NÉLZA APARECIDA FERREIRA INGLÊS
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1 1 NÉLZA APARECIDA FERREIRA INGLÊS PREVALÊNCIA DE INATIVIDADE FÍSICA, OBESIDADE E TABAGISMO EM FUNCIONÁRIOS DA SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DE PONTA GROSSA-PARANÁ Trabalho apresentado como requisito para obtenção do grau de especialista da Universidade Estadual de Ponta Grossa Departamento de Educação Física. Curso: Atividade Física-Personal/Populacional Trainning. Orientador: Prof. Ms. Cassiano Ricardo Rech Ponta Grossa-PR Nov/2008
2 2 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus, sem ele nada é possível. Ao meu esposo Silvio Kawa, que está sempre ao meu lado me apoiando e ajudando em todos os meus projetos e sonhos. A toda minha família que é a minha base de sustentação. Ao professor Cassiano Ricardo Rech pela orientação deste trabalho e pela sua dedicação e incentivo ao meu estudo. A equipe que participou da coleta de dados, sem eles, o trabalho não poderia ser realizado. A todos os funcionários da Secretaria da Educação de Ponta Grossa que aceitaram participar do trabalho e colaboraram com o estudo. Aos colegas e professores do curso de pós-graduação em Atividade Física- Personal/Populacional Trainning pela atenção e dedicação. Um agradecimento especial a todas as pessoas que direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.
3 3 PREVALÊNCIA DE INATIVIDADE FÍSICA, OBESIDADE E TABAGISMO EM FUNCIONÁRIOS DA SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DE PONTA GROSSA-PARANÁ INGLÊS, Nélza Aparecida Ferreira * RECH, Cassiano Ricardo ** RESUMO O sobrepeso e a obesidade são considerados problemas de saúde pública tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, devido a sua alta prevalência e contínuo crescimento. Dentre os fatores que contribuem para o aumento desses índices está a falta de atividade física. Este estudo tem como objetivo estabelecer a prevalência de inatividade física, obesidade e tabagismo dos funcionários da Secretaria Municipal da Educação de Ponta Grossa, Paraná. Para tanto, foram coletadas as medidas antropométricas de massa corporal, estatura, circunferência da cintura, do abdome e do quadril, determinando em seguida o Índice de Massa Corporal e a Razão da circunferência da Cintura. Para avaliação dos níveis de atividade física foi aplicado o questionário IPAQ curto, além de algumas questões para determinar a prevalência do tabagismo. Os resultados obtidos confirmam a tendência nacional de sobrepeso e obesidade, principalmente nas mulheres, que apresentaram índices de 37,7% de sobrepeso e 22,6% de obesidade, além de 84,9% de risco moderado e alto para doenças cardiovasculares, conforme os índices de gordura abdominal. Entre os homens, a gordura abdominal atinge somente 11,1% com risco moderado, também não foram registrados casos de obesidade, entretanto os níveis de sobrepeso chegam a 55,6%. Em relação ao tabagismo, observaram-se índices de 22,2% para os homens e 9,4% para as mulheres, com média de 12,3 cigarros por dia. Enquanto a atividade física apresenta níveis moderados 90,6% para mulheres e 66,7% para os homens, ratificando a importância de estudos e programas que promovam mudanças no estilo de vida da população para melhoria da qualidade de vida. PALAVRAS-CHAVE: Sobrepeso. Obesidade. Tabagismo. Inatividade Física. ABSTRACT Overweight and obesity are considered public health problems both in developed countries and developing countries, due to its high prevalence and continuous growth. Among the factors contributing to the increase in these indices is the lack of physical activity. This study aims to establish the prevalence of physical inactivity, obesity and smoking officials of the Municipal Department of Education from Ponta Grossa, Paraná. For both, were collected anthropometric measures of body mass, height, waist circumference, the abdomen and hip, then determining the Body Mass Index and the ratio of waist circumference. To evaluate the levels of physical activity was applied IPAQ short questionnaire, and some questions to determine the prevalence of * Graduada em Educação Física, UEPG nafiekawa@hotmail.com ** Mestre em Educação Física, Professor da UEPG crrech@uepg.br
4 4 smoking. The results confirm the national trend of overweight and obesity, especially among women, which showed rates of 37.7% from 22.6% of overweight and obesity, and 84.9% of moderate and high risk for cardiovascular disease, as the rates of abdominal fat. Among men, the abdominal fat reaches only 11.1% with moderate risk, were also not recorded cases of obesity, but the levels of overweight reach 55.6%. In relation to smoking, we observed rates of 22.2% for men and 9.4% for women, with an average of 12.3 cigarettes per day. While physical activity shows moderate levels 90.6% to 66.7% for women and men, confirming the importance of studies and programs that promote changes in lifestyle of the population to improve the quality of life. KEY WORDS: Overweight. Obesity. Smoking. Physical inactivity. INTRODUÇÃO A saúde é um bem precioso, no entanto muitas pessoas só pensam em manter ou melhorar sua saúde, quando os sintomas das doenças já são evidentes e comprometem suas ações cotidianas. (Nahas, 2001, p.11) Essa característica fica evidente quando analisadas as principais causas de mortalidade e incapacidade no mundo, que segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (2003, p.7) são as doenças crônico-degenerativas ou agravos nãotransmisíveis, representando 59% dos 56,5 milhões de óbitos anuais. Essas doenças crônicas como a hipertensão, a obesidade, o diabetes, o câncer e as doenças cardiovasculares refletem as mudanças no estilo de vida das pessoas, principalmente em relação aos hábitos alimentares e à prática de atividade física. (Nahas, 2001, p.14) Para a Organização Pan-Americana da Saúde (2003, p.55), os processos de industrialização, urbanização e desenvolvimento econômico são desencadeadores dessas mudanças no estilo de vida da população. O organismo humano foi criado para ser ativo, como eram nossos ancestrais, em virtude das necessidades de caça e pesca para alimentação e de proteção dos predadores e intempéries. No entanto, nas civilizações modernas as novas tecnologias têm poupado o ser humano de exercícios físicos mais intensos no trabalho e as raras horas de descanso e lazer, transformaram-se em horas sentado no sofá, assistindo televisão ou na frente do computador. (Nahas, 2001, p.15)
5 5 De acordo com Lessa (1998, p.146), essa redução da atividade física, juntamente com as mudanças nos hábitos alimentares estabelece um círculo vicioso entre sedentarismo 1 e obesidade. Desse modo, o balanço energético positivo seria o principal causador da obesidade, pois a quantidade de energia consumida é maior do que a quantidade efetivamente utilizada, conseqüentemente essa energia restante fica armazenada em forma de gordura e resulta em aumento da massa corporal. (Brasil, 2006, p.19) Segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, citados por Guedes (2003, p.29), aproximadamente 32% da população brasileira apresentam índices de sobrepeso e 8% são considerados obesos. No Caderno de Atenção Básica nº 12, os dados em relação à obesidade relatam índices de 12,7% de mulheres e 8,8% de homens adultos brasileiros obesos, sendo que a maior incidência da doença ocorre nas regiões sul e sudeste do país. Esses dados demonstram a relevância da obesidade como problema de saúde pública no Brasil. (Brasil, 2006, p.18) Deve-se considerar que além do excesso de gordura, sua distribuição pelo corpo também interfere, sendo que a gordura abdominal é a que representa maior risco para a saúde do indivíduo. (WORLD HEALTH ORGANIZATION apud Brasil, 2006, p. 22) Para Guedes (2003, p.37) principalmente a gordura abdominal oferece riscos à saúde, independente da idade e inclusive da quantidade total de gordura corporal. A Organização Mundial da Saúde (2008, p.6), também alerta sobre outro fator de risco para a saúde, o tabagismo, que é responsável por seis das oito principais causas de morte no mundo e por 90% de todos os cânceres de pulmão diagnosticados. Diante da situação apresentada, todos os estudos desenvolvidos na área são relevantes e devem priorizar a implantação de programas de orientação e desenvolvimento de novas práticas, visando promover alterações no estilo de vida das pessoas, buscando a reversão dessa situação. Enquanto a prevalência de sobrepeso e obesidade da população aumenta, mais indivíduos também se interessam pelo controle do excesso de gordura, no entanto são necessárias mudanças nos hábitos alimentares e nos níveis de atividade 1 Sedentarismo: Inatividade Física ou níveis muitos baixos de atividade física
6 6 física, ou o combate ao excesso de gordura não será uma tarefa fácil. (Guedes, 2003, p.121) Para tanto, este estudo visa determinar a prevalência de inatividade física, obesidade e tabagismo dos funcionários da Secretaria Municipal da Educação de Ponta Grossa, através da mensuração das medidas antropométricas de massa corporal, estatura, circunferência da cintura, do abdome e do quadril, determinando o Índice de Massa Corporal e a Razão da circunferência da Cintura pela circunferência do Quadril de cada indivíduo. Além da avaliação do nível de atividade física e tabagismo dos mesmos. MATERIAL E MÉTODOS Desenho do estudo, amostragem e aspectos éticos O presente estudo caracteriza-se como um trabalho descritivo, quantitativo de corte transversal. A população que compõe o trabalho são todos os funcionários da Secretaria Municipal da Educação de Ponta Grossa, que segundo a Divisão de Recursos Humanos da SME 2, em setembro de 2008 totalizavam 2225 (dois mil, duzentos e vinte e cinco), mas trabalhando em vários locais, ou seja, nas 83 (oitenta e três) Escolas Municipais, 36 (trinta e seis) Centros Municipais de Educação Infantil e nos demais espaços públicos de administração e controle da educação do Município. Para este estudo, foram selecionados somente os funcionários da SME, lotados 3 no prédio da Prefeitura, totalizando uma amostra de 92 (noventa e dois) indivíduos, no entanto em virtude de algumas desistências, férias ou afastamentos do trabalho por motivo de doença, a amostra ficou com 62 (sessenta e dois) indivíduos, sendo 53 do sexo feminino, com idades entre 26 e 59 anos, e 09 do sexo masculino, com idades variando entre 30 e 62 anos. Para estabelecer os níveis de sobrepeso e obesidade é necessária a mensuração da composição corporal do indivíduo. A composição corporal pode ser estudada através dos seus componentes, de duas formas diferentes. A primeira refere-se a dois componentes somente, a gordura e a massa corporal magra e a outra considera os ossos, músculos, água e gordura, sendo a primeira forma, a mais 2 3 SME=Secretaria Municipal da Educação Lotados= local onde o funcionário trabalha efetivamente;
7 7 utilizada, com ênfase na gordura corporal relativa ou percentual de gordura. (Nahas, 2001, p.80) Para determinar a prevalência de sobrepeso e obesidade dos funcionários convencionou-se utilizar o cálculo do IMC - Índice de Massa Corporal e do RCQ Razão da circunferência da cintura pela circunferência do quadril, considerando sua aplicabilidade e sua forma não-invasiva na coleta de dados, complementando com a análise do perímetro abdominal e sua relação com o risco à saúde dos indivíduos. Da mesma forma considerando que o sedentarismo é uma característica da maioria dos indivíduos com sobrepeso ou obesidade avaliou-se também os níveis de atividade física dos mesmos, além dos índices de tabagismo que também representam riscos à saúde. Todos os participantes do estudo foram informados sobre os objetivos da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, com a garantia de total anonimato e sigilo em relação às informações individuais, sendo os resultados da pesquisa utilizados somente para o desenvolvimento da mesma. Além de total liberdade para abandonar a pesquisa a qualquer momento, conforme seu interesse, de acordo com as normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e as determinações da Comissão de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Variáveis, instrumentos e procedimentos da coleta de dados Todos os procedimentos foram realizados no prédio da Prefeitura, com autorização prévia por escrito, da Secretária Municipal da Educação, sendo os funcionários reunidos na Sala de Reuniões da SME, no dia 29 de outubro de 2008, período da manhã, para a explanação sobre os objetivos e a metodologia de aplicação da pesquisa. Cabe ressaltar que o horário determinado para atendimento ao público na prefeitura é o período vespertino, ficando as manhãs somente para os serviços internos. Após a explanação, os funcionários interessados em participar do projeto, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e foram orientados sobre o preenchimento do Questionário Internacional de Atividade Física - IPAQ curto - versão 8, disponibilizado pelo Centro Coordenador do IPAQ no Brasi CELAFISCS. Informações preliminares sobre os dados pessoais e duas perguntas sobre a quantidade e a utilização de cigarro foram inclusas no questionário. Após esse preenchimento individual, as demais perguntas relativas à atividade física foram
8 8 explicadas pelo avaliador e respondidas uma a uma, simultaneamente por todos os participantes, que logo após retornaram as suas atividades normais, aguardando assim o momento da coleta dos dados antropométricos individuais. Essa coleta foi realizada individualmente, numa sala mais reservada, possibilitando a utilização do mínimo de roupa possível, primeiramente com todos os funcionários do sexo masculino e logo em seguida o sexo feminino. Em virtude do tempo para coleta dos dados, foi necessária a utilização do período da manhã do dia 30 de outubro para conclusão das coletas. A estatura foi mensurada através do estadiômetro compacto WISO de 02 (dois) metros, com resolução em milímetros, fixado numa parede sem rodapé, com os indivíduos em posição ortostática, pés descalços e unidos, mantendo as superfícies posteriores do calcanhar, a cintura pélvica, a cintura escapular e a região occipital em contato com a parede, além da cabeça no plano de Frankfurt, de acordo com Alvarez e Pavan (2007, p.39). Foram realizadas três medidas em centímetros e adotada a média aritmética das mesmas. Para mensuração da massa corporal foi utilizada a balança de bioimpedância Tanita UM 080, com capacidade para 150 quilogramas, com as seguintes recomendações ao avaliados: jejum de 04 horas antes da coleta, sem ingestão de bebidas alcoólicas 48 horas antes e sem a realização de atividades físicas extenuantes nas 24 horas anteriores a coleta, conforme Benedetti et al (2007, p. 148). As medidas das circunferências do abdome, da cintura e do quadril foram coletadas em centímetros, com uma fita métrica metálica, de acordo com as recomendações, de Martins e Lopes (2007, p. 58), considerando-se a média aritmética das três medidas anotadas e as referências anatômicas e técnicas de mensuração descritas pelos autores. Desta forma, após a coleta dos dados antropométricos foi realizado o cálculo do IMC e do RCQ de todos os avaliados, através de planilha eletrônica. Considerando os pontos de cortes para o IMC como normal os índices menores que 24,9 Kg/m 2, para sobrepeso entre 25 Kg/m 2 e 29,9 Kg/m 2 e obeso acima de 30 Kg/m 2, conforme a Organização Mundial da Saúde (1998). Segundo Nahas (2001, p. 86), os índices de RCQ maiores que 0,95 cm e 0,85 cm para homens e mulheres respectivamente apresentam maior risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
9 9 As medidas do perímetro abdominal foram categorizadas em baixo risco menor que 92 cm para homens e menor que 80 cm para mulheres, risco moderado valores entre 92 cm e 102 cm para homens e entre 81 cm e 87 cm para mulheres, sendo o alto risco acima de 102 cm para homens e 88 cm para mulheres, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (1998). Análise estatística Para o tratamento estatístico dos dados, foram utilizados os cálculos da estatística descritiva (média, desvio-padrão, freqüências e amplitudes) através do software SPSS (Statistical Package for the social Sciences), versão RESULTADOS A amostra foi dividida em dois grupos, conforme o sexo, para verificar as diferenças estatísticas nos resultados obtidos em decorrência do mesmo. Em relação à idade dos pesquisados, a média aritmética das mulheres ficou em 41 anos (±8,6 anos) e a dos homens foi de 38 anos (±10,4 anos). Conforme a figura 1 os níveis de tabagismo são mais elevados entre os homens, ultrapassando 22%, enquanto as mulheres atingiram 9,4% de fumantes, com uma média de 12,3 cigarros por dia, durante toda a semana. Figura 1: Gráfico dos percentuais de fumantes e não fumantes Os resultados da classificação do IMC apresentados na tabela 1 demonstram que 37,7% das mulheres apresentam níveis de sobrepeso e 22,6% estão obesas,
10 10 totalizando 60,3% acima do nível considerado normal. Enquanto isso os homens têm 55,6% de indivíduos com sobrepeso, mas ainda nenhum considerado obeso. Tabela 1 Índices de sobrepeso e obesidade de acordo com o IMC Grupos Categoria Freqüência Percentual normal 21 39,6 Mulheres sobrepeso 20 37,7 obesidade 12 22,6 normal 4 44,4 Homens sobrepeso 5 55,6 obesidade Fonte: Dados antropométricos coletados para a pesquisa Considerando os valores referentes à gordura abdominal (perímetro abdominal) dos dois grupos e sua disposição para doenças cardiovasculares, a situação continua mais prevalente para as mulheres que apresentam 84,9% de risco, sendo 54,7% com alto risco e 30,2% de mulheres com risco moderado, em contrapartida os homens não apresentam sujeitos com alto risco e somente 11,1% estão com risco moderado, de acordo com a tabela 2. Tabela 2 Fatores de risco para doenças cardiovasculares conforme o perímetro abdominal Grupos Categoria Freqüência Percentual baixo risco 8 15,1 Mulheres risco moderado 16 30,2 alto risco 29 54,7 baixo risco 8 88,9 Homens risco moderado 1 11,1 alto risco Fonte: Dados antropométricos coletados para a pesquisa Os resultados em relação aos níveis de atividade física apresentados na tabela 3 revelam que a maioria dos indivíduos, de ambos os sexos, podem ser considerados moderadamente ativos fisicamente e somente três mulheres estão classificadas com alto nível de atividade física, de acordo com o questionário IPAQ.
11 11 Tabela 3 Nível de atividade física - NAF Grupos Categoria Freqüência Percentual baixo NAF 2 3,8 Mulheres moderado NAF 48 90,6 alto NAF 3 5,7 baixo NAF 3 33,3 Homens moderado NAF 6 66,7 alto NAF Fonte: Questionário IPAQ respondido pelos avaliados Analisando os resultados do RCQ, os percentuais demonstram 18,87% de risco para as mulheres, o que representa um número de 10 (dez) funcionárias e 11,11% para os homens, ou seja, apenas um deles com risco para doenças cardiovasculares, de acordo com o RCQ. Figura 2: Gráfico dos percentuais de risco para doenças conforme RCQ DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Considerando que o sedentarismo e a obesidade são fatores de risco em potencial, para doenças crônico-degenerativas, torna-se vital a importância da promoção de mudanças no estilo de vida dos funcionários, visto que os índices demonstram alta prevalência de sobrepeso tanto para os homens como para as mulheres, com valores até superiores aos encontrados no estudo dos fatores de risco
12 12 nas capitais brasileiras de Moura et al. (2008) e similares aos encontrados por Rezende et al. (2006) nos servidores da Universidade Estadual de Viçosa em Minas Gerais e com o estudo de Souza et al. (2003) em relação a maior prevalência de obesidade entre as mulheres. A obesidade central de acordo com o perímetro abdominal também é mais prevalente entre as mulheres, em consonância com os estudos de Nunes Filho et al. (2006) e Rezende et al. (2006). De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (2003, p.24), os dados dos países desenvolvidos indicam que os custos da inatividade física são muito grandes. Nos Estados Unidos, por exemplo, os custos médicos chegaram a US$ 75 bilhões, somente no ano de 2000, em virtude da falta de atividade física. No entanto, as empresas que adotam programas de promoção de atividade física para seus funcionários têm retornos econômicos extras, em virtude da redução do absenteísmo e do aumento da produtividade. (Brasil, 2002, p. 254) Neste estudo os níveis de atividade física estão mais elevados do que os apresentados nas capitais brasileiras por Moura et al. (2008) e próximos dos percentuais encontrados por Salles-Costa et al. (2003). Em relação ao tabagismo, os índices de fumantes são superiores aos índices demonstrados pelo estudo de Moura et al. (2008), confirmando somente a superioridade do sexo masculino quando se trata do número de fumantes. Portanto este estudo apresentou alta prevalência de fatores de risco para doenças crônico-degenerativas, entre os funcionários, com destaque para a gordura abdominal e obesidade das mulheres, além do sobrepeso e dos altos índices de tabagismo para os homens. Corroborando também com os estudos que assinalam que a atividade física pode influenciar na melhoria da qualidade de vida, visto que a grande maioria dos pesquisados apresenta níveis moderados de atividade física, portanto próximos do sedentarismo, com o agravamento de que as atividades físicas enfatizadas nas respostas estão relacionadas diretamente a trabalhos domésticos em detrimento das atividades de lazer. CONCLUSÕES Desta forma, diante dos resultados encontrados de alta prevalência de sobrepeso e obesidade, além de outros fatores de risco para doenças crônicas como
13 13 o tabagismo e o sedentarismo, tornam-se relevantes novas pesquisas, visando o desenvolvimento e a implantação de programas de atividade física e alimentação correta e balanceada, buscando promover mudanças no estilo de vida das pessoas, no entanto os estudos devem levar em consideração as diferenças em relação ao sexo, pois conforme a pesquisa os fatores de risco diferem quanto à prevalência e aos seus índices, além disso, as preferências na escolha da atividade física são diferentes para homens e mulheres. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVAREZ, Bárbara Regina; PAVAN, André Luis. Alturas e Comprimentos. In: PETROSKI, Edio Luiz. (Ed.). Antropometria: técnicas e padronizações. 3ª ed. rev. e ampl. Blumenau: Nova Letra, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT, Rio de Janeiro. Normas ABNT sobre documentação. Rio de Janeiro, BARROS, Mauro Virgilio Gomes de. Análise de dados em atividade física e saúde: demonstrando a utilização do SPSS. Londrina: Midiograf, BENEDETTI, Tânia R. Bertoldo et al. Composição Corporal em Idosos. In: PETROSKI, Edio Luiz. (Ed.). Antropometria: técnicas e padronizações. 3ª ed. rev. e ampl. Blumenau: Nova Letra, BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Promoção da Atividade Física "Agita Brasil": Atividade física e sua contribuição para a qualidade de vida. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 36, n. 2, , BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Obesidade. Brasília, CELAFISCS - CENTRO COORDENADOR DO IPAQ NO BRASIL. Biblioteca Digital. Consultada em IPAQ Internacional: Acesso em nov./08. GUEDES, Dartagnan Pinto; GUEDES, Joana Elisabete Ribeiro Pinto. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição. 2ª ed. Rio de Janeiro: Shape, LESSA, Inês; O adulto brasileiro e as doenças da modernidade: epidemiologia das doenças crônicas não-transmissíveis. São Paulo-Rio de Janeiro: Editora Hucitec Abrasco, MARTINS, Marcelle de Oliveira; LOPES, Marise Amorim. Perímetros. In: PETROSKI, Edio Luiz. (Ed.). Antropometria: técnicas e padronizações. 3ª ed. rev. e ampl. Blumenau: Nova Letra, 2007.
14 14 MOURA, Erli Catarina et al. Vigilância de fatores de risco para doenças crônicas por inquérito telefônico nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal (2006). Rev. Bras. Epidemiol., São Paulo, v. 11, n. 1, 20-37, NAHAS, Markus Vinicius. Atividade Física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 2ª ed. Londrina: Midiograf, NUNES FILHO, João Rogério et al. Prevalência de fatores de risco cardiovascular em adultos de Luzerna, Santa Catarina, Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 89, n. 5, , ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Doenças Crônico-degenerativas e obesidade: estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde. Brasília, PETROSKI, Edio Luiz. (Ed.). Antropometria: técnicas e padronizações. 3ª ed. rev. e ampl. Blumenau: Nova Letra, REZENDE, Fabiane Aparecida Canaan et al. Índice de massa corporal e circunferência abdominal: associação com fatores de risco cardiovascular. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 87, n. 6, , SALLES-COSTA, Rosana et al. Gênero e prática de atividade física de lazer. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, S325-S333, SOUZA, Luiz J. de et al. Prevalência de obesidade e fatores de risco cardiovascular em Campos, Rio de Janeiro. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 47, n. 6, , WHO. Word Heath Organization. Obesity status: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneva,1998. WHO. Word Heath Organization. Mpower: un plan de medidas para hacer retroceder la epidemia de tabaquismo. Geneva, 2008.
15 ANEXO A QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA 15
16 16 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATIVIDADE FÍSICA (PERSONAL/POPULACIONAL TRAINNING) QUESTIONÁRIO Prezado(a) funcionário(a): Este questionário faz parte da pesquisa intitulada: Prevalência de inatividade física, sobrepeso e obesidade dos funcionários da Secretaria Municipal de Educação de Ponta Grossa. Leia com atenção todos os itens e responda-os com sinceridade. Em caso de dúvidas, pergunte ao pesquisador. Os dados fornecidos por você serão mantidos em sigilo e serão utilizados somente para a realização desta pesquisa. Muito obrigada pela colaboração. Pesquisadora Responsável: Nélza Aparecida Ferreira Inglês I. DADOS PESSOAIS Nº Nome: Sexo: Masculino Feminino Dia de hoje: / / Estado gravídico (somente para mulheres): 1) sim 2) não Data de nascimento: / / Quantas pessoas moram na sua residência (incluindo você)? pessoas Você fuma? 1) sim 2) não Quantos cigarros por dia? Quantos dias em uma semana? III. QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA VERSÃO CURTA As próximas perguntas estão relacionadas ao tempo que você gastou fazendo atividade física na ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você fez na escola, no trabalho, para ir de um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa. Por favor, responda cada questão mesmo que considere que não seja ativo. Para responder as questões lembre que: atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal; atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal. Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez: AF1. Em quantos dias da última semana você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos em casa, na escola ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício? dias por SEMANA ( ) Nenhum
17 17 AF2. Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou caminhando por dia? horas: Minutos: AF3. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo, pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar moderadamente sua respiração ou batimentos do coração? (NÃO INCLUA CAMINHADA) dias por SEMANA ( ) Nenhum AF4. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia? horas: Minutos: AF5. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou batimentos do coração? dias por SEMANA ( ) Nenhum AF6. Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia? horas: Minutos: AF7. Quanto tempo, em um dia de semana, você permanece sentado? horas minutos AF8. Quanto tempo, nos finais de semana, você permanece sentado? horas minutos II. ANTROPOMETRIA Estatura: cm Massa corporal: kg Gordura: % Água: % NÃO PREENCHER O ÍTEM ABAIXO Circunferência de cintura: cm Circunferência de quadril: cm Circunferência do Abdômen: cm Idade: anos
18 ANEXO B CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA IPAQ 18
19 19 CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA IPAQ 1. MUITO ATIVO: aquele que cumpriu as recomendações de: a) VIGOROSA: 5 dias/sem e 30 minutos por sessão b) VIGOROSA: 3 dias/sem e 20 minutos por sessão + MODERADA e/ou CAMINHADA: 5 dias/sem e 30 minutos por sessão. 2. ATIVO: aquele que cumpriu as recomendações de: a) VIGOROSA: 3 dias/sem e 20 minutos por sessão; ou b) MODERADA ou CAMINHADA: 5 dias/sem e 30 minutos por sessão; ou c) Qualquer atividade somada: 5 dias/sem e 150 minutos/sem (caminhada + moderada + vigorosa). 3. IRREGULARMENTE ATIVO: aquele que realiza atividade física, porém insuficiente para ser classificado como ativo pois não cumpre as recomendações quanto à freqüência ou duração. Para realizar essa classificação soma-se a freqüência e a duração dos diferentes tipos de atividades (caminhada + moderada + vigorosa). Este grupo foi dividido em dois subgrupos de acordo com o cumprimento ou não de alguns dos critérios de recomendação: IRREGULARMENTE ATIVO A: aquele que atinge pelo menos um dos critérios da recomendação quanto à freqüência ou quanto à duração da atividade: a) Freqüência: 5 dias /semana ou b) Duração: 150 min / semana IRREGULARMENTE ATIVO B: aquele que não atingiu nenhum dos critérios da recomendação quanto à freqüência nem quanto à duração. 4. SEDENTÁRIO: aquele que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana. CENTRO COORDENADOR DO IPAQ NO BRASIL CELAFISCS - INFORMAÇÕES ANÁLISE, CLASSIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO DE RESULTADOS NO BRASIL Tel-Fax: ou celafiscs@celafiscs.com.br Home Page: IPAQ Internacional:
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