OBSTRUÇÃO DE EMISSORES UTILIZANDO ÁGUA DO RIO SÃO FRANCISCO COM FERTIRRIGAÇÃO PARA A CULTURA DO MELAO

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1 OBSTRUÇÃO DE EMISSORES UTILIZANDO ÁGUA DO RIO SÃO FRANCISCO COM FERTIRRIGAÇÃO PARA A CULTURA DO MELAO D. R. Gonçalves 1,P. R. F. Medeiros 2,G. S. Santos 1, E.C.P.V.A. Teles 1,R. C.Nascimento 1 RESUMO: Este trabalho teve como objetivo analisar a susceptibilidade ao entupimento sob fertirrigação em sistema de irrigação por gotejamento a partir do uso de água do rio São Francisco. Foram realizadas análises específicas no laboratório de Irrigação da UNIVASF, campus Juazeiro- BA, a fim de mostrar aos usuários que utilizam este equipamento, informações sobre as modificações no seu desempenho ao longo de sua vida útil. De acordo com os resultados, concluiu-se que a água do rio São Francisco utilizada no preparo da fertirrigaçao não apresentou riscos de obstrução dos emissores de gotejamento. Palavras-chave: Irrigação localizada, entupimento de gotejadores, uniformidade de distribuição. OBSTRUCTION OF ISSUERS USING WATER FROM THE RIO SÃO FRANCISCO WITH FERTIGATION FOR MELON CROP ABSTRACT: This study aimed to analyze the susceptibility to by drip irrigation from the water using the rio Sao Francisco. Specific analyzes were performed in the laboratory of irrigation UNIVASF, campus Juazeiro- BA, in order to show to users using this equipment, information on changes in performance over its lifetime. According to the results, it was concluded that the water of the rio Sao Francisco used in the preparation of fertigation showed no risk of clogging of drip emitters. Keywords: Drip irrigation, clogging of drippers, uniformity of distribution. 1 Mestrando CPGEA/UNIVASF. Campus Juazeiro/BA. dayanergoncalves@gmail.com 2 Prof. Dr. Adjunto, Colegiado de Engenharia Agrícola e Ambiental, Coordenador do Laboratório de Irrigação, UNIVASF, Campus Juazeiro/BA. pedro.fernandes@univasf.edu.br 905

2 INTRODUÇAO Brauer (2011) afirma que a irrigação localizada apresenta- se como um marco tecnológico. É considerado como uma das contribuições mais promissoras para o desenvolvimento da fruticultura irrigada no Brasil, e mais especificamente no Nordeste (CARVALHO et al., 2006).Souza et. al. (2011), afirmam que as principais vantagens desse tipo de irrigação é a economia de água e energia, possibilidade de automação e de fertirrigação. De acordo com Cunha et. al. (2013) uso da fertirrigação interfere na uniformidade de aplicação de água por ocasionar o entupimento dos emissores, contribuindo também para a desuniformidade de aplicação. A obstrução dos emissores é considerada o maior problema associado à operação de irrigação por gotejamento, pois afeta a uniformidade de aplicação de água e, consequentemente, reduz a eficiência da aplicação de produtos químicos, via água de irrigação, na mesma proporção da redução de uniformidade de aplicação (BATISTA et al., 2010). A uniformidade de aplicação de água em áreas irrigadas influencia diretamente o manejo, a eficiência e o custo da irrigação, assim como afeta a qualidade e produtividade da cultura (AZEVEDO & SAAD, 2012). XXV CONIRD Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem Atualmente, a obstrução dos emissores na irrigação localizada é um grande problema agrícola. Deste modo, objetivou- se avaliar a susceptibilidade de emissores do tipo gotejadores, em condições de laboratório e utilizando água do rio São Francisco para preparo da calda de fertirrigação para a cultura do melão. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Irrigação da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) do Campus de Juazeiro-BA, situado geograficamente nas coordenadas 9 o 24'40,9"S e 40 o 30'48,3"W. O clima do município é o semiárido, com temperatura média de 24,2 C e pluviosidade média anual de 427 mm, concentrada nos meses de novembro a março (PMJ, 2014). Os fertilizantes selecionados foram uréia (45% de N), aplicado via fertirrigação na concentração de 21,96g planta -1, cloreto de potássio (60% de K2O), 21,96g planta -1 e supersimples (18% de P2O5), 73,21g planta -1 diluídos em 350L planta -1. As quantidades de fertilizantes utilizados foram seguindo a recomendação de adubação para o estado de Pernambuco correspondendo o ciclo da cultura do melão. 906

3 Foi montada uma bancada de testes de emissores utilizados na irrigação localizada por gotejamento, com capacidade para quatro linhas laterais simultaneamente. O bombeamento das águas na bancada foi realizado por meio de um conjunto motobomba hidráulico de 1cv acoplado a uma caixa d água de 500 L. Logo após a bomba, instalado um filtro de disco, de cor vermelha, com 120 mesh. A aferição da pressão de serviço foi por meio de um Manômetro metálico tipo Bourdon, instalado na saída da bomba. As vazões dos gotejadores foram determinadas por bateria de pluviômetros de massa conhecida, dispostos nos emissores selecionados. Os parâmetros avaliados foram Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC); Coeficiente de Uniformidade de Hart (CUH); Coeficiente de Uniformidade Estatística (CUE) e da Uniformidade de Distribuição (UD). RESULTADOS E DISCUSSÃO Pode-se observar nas Tabelas 1 e 2, uma análise das variáveis estudadas, apresentadas para os períodos de 24 a 144 horas após implantação da irrigação utilizando fertirrigação para a vazão de 2 L h -1 (Tabela 1) e no período de 24 a 72 horas para a vazão 4 L h -1 (Tabela 2) com o sistema de irrigação (gotejadores on line) operando a pressão de serviço de 150 kpa. Tabela 1. Dados médios referentes à vazão referenciada em horas de irrigação para a pressão de serviço de 150kPa, utilizando água do rio São Francisco com fertirrigação para a cultura do melão Água do Rio São Francisco CUC 98,00 96,64 98,31 97,98 98,29 93,80 CUD 98,00 96,29 98,38 97,67 98,24 92,44 CUH 89,51 86,63 90,60 89,57 90,68 80,80 CUE 98,27 96,99 98,61 98,27 98,61 94,20 Tabela 2. Dados médios referentes à vazão referenciada em horas de irrigação para a pressão de serviço de 1,5 kgf/cm 2, utilizando água do rio São Francisco com fertirrigação para a cultura do melão 907

4 Água do Rio São Francisco CUC 97,77 97,64 98,20 CUD 97,58 97,55 98,30 CUH 88,79 88,92 90,46 CUE 98,00 98,10 98,53 De acordo com as Tabelas 1 e 2 os valores de Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC) para as vazões 2 L h -1 e 4 L h -1 com água do rio São Francisco, apresentaram valores acima de 90%, sendo classificados como excelentes, segundo a classificação de Mantovani (2002). Carvalho (2010) afirma que quanto maior o valor do CUC, menor é a lâmina de irrigação necessária para alcançar a produção máxima. De acordo com Cunha et al. (2013), os valores de CUC no tempo de operação de 50 e 200 h apresentaram 96,13% e 94,53%, respectivamente, apresentando uma redução de 1,6%, sendo classificado como excelente. Segundo Santos et. al. (2013) a uniformidade de distribuição CUD, considera a razão entre a média de 25% do menor quartil das vazões e a lâmina média coletada. Os valores da respectiva variável encontrados para vazão de 2 L h -1 e 4 L h -1 foram classificados como excelentes segundo Mantovani (2002). O Coeficiente de Uniformidade de Hart (CUH) para vazão 2 L h -1 apresentou os menores valores com 144 horas (80,8%) de irrigação para água do rio São Francisco. Já para a vazão 4 L h -1 foram observados com 24 horas de irrigação, para água do rio (88,7%). Cunha et al. (2013) observou que o menor valor de CUH para um gotejador autocompensante de vazão 19% da vazão nominal de 1 L h -1, apresentou aproximadamente 83% com 50 horas de irrigação. Verifica- se que os valores de Coeficiente de Uniformidade Estatístico (CUE) para as duas vazões em qualquer tempo estudado foi classificado como excelente de acordo com a classificação de Mantovani (2002). CONCLUSÕES Diante dos resultados apresentados, pode-se concluir que a água do rio São Francisco apresenta- se susceptível ao uso na irrigação quando utilizada na fertirrigação 908

5 após 144 horas de irrigação para vazão de 2 L h -1 e após 72 horas de irrigação para vazão de 4 L h -1, não sendo necessária a substituição das tubulações de irrigação. AGRADECIMENTOS A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) pelo apoio financeiro e ao Laboratório de Irrigação da UNIVASF Campus Juazeiro, BA. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, L. P; SAAD, J. C. C. Uso de dois espaçamentos entre gotejadores na mesma linha lateral e seus efeitos sobre a formação do bulbo molhado no solo e parâmetros físicos de rabanete. Brazilian Journal of Irrigation and Drainage - IRRIGA, Botucatu, v. 17, n. 2, p , abril-junho, CARVALHO, J. F. et al. Avaliação da uniformidade de sistema de irrigação localizada tipo gotejamento em cultivo de feijoeiro. In: X JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO JEPEX 2010, Recife. Recife: UFRPE, CARVALHO, C. M. DE; ELOI, W. M.; LIMA, S. C. R. V.; PEREIRA, J. M. G. Desempenho de um sistema de irrigação por gotejamento na cultura da goiaba. Revista Irriga, Botucatu, v. 11, n. 1, p , CUNHA, F. N.; OLIVEIRA, R. C.; SILVA, N. F.; MOURA, L. M. F.; TEIXEIRA, M. B.; GOMES, R. R.; Variabilidade temporal da uniformidade de distribuição em sistema de gotejamento. Revista Brasileira de Agricultura Irrigada v.7, nº. 4, p , 2013 BATISTA, R. O.; SOUZA, J. A. R.; FERREIRA, D. C. Influência da aplicação de esgoto doméstico tratado no desempenho de um sistema de irrigação. Revista Ceres, v.57, n.1, p.18-22, 2010 BRAUER, R. L; CRUZ, R. L; VILLAS BOAS, R. L; PLETSCH, T. A. Avaliaçao da uniformidade de aplicação de água em gotejadores em função do teor de ferro. Irriga, Botucatu, v. 16, n.1, p , janeiro- março,

6 MANTOVANI, E.C. Avalia: manual do usuário. Viçosa: DEA/UFV PNP&D/café Embrapa, MORATA, G. T.; DANTAS, G. DE F.; DALRI, A. B.; PALARETTI, L. F.; FARIA, R. T. DE.; SANTOS, G. O. Entupimento de gotejadores com uso de efluente de esgoto sob dois sistemas de filtragem. II INOVAGRI InternationalMeeting, Prefeitura Municipal de Juazeiro-BA. Disponível em: em: 19 de maio SANTOS, R. A.; HERNANDEZ, F. B. T.; FERREIRA, E. J. S.; VANZELA, L. S.; LIMA, R. C. Uniformidade de distribuição de água em irrigação por gotejamento em sub superfície instalado na cultura de pupunheiras (Bactrisgasipaes H. B. K.). In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 32, Goiânia SOUSA, V. F. DE; MAROUELLI, W. A.; COELHO, E. F.; PINTO, J. M.; COELHO FILHO, M. A. Irrigação e fertirrigação em fruteiras e hortaliças. Embrapa: Informação Tecnológica, Brasília, 2011, 771p. 910