CAPÍTULO 9 - ILUMINAÇÃO E VISIBILIDADE
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- Otávio Ferreira Leal
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1 209 CAPÍTULO 9 - ILUMINAÇÃO E VISIBILIDADE A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) - constatou que 40 % dos acidentes graves ocorridos em São Paulo aconteceram à noite, apesar de essas viagens diárias representarem apenas 20% do total. Isto significa que o risco de acidente à noite é 3,2 vezes maior. Pesquisas realizadas na Inglaterra em locais que sofreram adoção de melhoramentos da iluminação mostraram uma redução de 47% nos acidentes noturnos envolvendo pedestres e de 20 % nos outros tipos de acidentes. Houve também 46 % de redução nos acidentes fatais e 27% de redução nos acidentes graves. Devido à menor iluminação torna-se difícil para o motorista perceber o pedestre. Quanto ao pedestre, ele tem dificuldade de avaliar a distância e a velocidade com que o veículo se desloca, principalmente quando o motorista utiliza o farolete ao invés da luz baixa exigida pela lei. O Código Nacional de, no artigo 83, inciso XXI, estabelece que os faróis baixos devem ser mantidos acesos entre o por do sol e o amanhecer, contudo muitos motoristas brasileiros não obedecem a esse artigo. A utilização de faróis baixos permite, por outro lado, que os veículos se percebam nos cruzamentos antes de entrarem no campo físico de visualização, o que pode muitas vezes evitar acidentes. Em vias de mais de uma faixa num mesmo sentido, surgem ocasiões em que o motorista deseja mudar de faixa ou fazer conversões e o veículo atrás, na outra faixa, se encontra no ponto cego; estando o farol baixo acesso, o mesmo torna-se perceptível. Em São Paulo, campanhas no rádio e na televisão provocaram um gradativo aumento no uso de farol baixo, tendo subido de 7,7% de carros com faróis ligados em 1984 para 21,5 % em 1987.
2 210 É necessário ser empreendida uma campanha na imprensa que esclareça a importância de utilização do farol baixo. A campanha deve incentivar a regulagem correta dos faróis, bem como a maneira de realizá-la. Deve-se incentivar, ainda, o uso de faróis em outras situações de má visibilidade, como chuvas fortes, neblina e na hora do crepúsculo matutino e vespertino, quando o sol, quase horizontal, provoca ofuscamento da visão dos motoristas que enfrentam o sol e torna quase invisíveis veículos que trafegam em sentido contrário sem terem os faróis acesos. As lombadas, valetas e demais redutores de velocidade, bem como estradas de ferro em nível e faixas de pedestres, devem ser providas de luminárias especiais que permitam a sua melhor visualização. Nas passagens de níveis, quando se instala a luminária após a passagem, os trilhos tornam-se bem mais perceptíveis, como mostra a figura abaixo.
3 211 O uso de uma única luminária, embora instalada de maneira adequada, ainda deixa escuro o fundo contra o qual é difícil perceber o pedestre. A segunda luminária tem a função de criar um fundo claro contra o qual o pedestre possa ser visto pelo motorista.
4 212 Arborização Ruas completamente arborizadas, embora lindas, geram problemas em relação à iluminação, tanto de dia como de noite. Durante o dia causam um contraste entre as áreas de sol e sombra que dificulta a visualização da própria via, sendo necessário podas periódicas nas árvores para minimizar esse fenômeno. À noite, as luminárias muitas vezes ficam acima da copa das árvores. Há, até mesmo, casos em que as luminárias são colocadas dentro da copa das árvores, dando um efeito estético bastante interessante, mas funcionalmente quase nulo. Nesses casos deve-se remanejar as luminárias, alterando inclusive a sua altura, talvez trocando uma luminária alta por duas mais baixas, de menor intensidade e menos espaçadas, como forma de garantir a iluminação da via. Anúncios Luminosos e Propagandas Os anúncios luminosos e holofotes podem confundir e ofuscar os motoristas, principalmente em relação à visualização dos semáforos. O Código Nacional de proíbe o emprego, ao longo das vias terrestres de luzes e inscrições que geram confusão com os sinais de trânsito (artigo 26. parágrafo 2o.) A providência a ser tomada é a eliminação dessa fonte luminosa. Como um paliativo para esse problema, pode-se também utilizar um anteparo para os focos semafóricos. Vias Interrompidas Se a iluminação for contínua, o motorista terá a impressão de que não existe interrupção, o que significa que se deverá estabelecer um sistema de iluminação que não apresente continuidade. No caso de grandes rotatórias, a iluminação deve demarcar bem o perímetro da rotatória. Se as luminárias cortam a ilha, darão a impressão que a via continua pelo meio da rotatória e provocarão acidentes.
5 213
6 214 Iluminação de Curvas Horizontais Luminárias instaladas apenas de um lado da curva, deixa uma visualização correta da mesma. A iluminação do lado externo faz com que se obtenha uma luminância mais uniforme no pavimento Balizamento de Curvas Em curvas difíceis de serem percebidas com antecedência podem ser utilizadas placas de demarcação do tipo balizador, pintadas com tinta refletiva, tendo fundo amarelo e seta preta.
7 215 Esquinas Pesquisas realizadas por Rackoff (Driver visual needs in night driving - Special Report, 156) revelam que, à noite, o motorista dirige olhando um pouco à esquerda e mais abaixo do que o faz durante o dia. Além disso, procura indicações da existência de esquinas, explorando o seu campo visual além do alcance dos faróis, ao olhar à direita, à esquerda e adiante. É preferível que as luminárias estejam instaladas depois da intersecção, do lado direito da via. Ao se criar uma região mais iluminada depois do cruzamento, os objetos podem ser vistos por contraste contra o fundo claro.
8 216
9 217 Para chamar a atenção dos motoristas para a descontinuidade da via, é recomendável que o espaçamento entre as luminárias seja reduzido nesses locais, de modo a aumentar o nível de luminância da área da intersecção. Por esse motivo é importante promover o deslocamento de luminárias que estejam situadas muito longe da área do cruzamento, como mostrado ao lado. De qualquer forma, a luminária nunca deveria ser instalada no centro do cruzamento, já que sua presença leva à existência de uma faixa luminosa na intersecção, que pode mascarar o que ocorre do outro lado, como por exemplo, a travessia de um pedestre.
10 218 Escuridão Longos trechos da malha viária urbana são desprovidos de iluminação pública, muitas vezes por não se julgar necessária tal melhoria, outras vezes por questões de prioridade no atendimento às solicitações. Na verdade, dotar todas as ruas da cidade de iluminação pública é tecnicamente dispensável e economicamente inviável. Sempre existirão, no entanto, locais que devem ser iluminados, como única forma razoável de garantir a segurança de trânsito. Um caso típico, ainda que raro, é mostrado na figura ao lado. O declive não permite que os faróis dos veículos iluminem adequadamente a intersecção, de modo que a descontinuidade da via possa ser percebida a tempo. A segurança do local pode ser garantida com a instalação de uma simples luminária próxima à intersecção. Recomenda-se, ainda, a adoção da sinalização conveniente e de guardrails, como na figura ao lado.
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