UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO"

Transcrição

1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO A REALIZAÇÃO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM PEÇAS DE AUTORES BRASILEIROS DOS SÉCULOS XIX E XX Dados empíricos para observação de mudança no Português Brasileiro Carolina de La Vega Soledade Fevereiro de 2011 Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como quesito para a obtenção do Título de Mestre em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa). Orientadora: Silvia Regina de Oliveira Cavalcante

2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO A REALIZAÇÃO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM PEÇAS DE AUTORES BRASILEIROS DOS SÉCULOS XIX E XX: Dados empíricos para observação de mudança no Português Brasileiro CAROLINA DE LA VEGA SOLEDADE Rio de Janeiro Fevereiro de 2011

3 A REALIZAÇÃO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM PEÇAS DE AUTORES BRASILEIROS DOS SÉCULOS XIX E XX: Dados empíricos para observação de mudança no Português Brasileiro CAROLINA DE LA VEGA SOLEDADE Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como quesito para a obtenção do Título de Mestre em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa). Orientadora: Silvia Regina de Oliveira Cavalcante Rio de Janeiro Fevereiro 2011

4 A realização do objeto direto anafórico em peças de autores brasileiros dos séculos XIX e XX: dados empíricos para a observação da mudança no português brasileiro Carolina de La Vega Soledade Orientadora: Profa. Dra. Silvia Regina de Oliveira Cavalcante Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa). Examinada por: Presidente: Profa. Doutora Silvia Regina de Oliveira Cavalcante (UFRJ) Profa. Doutora Márcia Cristina de Brito Rumeu (UFMG) Profa. Doutora Maria Eugênia Lamoglia Duarte (UFRJ) Profa. Doutora Beatriz dos Santos Feres (UFF) suplente Profa. Doutora Célia Regina dos Santos Lopes (UFRJ) suplente Rio de Janeiro Fevereiro de 2011

5 Soledade, Carolina de La Vega A realização do objeto direto anafórico em peças de autores brasileiros dos séculos XIX e XX: dados empíricos para a observação da mudança no português brasileiro / Carolina de La Vega Soledade. Rio de Janeiro: UFRJ FL, Xii, 120f.: il.; 31cm. Orientador: Silvia Regina de Oliveira Cavalcante Dissertação (mestrado) UFRJ / Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, Referências Bibliográficas: f Mudança Linguística; 2. Objeto Direto Anafórico; 3. Português Brasileiro. I. Cavalcante, Silvia Regina de Oliveira. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pós-Graduação em Letras Vernáculas. III. Título.

6 SOLEDADE, Carolina de La Vega. A Realização do objeto direto anafórico em peças de autores brasileiros dos séculos XIX e XX: dados empíricos para observação da mudança. Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Faculdade de Letras / UFRJ, p. RESUMO Diversas pesquisas já atestaram a redução do emprego do clítico de terceira pessoa na função acusativa, que estaria sendo substituído por um SN anafórico, por um pronome lexical, por um pronome demonstrativo neutro e, em maior escala, pelo objeto nulo. O presente trabalho apresenta o padrão de variação nas realizações do objeto direto anafórico em um corpus diacrônico composto por peças de teatro escritas por autores brasileiros entre os séculos XIX e XX. O objetivo é, a partir de um quadro de variação, demonstrar empiricamente um processo de mudança linguística já atestado no português brasileiro: a substituição do clítico acusativo de terceira pessoa pelo objeto nulo nas realizações do objeto direto anafórico. A análise se insere no modelo de mudança proposto por Weireinch, Labov, Herzog (1968) e a metodologia utilizada segue os moldes da Teoria da Variação e Mudança. Os resultados mostram que, de um modo geral, o objeto nulo se fixa como estratégia preferencial de retomada do objeto direto, salvo em alguns contextos nos quais ainda observamos aluma resistência do clítico, como é o caso dos antecedentes com traço [+animado] e traço [+específico/referencial]. O SN anafórico aparece como segunda opção de retomada do objeto direto e o pronome lexical, com poucas ocorrências, fica restrito aos contextos com antecedente [+referencial,+/- específico]. Quanto ao pronome demonstrativo neutro, que retoma um objeto direto oracional, também foram encontradas poucas ocorrências, indicando ter sido a primeira vaiante a ceder lugar ao objeto nulo. Ao fim do último período analisado, as ocorrências de pronome clítico ficaram reduzidas a apenas uma, confirmando a mudança já apontada em direção à categoria vazia no português brasileiro. Palavras-chave: 1. Objeto direto anafórico; 2. Mudança linguística; 3. Português Brasileiro; 4. Variação Paramétrica.

7 SOLEDADE, Carolina de La Vega. A Realização do objeto direto anafórico em peças de autores brasileiros dos séculos XIX e XX: dados empíricos para observação da mudança. Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Faculdade de Letras / UFRJ, p. ABSTRACT Several investigations have confirmed the decrease in the usage of the third person object clitic in Brazilian Portuguese, which is replaced by an anaphoric NP, by a pronoun, and on a larger scale, by an empty category. This study shows the pattern of variation in the frequency of the anaphoric direct object in a diachronic sample composed of plays written by Brazilian authors along the nineteenth and twentieth centuries. Our goal is to demonstrate the linguistic change which has already been attested in Brazilian Portuguese: the replacement of the clitic by the empty category. The analysis takes into account the model of linguistic change proposed by Weinreich, Labov and Herzog (1968) and the methodological tools of the Variation and Change Theory. The results show that, in general, the increase of null objects in the turn of the 20 th century. The anaphoric NP appears as the second option and the lexical pronoum, with few instances, is restricted to contexts with [referential /-specific] referents. As for the indefinite pronoun, few occurrences were also found, indicating that it was the first to give way to null object. At the end of the last period of time analyzed, the rates of clitic diminush to 1%, confirming the change has already pointed towards the null category in Brazilian Portuguese. Key-words: 1. Null Object; 2. Linguistic change; 3. Brazilian Portuguese; 4. Parametric Variation.

8 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço à Silvia Regina de Oliveira Cavalcante, um exemplo a ser seguido. Professora e orientadora que abriu para mim as portas do mundo da pesquisa e, aos poucos, foi me ajudando a escolher o caminho que a partir de agora seguirei. Muito obrigada por tudo, principalmente pela paciência em meus momentos de dúvida e angústia. À minha mãe, Vilma, por ter dedicado a vida a ensinar aos filhos a importância de ser feliz no que faz. Professora dedicada da rede municipal do Rio de Janeiro, onde também foi minha professora, e despertou em mim o interesse tando pela discência quanto pela docência. Devo e dedico a ela tudo o que sou e também tudo o que até hoje conquistei. Ao meu pai, Antenor, pelo apoio e compreensão nos momentos de angústia e decisões difíceis. Apesar de distante do mundo acadêmico, sempre demonstrou orgulho e comemorou comigo cada conquista. Obrigada pelo incentivo incansável. Ao meu irmão e amigo, Daniel, pelos conselhos e também pelo apoio, mesmo sem nunca ter entendido porque desisti do curso de Engenharia e troquei o sólido mundo dos números pelo engenhoso mundo das letras. Um exemplo inspirador de determinação e competência. À Juliana Esposito Martins e Leonardo Lennertz Marcotulio, companheiros doutorandos que me acolheram na instituição, me auxiliaram e contribuíram, cada um a seu modo, com meu aprendizado na passagem pelos cursos. Também à Elaine Melo, pelas dicas e companheirismo nas horas de trabalho. Ao meu companheiro, parceiro, amor e amigo, Rudá Morcillo, pela paciência, pelo apoio e pela ajuda em muitas noites de codificação de dados. Este trabalho foi parcialmente financiado por uma bolsa do CNPq.

9 Índice de Tabelas Tabela 1.1: Objeto direto anafórico na fala de indivíduos não escolarizados 8 Tabela 1.2: Realização do Objeto direto anafórico na fala de indivíduos escolarizados 9 Tabela 1.3: Realização do objeto direto anafórico na fala do PE e do PB (Freire, 2000) 10 Tabela 1.4: Realização do objeto direto anafórico em estudo painel segundo a escolaridade do falante (Marafoni, 2004) 11 Tabela 1.5: Realização do objeto direto anafórico na escrita do PE e do PB (Freire, 2005) 16 Tabela 1.6: Realização do objeto direto anafórico nos dados diacrônicos de Cyrino (2007) 21 Tabela 1.7: Realização do objeto direto anafórico em cartas de ilustres a Rui Barbosa (Soledade, 2010) 22 Tabela 1.8: Realização do objeto direto anafórico segundo a referencialidade do antecedente nas cartas a Rui Barbosa (Soledade, 2010) 24 Tabela 3.1: Realização do objeto direto anafórico na amostra de peças 55 Tabela 3.2: Distribuição das variantes de acordo com a forma verbal do verbo que seleciona o objeto direto anafórico. 55 Tabela 3.3: Realização do objeto direto anafórico segundo a estrutura projetada pelo verbo. 57 Tabela 3.4: Realização do objeto direto anafórico segundo a estrutura da oração 59 Tabela 3.5: Distribuição das variantes de acordo com a função sintática do antecedente. 61 Tabela 3.6: Distribuição das variantes de acordo com a posição do antecedente. 64 Tabela 3.7: Posição do objeto direto anafórico em relação ao antecedente. 65 Tabela 3.8: Distribuição das variantes de acordo com a distância do referente. 67 Tabela 3.9: Distribuição das variantes de acordo com a realização do sujeito. 68 Tabela 3.10: Distribuição das variantes de acordo com o traço semântico do antecedente. 69 Tabela 3.11: Distribuição das variantes de acordo com o traço de referencialidade do antecedente. 72 Tabela 3.12: Distribuição das ariantes de acordo com a forma/especificidade do antecedente. _ 73 Tabela 3.13: Distribuição das variantes ao longo do tempo. 76 Tabela 3.14: Realização do objeto nulo em relação à posição do antecedente. 79 Tabela 3.15: Peso relativo do preenchimento do sujeito para a realização do ON. 80 Tabela 3.16: Pesos relativos do traço de animacidade do antecedente para a realização do ON. 81 Tabela 3.17: Pesos relativos da referencialidade do antecedente para a realização do ON. 82 Tabela 3.18: Pesos relativos do período de tempo (data de publicação da peça) para a realização do ON. 83 Tabela 3.19: Distribuição do objeto nulo segundo o tipo de oração. 85 Tabela 3.20: Distribuição do objeto nulo segundo a forma/especificidade do referente. 86

10 Índice de Gráficos Gráfico 3.1: Distribuição das variantes ao longo do tempo na amostra analisada. 78 Gráfico 3.2: Evolução do objeto nulo ao longo do tempo na amostra analisada. 84 Gráfico 3.3: Período de tempo vs. função do antecedente do ON. 88 Gráfico 3.4: Período de tempo vs. animacidade do antecedente do ON. 89 Gráfico 3.5: Período de tempo vs. referencialidade do antecedente do ON. 90 Gráfico 3.6: O encaixamento da mudança: percurso do sujeito nulo (Duarte, 1993) e do objeto nulo na amostra de peças 92

11 Sumário INTRODUÇÃO 1 CAPÍTULO 1: PONTOS DE PARTIDA 5 Introdução O fenômeno do ponto de vista sincrônico A língua oral A língua escrita O fenômeno do ponto de vista diacrônico 18 CAPÍTULO 2: PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS 26 Introdução Fundamentos Teóricos A Teoria da Variação e Mudança A Teoria de Princípios e Parâmetros A Variação Paramétrica Metodologia e Hipóteses de trabalho A delimitação da amostra O envelope da variação A variável dependente As variáveis independentes 43 CAPITULO 3: ANÁLISE DOS RESULTADOS 54 Introdução Resultados gerais Distribuição geral da variantes A Forma Verbal Transitividade e estrutura projetada pelo verbo Contexto sintático da oração que contém o objeto direto anafórico Função sintática do antecedente Posição do antecedente Posição da ocorrência em relação ao antecedente Distância da ocorrência com relação à primeira menção Presença/ ausência de sujeito na oração que contém o objeto direto anafórico 68

12 Traço Semântico do Antecedente Referencialidade do Antecedente Forma/Especificidade do Antecedente Tempo A variação objeto nulo vs. clítico Algumas observações sobre a questão da mudança linguística 87 CONSIDERAÇÕES FINAIS 93 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 98

13 INTRODUÇÃO De acordo com nossas gramáticas normativas, que acompanham a norma lusitana, os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as são formas próprias do objeto direto, como se vê em (1). No entanto, diversas pesquisas, até hoje realizadas, no âmbito da linguística, acerca da realização do objeto direto no português brasileiro, dentre elas Duarte (1986), Cyrino (1997), Freire (2000) Marafoni (2004), apontam que esta categoria pode ser retomada anaforicamente através de cinco estratégias: o clítico acusativo (1), um SN conforme (2), um pronome lexical representado por (3), um pronome demonstrativo (neutro) (4) ou (5) um objeto nulo (entendido como o objeto direto não realizado foneticamente). (1) É preciso acompanhá-las. (Coelho Netto, OS, I, 45, apud Cunha e Cintra, 2007: 292) (2) Então o meu filho ficou morando [no apartamento]i, mas ele reclamava muito do barulho, e a gente foi na onda dele de vender esse apartamentoi. (Duarte, 1989: 20) (3) Não dá muito trabalho não! Aqui o cara colhe... um cara bom pega uns seis sete quilos de [cravo]i. [...] Você colhe elei, ele tem [aqueles dente]j, aqueles cacho, você quebra elesj sem folha, prá casa, chega em casa, você destala elei, tira o talo, [...] e pega elei e bota øi no só. (Figueiredo Silva, 2004: 123) (4) No cinema, a ação vai e volta. No teatro, você não pode fazer isso. (Duarte, 1989:20) (5) A garota não sabe sequer ler, recebe [carta de colega]i, a mãe tem que lê øi pra ela. (Marafoni, 2010: 19) Vale ressaltar que o pronome lexical aparece em Cunha e Cintra (1985: 280) compondo uma uma seção intitulada equívocos e incorreções, onde, a respeito do emprego dos pronomes retos, o autor afirma ser frequente na fala vulgar (grifo nosso) o uso do pronome ele(s), ela(s) como objeto direto. Constata-se a partir de então que, tanto na escrita quanto na fala do português brasileiro (PB), a realidade de uso da língua, no tocante ao fenômeno do objeto nulo, é distinta do que prescreve a norma da gramática, bem como da norma do português europeu (PE), uma vez que aquela é espelho desta. A maioria dos trabalhos acerca das realizações do objeto direto anafórico na língua oral, como os de Marafoni (2004) e Duarte (1986), nos trazem uma hierarquia geral de 1

14 realização na qual o objeto nulo aparece como a estratégia preferencial, seguido do SN anafórico, do pronome clítico e em último lugar do pronome nominativo. A exceção está no trabalho de Figueiredo Silva (2004), que observa o fenômeno na fala de analfabetos e encontra uma porcentagem maior de pronomes nominativos e nenhuma ocorrência de clítico, confirmando o fato de esta já ser, no português brasileiro, uma estratégia aprendida através da escolarização, logo, não mais fazendo parte do que se adquire em língua materna. De fato, os trabalhos de língua escrita, a exemplo de Averburg (2000), apontam um índice um pouco maior de uso do clítico, principalmente na escrita dos informantes com mais alto grau de escolaridade. Cyrino (1997) ao traçar a diacronia do objeto nulo deixa claro que ele sempre foi possível no PB, no entanto, somente em determinados contextos: primeiramente com antecedente proposicional, em seguida, predicativo. Só a partir do século XX é que começa a crescer o objeto nulo com traço [- humano, -específico], depois com o traço [-humano, +específico] e por último com o traço [+humano]. Kato, Duarte, Cyrino e Berlinck (2006), analisando a virada do século, encontraram já no século XIX objetos nulos nos mesmos moldes que aparece no século XX ([+específico, -humano]), portanto, já característico do PB. Esse teria sido o ponto que impulsionou a realização desta pesquisa. O objetivo deste trabalho é descrever e analisar as realizações do objeto direto anafórico em um corpus diacrônico composto por peças teatrais escritas a partir da metade do século XIX até o fim do século XX (mais especificamente de 1845 até 1992) a fim de verificar o comportamento desta variável em momentos distintos na linha do tempo e tentar capturar uma mudança em direção à categoria vazia. Constatada a mudança, buscarei estabelecer o percurso de implementação do objeto nulo, que emergiu no PB como principal alternativa de retomada do objeto direto. As hipóteses de que parto e que busco confirmar com este trabalho são (a) a de que o português brasileiro e o português europeu apresentam uma distribuição diferente no tocante à retomada do objeto direto: o PB apresenta, no fim do século XX, alto índice de objetos nulos e baixíssimo índice de clíticos, mantendo-se estáveis as outras estratégias anunciadas; (b) este quadro é resultado de uma mudança linguística que teria ocorrido nesse período de tempo; (c) o aumento de objetos nulos está intimamente relacionado à diminuição de clíticos que, por sua vez, é consequência de uma 2

15 reorganização do sistema pronominal; (d) no fim do século XX, o objeto nulo não apresenta restrições no PB, expandindo-se aos mais diversos contextos; (e) o contexto de antecedente [+específico,+animado] como um ambiente de resistência do clítico confirmando que uma mudança em direção a uma categoria vazia se inicia pelos contextos [-referenciais,+genéricos]; (f) o SN enraíza como mais uma estratégia de substituição do objeto direto e (g) se apresenta mais expressiva do que o pronome nominativo. O quadro teórico-metodológico que norteia esta pesquisa é a sociolinguística laboviana sociolinguística variacionista, ou Teoria da Variação e Mudança (Weinreich, Labov e Herzog, 1968). Basicamente, da Teoria da Variação e Mudança provém a idéia de que toda língua natural está suscetível a mudanças e que esta, encaixada em outras alterações no sistema linguístico, passa, antes, por um estado de variação (que pode ser sistematizado visto que, para usar o termo de WLH (1968), é uma variação ordenada. Da Teoria de Princípios e Parâmetros, entende-se que toda língua possui princípios rígidos e parâmetros abertos e variáveis que podem ser marcados positiva ou negativamente a depender dos dados a que o falante é exposto no momento de aquisição. Interessa-nos aqui o Parâmetro do Objeto Nulo, que prevê para as línguas com marcação positiva, a possibilidade de deixar o objeto direto anafórico sem representação fonológica. Os resultados esperados para que se confirmem as hipóteses acima são (a) encontrar uma hierarquia geral de distribuição das variantes na qual o objeto nulo é a estratégia preferencial (b) constatar que as outras variantes supracitadas mantêm-se estáveis no decorrer do tempo, (c) confirmar e capturar a mudança em direção ao objeto nulo através do seu percurso de implementação, que (d) obedece a uma hierarquia de referencialidade, (e) detectar os fatores condicionantes atuantes na mudança, bem como (f) a falta de restrições a esta variante no PB. O trabalho está organizado da seguinte forma: o capítulo 1 traz uma revisão das pesquisas já realizadas contextualizando o objeto direto anafórico na literatura. No capítulo 2, discorro sobre os pressupostos teóricos que são o norte desta pesquisa e descrevo a metodologia de análise. O capítulo 3 reserva-se à análise dos dados e resultados encontrados cabendo aqui a confirmação ou não das hipóteses das quais 3

16 partiu este trabalho. Por fim, nas considerações finais, finalizo o trabalho apresentando as conclusões que pude extrair das análises procedidas. 4

17 CAPÍTULO 1: PONTOS DE PARTIDA Introdução Muitas pesquisas, sob diferentes perspectivas teóricas, já retrataram, direta ou indiretamente as estratégias de substituição do clítico acusativo. Este capítulo se destina a uma revisão das pesquisas já feitas sobre as realizações do objeto direto anafórico de terceira pessoa, fenômeno variável e objeto de estudo desta dissertação. Serão apresentados neste capítulo resultados que, de algum modo, foram considerados relevantes para o empreendimento desta pesquisa. Primeiramente, na subseção que segue, apresento alguns resultados de pesquisas e análises realizadas por outros pesquisadores em trabalhos acadêmicos sobre o PB e que serviram de ponto de partida para esta pesquisa. Inicio esta revisão com trabalhos que abordam as sincronias atuais na fala e na escrita, em seguida, faço uma revisão do fenômeno no âmbito da perspectiva diacrônica e em sincronias passadas. 1.1 O fenômeno do ponto de vista sincrônico A língua oral Pode-se dizer que, entre os estudiosos de sintaxe no âmbito da gramática gerativa, Raposo (1986) foi um dos primeiros a observar a ocorrência de objetos nulos no português, mais especificamente no português europeu. O autor atribuiu ao fenômeno o status de variável, um vestígio do movimento de uma categoria vazia para a posição de COMP, e seu principal argumento reside no fato de as sentenças (1) e (2) abaixo, por exemplo, não serem possíveis, visto que apresentam estrutura de ilha para movimento. (1) *Eu informei à polícia da possibilidade de o Manuel ter guardado ø no cofre da sala de jantar. (falando sobre jóias) (2) *O rapaz que trouxe ø mesmo agora da pastelaria era o teu afilhado. (falando sobre pastéis) Sendo as sentenças acima consideradas possíveis no português brasileiro, Galves (1998) propõe que o objeto nulo é pro. 5

18 Outros trabalhos, de caráter variacionista, surgiram com o intuito de explorar um fenômeno sintático que aparentemente diferencia as gramáticas do português brasileiro e do português europeu. Dentre esses trabalhos, o que serve de ponto de partida para esta pesquisa é o de Duarte (1986), que por sua vez, foi impulsionado pela dissertação de mestrado de Omena (1978), pela dissertação de Pereira (1981) e pela tese de doutoramento de Tarallo (1983). Segundo Duarte (1986), o trabalho de Omena, que trata diretamente das formas variantes do pronome de terceira pessoa em função acusativa na fala de informantes não alfabetizados, levanta importantes condicionamentos linguísticos de natureza sintática e semântica. Deve ser destacado também que não foi encontrada, na na fala dos analfabetos, nenhuma ocorrência de pronome clítico. Com o objetivo de dar continuidade aos estudos citados acima, Duarte acrescenta a este cenário fatores de ordem social e estilística. Em sua dissertação, a autora faz uso de um corpus composto por gravações de fala natural de 50 informantes paulistanos (cerca de 40 horas de gravação) e de 8 horas de gravação de fala provenientes da televisão. Para o controle dos fatores sociais, ou extralinguísticos, que possivelmente influenciariam o apagamento do objeto já observado por Omena (1978), foram levados em conta o nível de escolaridade 1 (1º grau completo ou incompleto, 2º e 3º graus) e a faixa etária dos informantes (de 20 a 23 anos, de 34 a 46 anos e acima de 46 anos). Com 3 níveis de escolaridade e 3 faixas etárias, foram obtidos nove grupos de informantes, ou células, cada grupo contando com 5 informantes. A fim de observar o fenômeno em uma geração de fala mais jovem, foi acrescentado mais um grupo com 5 informantes tendo entre 15 e 17 anos e cursando a 8ª série do primeiro grau, totalizando os 50 informantes. O fator estilístico foi observado através dos diferentes graus de formalidade provenientes da comparação entre os dados de gravação televisiva. Foram analisadas 4 horas de gravação de episódios de novela e 4 horas de entrevistas, possibilitando a observação de dois graus distintos de formalidade de fala que atinge e influencia todo o território do país. As variantes observadas para a variável objeto direto anafórico foram as seguintes: 1 Os resultados de Omena (1978, apud Duarte, 1986) demonstram que o clítico acusativo não está presente na competência linguística do falante não escolarizado da área do Rio de janeiro, sendo mais produtivo o apagamento do objeto (76%) em oposição ao emprego do pronome lexical (24%). 6

19 o clítico acusativo, o pronome lexical, a categoria vazia (ou objeto nulo), o SN anafórico e o pronome demonstrativo isso. A fim de complementar e testar os resultados da fala, Duarte (1986) fez uso ainda de um teste de percepção e de produção com os informantes, através dos quais foi possível observar a reação dos falantes diante das variantes analisadas. Os condicionamentos linguísticos examinados são relativos aos níveis morfológico, sintático e semântico, e nesta ordem os apresento resumidamente. No nível morfológico foi observado que o objeto nulo supera todas as outras variantes em todas as formas verbais, à exceção das construções com gerúndio, que privilegiam o uso de SNs anafóricos. No nível sintático, o quadro é semelhante demonstrando a supremacia da categoria vazia. Somente nas construções mais complexas, o objeto anafórico é realizado sob a forma de pronome lexical, quando este é um SN. É este o caso já mencionado e chamado pelos gramáticos tradicionais de dupla função, onde o objeto se confunde com o que na verdade, é o sujeito de uma oração infinitiva. Quanto aos condicionamentos semânticos, observou-se que o traço [-animado] favorece o apagamento do objeto em qualquer que seja a categoria sintática. Cade aqui ressaltar a importância de terem sido considerados os SNs anafóricos. A pesquisadora observou que, aparentemente, os SNs anafóricos parecem obedecer aos mesmos condicionamentos sintáticos, o que pode indicar uma variante em ascensão. Nas construções com gerúndio, por exemplo, os SNs anafóricos mostraram-se salientes. Logo, podemos afirmar que é uma forma que se destaca entre as outras em contextos onde o objeto nulo seria o mais esperado. Considerando os condicionamentos sociais, escolaridade e faixa etária, chamou atenção a total ausência de clíticos na fala dos mais jovens, sendo a variável ascendente nos demais grupos, não na mesma proporção, de acordo com o aumento do nível de escolaridade. Mais uma vez, os uso de SNs anafóricos nos níveis mais altos de faixa etária e escolaridade, chegou a superar o uso do clítico. Ainda assim, o apagamento do objeto foi a estratégia preferencial por todos os grupos. Os dados extraídos das novelas e entrevistas de TV confirmaram a preferência pelo objeto nulo e o baixo percentual de clíticos constatados na fala natural. No entanto, mais 7

20 uma vez, o SN anafórico aparece saliente, chegando a ultrapassar, nas entrevistas de TV (40,3%), a soma dos percentuais de fala natural (14,6%) e de novelas (16,2%), se apresentando como concorrente do objeto nulo (47,2%). O pronome lexical parece ser mesmo uma variante estigmatizada no contexto televisivo, pois apresentou porcentagem mínima na fala de entrevistas (1,1%). Por fim, os testes de percepção e produção mostraram o que já se esperava: que o uso do objeto nulo é aceito em todos os contextos com certa naturalidade, exceto em casos de traço semântico [+animado], onde a preferência também não é pelo clítico, mas pelos SNs anafóricos, principalmente nos níveis mais altos de escolaridade. Seguindo o percurso iniciado pelos trabalhos já citados aqui, outros pesquisadores, em diferentes partes do Brasil, e sob diferentes perspectivas, analisaram dados sobre o fenômeno na busca de uma visão mais abrangente do que se observou inicialmente: a diminuição do uso do clítico, que é uma variante advinda da escolarização, e o aumento da categoria vazia para representação do objeto direto anafórico de terceira pessoa. Nas tabelas a seguir são apresentados os resultados de alguns destes trabalhos, primeiro com falantes não-escolarizados e em seguida com falantes com 2 ou 3 níveis de escolarização. Tabela 1.1: Objeto direto anafórico na fala de indivíduos não escolarizados Pesquisas OMENA 1978 RJ PARÁ 1997 RJ F. SILVA BA Instrução Analfabetos Analfabetos Analfabetos Clítico 0% 0% 0% SN _ 24% 16% Obj. Nulo 76% 63% 72% Pronome 24% 14% 12% Total 100% 100% 100% Temos acima, além dos resultados de Omena (1978), os resultados de Pará (1997) oriundos da fala de pescadores do Norte Fluminense e os de Figueiredo Silva (2004) baseados no uso observado em quatro localidades do interior da Bahia, comunidades quilombolas, que viveram em relativo isolamento. O que havia sido observado por Omena (1978) e Duarte (1986) foi confirmado nas outras pesquisas com analfabetos, cuja relevância está no fato de, mesmo estando os informantes afastados dos grandes centros 8

21 (o trabalho de Figueiredo Silva busca no português afro-brasileiro uma possibilidade de vestígio de uma crioulização que teria formado a variedade do português falado no Brasil), os resultados se assemelharam aos encontrados também nas outras áreas do território brasileiro. A tabela mostra, logo na primeira linha, a completa ausência do clítico, estratégia considerada padrão, entre os dados dos três pesquisadores. O SN, variante destacada por Duarte (1986), não foi observada por Omena (1978), e nos trabalhos de Pará (1997) e Figueiredo Silva (2004), esta variante aparece na segunda posição. A variante com índices notavelmente mais robustos, em todas as pesquisas, foi o objeto nulo alcançando 76% nos resultados de Omena (1978), 63% nos resultados de Pará (1997) e 72% em Figueiredo Silva (2004). O pronome lexical, como era de se esperar na fala de analfabetos, apresentou índices consideráveis de ocorrências nas três pesquisas. Abaixo, seguimos apresentando resultados de pesquisas cujos informantes apresentam dois ou três níveis de escolaridade. Tabela 1.2: Realização do Objeto direto anafórico na fala de indivíduos escolarizados Pesquisas DUARTE SP MALVAR 1992 DF LUÍZE SC AVERBURG RJ FREIRE RJ BALTOR PB Instrução 3 níveis 2 níveis 3 níveis 3 níveis NURC 2 níveis Clítico 5% 1% 1% 1% 3% 4% Pronome 15% 25% 9% 15% 4% 28% SN 17% 28% 36% 41% 34% 22% Obj. Nulo 63% 46% 54% 43% 59% 46% Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% Na tabela 1.2, temos os resultados de Duarte (1986) para a fala dos paulistanos, Malvar (1992) para a fala culta do Distrito Federal, Luíze (1997) para a de Santa Catarina, Averburg (1998) e Freire (2000) para a fala culta carioca e Baltor (2003) para a fala culta da Paraíba. Temos um quadro não muito diferente do já apresentado na tabela 1. O uso do clítico se apresenta reduzido (5% em Duarte (1986), 1% em Malvar (1992), Luize (1997) e Averburg (1998), 3% em Freire (2000) e 4% em Baltor (2004)) em comparação às outras estratégias, e a preferência é, sem dúvida, pelo objeto nulo (sempre com mais de 50% das ocorrências). Um concorrente em potencial, como bem observou Duarte (1986) são os 9

22 SNs anafóricos, que se tornaram estratégias alternativas ao uso do clítico e mais se aproximam do percentual de objetos nulos com percentuais de 17%, 28%, 36%, 41%, 34% e 22% respectivamente. Quanto ao pronome lexical, que, de fato, não é recomendado pelos gramáticos tradicionais, os índices foram mais altos do que os encontrados para o uso do clítico, estratégia recomendada pelas gramaticas prescritivas. Foram encontrados 15%, 25%, 9%, 15%, 4% e 28% de ocorrências desta variante nos trabalhos supracitados. O que se deve observar nos resultados que constam nas tabelas 1.1 e 1.2 é a preferência pela categoria vazia em todas as pesquisas, a mínima ocorrência de clíticos na fala de escolarizados e a total ausência na fala dos analfabetos. Fica confirmada a liberdade do objeto nulo no português brasileiro. Destaco, dentre os citados acima, Freire (2000), que analisa na fala de universitários brasileiros e portugueses as estratégias de substituição do clítico de terceira pessoa nas funções acusativa, dativa e reflexiva. Nesta revisão, aludo somente aos dados relativos à função acusativa. Segue uma tabela que demonstra claramente a distribuição das variantes. Tabela 1.3: Realização do objeto direto anafórico na fala do PE e do PB (Freire, 2000) VARIANTE Clítico Pron. lexical SN anafórico Objeto Nulo Total Variedade Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % PB PE Em relação ao PB, os números acima, além de ratificarem os resultados anteriores sobre o pouco uso de clíticos (3%) e a preferência pela categoria vazia (59%), demonstram o alto percentual de ocorrência de SNs anafóricos (34%), trazendo à luz mais dados empíricos em favor da implementação do objeto nulo e dos SNs, visto não apresentarem sinal de rejeição por falantes universitários, como ocorre com o pronome lexical (com apenas 4% de ocorrências). O baixo percentual de clíticos é atribuído ao fato de não fazerem parte dos dados input na aquisição da língua materna, sendo aprendido como segunda língua, na escola. Freire (2000) atenta ao fato de que a perda do clítico pode estar propiciando a implementação das duas formas em ascensão. 10

23 Quanto ao PE, o clítico aparece como forma preferencial (48%); no entanto, os dados mostram que a categoria vazia (31%) e os SNs (25%) também estão presentes na fala dos universitários. Um exame mais cuidadoso das variantes, observando a estrutura do antecedente do objeto, revela que o clítico no PB está restrito aos objetos cujo antecedente é um SN e o objeto nulo é a preferência de retomada de qualquer antecedente. Já no PE, na retomada de todos os tipos de estrutura podemos nos deparar com a presença do clítico. No entanto, com antecedente predicativo ou oracional o objeto nulo aparece com maior percentual (67 % e 70%). Mais adiante, considerando a linha do tempo Marafoni (2004) em um estudo em tempo real de curta duração da fala popular carioca, observou as realizações do objeto direto anfórico buscando observar a mudança na marcação do Parâmetro do Objeto Nulo. Ela monitorou a fala dos mesmos informantes na década de 80 e posteriormente, no ano 2000 sendo consideradas as mesmas variantes das pesquisas aqui citadas. Os dados gerais obtidos neste estudo mostram que, no conjunto, a hierarquia encontrada em Duarte (1986) e nos outros trabalhos aqui resumidos foi mantida: o objeto nulo como estratégia preferencial (67,3%), seguido do uso do SN anafórico (19%). O pronome lexical teve 13% das ocorrências e o clítico apresentou percentual menor que 1%, sendo as três únicas ocorrências da década de 80 provenientes de informantes de faixa etária mais elevada. O diferencial dos resultados levantados por Marafoni (2004) está no fato de, no segundo contato, dois informantes terem aumentado o nível de escolaridade, o que resultou na quebra da hierarquia até então observada. Abaixo reproduzimos uma tabela que apresenta o fenômeno relacionado à manutenção ou não do grau de escolaridade. Tabela 1.4: Realização do objeto direto anafórico em estudo painel segundo a escolaridade do falante (Marafoni, 2004) Objeto Nulo SN anafórico Pron. Lexical Clítico Total Mudaram Escolaridade Mantiveram Escolaridade 353 (73,7%) 46 (9,6%) 72 (15%) 08 (1,7%) 479 (100%) 659 (64,2%) 240 (23,4%) 124 (12,1%) 03 (0,3%) 1026 (100%) Total 1012 (67,3%) 286 (19,0%) 196 (13,0%) 11 (0,7%) 1505 (100%) A Tabela 1.4 surpreende por apresentar quebra da hierarquia entre as variantes 11

24 nos dados de indivíduos que elevaram o nível de escolaridade passando o uso de pronome lexical para segunda estratégia de preferência (15%) e empurrando o SN anafórico para o terceiro lugar (9,6%). O mesmo não aconteceu com aqueles que mantiveram o nível, que mantiveram a regularidade na representação da variável aqui descrita. A pesquisadora apresenta duas possíveis explicações para esses falantes demonstrarem preferência pelo pronome lexical e pelo objeto nulo em detrimento do uso do SN: os informantes representantes do grupo que elevou o nível de escolaridade pertenciam à faixa etária mais jovem no primeiro momento (década de 80). O fato de ter aumentado o número percentual de falantes, ao contrário do que pode parecer, demonstra que mantiveram seu comportamento linguístico no segundo período analisado. Outra explicação, pode estar relacionada ao fato de essa variante aparecer preferencialmente em estruturas complexas com a função real de sujeito (e não uma suposta dupla função, defendida pelos tradicionalistas). Marafoni (2004), além de confirmar os condicionamentos estruturais das outras pequisas, chama atenção para a implementação do objeto nulo em ambientes que ainda se mostram mais resistentes a esta variante, como antecedente exercendo função diferente da sua (alcançando 27%) e traço semântico [+animado] do referente (52%). Nesta seção foi feita uma retomada dos principais resultados de estudos variacionistas de caráter sincrônico que focavam a representação do objeto direto anafórico na modalidade falada da língua e que serão relevantes para o presente estudo A língua escrita Seguindo a mesma linha de trabalho e tendo sido constatada na fala a preferência pelo uso do objeto nulo, Cyrino (2001) analisa o objeto nulo em um corpus constituído por anúncios de revistas portuguesas (VISÃO, que se equipara à brasileira VEJA, QUO, ADOLESCENTES e PAIS & FILHOS) e brasileiras (VEJA, CLÁUDIA, DOMINGO e VEJA RIO, as duas últimas são revistas de variedades que vêm encartadas na revista VEJA e no JORNAL DO BRASIL). A autora chama a atenção para a grande diferença de ocorrência de objetos nulos entre o PB (76% - 19 dados) e o PE (3% - 1 dado) sendo que no PE, o único objeto 12

25 nulo encontrado, está na sentença (3), com verbo no imperativo 2, reproduzida abaixo. A autora destaca também que, em PB, estruturas com verbo no imperativo não tendem a apresentar o objeto preenchido, o que é o comum no PE conforme o exemplo (4) transcrito abaixo: (3) Preencha os seus dados, cole [o cupão] i num postal dos CTT e envie ø i para a promoção QUO/NIVEA FOR MEN, Rua Filipe Folque 40-2o, Lisboa. (PE) (4) Envie [o seu Donativo] i em Cheque ou Vale Postal A/C Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes. Largo Cristóvão Aires, 1 A-B, Lisboa. Ou deposite-o i no Banco BPI, S.A. (PE) Para o PB foram encontrados objetos nulos como no exemplo (5) abaixo, que não se encontra no PE: (5) [Lentes de contato] i : AGORA, VOCÊ PODE ESQUECER ø i. NIGHT & DAY da Vision é a maior inovação em lentes de contato de uso contínuo para miopia dos últimos tempos! As únicas que VOCÊ usa por 30 noites e dias sem precisar tirar ø i nem para dormir. (PB) Também característico do PB, a autora aponta objeto nulo em 2a. coordenada, que, segundo Kato (1993), não ocorre em PE, como mostra o exemplo (6). Não houve nenhum exemplo de objeto nulo em coordenadas com verbos que não estivessem no modo imperativo: (6) No Dia dos Namorados, Baileys começa [a história] i. A sua imaginação termina øi. (PE) Quanto ao objeto proposicional, no PE, não foi encontrado nenhum objeto nulo. Todos são preenchidos pelo clítico neutro, como no exemplo (7) abaixo. Em contrapartida, no PB, a autora se deparou somente com exemplos como (8). (7) Está provado que [Colgate Total é o primeiro e único dentifricio que protege acima e abaixo da linha da gengiva] i, criando um escudo protector durante, pelo menos, 12 horas. E não importa quanto tenha comido ou bebido. Os testes clínico comprovam-no i de forma evidente. (PE) 2 Kato (1993, apud Cyrino 2001) também propõe o exopro, um objeto nulo em contextos especiais de comandos, ou receitas, que é o caso do verbo no imperativo, podendo ocorrer em outras línguas, como no inglês: Send ø by mail. 13

26 (8) Temos que admitir ø i as coisas estão cada vez melhores. (PB) Passando à observação do traço de animacidade, sempre relevante ao se estudar o objeto direto anafórico como bem demonstram as análises apresentadas até o presente momento, no PB, dos 24 antecedentes inanimados, 19 foram objeto nulo e os 5 restantes dividiram-se entre 2 exemplos preenchidos por clíticos, 1 com repetição de SN e 2 com pronome demonstrativo. A única ocorrência de antecedente animado (9) foi um caso de preenchimento com clítico, ratificando a preferência deste pelos antecedentes com traço [+animado]. Para o PE, foram computados 21 antecedentes inanimados, sendo somente um objeto nulo, exatamente o exemplo com imperativo. Como era de se esperar, todas as ocorrências com antecedente animado apresentaram-se preenchidas por clítico. (9) No segundo Grau, [o aluno] i começa a ser preparado para ingressar no mercado de trabalho. Palestras sobre orientação vocacional, ministradas por professores gabaritados e atuantes na área, ajudam a sintonizá-lo com o futuro, ou seja, com sua vida profissional. Cyrino (2003) busca responder a pergunta: a queda dos clíticos ocasiona o aparecimento do objeto nulo? A pesquisadora pretende mostrar que a queda de clíticos no PB e a ocorrência de objetos nulos são fatos independentes, sendo ambos os fenômenos conseqüências de um princípio mais geral, uma espécie de princípio "Evite Pronome" 3, que estaria agindo na posição de objeto 4. Os clíticos acusativos que estão desaparecendo no PB são os clíticos de 3ª pessoa, e o objeto nulo sempre ocorre em substituição a esses clíticos, já que não é possível de se dizer o mesmo dos clíticos acusativos referentes às outras pessoas, o que faz das sentenças (10) e (11) abaixo agramaticais em PB: (10) *Se [você] i quiser, eu encontro ø i na padaria. (11) *[Eu] i telefonei para a Maria e ela encontrou ø i no cinema. 3 De acordo com Duarte (2000), o crescente preenchimento da posição de sujeito no PB é conseqüência da perda do princípio "Evite Pronome" explicitado em Chomsky (1981:65), de acordo com o qual, no caso do sujeito, o pronome pode ser "evitado" porque há, nas línguas pro-drop, outro meio de recuperar a sua referência, ou seja, através da "morfologia verbal rica". 4 No caso do objeto, os clíticos de 3ªpessoa podem ser "evitados" no PB por ocupar uma posição baixa na hierarquia de referencialidade (cf. Cyrino, 2003). 14

27 O princípio "Evite Pronome" seria aplicado a elementos mais baixos na hierarquia de referencialidade. No caso da posição de objeto, isto aconteceria, especificamente, com antecedentes [-animado]. De acordo com Cyrino, Duarte e Kato (2000), ocupam a posição mais alta na hierarquia os argumentos [+N,+humano], ficando na posição mais baixa os não-argumentos e as proposições. Quantos aos pronomes, o falante (=eu) e o ouvinte (=você), sendo inerentemente humanos estão na posição mais alta da hierarquia e o pronome de 3ª pessoa que se refere a uma proposição (o clítico neutro ) ocuparia a posição mais baixa, estando a entidade [-humano] no meio. Os traços [+/- específico] interagem com todos esses traços. Desse modo, o estatuto referencial do antecedente configura um dos fatores relevantes para uma língua que tem uma opção interna para categorias vazias ou preenchidas. Veja o esquema abaixo que representa a escala de referencialidade: HIERARQUIA REFERENCIAL Não-argumentos proposições [-humano] [+humano] 3ªp. 3ª p. 2ªp. 1ªp. [-específico] [+específico] [-referencial *+referencial+ Nota-se pelo esquema que os não argumentos e as proposições, seguidos do pronome de terceira pessoa, se encontram em lado oposto ao traço [+humano], sendo estes os [+específicos], logo, mais resistentes à categoria vazia. De acordo com essa hierarquia, em um processo de apagamento de pronome, quando o antecedente é [- animado] e [-específico], ocupando uma posição muito baixa na hierarquia da referencialidade, temos uma tendência ao objeto nulo, o que está plenamente de acordo com os resultados de Omena (1978) e Duarte (1986) entre outros. Ainda no âmbito da escrita e considerando a aplicabilidade da hierarquia de referencialidade, Freire (2005) faz um estudo comparativo dos clíticos acusativo e dativo na escrita brasileira e lusitana analisando um corpus composto por duas amostras, uma para o português brasileiro e outra para o português europeu, com textos de jornais e de revistas brasileiros e portugueses segundo um continuum de maior ou menor 15

28 formalidade. O autor pretende investigar a realização do acusativo e do dativo anafóricos de terceira pessoa na escrita a partir de um contínuo oralidade-letramento, a fim de capturar a tendência de uso dessas formas dentro da modalidade escrita do PB e do PE e observar até que ponto as mudanças apontadas sobre os clíticos de terceira pessoa na modalidade oral se encontram implementadas na escrita, além de relacionar as estratégias de substituição do clítico ao modo de aquisição da escrita do letrado brasileiro. A tabela abaixo ilustra os resultados encontrados para as duas variedades: Tabela 1.5: Realização do objeto direto anafórico na escrita do PE e do PB (Freire, 2005) Variedades Clítico Pron. lexical SN anafórico Objeto nulo PB 189/406 47% 32/406 8,00% 58/406 14% 127/406 31% PE 282/366 77% /366 11% 44/366 12,00% A distribuição dos dados representada pelos números acima não deixa dúvidas quanto à influência da escrita representada pelo elevado percentual de clíticos, inclusive no PB (47%). No PE, como era de se esperar devido à já conhecida preferência pelo clítico, foi registrado percentual de (77%) de clíticos. Portanto, na modalidade escrita das duas gramáticas, o clítico é a estratégia mais usada. O pronome lexical não apareceu no PE, o que também era esperado e computou apenas 8% dos dados do PB; o SN anafórico, também não muito expressivo, foi a terceira opção com percentuais de 15% para o português brasileiro e 11% para o português europeu. O objeto nulo seguiu o clítico com percentual de 31% na amostra do PB e 12% na amostra do PE. Note-se que a influência da escrita fez decrescer o percentual de objetos nulos que, nas pesquisas realizadas a partir de dados de fala, era sempre superior a 50%. O interessante de se observar nas pesquisas de Freire (2000) e Freire (2005) é o fato de o percentual de 47% de clíticos na escrita do PB estar relativamente próximo ao encontrado para a fala lusitana em Freire (2000), que foi de 44%. O índice de 47% de clíticos, ainda que alto, pode nos causar uma falsa impressão escondendo a emergência das outras variantes. No entanto, se somarmos os percentuais de SNs (14%), pronome lexical (8%) e de objeto nulo (31%), a diferença com relação ao clítico cai para apenas 6% indicando as variantes citadas como estratégias alternativas ao objeto nulo. Com relação às condições de oralidade e letramento, um dos focos da pesquisa de 16

29 Freire, no português europeu, o clítico apareceu robusto em todos os pontos do continuum oralidade-letramento e em qualquer contexto. Em contrapartida, para o português brasileiro o traço de [+ letramento] foi o que se mostrou mais favorável ao clítico, e preferencialmente em contexto de ênclise ao infinitivo. Este foi o único contexto no qual Freire (2000) encontrou o pronome acusativo na fala, o que, segundo o autor, indica ser essa a estrutura que mais favorece a recuperação do clítico acusativo através do processo de letramento. Conforme demonstra a tabela 5, confirmou-se, no PB, a implementação das variantes alternativas ao uso do pronome acusativo na escrita, visto que, somadas, representam mais da metade do total de dados, sendo o objeto nulo a variante mais expressiva. Quanto ao traço semântico do antecedente do acusativo anafórico constatou-se o previsto pela hierarquia referencial proposta por Cyrino, Duarte e Kato (2000). Os percentuais retrataram maior incidência de objeto nulo com antecedentes menos referenciais e o contrário, ou seja, menor incidência com os mais referenciais, sobretudo com aqueles com traço [+ animado], revelando-os como um dos contextos que mais favorecem a manutenção do clítico na escrita. De um modo geral, a pesquisa de Freire (2005) contribui para os estudos acerca do clítico e do objeto nulo ao colocar em foco, analisando a diferença de freqüência e de comportamento dos clíticos acusativo e dativo na escrita do PB e do PE, a natureza da escrita do adulto letrado brasileiro e a maneira como esse conhecimento é obtido. Voltando à discussão sobre o estatuto do objeto nulo, o autor conclui que há indícios de que os clíticos acusativo e dativo não possuem o mesmo estatuto nas duas variedades, visto que no PB fica explícita a influência da ação escolar na escolha da variedade considerada padrão. São fornecidos argumentos em favor da hipótese de Galves (1993, 2001, apud Freire, 2005) sobre o enfraquecimento da concordância no PB. Nessa perspectiva, os clíticos de terceira pessoa, tão ausentes na fala são recuperados na escrita, porém, com muitas restrições estruturais. O contrário observa-se no PE, onde esses clíticos são amplamente empregados nas duas modalidades, escrita e oral, o que, de acordo com a hipótese da autora, comprova o sistema de concordância rica do PE. Cabe também citar a análise da escrita escolar feita por Averburg (2000). A autora analisa textos produzidos por estudantes do ensino fundamental e médio e observa que conforme aumenta o nível de escolaridade, cresce o uso do clítico acusativo e diminui o 17

30 emprego do pronome pessoal do caso reto em função acusativa. Este resultado leva a entender que o processo de escolarização leva o aluno a utilizar o clítico e rejeitar o pronome nominativo em função acusativa. Quanto ao objeto nulo, aparece como a variante mais utilizada até o ensino médio, cedendo espaço ao clítico ao SN anafórico quando o estudante alcança o nível universitário. A relevância desta pesquisa está na confirmação do papel da escola no resgate do pronome clítico acusativo de terceira pessoa. 1.2 O fenômeno do ponto de vista diacrônico Buscando uma visão mais abrangente sobre o objeto nulo, Cyrino (1997) inicia uma longa empreitada que vai do século XVI, da chegada da língua portuguesa no Brasil, até o século XX, quando, segundo os estudiosos da norma como Pagotto (1998) já se encontra fixada uma norma brasileira. A autora, calcada em diversas pesquisas como a de Duarte (1986), que atenta para a substituição do clítico acusativo de terceira pessoa pelo objeto nulo, investiga a mudança pela qual passa a marcação do Parâmetro do Objeto Nulo a partir de dados encontrados em corpus composto por duas amostras: uma composta por peças teatrais populares (escritas entre os séculos XVIII e XX) e outro composto por poesias satíricas, modinhas e comédias escritas por autores populares entre os séculos XVI e XVII. A não homogeneidade no gênero dos textos deveu-se à dificuldade de se encontrar peças teatrais escritas nos primeiros séculos analisados. Esta pesquisa traz à tona os diversos processos que estão envolvidos na questão do objeto nulo, a saber: a diminuição da frequência do clítico acusativo de terceira pessoa paralela ao aumento de ocorrências de objeto nulo; o surgimento, no século XIX, do pronome lexical; uma mudança no paradigma pronominal do PB e a elipse de VP, um processo que pode ser confundido com o objeto nulo (cf. Raposo, 1986; Kato, 1991; Huang, 1991). O resultado da análise diacrônica dos dados aponta que o português que chegou ao Brasil já apresentava a elipse sentencial, analisada na proposta da autora como estrutura de reconstrução de DP/NP em FL. Segundo Cyrino (1997: 199): 18

O OBJETO DIRETO ANAFÓRICO E SUAS MÚLTIPLAS REALIZAÇÕES NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

O OBJETO DIRETO ANAFÓRICO E SUAS MÚLTIPLAS REALIZAÇÕES NO PORTUGUÊS BRASILEIRO 239 de 298 O OBJETO DIRETO ANAFÓRICO E SUAS MÚLTIPLAS REALIZAÇÕES NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Daiane Gomes Amorim 62 (UESB) Telma Moreira Vianna Magalhães ** (UESB) RESUMO O presente trabalho apresenta um

Leia mais

A REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL DE REFERÊNCIA ARBITRÁRIA NA COMUNIDADE LINGUÍSTICA DE VITÓRIA DA CONQUISTA *

A REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL DE REFERÊNCIA ARBITRÁRIA NA COMUNIDADE LINGUÍSTICA DE VITÓRIA DA CONQUISTA * 249 de 298 A REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL DE REFERÊNCIA ARBITRÁRIA NA COMUNIDADE LINGUÍSTICA DE VITÓRIA DA CONQUISTA * Daiane Gomes Bahia ** Elisângela Gonçalves *** Paula Barreto Silva **** RESUMO

Leia mais

GRAMATICALIZAÇÃO DO PRONOME PESSOAL DE TERCEIRA PESSOA NA FUNÇÃO ACUSATIVA

GRAMATICALIZAÇÃO DO PRONOME PESSOAL DE TERCEIRA PESSOA NA FUNÇÃO ACUSATIVA Página 133 de 511 GRAMATICALIZAÇÃO DO PRONOME PESSOAL DE TERCEIRA PESSOA NA FUNÇÃO ACUSATIVA Elizane de Souza Teles Silva Jodalmara Oliveira Rocha Teixeira Jorge Augusto Alves da Silva Valéria Viana Sousa

Leia mais

AQUISIÇÃO DE CLÍTICOS E ESCOLARIZAÇÃO

AQUISIÇÃO DE CLÍTICOS E ESCOLARIZAÇÃO 119 de 297 AQUISIÇÃO DE CLÍTICOS E ESCOLARIZAÇÃO Marcelle Teixeira Silva * (UESB) Adriana S. C. Lessa-de-Oiveira ** (UESB) RESUMO Este estudo investiga o processo de aquisição dos pronomes clíticos na

Leia mais

LHEÍSMO NO PORTUGÛES BRASILEIRO: EXAMINANDO O PORTUGÛES FALADO EM FEIRA DE SANTANA Deyse Edberg 1 ; Norma Lucia Almeida 2

LHEÍSMO NO PORTUGÛES BRASILEIRO: EXAMINANDO O PORTUGÛES FALADO EM FEIRA DE SANTANA Deyse Edberg 1 ; Norma Lucia Almeida 2 359 LHEÍSMO NO PORTUGÛES BRASILEIRO: EXAMINANDO O PORTUGÛES FALADO EM FEIRA DE SANTANA Deyse Edberg 1 ; Norma Lucia Almeida 2 1. Bolsista FAPESB, Graduanda em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual

Leia mais

Representação do Objeto Direto Correferencial no

Representação do Objeto Direto Correferencial no Representação do Objeto Direto Correferencial no Português do Brasil: Um Fato em Variação Edila Vianna da Silva Universidade Federal Fluminense Academia Brasileira de Filologia RESUMO: Neste artigo, apresentaremos

Leia mais

A CONCORDÂNCIA VERBAL DE TERCEIRA PESSOA DO PLURAL NO PORTUGUÊS POPULAR DA COMUNIDADE RURAL DE RIO DAS RÃS - BA

A CONCORDÂNCIA VERBAL DE TERCEIRA PESSOA DO PLURAL NO PORTUGUÊS POPULAR DA COMUNIDADE RURAL DE RIO DAS RÃS - BA Página 57 de 510 A CONCORDÂNCIA VERBAL DE TERCEIRA PESSOA DO PLURAL NO PORTUGUÊS POPULAR DA COMUNIDADE RURAL DE RIO DAS RÃS - BA Juscimaura Lima Cangirana (UESB) Elisângela Gonçalves (UESB) RESUMO Procura-se,

Leia mais

DOMÍNIOS DE Revista Eletrônica de Lingüística Ano 1, nº1 1º Semestre de 2007 ISSN

DOMÍNIOS DE Revista Eletrônica de Lingüística Ano 1, nº1 1º Semestre de 2007 ISSN ESTUDO EM TEMPO APARENTE E EM TEMPO REAL DO USO DO SUJEITO NULO NA FALA DE BELO HORIZONTE Nasle Maria Cabana RESUMO Neste artigo, analisa-se o comportamento do sujeito pronominal lexical e sujeito pronominal

Leia mais

Mayara Nicolau de Paula 1 Elyne Giselle de Santana Lima Aguiar Vitório 2

Mayara Nicolau de Paula 1 Elyne Giselle de Santana Lima Aguiar Vitório 2 PAULA, Mayara Nicolau de; VITÓRIO, Elyne Giselle de Santana Lima Aguiar. Resenha de DUARTE, Maria Eugênia Lammoglia. (org.). O sujeito em peças de teatro (1983-1992): estudo diacrônicos. São Paulo: Parábola,

Leia mais

ELEMENTOS ANAFÓRICOS NA COORDENAÇÃO 1

ELEMENTOS ANAFÓRICOS NA COORDENAÇÃO 1 47 de 368 ELEMENTOS ANAFÓRICOS NA COORDENAÇÃO 1 Jaqueline Feitoza Santos * (Uesb) Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira (Uesb) RESUMO O presente trabalho focaliza os aspectos elipse de constituintes

Leia mais

PRONOMES E CATEGORIAS VAZIAS EM PORTUGUÊS E NAS LÍNGUAS ROMÂNICAS, UMA CONVERSA COM SONIA CYRINO

PRONOMES E CATEGORIAS VAZIAS EM PORTUGUÊS E NAS LÍNGUAS ROMÂNICAS, UMA CONVERSA COM SONIA CYRINO CYRINO, S. M. L.; OTHERO, G. A. Pronomes e categorias vazias em português e nas línguas românicas, uma conversa com Sonia Cyrino. ReVEL, v. 16, n. 30, 2018. [www.revel.inf.br]. PRONOMES E CATEGORIAS VAZIAS

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO AS REALIZAÇÕES DO ACUSATIVO ANAFÓRICO NO PORTUGUÊS EUROPEU E BRASILEIRO: UM ESTUDO DIACRÔNICO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO AS REALIZAÇÕES DO ACUSATIVO ANAFÓRICO NO PORTUGUÊS EUROPEU E BRASILEIRO: UM ESTUDO DIACRÔNICO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO AS REALIZAÇÕES DO ACUSATIVO ANAFÓRICO NO PORTUGUÊS EUROPEU E BRASILEIRO: UM ESTUDO DIACRÔNICO Antonio Anderson Marques de Sousa 2017 AS REALIZAÇÕES DO ACUSATIVO ANAFÓRICO

Leia mais

A natureza do SN e do clítico acusativo de 3 a. pessoa no processo de aprendizagem do PB

A natureza do SN e do clítico acusativo de 3 a. pessoa no processo de aprendizagem do PB Apresentado no GEL de 2004. A natureza do SN e do clítico acusativo de 3 a. pessoa no processo de aprendizagem do PB Marilza de Oliveira Universidade de São Paulo marilza@usp.br Abstract: This paper presents

Leia mais

A referencialidade do sujeito como condicionamento semântico para a ocorrência do sujeito nulo na comunidade lingüística de Vitória da Conquista-BA

A referencialidade do sujeito como condicionamento semântico para a ocorrência do sujeito nulo na comunidade lingüística de Vitória da Conquista-BA A referencialidade do sujeito como condicionamento semântico para a ocorrência do sujeito nulo na comunidade lingüística de Vitória da Conquista-BA Elisângela Goçalves da Silva 1 1 Universidade Estadual

Leia mais

A ORDEM DE AQUISIÇÃO DOS PRONOMES SUJEITO E OBJETO: UM ESTUDO COMPARATIVO 10

A ORDEM DE AQUISIÇÃO DOS PRONOMES SUJEITO E OBJETO: UM ESTUDO COMPARATIVO 10 107 de 297 A ORDEM DE AQUISIÇÃO DOS PRONOMES SUJEITO E OBJETO: UM ESTUDO COMPARATIVO 10 Tatiane Macedo Costa * (UESB) Telma Moreira Vianna Magalhães (UESB) RESUMO Várias pesquisas têm investigado o uso

Leia mais

O objeto direto anafórico em textos da web

O objeto direto anafórico em textos da web O objeto direto anafórico em textos da web Rerisson Cavalcante de Araújo Mestrando em Letras (PPGLL / UFBA) rerissonaraujo@yahoo.com.br Resumo Este trabalho analisa a variação no preenchimento do objeto

Leia mais

IX SEMINÁRIO DE PESQUISA E ESTUDOS LINGUÍSTICOS 21 e 22 de setembro de 2017

IX SEMINÁRIO DE PESQUISA E ESTUDOS LINGUÍSTICOS 21 e 22 de setembro de 2017 Página 103 de 511 CONTEXTOS RESTRITIVOS PARA O REDOBRO DE PRONOMES CLÍTICOS NO PB: COMPARAÇÃO COM O ESPANHOL E COM OUTRAS VARIEDADES SINCRÔNICAS E DIACRÔNICAS DO PORTUGUÊS Sirlene Freire dos Santos Pereira

Leia mais

Is he a book? Animacy restrictions of the overt pronoun in European Portuguese

Is he a book? Animacy restrictions of the overt pronoun in European Portuguese Animacy restrictions of the overt pronoun in European Portuguese NOVA FCSH/CLUNL XII Fórum de Partilha Linguística Lisboa, 23 novembro 2017 Índice 1 2 3 4 5 Teorias processamento Teoria da Acessibilidade

Leia mais

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: OBJETO DIRETO ANAFÓRICO NO JORNAL A GAZETA (2008) Priscilla Gevigi de Andrade (UFES) pri_gevigi@hotmail.com RESUMO A presente

Leia mais

A VARIAÇÃO NÓS/ A GENTE NO PORTUGUÊS FALADO DE FEIRA DE SANTANA: COMPARAÇÃO ENTRE FALARES DO PB

A VARIAÇÃO NÓS/ A GENTE NO PORTUGUÊS FALADO DE FEIRA DE SANTANA: COMPARAÇÃO ENTRE FALARES DO PB Página 63 de 510 A VARIAÇÃO NÓS/ A GENTE NO PORTUGUÊS FALADO DE FEIRA DE SANTANA: COMPARAÇÃO ENTRE FALARES DO PB Josany Maria de Jesus Silva (CAPES/UESB/PPGLin) Cristiane Namiuti Temponi (UESB/PPGLin)

Leia mais

Realizações do objeto direto anafórico de terceira pessoa em cartas de ilustres do século XIX

Realizações do objeto direto anafórico de terceira pessoa em cartas de ilustres do século XIX Realizações do objeto direto anafórico de terceira pessoa em cartas de ilustres do século XIX (Anaphoric Third Person Direct Objects in letters written by renowned Brazilians in the nineteenth century)

Leia mais

A ELISÃO DA VOGAL /o/ EM FLORIANÓPOLIS-SC RESULTADOS PRELIMINARES

A ELISÃO DA VOGAL /o/ EM FLORIANÓPOLIS-SC RESULTADOS PRELIMINARES A ELISÃO DA VOGAL /o/ EM FLORIANÓPOLIS-SC RESULTADOS PRELIMINARES Letícia Cotosck Vargas (PUCRS/PIBIC- CNPq 1 ) 1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem por objetivo examinar um dos processos de sândi externo verificados

Leia mais

OS PRONOMES PESSOAIS-SUJEITO NO PORTUGUÊS DO BRASIL: NÓS E A GENTE SEGUNDO OS DADOS DO PROJETO ATLAS LINGÜÍSTICO DO BRASIL

OS PRONOMES PESSOAIS-SUJEITO NO PORTUGUÊS DO BRASIL: NÓS E A GENTE SEGUNDO OS DADOS DO PROJETO ATLAS LINGÜÍSTICO DO BRASIL 167 de 297 OS PRONOMES PESSOAIS-SUJEITO NO PORTUGUÊS DO BRASIL: NÓS E A GENTE SEGUNDO OS DADOS DO PROJETO ATLAS LINGÜÍSTICO DO BRASIL Viviane de Jesus Ferreira (UFBA) Suzana Alice Marcelino da Silva Cardoso

Leia mais

A VARIAÇÃO DO MODO SUBJUNTIVO: UMA RELAÇÃO COM O PROCESSO DE EXPRESSÃO DE MODALIDADES

A VARIAÇÃO DO MODO SUBJUNTIVO: UMA RELAÇÃO COM O PROCESSO DE EXPRESSÃO DE MODALIDADES 477 de 663 A VARIAÇÃO DO MODO SUBJUNTIVO: UMA RELAÇÃO COM O PROCESSO DE EXPRESSÃO DE MODALIDADES Vânia Raquel Santos Amorim 148 (UESB) Valéria Viana Sousa 149 (UESB) Jorge Augusto Alves da Silva 150 (UESB)

Leia mais

a) houve uma mudança na direção de cliticização do PB (NUNES, 1996); b) os pronomes retos estão sendo aceitos em função acusativa;

a) houve uma mudança na direção de cliticização do PB (NUNES, 1996); b) os pronomes retos estão sendo aceitos em função acusativa; A ordem pronominal do português brasileiro atual: uma análise via Teoria da Otimidade Rubia Wildner Cardozo 1 1 Introdução Apresentamos um estudo acerca da ordem pronominal do português brasileiro (PB)

Leia mais

Não foram indicadas as obras desses autores nas Referências Bibliográficas, assim como de diversos outros referidos no corpo do artigo.

Não foram indicadas as obras desses autores nas Referências Bibliográficas, assim como de diversos outros referidos no corpo do artigo. DEPARTAMENTO DE LETRAS ALGUNS ASPECTOS DA HETEROGENEIDADE DIALETAL BRASILEIRA: CONSTRUÇÕES SINTÁTICAS A PARTIR DOS PRONOMES SUJEITO E OBJETO Vicente Cerqueira (UFAC) vicente.cerqueira@gmail.com Marcelo

Leia mais

A VARIAÇÃO/ESTRATIFICAÇÃO DO SUBJUNTIVO EM ORAÇÕES PARENTÉTICAS

A VARIAÇÃO/ESTRATIFICAÇÃO DO SUBJUNTIVO EM ORAÇÕES PARENTÉTICAS Página 109 de 511 A VARIAÇÃO/ESTRATIFICAÇÃO DO SUBJUNTIVO EM ORAÇÕES PARENTÉTICAS Vânia Raquel Santos Amorim (UESB) Valéria Viana Sousa (UESB) Jorge Augusto Alves da Silva (UESB) RESUMO Neste trabalho,

Leia mais

Reitor Prof. Antonio Joaquim da Silva Bastos. Vice-reitora Profª. Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro

Reitor Prof. Antonio Joaquim da Silva Bastos. Vice-reitora Profª. Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro Universidade Estadual de Santa Cruz Reitor Prof. Antonio Joaquim da Silva Bastos Vice-reitora Profª. Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro Pró-reitora de Graduação Profª. Flávia Azevedo de Mattos Moura

Leia mais

Apresentação Conceitos básicos Gramática, variação e normas Saberes gramaticais na escola... 31

Apresentação Conceitos básicos Gramática, variação e normas Saberes gramaticais na escola... 31 Sumário Apresentação... 9 Conceitos básicos... 11 Gramática, variação e normas... 13 Dinah Callou A propósito de gramática e norma... 15 O ensino e a constituição de normas no Brasil... 21 A propósito

Leia mais

VARIAÇÃO PRONOMINAL EM CONCÓRDIA SC. Lucelene T. FRANCESCHINI Universidade Federal do Paraná

VARIAÇÃO PRONOMINAL EM CONCÓRDIA SC. Lucelene T. FRANCESCHINI Universidade Federal do Paraná VARIAÇÃO PRONOMINAL EM CONCÓRDIA SC Lucelene T. FRANCESCHINI Universidade Federal do Paraná lterezaf@hotmail.com Resumo: Este trabalho analisa a variação pronominal nós/a gente e tu/você na posição de

Leia mais

A FLEXÃO PORTUGUESA: ELEMENTOS QUE DESMISTIFICAM O CONCEITO DE QUE FLEXÃO E CONCORDÂNCIA SÃO CATEGORIAS SINTÁTICAS DEPENDENTES 27

A FLEXÃO PORTUGUESA: ELEMENTOS QUE DESMISTIFICAM O CONCEITO DE QUE FLEXÃO E CONCORDÂNCIA SÃO CATEGORIAS SINTÁTICAS DEPENDENTES 27 Página 75 de 315 A FLEXÃO PORTUGUESA: ELEMENTOS QUE DESMISTIFICAM O CONCEITO DE QUE FLEXÃO E CONCORDÂNCIA SÃO CATEGORIAS SINTÁTICAS DEPENDENTES 27 Iany França Pereira 28 (UESB) Cristiane Namiuti Temponi

Leia mais

O EMPREGO DO PRONOME LEXICAL COMO OBJETO DIRETO

O EMPREGO DO PRONOME LEXICAL COMO OBJETO DIRETO 189 de 298 O EMPREGO DO PRONOME LEXICAL COMO OBJETO DIRETO Isabel dos Santos Magalhães Gomes* (Uesb) Elisângela Gonçalves ** (Uesb) RESUMO. Este trabalho consiste em uma investigação sociolingüística de

Leia mais

OS CLÍTICOS, PRONOMES LEXICAIS E OBJETOS NULOS NAS TRÊS CAPITAIS DO SUL.

OS CLÍTICOS, PRONOMES LEXICAIS E OBJETOS NULOS NAS TRÊS CAPITAIS DO SUL. OS CLÍTICOS, PRONOMES LEXICAIS E OBJETOS NULOS NAS TRÊS CAPITAIS DO SUL. Edson Domingos Fagundes Este trabalho apresenta os resultados de pesquisa na área de Variação Lingüística que visou delinear a situação

Leia mais

REFLEXÕES SOBRE O APAGAMENTO DO RÓTICO EM CODA SILÁBICA NA ESCRITA

REFLEXÕES SOBRE O APAGAMENTO DO RÓTICO EM CODA SILÁBICA NA ESCRITA 79 de 368 REFLEXÕES SOBRE O APAGAMENTO DO RÓTICO EM CODA SILÁBICA NA ESCRITA Geisa Borges da Costa * (UFBA) RESUMO O presente trabalho objetiva investigar os aspectos relacionados ao apagamento do rótico

Leia mais

A AQUISIÇÃO DE SUJEITO NULO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO (PB): UM ESTUDO COMPARATIVO 1

A AQUISIÇÃO DE SUJEITO NULO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO (PB): UM ESTUDO COMPARATIVO 1 101 de 297 A AQUISIÇÃO DE SUJEITO NULO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO (PB): UM ESTUDO COMPARATIVO 1 Samile Santos Pinto * (UESB) Telma Moreira Vianna Magalhães * (UESB) RESUMO Este trabalho é um estudo comparativo

Leia mais

Efeitos de animacidade do antecedente na interpretação de pronomes sujeito

Efeitos de animacidade do antecedente na interpretação de pronomes sujeito Efeitos de na interpretação de pronomes sujeito Morga 1 Maria Lobo 1 2 1 CLUNL/FCSH Universidade NOVA de Lisboa 2 Universidade de Lisboa CLUL XXXIII ENAPL, Évora, 27-29 setembro 2017 Índice 1 2 3 4 5 Teorias

Leia mais

4 Metodologia. 4.1 Metodologia naturalista: produção da fala espontânea

4 Metodologia. 4.1 Metodologia naturalista: produção da fala espontânea 4 Metodologia 4.1 Metodologia naturalista: produção da fala espontânea O presente estudo fez uso de dados naturalistas ou ecológicos coletados para um estudo longitudinal (Martins, 2007). Um estudo naturalista

Leia mais

Entrevista com Sonia Cyrino

Entrevista com Sonia Cyrino Por Ev Angela B. R. de Barros* e Arabie B. Hermont** Professora Associada do Departamento de Linguística (Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas), Sônia Maria Lazzarini

Leia mais

OBSERVATÓRIO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, FEVEREIRO DE 2013

OBSERVATÓRIO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, FEVEREIRO DE 2013 NOTA CONJUNTURAL FORMALIZAÇÃO DOS PEQUENOS NEGÓCIOS no Estado do Rio de Janeiro OBSERVATÓRIO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, FEVEREIRO DE 2013 20 2013 PANORAMA GERAL No Brasil,

Leia mais

A DISTRIBUIÇÃO DO PROCESSO DE APAGAMENTO DO RÓTICO NAS QUATRO ÚLTIMAS DÉCADAS: TRÊS CAPITAIS EM CONFRONTO

A DISTRIBUIÇÃO DO PROCESSO DE APAGAMENTO DO RÓTICO NAS QUATRO ÚLTIMAS DÉCADAS: TRÊS CAPITAIS EM CONFRONTO A DISTRIBUIÇÃO DO PROCESSO DE APAGAMENTO DO RÓTICO NAS QUATRO ÚLTIMAS DÉCADAS: TRÊS CAPITAIS EM CONFRONTO Aline de Jesus Farias Oliveira (UFRJ/IC-FAPERJ)) Dinah Maria Isensee Callou (UFRJ/CNPq) dcallou@gmail.com

Leia mais

A PERDA DA PREPOSIÇÃO A E A RECATEGORIZAÇÃO DE LHE

A PERDA DA PREPOSIÇÃO A E A RECATEGORIZAÇÃO DE LHE Apresentado no GEL de 2003 A PERDA DA PREPOSIÇÃO A E A RECATEGORIZAÇÃO DE LHE Marilza de OLIVEIRA (Universidade de São Paulo) ABSTRACT: The aim of this paper is to analyse the loss of the preposition a

Leia mais

Cadernos do CNLF, Vol. XIII, Nº 04

Cadernos do CNLF, Vol. XIII, Nº 04 O PROCESSO DE GRAMATICALIZAÇÃO DO ELEMENTO DE REPENTE Aline Pontes Márcia Peterson (UFRJ) marciapetufrj@hotmail.com INTRODUÇÃO Este estudo tem por objetivo focalizar o processo de gramaticalização das

Leia mais

Uma discussão sobre condicionamentos semânticos do uso do objeto nulo no português brasileiro

Uma discussão sobre condicionamentos semânticos do uso do objeto nulo no português brasileiro Revista de Linguística e Teoria Literária ISSN 2176-6800 Uma discussão sobre condicionamentos semânticos do uso do objeto nulo no português brasileiro A discussion on the semantic constraints in the use

Leia mais

A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL NA FALA DE NATAL: evidências de um processo de mudança?

A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL NA FALA DE NATAL: evidências de um processo de mudança? A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL NA FALA DE NATAL: evidências de um processo de mudança? Sammy Vieira Carvalho Júnior (UFRN) sammyhist04@yahoo.com.br Introdução A língua é um produto sociocultural,

Leia mais

A VARIAÇÃO NA REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL NO PORTUGUÊS POPULAR DO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS BAHIA

A VARIAÇÃO NA REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL NO PORTUGUÊS POPULAR DO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS BAHIA 2624 A VARIAÇÃO NA REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL NO PORTUGUÊS POPULAR DO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS BAHIA 0 Introdução Shirley Freitas Sousa UFBA Dante Lucchesi PIBIC/ CNPq Esta pesquisa focaliza

Leia mais

ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: OS CLÍTICOS ACUSATIVOS Marilza de Oliveira (FFLCH/USP)

ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: OS CLÍTICOS ACUSATIVOS Marilza de Oliveira (FFLCH/USP) ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: OS CLÍTICOS ACUSATIVOS Marilza de Oliveira (FFLCH/USP) Uma discussão sobre a metodologia do ensino da língua portuguesa não pode ignorar a realidade lingüística brasileira,

Leia mais

A PERDA DO TRAÇO LOCATIVO DO PRONOME RELATIVO ONDE NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

A PERDA DO TRAÇO LOCATIVO DO PRONOME RELATIVO ONDE NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Página 81 de 510 A PERDA DO TRAÇO LOCATIVO DO PRONOME RELATIVO ONDE NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Elisângela Gonçalves da Silva (UESB) Ana Claudia Oliveira Azevedo (UESB) RESUMO O presente trabalho tem como

Leia mais

TÍTULO DA PESQUISA: O ir e vir das preposições - um estudo diacrônico dos complementos dos verbos ir e vir no português mineiro de Uberaba.

TÍTULO DA PESQUISA: O ir e vir das preposições - um estudo diacrônico dos complementos dos verbos ir e vir no português mineiro de Uberaba. TÍTULO DA PESQUISA: O ir e vir das preposições - um estudo diacrônico dos complementos dos verbos ir e vir no português mineiro de Uberaba. ANO DE INÍCIO: 2010 NOME DO BOLSISTA: Thamiris Abrão Borralho.

Leia mais

Formas de realização do objeto direto anafórico na diacronia: estudo de um corpus baiano

Formas de realização do objeto direto anafórico na diacronia: estudo de um corpus baiano Estudos da Língua(gem) Formas de realização do objeto direto anafórico na diacronia: estudo de um corpus baiano The uses of the anaphoric direct object in diachrony: a study on a corpus from Bahia Tatiane

Leia mais

CRIAÇÃO LEXICAL: O USO DE NEOLOGISMOS NO PORTUGUÊS FALADO EM DOURADOS

CRIAÇÃO LEXICAL: O USO DE NEOLOGISMOS NO PORTUGUÊS FALADO EM DOURADOS CRIAÇÃO LEXICAL: O USO DE NEOLOGISMOS NO PORTUGUÊS FALADO EM DOURADOS Paulo Gerson Rodrigues Stefanello ¹; Elza Sabino da Silva Bueno². ¹Aluno do 4º ano do Curso de Letras Português/Espanhol. Bolsista

Leia mais

A posição dos clíticos na escrita de Missivistas Cultos no século XIX: um caso de competição de gramáticas

A posição dos clíticos na escrita de Missivistas Cultos no século XIX: um caso de competição de gramáticas Área Temática 8: Filologia e Linguística Histórica A posição dos clíticos na escrita de Missivistas Cultos no século XIX: um caso de competição de gramáticas Autores: diana silva thomaz 1 Resumo: Este

Leia mais

1 Introdução. atrasos e/ou desordens no processo de aquisição da gramática em ausência de qualquer comprometimento de outra natureza.

1 Introdução. atrasos e/ou desordens no processo de aquisição da gramática em ausência de qualquer comprometimento de outra natureza. 1 Introdução Esta tese tem como tema a aquisição de pessoa como traço formal no Português Brasileiro (PB) e vincula-se aos projetos do Grupo de Pesquisa em Processamento e Aquisição da Linguagem (GPPAL-CNPq),

Leia mais

UMA ANÁLISE SOCIOFUNCIONALISTA DA DUPLA NEGAÇÃO NO SERTÃO DA RESSACA

UMA ANÁLISE SOCIOFUNCIONALISTA DA DUPLA NEGAÇÃO NO SERTÃO DA RESSACA Página 143 de 511 UMA ANÁLISE SOCIOFUNCIONALISTA DA DUPLA NEGAÇÃO NO SERTÃO DA RESSACA Savanna Souza de Castro Julinara Silva Vieira Valéria Viana Sousa Jorge Augusto Alves Silva RESUMO A negação é um

Leia mais

INFLUÊNCIAS PROSÓDICAS, ACÚSTICAS E GRAMATICAIS SOBRE A PONTUAÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS

INFLUÊNCIAS PROSÓDICAS, ACÚSTICAS E GRAMATICAIS SOBRE A PONTUAÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS Página 21 de 315 INFLUÊNCIAS PROSÓDICAS, ACÚSTICAS E GRAMATICAIS SOBRE A PONTUAÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS José Júnior Dias da Silva 5 (UESB) Vera Pacheco 6 (UESB) RESUMO O presente trabalho visa analisar redações

Leia mais

XXX ENAPL Porto, 22 a 24 de Outubro de Sara Morgado*, CLUNL João Costa, CLUNL Paula Luegi, CLUL

XXX ENAPL Porto, 22 a 24 de Outubro de Sara Morgado*, CLUNL João Costa, CLUNL Paula Luegi, CLUL XXX ENAPL Porto, 22 a 24 de Outubro de 2014 Sara Morgado*, CLUNL João Costa, CLUNL Paula Luegi, CLUL * Bolseira de Doutoramento FCT: SFRH/BD/52264/2013 Procuram determinar: quais os fatores linguísticos

Leia mais

O OBJETO DIRETO (ANA)FÓRICO NO FALAR RURAL BAIANO: UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO

O OBJETO DIRETO (ANA)FÓRICO NO FALAR RURAL BAIANO: UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Letras Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos JUVANETE FERREIRA ALVES BRITO O OBJETO DIRETO (ANA)FÓRICO NO FALAR RURAL BAIANO: UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO

Leia mais

O OBJETO ANAFÓRICO NO PORTUGUÊS DE FLORIANÓPOLIS: UMA ANÁLISE DIACRÔNICA 1

O OBJETO ANAFÓRICO NO PORTUGUÊS DE FLORIANÓPOLIS: UMA ANÁLISE DIACRÔNICA 1 O OBJETO ANAFÓRICO NO PORTUGUÊS DE FLORIANÓPOLIS: UMA ANÁLISE DIACRÔNICA 1 THE ANAPHORIC OBJECT IN THE PORTUGUESE OF FLORIANÓPOLIS: A DIACHRONIC ANALYSIS Sueli Costa Professora do Instituto Federal de

Leia mais

O OBJETO DIRETO ANAFÓRICO DE SN: UMA ANÁLISE DA FALA DE FLORIANÓPOLIS EM DUAS SINCRONIAS 1

O OBJETO DIRETO ANAFÓRICO DE SN: UMA ANÁLISE DA FALA DE FLORIANÓPOLIS EM DUAS SINCRONIAS 1 VIEIRA-PINTO, C. A.; COELHO, I. L. O objeto direto anafórico de SN: uma análise da fala de Florianópolis em duas sincronias. ReVEL, edição especial n. 13, 2016. [www.revel.inf.br]. O OBJETO DIRETO ANAFÓRICO

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO AQUISIÇÃO EM PORTUGUÊS BRASILEIRO: O PARÂMETRO DO OBJETO NULO. Mayra Cristina Guimarães Averbug

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO AQUISIÇÃO EM PORTUGUÊS BRASILEIRO: O PARÂMETRO DO OBJETO NULO. Mayra Cristina Guimarães Averbug UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO AQUISIÇÃO EM PORTUGUÊS BRASILEIRO: O PARÂMETRO DO OBJETO NULO Mayra Cristina Guimarães Averbug Rio de Janeiro 2008 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares

Leia mais

UFAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PESQUISA

UFAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PESQUISA CNPq UFAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC CNPq/UFAL/FAPEAL RELATÓRIO FINAL

Leia mais

FUNÇÕES SINTÁTICAS NA ORAÇÃO FUNDAMENTOS DE SINTAXE APOIO PEDAGÓGICO 11/05/2018 SAULO SANTOS

FUNÇÕES SINTÁTICAS NA ORAÇÃO FUNDAMENTOS DE SINTAXE APOIO PEDAGÓGICO 11/05/2018 SAULO SANTOS FUNÇÕES SINTÁTICAS NA ORAÇÃO FUNDAMENTOS DE SINTAXE APOIO PEDAGÓGICO 11/05/2018 SAULO SANTOS PROGRAMA DA AULA 1. Definição formal das funções 2. A hierarquia dos constituintes 3. Predicado e Núcleo do

Leia mais

Apagamento e preenchimento do objeto direto co-referencial: Estratégia e condicionamentos de uso nas redes sociais.

Apagamento e preenchimento do objeto direto co-referencial: Estratégia e condicionamentos de uso nas redes sociais. 1 Universidade de Brasília UnB Instituto de Letras IL Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas LIP Apagamento e preenchimento do objeto direto co-referencial: Estratégia e condicionamentos

Leia mais

ELEMENTOS DÊITICOS EM NARRATIVAS EM LIBRAS 43

ELEMENTOS DÊITICOS EM NARRATIVAS EM LIBRAS 43 Página 111 de 315 ELEMENTOS DÊITICOS EM NARRATIVAS EM LIBRAS 43 Lizandra Caires do Prado 44 (UESB) Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira 45 (UESB) RESUMO Este estudo objetiva investigar a dêixis em

Leia mais

ESTARÁ O PORTUGUÊS BRASILEIRO DEIXANDO DE SER LÍNGUA DE SUJEITO-PREDICADO? *

ESTARÁ O PORTUGUÊS BRASILEIRO DEIXANDO DE SER LÍNGUA DE SUJEITO-PREDICADO? * 255 de 298 ESTARÁ O PORTUGUÊS BRASILEIRO DEIXANDO DE SER LÍNGUA DE SUJEITO-PREDICADO? * Elisângela Gonçalves ** Daiane Gomes Bahia *** Paula Barreto Silva **** RESUMO Este trabalho consiste em um recorte

Leia mais

Universidade Federal do Rio de Janeiro ATITUDE LINGÜÍSTICA E MUDANÇA: UM ESTUDO SOBRE AS VARIANTES DE OBJETO DIRETO ANAFÓRICO

Universidade Federal do Rio de Janeiro ATITUDE LINGÜÍSTICA E MUDANÇA: UM ESTUDO SOBRE AS VARIANTES DE OBJETO DIRETO ANAFÓRICO Universidade Federal do Rio de Janeiro ATITUDE LINGÜÍSTICA E MUDANÇA: UM ESTUDO SOBRE AS VARIANTES DE OBJETO DIRETO ANAFÓRICO Marcia Dias Lima da Silva 2008 2 ATITUDE LINGÜÍSTICA E MUDANÇA: UM ESTUDO SOBRE

Leia mais

1 Introdução. (1) a. A placa dos automóveis está amassada. b. O álbum das fotos ficou rasgado.

1 Introdução. (1) a. A placa dos automóveis está amassada. b. O álbum das fotos ficou rasgado. 17 1 Introdução A concordância, nas mais diversas línguas, é um fenômeno pesquisado em várias áreas, desde diferentes áreas de análise que envolvem o estudo da linguagem, tais como: morfologia, sintaxe,

Leia mais

VARIAÇÃO NO USO DAS PREPOSIÇÕES EM E PARA/A COM VERBOS DE MOVIMENTO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

VARIAÇÃO NO USO DAS PREPOSIÇÕES EM E PARA/A COM VERBOS DE MOVIMENTO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Página 93 de 510 VARIAÇÃO NO USO DAS PREPOSIÇÕES EM E PARA/A COM VERBOS DE MOVIMENTO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Rodrigo Barreto de Sousa (UESB) Elisângela Gonçalves (PPGLin/UESB) RESUMO É previsto que, no

Leia mais

A CONCORDÂNCIA VERBAL: A RELEVÂNCIA DAS VARIÁVEIS LINGÜÍSTICAS E NÃO LINGÜÍSTICAS

A CONCORDÂNCIA VERBAL: A RELEVÂNCIA DAS VARIÁVEIS LINGÜÍSTICAS E NÃO LINGÜÍSTICAS 543 A CONCORDÂNCIA VERBAL: A RELEVÂNCIA DAS VARIÁVEIS LINGÜÍSTICAS E NÃO LINGÜÍSTICAS Constância Maria Borges de Souza * Introdução Os estudos da Concordância Verbal têm demonstrado que os falantes de

Leia mais

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos OBSERVAÇÕES SOBRE MOVIMENTO Nataniel dos Santos Gomes (CiFEFiL/UFRJ/UNAM/UniverCidade/UNESA) INTRODUÇÃO O objetivo do presente artigo é de fazer algumas observações sobre Movimento, que parecer algo por

Leia mais

SUJEITOS DESLOCADOS À ESQUERDA E MUDANÇA PARAMÉTRICA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

SUJEITOS DESLOCADOS À ESQUERDA E MUDANÇA PARAMÉTRICA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO SUJEITOS DESLOCADOS À ESQUERDA E MUDANÇA PARAMÉTRICA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO LEFT-DISLOCATED SUBJECTS AND PARAMETRIC CHANGE IN BRAZILIAN PORTUGUESE Mayara Nicolau de Paula Universidade Federal do Rio de

Leia mais

A VARIAÇÃO NÓS E A GENTE NO PORTUGUÊS CULTO CARIOCA

A VARIAÇÃO NÓS E A GENTE NO PORTUGUÊS CULTO CARIOCA Revista do GELNE, Piauí, v. 12, n.1, 2010. A VARIAÇÃO NÓS E A GENTE NO PORTUGUÊS CULTO CARIOCA Caio Cesar Castro da Silva* Resumo Pretende-se observar a distribuição entre as variantes de primeira pessoa

Leia mais

1.1 Qual a relevância do sistema pronominal para uma teoria da aquisição da linguagem? Por que os complementos pronominais?

1.1 Qual a relevância do sistema pronominal para uma teoria da aquisição da linguagem? Por que os complementos pronominais? 1 Introdução Nesta dissertação, o problema da aquisição do sistema pronominal, no que concerne aos complementos acusativos de terceira pessoa, é investigado em função de um contraste entre o sistema pronominal

Leia mais

ALGUMAS DIFERENÇAS ENTRE O PORTUGUÊS BRASILEIRO E O PORTUGUÊS EUROPEU E SUA RELAÇÃO COM A MUDANÇA SINTÁTICA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

ALGUMAS DIFERENÇAS ENTRE O PORTUGUÊS BRASILEIRO E O PORTUGUÊS EUROPEU E SUA RELAÇÃO COM A MUDANÇA SINTÁTICA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Publicado em: Cyrino, S.M.L. (2001) "Algumas diferenças entre o português brasileiro e o português europeu e a sua relação com a mudança sintática no português brasileiro" Signum 4: 95-112. ALGUMAS DIFERENÇAS

Leia mais

A variação no sistema preposicional do Português do Brasil

A variação no sistema preposicional do Português do Brasil A variação no sistema preposicional do Português do Brasil 141 Virginia A. Garrido Meirelles* Universidade Católica de Brasília Resumo: A língua falada no Brasil é notoriamente diferente daquela descrita

Leia mais

ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE ARTIGOS DEFINIDOS DIANTE DE POSSESSIVOS PRÉ-NOMINAIS E ANTROPÔNIMOS EM DADOS DE FALA* 1

ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE ARTIGOS DEFINIDOS DIANTE DE POSSESSIVOS PRÉ-NOMINAIS E ANTROPÔNIMOS EM DADOS DE FALA* 1 ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE ARTIGOS DEFINIDOS DIANTE DE POSSESSIVOS PRÉ-NOMINAIS E ANTROPÔNIMOS EM DADOS DE FALA* 1 Alane Luma Santana Siqueira (UFRPE/UAST) alane.siqueira@gmail.com 1. Introdução O Português

Leia mais

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos O APAGAMENTO/PREENCHIMENTO DO OBJETO DIRETO E INDIRETO NA ESCRITA Patrícia Affonso de Oliveira (UFRJ) patiaffonso@yahoo.com.br RESUMO Neste trabalho,

Leia mais

AS LÍNGUAS DE CABO VERDE

AS LÍNGUAS DE CABO VERDE UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA GERAL E ROMÂNICA AS LÍNGUAS DE CABO VERDE UMA RADIOGRAFIA SOCIOLINGUÍSTICA Anexo 14: Tabela Análise Linguística Tese orientada pela

Leia mais

Funções gramaticais: Sujeito e predicado. Luiz Arthur Pagani (UFPR)

Funções gramaticais: Sujeito e predicado. Luiz Arthur Pagani (UFPR) Funções gramaticais: Sujeito e predicado (UFPR) 1 1 Tradição gramatical termos essenciais: São termos essenciais da oração o sujeito e o predicado. [2, p. 119] As orações de estrutura favorita em português

Leia mais

AQUISIÇÃO DAS RELATIVAS PADRÃO EM PB DURANTE A ESCOLARIZAÇÃO

AQUISIÇÃO DAS RELATIVAS PADRÃO EM PB DURANTE A ESCOLARIZAÇÃO 113 de 297 AQUISIÇÃO DAS RELATIVAS PADRÃO EM PB DURANTE A ESCOLARIZAÇÃO Letícia Souza Araújo * (UESB) Adriana S. C. Lessa-de-Oliveira ** (UESB) RESUMO Esta pesquisa focaliza a aquisição da estratégia de

Leia mais

Realizações do sujeito expletivo em construções com o verbo ter existencial na fala alagoana

Realizações do sujeito expletivo em construções com o verbo ter existencial na fala alagoana Realizações do sujeito expletivo em construções com o verbo ter existencial na fala alagoana ELYNE GISELLE DE SANTANA LIMA AGUIAR VITÓRIO Doutoranda em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Letras

Leia mais

A CRISE BRASILEIRA NO ENSINO DA NORMA CULTA OU ESTILO FORMAL Universidade de Salvador

A CRISE BRASILEIRA NO ENSINO DA NORMA CULTA OU ESTILO FORMAL Universidade de Salvador A CRISE BRASILEIRA NO ENSINO DA NORMA CULTA OU ESTILO FORMAL Universidade de Salvador A aquisição da língua materna é natural aos seres humanos; ela acontece de forma rápida, espontânea e natural, inconscientemente.

Leia mais

O SUJEITO PRONOMINAL DE 3ª PESSOA NO PORTUGUÊS CULTO

O SUJEITO PRONOMINAL DE 3ª PESSOA NO PORTUGUÊS CULTO BRAVIN DOS SANTOS: O SUJEITO PRONOMINAL DE 3ª PESSOA NO PORTUGUÊS... 67 O SUJEITO PRONOMINAL DE 3ª PESSOA NO PORTUGUÊS CULTO DO RIO DE JANEIRO: UM ESTUDO EM TEMPO REAL* (The third person pronominal subject

Leia mais

ANÁLISE VARIACIONISTA DO PROCESSO DE MONOTONGAÇÃO NO BREJO DA PARAÍBA

ANÁLISE VARIACIONISTA DO PROCESSO DE MONOTONGAÇÃO NO BREJO DA PARAÍBA 2453 ANÁLISE VARIACIONISTA DO PROCESSO DE MONOTONGAÇÃO NO BREJO DA PARAÍBA Luana Anastácia Santos de Lima PROINCI/CNPq/UEPB 0. Introdução Durante muito tempo, os estudos lingüísticos despertaram interesse,

Leia mais

Veredas Atemática. Volume 22 nº

Veredas Atemática. Volume 22 nº Veredas Atemática Volume 22 nº 2 2018 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ O encaixamento da mudança sintática

Leia mais

ALINE BERBERT TOMAZ FONSECA LAUAR NÃO O VEJO MAIS EM VITÓRIA: A SUBSTITUIÇÃO DO CLÍTICO ACUSATIVO DE TERCEIRA PESSOA NA FALA CAPIXABA

ALINE BERBERT TOMAZ FONSECA LAUAR NÃO O VEJO MAIS EM VITÓRIA: A SUBSTITUIÇÃO DO CLÍTICO ACUSATIVO DE TERCEIRA PESSOA NA FALA CAPIXABA ALINE BERBERT TOMAZ FONSECA LAUAR NÃO O VEJO MAIS EM VITÓRIA: A SUBSTITUIÇÃO DO CLÍTICO ACUSATIVO DE TERCEIRA PESSOA NA FALA CAPIXABA Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Linguística

Leia mais

A INFLUÊNCIA DE FATORES EXTRALINGUÍSTICOS NA SUPRESSÃO DAS SEMIVOGAIS DOS DITONGOS EI E OU NA ESCRITA INFANTIL 1. INTRODUÇÃO

A INFLUÊNCIA DE FATORES EXTRALINGUÍSTICOS NA SUPRESSÃO DAS SEMIVOGAIS DOS DITONGOS EI E OU NA ESCRITA INFANTIL 1. INTRODUÇÃO A INFLUÊNCIA DE FATORES EXTRALINGUÍSTICOS NA SUPRESSÃO DAS SEMIVOGAIS DOS DITONGOS EI E OU NA ESCRITA INFANTIL ADAMOLI, Marco Antônio 1 ; MIRANDA, Ana Ruth Moresco 2 1 Faculdade de Educação PPGE/UFPel

Leia mais

Aula- conferência ministrada por: Francisco João Lopes Doutorando DLCV- FFLCH- USP Sob orientação: Profª Drª Márcia Oliveira

Aula- conferência ministrada por: Francisco João Lopes Doutorando DLCV- FFLCH- USP Sob orientação: Profª Drª Márcia Oliveira UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO / USP - FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS / FFLCH DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS / DLCV, ÁREA DE FILOLOGIA E LÍNGUA PORTUGUESA / AFLP Disciplina:

Leia mais

Vimos que os movimentos deixam vestígios. Mas o que são vestígios?

Vimos que os movimentos deixam vestígios. Mas o que são vestígios? Oitava semana do curso de Linguística III Professor Alessandro Boechat de Medeiros Departamento de Linguística e Filologia Sobre fantasmas Na aula passada vimos que a maneira da Gramática Gerativa de lidar

Leia mais

DO ANTIGO AO NOVO: DA MUDANÇA DA TEORIA LINGUÍSTICA À MUDANÇA DA LÍNGUA

DO ANTIGO AO NOVO: DA MUDANÇA DA TEORIA LINGUÍSTICA À MUDANÇA DA LÍNGUA 471 de 663 DO ANTIGO AO NOVO: DA MUDANÇA DA TEORIA LINGUÍSTICA À MUDANÇA DA LÍNGUA Sivonei Ribeiro Rocha 146 (UESB) Jorge Augusto Alves da Silva 147 (UESB) RESUMO Este trabalho compara o conceito de mudança

Leia mais

V SEMINÁRIO DE PESQUISA E ESTUDOS LINGUÍSTICOS

V SEMINÁRIO DE PESQUISA E ESTUDOS LINGUÍSTICOS Página 93 de 315 A AGRAMATICALIDADE DE PRONOMES PLENOS DE TERCEIRA PESSOA COMO RESUMPTIVOS EM POSIÇÃO DE OBJETO DIRETO: RESTRIÇÃO DA GRAMÁTICA NUCLEAR OU INTERFERÊNCIA DA ESCOLARIZAÇÃO? Sinval Araújo de

Leia mais

O USO E A ORDEM DOS CLÍTICOS NA ESCRITA DE ESTUDANTES DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

O USO E A ORDEM DOS CLÍTICOS NA ESCRITA DE ESTUDANTES DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 11 CAPÍTULO O USO E A ORDEM DOS CLÍTICOS NA ESCRITA DE ESTUDANTES DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 1. INTRODUÇÃO 1 ANA CARLA MORITO MACHADO 1 A questão da colocação pronominal e do uso dos pronomes continua,

Leia mais

UM CRUZEIRO NA FALA DE SALVADOR: A RETOMADA ANAFÓRICA DO OBJETO DIRETO DE TERCEIRA PESSOA

UM CRUZEIRO NA FALA DE SALVADOR: A RETOMADA ANAFÓRICA DO OBJETO DIRETO DE TERCEIRA PESSOA 760 UM CRUZEIRO NA FALA DE SALVADOR: A RETOMADA ANAFÓRICA DO OBJETO DIRETO DE TERCEIRA PESSOA Cláudia Norete Novais Luz UNEB 0 Introdução Nos últimos tempos, os resultados de diversos trabalhos centrados

Leia mais

AS CONSTRUÇÕES DE DESLOCAMENTO À ESQUERDA NO PB: EVIDÊNCIAS DE ORIENTAÇÃO PARA O DISCURSO Mayara Nicolau de Paula (UFRJ)

AS CONSTRUÇÕES DE DESLOCAMENTO À ESQUERDA NO PB: EVIDÊNCIAS DE ORIENTAÇÃO PARA O DISCURSO Mayara Nicolau de Paula (UFRJ) AS CONSTRUÇÕES DE DESLOCAMENTO À ESQUERDA NO PB: EVIDÊNCIAS DE ORIENTAÇÃO PARA O DISCURSO Mayara Nicolau de Paula (UFRJ) may_depaula@hotmail.com 1. Introdução No que diz respeito ao português brasileiro

Leia mais

Sujeitos deslocados à esquerda em gêneros textuais orais e escritos no Português Brasileiro

Sujeitos deslocados à esquerda em gêneros textuais orais e escritos no Português Brasileiro Sujeitos deslocados à esquerda em gêneros textuais orais e escritos no Português Brasileiro (Left dislocated subjects in oral and written textual genres in Brazilian Portuguese) Mônica Tavares Orsini 1,

Leia mais

O USO VARIÁVEL DAS FORMAS ANAFÓRICAS NO ACUSATIVO

O USO VARIÁVEL DAS FORMAS ANAFÓRICAS NO ACUSATIVO O USO VARIÁVEL DAS FORMAS ANAFÓRICAS NO ACUSATIVO VARIABLE USE OF ANAPHORIC FORMS IN ACCUSATIVE Ivelã Pereira * Izete Lehmkuhl Coelho ** Resumo: Este trabalho é resultado de uma pesquisa sociolinguística

Leia mais

Sobre a concordância verbal em sentenças inacusativas do português brasileiro

Sobre a concordância verbal em sentenças inacusativas do português brasileiro Sobre a concordância verbal em sentenças inacusativas do português brasileiro Silvia Helena Lovato do Nascimento Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria - Brasil Resumo Este trabalho investiga

Leia mais

OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO EM UM LIVRO DIDÁTICO: GRAMÁTICA NORMATIVA VS. GRAMÁTICA EXPLICATIVA/GERATIVA

OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO EM UM LIVRO DIDÁTICO: GRAMÁTICA NORMATIVA VS. GRAMÁTICA EXPLICATIVA/GERATIVA OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO EM UM LIVRO DIDÁTICO: GRAMÁTICA NORMATIVA VS. GRAMÁTICA EXPLICATIVA/GERATIVA Jessé Pantoja SERRÃO (G-UFPA) Antônia Fernanda de Souza NOGUEIRA (UFPA) 120 Resumo Este artigo

Leia mais

Introdução. 1O objeto direto anafórico

Introdução. 1O objeto direto anafórico Como os falantes de Feira de Santana BA realizam o objeto direto anafórico? Francieli Motta da Silva Barbosa Nogueira (UFBA) francielimotta@yahoo.com.br Introdução O português brasileiro (PB) tem se mostrado,

Leia mais

A ordem VS em sentenças com verbos não inacusativos em peças cariocas: um estudo diacrônico

A ordem VS em sentenças com verbos não inacusativos em peças cariocas: um estudo diacrônico A ordem VS em sentenças com verbos não inacusativos em peças cariocas: um estudo diacrônico (UERJ)* Resumo Este trabalho tratou de um estudo sobre a ordem verbo-sujeito (VS) em sentenças com verbos não

Leia mais