela está tomando, você sabe? - Sei, sim, to aqui com ela. Deixa eu ver, peraí... O antibiótico é a Rifampicina. - Olha, Roberto, conheço esses medicamentos, sim, e já te explico certinho, só que agora começou outra aula. Te ligo assim que acabar, pode ser? No entanto, não havia aula nenhuma. Pramosvaldo não quis confessar ao amigo que não se lembrava de quais eram os fármacos que anulavam o efeito da pílula anticoncepcional. Lembrou-se da lista que o professor passou quarta-feira na aula de Saúde Sexual do Adolescente, mas não tinha conseguido decorá-la ainda. Abriu sua mochila, procurou seu caderno e folheou rapidamente página por página até encontrar o que 59 Riscos_da_automedicacao.indd 59 23/10/ :29:43

60 procurava. primidona, hidantoína, barbitúricos, carbamazepina, rifampicina...!! Eis aqui! Esperou 40 minutos para retornar a ligação. - Alô, Roberto? Então, cara, tem interação, sim. As pílulas anticoncepcionais são tarja vermelha, o que significa que elas só podem ser compradas sob prescrição médica. Mesmo que as farmácias vendam sem receita, isso não é correto. Uma das razões são essas interações medicamentosas, que podem causar mais efeitos colaterais e atrapalhar a efetividade dos remédios. A rifampicina pode anular, sim, o efeito da pílula. Vocês devem usar camisinha também. A proteção contra doenças, e para evitar gravidez, é muito maior quando são usados dois métodos anticoncepcionais em conjunto, um de barreira (a camisinha masculina) e outro farmacológico (no caso, a pílula). - Acho que entendi. Tá e o que ela faz então? O que eu faço? - Te aconselho a marcar uma consulta com o médico, só ele sabe o que é melhor para vocês. E tomem cuidado em dobro agora para não engravidar. Se quiser saber mais coisas, a gente pode se encontrar e conversar um pouco. Faz tempo que não comemos aquele x-salada lá, né? O Que acha? - Opa! Tô dentro. A gente combina mais pro fim da semana. Valeu, cara! - Quê isso! Amigo é pra essas coisas! Abraços. despediu-se Pram. E não se falaram mais. Pramosvaldo teve mais quatro provas naquela semana e passou o tempo todo colado aos livros. De sexta para sábado, mal conseguiu dormir, o churrasco estava marcado para o meio-dia... Interações dos anovulatórios - anticoncepcionais Relativamente à anovulatórios, verificou-se a possibilidade de diminuição da concentração e efeito na interação com medicamentos utilizados no tratamento da Epilepsia (ex: Primidona, Hidantoína, Barbitúricos e Carbamazepina), da Tuberculose (ex:rifampicina e Rifabutina) e com alguns Antibióticos (Ampicilina e Tetraciclinas), usados no tratamento de outras doenças infecciosas. É também possivel, que ocorra a interação negativa com Oxcarbazepina, Topiramato, Felbamato, medicamentos para o tratamento da SIDA (ex:ritonavir), o Antibiótico Griseofulvina. Anovulatórios em baixas doses: 60 Riscos_da_automedicacao.indd 60 23/10/ :29:43

61 Sob circunstâncias normais, concentrações mais baixas são bastante efetivas. Porém, na presença de antimicrobianos, os níveis hormonais, já reduzidos, podem cair ainda mais, comprometendo a eficácia dos contraceptivos orais. Os hormônios da pílula são absorvidos pelo trato gastrintestinal, caem na corrente sangüínea e vão parar no fígado, onde 50% do estrogênio são transformados em outros compostos sem atividade anticoncepcional. Esses compostos se misturam à bile e, portanto, são lançados novamente no trato gastrintestinal. Uma parte deles é eliminada nas fezes e a outra sofre a ação de enzimas produzidas pelas bactérias que vivem no intestino. O produto dessa reação enzimática é o estrogênio ativo, que pode então ser reabsorvido, aumentando o nível do hormônio circulante no sangue e garantindo o efeito contraceptivo. Os antibióticos (também chamados de antimicrobianos) destroem as bactérias intestinais e, conseqüentemente, não mais ocorrem aquelas reações enzimáticas que liberam estrogênio ativo, cujo nível diminui no sangue. Essa seria uma explicação para o fracasso dos contraceptivos orais quando tomados junto com antibióticos. No entanto, isso não explica porque as pílulas que contêm apenas progesterona perdem sua eficácia quando usadas simultaneamente com antimicrobianos. A aceleração do metabolismo hepático é outro mecanismo pelo qual os antibióticos podem reduzir as concentrações hormonais e, portanto, levar ao fracasso das pílulas anticoncepcionais. 61 Riscos_da_automedicacao.indd 61 23/10/ :29:43

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63 Capítulo 7 PRAMOSVALDO E A EXTENSÃO A conversa com o antigo amigo deixou Pram desnorteado. No longo caminho para casa, dentro do incomodo aperto do inter 2, Pramosvaldo não parava de pensar. Anticoncepcional? Quantas vezes já ouvira sua mãe e suas tias conversando sobre esse assunto. Na época, nosso protagonista era muito pequeno para entender que sua mãe e suas tias viviam trocando informações sobre medicamentos umas com as outras. O que uma tomava e encarava como bom para si indicava para as irmãs. Antigravidex! Era esse o nome que Pram estava tentando lembrar. - Meu dermatologista me prescreveu esse aqui, Amália. Dizia a tia de Pram para sua mãe, mostrando o medicamento. Disse que esse tal de Antigravidex me ajudará com a oleosidade da pele e com esses cravos que tanto me incomodam. Pram se lembrava da cena que vira na sala de sua casa alguns anos antes, enquanto jogava videogame com seus primos. A mente de Pramosvaldo fervilhava. Nem percebera que o inter 2 já esvaziara no terminal e agora tinha lugar para se sentar. Estava parado, próximo à janela, com sua mochila da medicina nas costas, da qual tinha tanto orgulho de carregar. Olhava a paisagem, já memorizada, do percurso para casa pela janela entreaberta, enquanto, fortemente, segurava o corrimão. A imagem do Pedro vinha a sua cabeça, tão semelhante a seu primo... Síndrome de Reye... Nunca tinha ouvido falar nessa doença até Fernanda ter lhe contado o acontecido com seu irmão. Carregara Carol nos braços, ela tão frágil em seus braços... Sempre se mostrava forte... Para Pram, Carol era o símbolo da inteligência, mas Carol estava em seus braços... A menina sabe-tudo caíra também nesse mesmo ponto comum de todos. - Automedicação! Disse em voz alta Pramosvaldo. Foi então que percebeu que todos no ônibus olhavam para ele. 63 Riscos_da_automedicacao.indd 63 23/10/ :29:43

64 Retomando-se a si Pram percebeu que devia descer. Apertou o sinal e foi correndo para casa. Precisava conversar com alguém. Assim que chegou em casa ligou para Carol. - Oi Carol. É o Pram. - Oi Pram. Tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - Aconteceu. Automedicação! - Como assim Pram? Vc tomou propranolol de novo? Você não pode! Você pode morrer! dizia apressadamente Carol, já muito preocupada com seu querido amigo. - Não Carol, fique tranquila. Não é comigo. É com todo mundo. Todo mundo faz automedicação. A todo o momento. Agora! Agora deve ter alguém fazendo automedicação. E as consequências são inúmeras. Pram não respirava para falar. Estava muito agitado. - Calma Pram. Respira. O que aconteceu que deixou você assim tão nervoso? - O irmão da Fernanda teve suspeita de síndrome de Reye sabia? - Aquela Fernanda o quê? Carol enfureceu. Nem ouviu a frase completa de Pram, o nome da rival era-lhe atormentador. - O Pedro, Carol!!! O irmãozinho mais novo dela... -Hãm? E Pram contou toda a história que Fernanda lhe contara e também a história de seu amigo e das trocas de medicamentos entre sua mãe e suas tias. Carol ouvia atentamente e passava a entender mais o amigo. - Deve haver algum jeito de mudar isso Carol... É muito perigoso! Nós sabemos que é... - Deve haver Pram, eu concordo com você! Mas com essa afobação toda você vai é ter uma crise de asma ou um infarto. Relaxe um pouco, vamos pensar e encontraremos uma solução. - Pode ser... - Tenho uma novidade para você Riscos_da_automedicacao.indd 64 23/10/ :29:43

65 - É? Qual? - Entrei num projeto de extensão! - Projeto o quê? - Calouro como sempre... - Conta logo! - Projeto de extensão, Pramosvaldo, é o conjunto de atividades de caráter educativo, cultural, artístico, científico e tecnológico, que envolve docentes, pesquisadores, alunos (bolsistas ou voluntários) e servidores técnico-administrativos, desenvolvidas junto à comunidade. - Junto à comunidade? - Sim! É uma forma de a faculdade levar o conhecimento acumulado e prestar serviço pra comunidade! - Projeto de extensão!!! - Isso Pram!!! Já lhe disse! Entrei no projeto de extensão chamado Promoção de Saúde de Jovens na Área da Sexualidade Humana emendou Carol. -Ah é? E o que vocês fazem lá? - Muitas coisas. Estudamos, montamos palestras, fazemos oficinas, fazemos pesquisas sobre as dúvidas e curiosidades dos adolescentes sobre sexualidade, desenvolvemos dinâmicas de grupo, queremos fazer uma cartilha e depois apresentamos nas escolas. - Cartilha???? Perguntou Pram. Carol então começou a falar compulsivamente, como se discursasse ou defendesse uma tese... - A adolescência é uma fase conturbada da vida, caracterizada por um processo de mudanças físicas e psicológicas. O Projeto de Promoção de Saúde de Jovens na Área da Sexualidade Humana foi criado para o auxílio dos jovens nas questões de orientação e busca de conhecimento sobre tal fase, suas transformações e novidades. A educação aliada à conscientização é a melhor forma de os jovens compreenderem esta fase e conseguirem superar os obstáculos. Os objetivos do projeto são levar conhecimentos sobre sexualidade humana para os jovens. É necessário orientar e fornecer subsídios 65 Riscos_da_automedicacao.indd 65 23/10/ :29:43

66 para que eles possam assimilar, refletir e esclarecer dúvidas sobre os assuntos abordados. Desta forma, esperam-se atitudes responsáveis para prevenir GRAVIDEZ INDESEJADA, drogadição e doenças sexualmente transmissíveis durante a adolescência. A metodologia empregada consiste da aplicação de um pré-teste padronizado para definir em quais áreas da sexualidade será necessário maior enfoque. O conteúdo é abordado através de dinâmicas sobre vários temas: gravidez, fisiologia, anticoncepcionais, DSTs, drogadição e sexualidade. Ao final, encerra-se com uma atividade que reúne todos os temas e a aplicação do pós-teste, visando avaliar o aprendizado. Os principais resultados observados... - Cartilha? Interrompeu Pram. - É! Achamos que precisamos produzir e deixar algum material didático nas comunidades atendidas, para esclarecimento de dúvidas, complementação do assunto, relembrar tópicos abordados... - Uma cartilha falou Pram... - É! Vamos apresentar nosso trabalho num congresso daqui a um mês... - Uma cartilha repetiu Pram, fascinado - É! Pela enésima vez! Já temos textos, idéias. Está faltando apenas alguém com habilidades para desenhar... - Adoro desenhar! - interrompeu Pram. - Finalmente estamos falando a mesma linguagem suspirou Carol. - Por que você não vem participar do nosso grupo? Precisamos de gente prá desenvolver as dinâmicas e para ajudar na cartilha. - Carol!!! Você não percebe? -Percebe o quê, Pram? - Esse tal de projeto de extensão, levar conhecimento pra comunidade, cartilha!!! É tudo o que precisava saber que existe!!! Com isso posso levar pra população conhecimentos sobre a automedicação!!! - Nossa Pram!!! Você é genial!!! - Pois é... Eu sei! Depois eu que sou o calouro né? - Aff Pram! Pode ir parando de se achar. 66 Riscos_da_automedicacao.indd 66 23/10/ :29:43

67 E os dois caíram na risada. - Mas tudo bem, senhor Pramosvaldo. Dessa vez você deu uma bola dentro. Gostei da sua ideia. Podemos conversar amanhã com a professora Jussara. Ela é a coordenadora do projeto Promoção de Saúde de Jovens na Área da Sexualidade Humana. Você vai comigo na reunião, e no final conversamos com ela -Certo. Conversaram por mais alguns minutos e decidiram ir jantar para dormir. Mal perceberam as horas passarem durante o telefonema... Era o sapo na água. O tema - sexualidade, o método - dinâmicas, o produto uma cartilha. Pram foi para a reunião exultante, Seu sonho de encontrar uma forma de ajudar a conscientizar a comunicade sobre a automedicação poderia ser realidade. - Preciso saber quem pode apresentar o Projeto no SEURS, falou Jussara, durante a reunião. Carol levantou o braço. Sua apresentação já estava pronta! Outros dois alunos também ergueram os braços - Muito bem, como a Carol já me mostrou sua apresentação, ela fica como plano A e, se houver qualquer imprevisto, vai um de vocês, - Falou a professora, dando prosseguimento à reunião. - O que é SEURS, Carol?, cochichou Pram para a amiga. - Meu Deus, Pram!! Em que mundo você vive? - Quer responder logo, Carolina? E os dois se entreolharam com um riso no rosto. - SEURS é o Seminário de Extensão da Universitária da Região Sul promovido pela Regional Sul do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão. Esse ano é a 30ª edição e será em Rio Grande na Universidade Federal do Rio Grande, a FURG. Nós vamos apresentar o nosso trabalho e centenas de projetos diferentes vão se apresentar também. É muito interessante. - Meu Deus, Carol! Como você consegue todas essas informações? - Nunca fui caloura, Pramosvaldo! Disse sorrindo Carol para o amigo, dando-lhe uma piscadela e voltou a prestar atenção na reunião. 67 Riscos_da_automedicacao.indd 67 23/10/ :29:43

68 Ao final da palestra foram conversar com a professora Jussara. -Professora Jussara! O Pram quer muito ir no SEURS também. Ainda temos vagas? Pram olhou Carol com surpresa. Como ela faz esse oferecimento sem perguntar nada a ele? Agora era tarde, se tivesse prova ou algo agendado na data do SEURS... -Temos sim, Carol, justamente porque estávamos precisando de um exemplo masculino para usar nas palestras! Pram enrubesceu, já sabendo o que o esperava em Rio Grande. 68 Riscos_da_automedicacao.indd 68 23/10/ :29:43

69 Capítulo 8 PRAMOSVALDO NO SEURS SEMINÁRIO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DA REGIÃO SUL. Tudo andou muito rápido. Pram fez um treino e no dia seguinte estava balançando no ônibus rumo a Rio Grande. Ônibus lotado, conversa vai e conversa vem e Pram fazia muitas amizades, através de Carol que conhecia a todos. Chegando a Rio Grande ainda ficou melhor porque na programação do evento havia um city-tour pela manhã. Só passeando... Pram e Carol se divertiam muito, e passeavam de mãos dadas pela bela cidade. A tarde, foi buscar o material do congresso, programação do evento... Recebeu um livro de resumos imenso, um cd e diversos outros materiais. Sentou para ler e ficou impressionado com o número de projetos que haviam. - Projeto carroceiro - Projeto Transformando o trânsito - Exercícios Físicos para crianças e adolescentes em condições especiais de Saúde - Solo na Escola - Meio Ambiente - O mundo Mágico da Leitura: o reencantamento do hábito de ler na construção da cidadania - Inclusão digital para a melhor idade - Conhecer para Prevenir - PROLAC Projeto Leite Alimento da Criança - Circo novo e formação cidadã 69 Riscos_da_automedicacao.indd 69 23/10/ :29:43

70 - Ciranda do trânsito - Carroceiro como via de interação entre universidade, municípios e carroceiros de Curitiba e região metropolitana - As práticas dançantes no contexto da formação da formação humana crítica e criativa - Serviço de Assessoria Jurídica universitária popular - Direito e Cidadania - Cultura indígena em pauta - Brinquedoteca escolar - Gente e livros: caixinhas viajantes no mundo fantástico da literatura - Doadores de medula óssea do presente e do futuro - Programa Ciência vai a escola o museu e a escola; paleontologia; herpetologia... - OI, PRAM! Pram levou um susto. Estava duplamente perdido. Numa cidade diferente e entretido numa lista imensa. Donde viria aquela voz? Como estava sendo reconhecido naquela cidade? Levantou a cabeça e viu Fernanda. - Oi, Fernanda! - O que você está fazendo por aqui? - SEURS, CONGRESSO DE EXTENSÃO, É CLARO! Respondeu Fernanda. Carol chegou nessa hora e deu um oi, enquanto abraçava Pram. - Que legal, Carol! A Fernanda também participando do SEURS, quem diria! Como lera muitos títulos e resumos poderia demonstrar algum conhecimento agora, poderia tentar impressionar... - Qual projeto é o teu? - Vigilância epidemiológica. Na verdade Desenvolvendo estratégias 70 Riscos_da_automedicacao.indd 70 23/10/ :29:43

71 de vigilância epidemiológica hospitalar no HC UFPR... Tchibum! Água! Não era nenhum dos projetos que conhecia! Estava difícil deixar de parecer calouro, mas iria ter de perguntar. - Como é esse projeto? - Sistematizamos agravos de notificação compulsória. Ferrou! Não haveria nenhuma maneira mais simples de explicar o que faziam? pensou. Entendia que os projetos carroceiro cuidavam da educação dos carroceiros na relação com a cidade, com os cuidados em relação ao animal, etc... mas sistematização de agravos de notificação compulsória... daí estava difícil... Nem Carol estava entendendo totalmente. Fez uma cara de tenha dó pra Fernanda e ela começou... - Doenças contagiosas, neoplasias, são doenças de notificação compulsória. Organizamos esses dados e montamos até uma página na internet. Permite ao sistema de saúde acompanhar esses casos. Treinamos profissionais e acadêmicos para fazer o mesmo. Uma boa estatística permite tomadas de atitude em políticas públicas de saúde, como descobrir um risco de epidemia... Pram viu neste momento um antigo colega de secundário e tentou mostrar que não era tão calouro assim... que conhecia mais coisas e pessoas naquele meio tão cheio de novidades... - Penteado! chamou. O jovem que passava virou-se para eles e falou entusiásticamente. - Olá Pram! - O que faz por aqui? Perguntou Pram, a guisa de puxar conversa - SEURS, CONGRESSO DE EXTENSÃO, É CLARO! O dia estava divertido, muito aprendizado, mas na parte de impressionar Carol ou quem quer que fosse, isso não estava se realizando para Pram. Tentou então a segunda possibilidade, havia estudado diversos projetos, talvez pudesse demonstrar conhecimento sobre o projeto do Penteado... - Qual é o teu projeto? - Glaucoma. 71 Riscos_da_automedicacao.indd 71 23/10/ :29:43

72 Tchibum! Água! Novamente não era nenhum dos projetos que conhecia! Poderia até deduzir alguma coisa, o título era simples e direto, mas achou melhor deixar Penteado falar. - O acesso ao atendimento oftalmológico é bastante restrito. A prevenção e detecção precoce de doenças oculares são essenciais para garantir uma visão saudável. Ou seja, quanto antes diagnosticada a doença, melhor o prognóstico, melhor o tratamento. O projeto realiza diversos exames, inclusive oftalmológicos, e os casos com anormalidades são encaminhados para atendimento completo no Serviço de Oftalmologia do HC-UFPR. Pram chegou à conclusão que seria melhor não querer parecer muito entendido, uma vez que sequer os projetos de extensão da sua área, ou seja, da saúde, ele conhecia. - Quando você vai apresentar seu painel? - perguntou Fernanda. - Amanhã pela manhã, né Carol? respondeu Pram - Então venha ver minha apresentação, que vai ser ótima, espero, treinei tanto! disse Fernanda. - É claro que vai ser ótima, pensou Pram. Foram todos e viram muitas apresentações. Depois sobrou tempo ainda para um café na cantina da universidade com Penteado, Carol, Pram e Fernanda. Pram precisava voltar mais cedo, porque no dia seguinte seria ele quem ajudaria Carol numa parte da apresentação, queria treinar no hotel ainda e pesquisar mais um pouco sobre os projetos de extensão. Jantou, ligou o despertador no celular, ligou para a recepção solicitando que o acordassem cedo e foi pesquisar os projetos de extensão: - Aplicações tecnológicas da pectina - Tecnologia de obstáculos na produção de salame - A dança em espaços escolares - Criança, atividade física e saúde - Deixe-me pensar - Expedições geográficas - Origens do universo - Prevalência de fatores de risco cardiovasculares 72 Riscos_da_automedicacao.indd 72 23/10/ :29:43

73 - Já vi algo com risco antes, pensou, dormente... - Feira de cursos e profissões - Projeto meio ambiente - Visões do outro - Síndrome fetal alcoólica - Acessibilidade e inclusão: semeando arte - Agroecologia - Atenção odontológica - Roooooooooooooonc. Dormiu com o livro sobre o rosto e a luz acesa. - Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Acordou assustado. Os telefones celular e fixo tocavam ao mesmo tempo. Depois de uma certa confusão, desligou o celular e atendeu a ligação da portaria. Agradeceu a chamada e foi tomar banho com a sensação de que havia sonhado a noite inteira. Vestiu-se, tomou um café reforçado e saiu pela rua muito animado. Hoje vai ser um dia diferente. Viu um vulto conhecido... - Professor Humberto? Interpelou com certa insegurança... Pramosvaldo!!!!!!!!!!!! Que prazer em vê-lo por aqui! - O que faz por aqui? Perguntou Pram, já mais extrovertido, não esperava uma recepção tão calorosa logo pela manhã... - SEURS, CONGRESSO DE EXTENSÃO, É CLARO! É, o dia não começara realmente tão diferente, pensou Pram. Resolveu chutar o balde de uma vez e fez a pergunta clássica - Qual é o teu projeto? Desta vez, a resposta foi diferente da dos colegas, mas, bem ao estilo do professor... com outra pergunta... - Meu projeto? Adivinhe! 73 Riscos_da_automedicacao.indd 73 23/10/ :29:43

74 - RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO!!!!!!!!!!!!! Falou Pram exultante. Uma vez ao menos acertara! Justamente ele que já havia pensado nesta ideia agora se deparava com ela realizada sob a coordenação do Prof. Humberto. Foi mais empertigado dali pra adiante. Disso já entendia. - Desculpe ter sido um pouco rude, falou o professor, mas é que no decorrer dos anos os alunos me vêem aqui e diversos deles perguntam professor, o que está fazendo aqui? Não entendo isso muito bem, os alunos não percebem que existe um professor coordenando as atividades?. O Projeto é muito antigo, existe desde É o ano em que nasci, pensou Pram... - E os alunos acham impressionante a presença do professor aqui. - Bem, essa não é a única das minhas dúvidas. Continuou Humberto. Quero estudar também profundamente a origem da automedicação e as maneiras pelas quais ela se mantém, e seus riscos, é claro, e escrever um livro bem ilustrado que explique isso às pessoas... - Livro? perguntou Pram - E você Pram, qual é o teu projeto? - Sexualidade. Vou apresentar hoje, muitas dinâmicas. Fizemos uma cartilha, eu que fiz os desenhos. - Desenhos, Pram? Você desenha? Me faça um bom desenho sobre automedicação e teu trabalho será capa de um livro! Cada um iria apresentar seu trabalho numa ala distinta e foram se separando... e de longe o professor gritou: - Tem prova de seleção de bolsistas do projeto em 2 meses, venha prestar! Automedicação era um bom tema, pensava Pram... ilustrar um livro também seria legal Riscos_da_automedicacao.indd 74 23/10/ :29:43

75 Capítulo 9 PRAMOSVALDO NO TESTE SELETIVO Saíra o edital do teste seletivo do Projeto Riscos da Automedicação. Os conteúdos eram Farmacocinética, Farmacodinâmica, Farmacologia do Sistema Nervoso Autônomo, Riscos da Automedicação. Lá estava Pram de volta aos estudos, teve que deixar Carol um pouco de lado para se dedicar aquilo. Tinha de estudar, os conteúdos eram muito extensos e variados. Tentou demonstrar tranqüilidade e segurança no dia da prova. O professor Humberto começou com um discurso: - Blá, blá, blá, este teste é apenas classificatório para seleção de bolsas, todos estão convidados a fazer parte do projeto como voluntários, blá, blá, blá... Eram muitos candidatos, alguns já trabalhavam no projeto. Preencheu as fichas com endereços, inclusive eletrônico, telefones de contato e fez o melhor que pode. Ainda ouviu que o resultado sairia em 2 semanas, entregou a prova e saiu. Novamente a espera, haviam muitos veteranos seus no dia, será que seria aprovado? Será que suas ilustrações iriam virar capa de livro? Duas semanas depois e... BINGO!!! Seu nome estava lá! E uma convocação: reunião quinta-feira às 15:30 horas no anfiteatro 3 do Setor de Ciências Biológicas do Centro Politécnico da UFPR. Naquela noite, estava tão radiante que chamou Carol para jantar e a pediu em namoro. Ela aceitou, mas não sem antes comentar Até que enfim!, e selaram com um beijo apaixonado a noite mais maravilhosa, para Pram desde que entrara para a faculdade. Alguns dias depois, chegou feliz para a reunião. Muitos alunos, alguns mais novos, outros mais velhos e lá estava o professor Humberto... e mais um pouco e blá, blá, blá. Falava demais aquele professor... o que conseguiu anotar foi: - reuniões todas as quintas-feiras, as 15:30 horas. 75 Riscos_da_automedicacao.indd 75 23/10/ :29:43

76 - todos vão pesquisar casos de automedicação na internet, jornais, revistas. - cada um vai preparar sua própria palestra. - todos devem treinar sua palestra no projeto, antes de apresentar na comunidade. - o projeto já tem muitas palestras montadas que servem de base para as novas. Enfim alguma moleza, poderia aproveitar algum material. E naquele dia um veterano iria apresentar uma palestra como modelo, para ambientar a todos... beleza, começava a ficar fácil, pensou Pram. - o projeto tem uma cartilha chamada caderno pedagógico Riscos da Automedicação, tem uma peça de teatro deixada por uma colaboradora que já se formara. - ao final do ano todos deveriam de fazer relatório individual - todos deveriam fazer relatórios das palestras apresentadas na comunidade quando aparecessem temas novos ou de grande relevância seriam realizados MÓDULOS TEMÁTICOS nos quais os temas seriam abordados mais, profundamente, como novos medicamentos, novas doenças... Pram achou aquilo meio exagerado, para que tanto relatório? Parece até que virara barnabé, que era um jeito que chamavam os funcionários públicos antigamente. Riu consigo um instante. Para ouvir em seguida: - e tem de trazer um relatório mensal de atividades, que precisa ser assinado por mim e entregue em 2 vias na PROEC. Aquilo foi o máximo. O clímax. Pram pensava se deveria perguntar se iria receber salário, depois de tanta burocracia. Resolveu que provocaria o professor, perguntou! - Mas só nós que fazemos relatório? E o coordenador do projeto respondeu: - Vocês fazem seus relatórios individuais, que serão anexados ao meu relatório anual. Piorou. Então tinha mais relatório ainda. 76 Riscos_da_automedicacao.indd 76 23/10/ :29:43

77 - Ah, lembrou-se o professor, e quem for dar palestra tem de trazer uma declaração de alguém de comunidade, avaliando a referida palestra... Pramosvaldo resolveu não fazer mais nenhum comentário, visto que este poderia lembrar ao professor de mais alguma obrigação do bolsista ou de mais algum comprovante que deveria ser entregue pelo projeto. Melhor ir estudar e preparar sua apresentação. Antes de sair tiraram então algumas fotos para ficar como lembrança do grupo: Também observaram fotos com integrantes mais antigos e recentes que desenvolveram atividades no projeto e chegaram à conclusão de que precisavam tirar mais fotos do grupo, uma vez que sempre havia alguém faltando, tanto nas reuniões como nas apresentações em congressos e palestras na comunidade. 77 Riscos_da_automedicacao.indd 77 23/10/ :29:44

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79 Capítulo 10 O SEMINÁRIO TREINO DE PALESTRA DE PRAMOSVALDO Pram leu o caderno pedagógico do projeto, pediu ajuda à namorada, que estava na plateia torcendo por ele. Também estavam Fernanda e Penteado. Carol agora se aproximava de Fernanda e tinha a secreta intenção de ser a cupida para ela e Penteado. Pram estava nervoso, porém havia treinado bastante, viu algumas apresentações anteriores, lembrou-se da apresentação do colega e começou com a tela de apresentação: 79 Riscos_da_automedicacao.indd 79 23/10/ :29:44

80 - Boa tarde a todos, meu nome é Pramosvaldo e sou bolsista do Projeto de Extensão Universitária Riscos da Automedicação da UFPR, que é coordenado pelo professor Humberto. Pramosvaldo achava irreal aquela situação, todos ali o conheciam, bem como conheciam também o professor, e muitos ali eram veteranos do projeto, já haviam ministrado muitas palestras, estava dando palestra para quem sabia mais do que ele, olhou para o professor, para seus amigos e decidiu continuar a palestra, sem perguntar nem comentar nada, senão começaria aquele blá, blá, blá conhecido isto é um treino, blá, blá, blá... - Próximo slide, por favor - A automedicação é uma prática cultural antiga, que consiste em tomar um medicamento sem prescrição médica. Ou seja, quando um leigo decide diagnosticar sua doença e prescrever o tratamento, ao invés de delegar esta função ao médico que tem formação profissional para esta função. Em outras palavras, ao invés de fazer a consulta ao médico, decide por conta própria ou pergunta para 80 Riscos_da_automedicacao.indd 80 23/10/ :29:44

81 amigos e vizinhos sobre a sua doença e o seu tratamento. - E quais são os riscos da automedicação? Pram meio inconscientemente começava a imitar Humberto, continuando a palestra na forma de perguntas... - Próximo slide, por favor - Alguns dos riscos da automedicação são: 1 diagnóstico mascarado - Ou seja, se você tem uma dor e toma o analgésico, pode estar escondendo ou mascarando os sintomas da doença e com isto pode dificultar o diagnóstico médico e permitir o agravamento da doença, pela falta do tratamento apropriado... 2 desequilíbrio das funções orgânicas - Além de mascarar o diagnóstico o medicamento utilizado inadequadamente pode ainda, além da não curar, ainda causar reações adversas alguns analgésicos por exemplo podem causar gastrite, podem favorecer o sangramento e podem causar lesões renais e he- 81 Riscos_da_automedicacao.indd 81 23/10/ :29:44

82 páticas. 3 resistência microbiana - Esta reação adversa pode ser observada especialmente com agentes usados no tratamento de infecções, como os antibióticos. O uso inadequado de antibióticos, por exemplo, por um período menor que o prescrito, ou sem um diagnóstico que tenha identificado a causa o agente microbiano causador da doença, pode levar os microorganismos a desenvolver resistência àquele antibiótico e ao desenvolvimento das superinfecções, ou seja, infecções com bactérias resistentes aos antibióticos usualmente utilizados nas doenças causadas por aquela bactéria... daí ligamos ao próximo risco... 4 insensibilidade ao medicamento - Como vimos então, o uso inadequado de antibióticos pode fazer com que os mesmos os antibióticos percam o seu efeito... - mas a perda do efeito pode ser observado também com outros medicamentos, como por exemplo os broncodilatadores, que são utilizados no tratamento da asma... Seu uso contínuo também pode levar a diminuição do efeito terapêutico... - e tem muitos outros riscos... Próximo slide, por favor. Agora Pramosvaldo começava a tomar conta da plateia, todos assistiam, concentrados... - Próximo slide, por favor 82 Riscos_da_automedicacao.indd 82 23/10/ :29:44

83 5 Interação medicamentosa - Esse é um risco muito complexo, mas o fato é que os analgésicos podem aumentar o sangramento causado pelos anticoagulantes, o álcool pode aumentar os efeitos estimulantes ou depressores dos outros fármacos, os anticoncepcionais ou anovulatórios podem ter seus efeitos diminuídos por alguns antibióticos, ou seja, um medicamento pode influenciar o efeito do outro, aumentando ou diminuindo o efeito deste segundo medicamento. Por isso tanto tempo de estudo para formar o médico, para ele aprender diagnosticar e tratar adequadamente... 6 alergias - Este é um dos efeitos colaterais mais comuns dos medicamentos e a maioria das pessoas já pode observar casos como por exemplo alergia a penicilina e seus derivados, muita gente tem alergias aos analgésicos também. Eu mesmo tenho uma irmã que tomou dipirona, que é um princípio ativo que existe em muitos medicamentos, com efeito analgésicos, e teve um princípio de reação anafilática, que não fosse o marido levá-la rapidamente ao hospital e ela poderia até ter morrido. Começou com inchaço dos olhos, dificuldade respiratória. Caso de urgência, como são os efeitos tóxicos 83 Riscos_da_automedicacao.indd 83 23/10/ :29:44

84 84 7 efeito tóxico 8 morte - Lesões do rim e do fígado podem ser causados pelos medicamentos, bem como reações sistêmicas do tipo alteração da pressão arterial, da respiração. Muitos tipos de efeitos tóxicos podem advir do uso inadequado de medicamentos e que, se não tratados rapidamente, pode levar ao mais grave risco da automedicaçao... - se vocês acompanharem as notícias dos jornais, revistas e televisão vão perceber que toda hora tem alguém morrendo por automedicação... Penteado levantou a mão e falou - Será que você não esta exagerando e assustando demais as pessoas? Pram então mostrou várias figuras de pessoas famosas que haviam morrido após tomar medicamentos por conta própria... - Aquela cantora... - aquele ator famoso do filme... - aquele lutador invencível... - aquele roqueiro também... No fim das contas, vários colegas lembraram de casos famosos de gente que havia morrido por abusar de medicamentos. Sonolência e acidentes ao volante causados por medicamentos, por exemplo. Seguiu-se uma longa discussão se seria adequado ou não apresentar aquelas figuras, porque poderia parecer às pessoas que o projeto estaria sendo talvez, apelativo, talvez exagerado, talvez parecesse que estaria denegrindo as pessoas que foram vítimas nesses casos. A questão era longa e polêmica, e não havia uma resposta única, final e definitiva, de forma que a apresentação de Pram foi prejudicada, já se haviam passado 3 horas de reunião, muitos tinham outros compromissos agendados... Mas Pram ainda arrematou - e tem muitos casos em que a morte não advém porque ao aparecerem alguns efeitos tóxicos, felizmente as pessoas vão então ao médico Fechando a reunião o professor Humberto vaticinou: Riscos_da_automedicacao.indd 84 23/10/ :29:44

85 - Parabéns Pram, ótima palestra, outro dia você termina, mas agora você está autorizado a ministrar palestras em nome do projeto... Uma salva de palmas tomou conta da sala e Pram quase não conteve o choro, quando viu Carol se levantar e correr para abraçar o mais charmoso apresentador da universidade, segundo ela Riscos_da_automedicacao.indd 85 23/10/ :29:44

86 86 Riscos_da_automedicacao.indd 86 23/10/ :29:44

87 Capítulo 11 O TEATRO DE PRAMOSVALDO Pram estava se sentindo febril. Desenhara até muito tarde da noite e nos intervalos das aulas. Por isso estava agora atrasado para a reunião do projeto Riscos. Chegando próximo ao anfiteatro 9 sentiu que a agitação aumentava. Viu seu amigo Penteado, que agora participava como voluntário. A reunião começara e havia um tema importante sendo debatido: outras formas de apresentação do tema riscos da automedicação. Pram carregava uma pasta com seus desenhos e havia feito fotos desses com seu celular. Ansiava por mostrar seu trabalho e presentear o professor Humberto com suas obras de arte. Mas ninguém sequer olhou para ele. Alguém dizia: - Palestra é só blá, blá, blá... precisamos de outras formas, mais dinâmicas de desenvolver o tema dos riscos da automedicação! Humberto respondeu - Ideias existem muitas! Temos o caderno pedagógico, temos uma peça de teatro escrita por uma colaboradora que já se formou e doou sua peça ao projeto. Mas eu dependo de gente. Equipe. Não posso fazer tudo sozinho! Pram pensou no livro. Ninguém falava nele e algumas ilustrações, seu pequeno tesouro estava ali com ele. Carol vivia insistindo que aquele talento devia ser aproveitado pelo projeto. - A UFPR abriu um edital de inscrição para oficinas para apresentação aberta a todos, continuava Humberto, mas preciso de atores o projeto é uma expressão coletiva, dependo de gente que me ajude a desenvolver as ideias... - Então porque a gente não larga um pouco as palestras e se concentra na peça teatral?! Perguntou Vanessa, outra aluna do projeto Riscos_da_automedicacao.indd 87 23/10/ :29:44

88 88 - Temos de ter foco! Ela arrematou. - Acho que vou cortar a bolsa da Vanessa ironizou Humberto. Parece que ela quer mandar na reunião. Mais um pouco e ela quer ser a coordenadora do projeto. Vanessa pensava com seus botões, por que o professor pegava tanto no pé dela? Justo ela que participava de todas as reuniões, tinha ministrado palestra, trouxera o certificado, trouxera a declaração da comunidade, tudo ela fazia. Tinha aplicado questionários do projeto na comunidade. Tinha vontade de jogar o professor pela janela as vezes. Por que o professor vive me provocando?! Pensava Vanessa. - Então vamos seguir as ordens da Vanessa. A peça chama-se Crisântemo, já mandei o texto para vocês pelo correio eletrônico e tenho cópias aqui disse Humberto. Preciso dos atores! - Eu posso ser a patroa disse Amanda - Eu posso ser a empregada disse Vanessa - Eu posso ser o diretor da peça disse Bruno. - Acho que vou cortar a bolsa do Bruno também, disse Humberto. Todo mundo quer mandar aqui, é? - Eu posso ser a Clotilde disse Angela - Eu posso ser o farmacêutico disse Penteado.. - Eu posso ser o representante da indústria de medicamentos disse Rodrigo - E eu vou tratar da burocracia, fazer o papel de secretaria, preencher os formulários para inscrever o projeto Riscos para a Oficina do ENEC disse Humberto. Bruno O DIRETOR, disse bruscamente: - Precisamos de um logo para o projeto - Precisamos fazer um cartaz de divulgação da apresentação teatral - E precisamos de um medicamento fictício - E precisamos de uma bula para a caixa do medicamento. E nas reuniões seguintes estava pronto o logotipo PRAM, aprovado por Riscos_da_automedicacao.indd 88 23/10/ :29:44

89 Carol e Fernanda, e a publicidade da peça... Logotipo: Projeto Riscos da Auto-medicação Propaganda do Medicamento Fictício: 89 Riscos_da_automedicacao.indd 89 23/10/ :29:44

90 E se havia um medicamento, que seria distribuído como amostra grátis, precisava haver uma caixa para o medicamento... E qual seria este tal medicamento milagroso, que resolveria qualquer problema, desde espinhela caída até problemas no casamento? Caixa do Medicamento: A ideia de desenvolver um medicamento fictício veio da experiência do projeto, que fazia exposições e espalhava cartazes alertando para os riscos, de que nessas atividades, muitas vezes as pessoas viam as caixinhas de medicamentos e pensavam haver distribuição de AMOSTRAS GRÁTIS. Dentro dessas caixinhas de amostras deveria haver o recado do projeto. O DIRETOR (Bruno) com seus assistentes se encarregou rapidamente de executar isso, e fez uma bula: 90 Riscos_da_automedicacao.indd 90 23/10/ :29:44

91 Bula Frente e verso, do MedicamentoFicticio - Memoripram. 91 Riscos_da_automedicacao.indd 91 23/10/ :29:44

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