OS MAGOS NA ARTE OCIDENTAL: O IMAGINÁRIO MEDIEVAL NA AMÉRICA PORTUGUESA
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- Heitor Neiva Lage
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1 OS MAGOS NA ARTE OCIDENTAL: O IMAGINÁRIO MEDIEVAL NA AMÉRICA PORTUGUESA Jacqueline Rodrigues Antonio Profª Drª Sandra de Cássia Araújo Pelegrini (UEM) Resumo: Esta comunicação de pesquisa visa à compreensão da construção das imagens dos Reis Magos, criadas e recriadas desde os primórdios do cristianismo, e tem um foco, concomitante às transformações do imaginário social, entre os séculos XIII e XIV, sendo, dessa forma, um dos elementos da cultura artística e da cultura popular no medievo que resistiu ao tempo e chegou à contemporaneidade, como visto nos presépios a cada natal, nas folias de reis e nas pinturas ainda reverenciadas, e também, no dia 06 de janeiro, o Dia dos Reis, persistir em ser considerado feriado em muitos países, como Portugal. Nesse sentido, analisaremos o retábulo atribuído ao Jesuíta Belchior Paulo ( ) e incorporado à Igreja e Residência dos Reis Magos, na ocasião do termino do altar-mor da Igreja, no ano de 1702, em Nova Almeida (antiga Aldeia dos Magos) no município de Serra, no Espírito Santo e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em Para tanto, será necessário: identificarmos as características estéticas da obra selecionada para análise e efetuar uma interpretação comparativa sobre as transformações e ressignificações figurativas dos referidos tomando como fonte principal a obra que se encontra na igreja; e também, analisarmos os distintos contextos históricos, artísticos e sociais que se dão tais transformações imagéticas. Palavras-chave: Arte e História; Memória e Identidade; Patrimônio Cultural Financiamento: CAPES 1592
2 Introdução Para este trabalho proponho começar com o percurso histórico pelas imagens dos Magos, para que, dessa forma, identifique as influências desses Magos na formação de seu imaginário na cultura brasileira que estão refletidas na obra de Belchior Paulo, na Igreja e Residência dos Reis Magos, no Espírito Santo. Durante a Idade Média é possível observar que houve diversas mudanças nas representações dos Reis Magos. Duas dessas modificações são dignas de serem ressaltadas: a primeira é a passagem de simples Magos para Reis Magos, marcados pelo uso da coroa, e a segunda é que cada Rei Mago passa a representar uma etnia conhecida, no caso da Baixa Idade Média, um dos Magos passa a ser posto como negro. Quando o jesuíta Belchior Paulo foi incumbido de decorar as igrejas na América Portuguesa no início da colonização, ele trazia consigo toda essa carga cultural na representação dos Reis Magos, dos quais ficaram evidenciadas na obra da igreja capixaba, hoje tombada pelo IPHAN. Além dessas duas modificações importantes na imagem dos Reis Magos, também estão contidas as influências de seus contextos (histórico, artístico e social) que se refletem, para o historiador das imagens, nos simbolismos de suas pinturas. Dessa forma, a segunda parte deste trabalho se dedica a alguns desses simbolismos presentes na cultura brasileira dos Reis Magos elucubradas na imagem produzida no Brasil Colonial e chegando aos presépios hoje produzidos. Dessa maneira, no contexto do século XVI e XVII, é evidenciado, por parte dos jesuítas, um apreço pela devoção aos Reis Magos, uma vez que a região em que se instalaram, no atual estado do Espírito Santo, por muito tempo ficou conhecido como Aldeia dos Reis Magos, e o rio que corta o município de Serra, até hoje, recebe o nome de Reis Magos. Dessa forma, a Igreja ali erguida tornou-se o lugar ideal para acolher a obra prima do maneirismo em terras tupiniquins em homenagem aos Reis Magos canônicos. 1593
3 A formação do imaginário dos reis magos na cultura brasileira A região em que se encontra a Igreja e Residência dos Reis Magos, em seus primórdios, era conhecida como Aldeia dos Reis Magos, atualmente é um distrito de Serra, Nova Almeida, no estado do Espírito Santo. Em mapas do século XVI e XVII é possível visualizar a área nomeada como Reis Magos. Abaixo se encontra o recorte de um mapa do século XVII que evidência a costa da América Portuguesa, destacando aqui a capitania do Espírito Santo. Figura 1 Recorte de: Imagem Nova e Precisa do Brasil Inteiro, Joan Blaeu ( ), 1680, Biblioteca Nacional do Brasil. Fonte: Disponível em: < Acessado em 16 jul É possível visualizar a localização da Aldeia dos Reis Magos e também um rio de mesmo nome, do qual permanece assim até os dias atuais. Dessa forma, a formação dos Reis Magos em nossa cultura popular é anterior á chegada dos portugueses, portanto, é necessário conhecer o percurso da cultura popular ocidental a respeito dos Magos. Na Europa há uma devoção aos Reis Magos desde a antiguidade. Inicialmente os Magos são visualizados no livro canônico 1 de Mateus, especificamente no capítulo 2, entre os versículos 1 e 12, do qual os referenciam como simples Magos que, guiados por uma estrela, foram ao encontro do reis dos judeus. A partir desde único fragmento encontrado na 1 Os livros para serem considerados canônicos, ou seja, oficiais passavam por alguns fatores para a sua conservação e aceitação, dentre eles, terem a origem apostólica, real ou putativa; a importância das comunidades cristãs destinatárias; conformidade com a regra de fé e guiado pelo Espírito (BROWN, 2004). O primeiro evangelho canônico é o de Marcos, escrito entre os anos 60 e 70 d.c. 1594
4 Bíblica canônica foi palco para inúmeras interpretações dentro de uma cultura popular. Com as fontes acerca dessas mudanças na sua significação, os Magos são vistos enquanto história da prática sobre eles e não a teologia construída em volta deles. Como já evidenciado na introdução, houve duas transformações significativas no imaginário 2 dos Magos que constituíram a formação da cultura popular dos Reis Magos no Brasil: a primeira é a passagem de simples magos para reis e a segunda a inclusão de um mago negro, tanto nas representações visuais, como na cultura popular. Para tanto será utilizado o recurso imagético para melhor visualização de tais. Abaixo observamos um mosaico 3 de Santo Apollinare Nuovo, em Ravena. Este é datado do século VI e já consta os nomes pelo os quais os Magos ficaram conhecidos: Baltazar, Belchior (ou Melchior) e Gaspar. Também notamos nesta imagem algo estranho a nós, a ausência das coroas. Figura 2 Adoração dos Magos, século VI, Santo Apolinário, o Novo. Fonte: (HILDESHEIM, 2004, p. 74) Neste é um período que ainda a devoção aos Magos não estava relacionada à realeza e também não havia problema de associar os Magos à magia. Sabendo que a imagem clareia o texto e o texto ajudar a compreender a imagem (DUPRAT, 2007), isto é visualizado na leitura dos livros apócrifos 4 2 Le Goff (1994) o divide em três referências. A primeira evidencia a representação, o simbólico e o ideológico. A segunda referência diz respeito aos documentos em si, pois o imaginário do escrito é diferente dos demais, como a palavra, o monumento ou a imagem. Como terceira referência está às imagens, algo que é distinto das representações e das ideologias. As imagens são concretas e estas pertencem à iconografia. 3 É uma técnica que consiste em embutir pequenas peças, em especial, de pedra, para preencher um plano formando um desenho. É utilizada como decorativa desde a Antiguidade. 4 Vemos que na teologia católica, apócrifos são os textos não-canônicos, é aquilo que está oculto, pois a maioria desses livros era usada por pessoas e comunidades de forma escondida. Na teologia evangélica são chamados de pseudepígrafos, falsos escritos 1595
5 como o Proto-Evangelho de Santiago, o Evangelho do Pseudo Mateus e Evangelho Árabe da Infância. Neste último é ressaltado que eles vieram através de uma previsão de Zaratrusta. Assim, notamos a frequência dos Magos relacionados às crenças secretas e magia, com a astronomia e astrologia, e também ao poder de interpretar sonhos. Houve nas Escrituras Sagradas Cristãs outras passagens relacionadas a magos, como o caso do livro dos Números que cita o Mago Balaão, que obedeceu em tudo a vontade do Deus Javé (BROWN, 2005). Encaminhando para o fim da Idade Média, o que predomina são as imagens dos Magos como Reis, abaixo há um afresco 5, A Adoração dos Reis Magos, pintada entre 1303 e 1305, se localiza na Capela Arena, em Pádua, sendo parte da série que tem como tema: A História da vida e da Paixão de Jesus Cristo. Figura 3 Adoração dos Reis Magos, Giotto, Capela Arena. Fonte: (HILDESHEIM, 2004, p ) Nesta imagem é visualizado o uso das coroas e também de halos ou auréolas que fazem deles santos. Enquanto os Magos como Reis, indicados pelo uso de coroas, são próprios do reinado de Otto II, imperador do Sacro Império Romano, próximo ao século IX. Coroas passaram a ser adotadas para atribuídos a pessoa de notável autoridade na tradição. [Mas,] entre os evangélicos, o termo apócrifo começa a ser utilizado para designar também todos os livros que não entraram na Bíblia canônica. (FARIA, 2009: 29-30) Ou seja, os sete livros (Tobias, Judite, I e II Macabeus, Baruc, Sabedoria e Eclesiástico) que estão na Bíblia católica e não se encontra na Bíblia Evangélica ou Protestante. Para este trabalho será utilizado apócrifo no primeiro sentido acima citado. 5 Técnica de pintura utilizada para obras em paredes. Numa superfície em que a argamassa ainda está fresca (por isso o nome), o autor da pintura em questão, utiliza pigmentos em pó diluídos em água para o esboço, assim as cores penetram na parede e torna-se parte dela, mas por secar rapidamente, o artista não tem como fazer correções. Resulta numa maior durabilidade quando a região tem o clima seco, pois a umidade pode ocasionar rachaduras. A base de gesso ou nata de cal, ainda úmida, é utilizada atualmente para confecções de murais. 1596
6 retratar os Magos a partir do reinado de Otto II com seu Sacro Império Romano. A cena da adoração dos Reis Magos foi propícia para elevar o seu poder. (RUSSO, 1996). Já a questão da santificação dada aos Magos ocorreu, em especial, durante o século XII, através de longas peregrinações motivadas pelo culto das supostas relíquias atribuídas aos Magos, até sua chegada à Colônia, norte da Alemanha, e construção da Igreja em honra a estes personagens (VARAZZE, 2006). Ao se aproximar da Idade Moderna houve outra mudança, um dos Magos passa a ser representado negro, como na imagem encontrada na Igreja e Residência dos Reis Magos. Figura 4 Adoração dos Reis Magos, Belchior Paulo, Igreja dos Reis Magos, Nova Almeida, ES. Fonte: Disponível em: Acessado em: 26 dez Nesta imagem é vista como os Magos são visualizados no imaginário popular brasileiro. Um Mago negro é visto no livro de João de Hildesheim, O livro dos Magos, no momento que cita os três Magos como pertencente a cada nacionalidade, e como Mago negro o Melchior. As nacionalidades mencionadas neste livro que corresponde a cada Mago são: Melchior, da primeira Índia, vem da Núbia e dos Árabes. Baltazar, na segunda Índia, de Godolias e Sabá. E Gaspar, sendo da terceira Índia, de Társis e ilha Egriseula. Dessa forma, a cultura dos Magos foi formada e trazida pelos jesuítas, como Belchior Paulo, e consigo a devoção a estes personagens, sendo incorporado na tradição dos presépios, com a também Festa de Santos Reis comemorado todo dia 06 de janeiro com a Folia de Reis. 1597
7 Os reis magos e seus simbolismos: a influência de seus contextos Ao pensar como algo tão presente em nossa vida cotidiana como são os Reis Magos, que tem em si todo um simbolismo e relevância que foi incorporando à cultura popular, assim, vem desde a antiguidade se moldando as sociedades que os aderiram e é neste processo que o historiador vê um terreno fértil para os estudos culturais. Porém, para este tema é importante que se volte para o medievo, que é visualizado os primórdios dos presépios, em Francisco de Assis, e também da instituição dos Magos, ficando registrados, não só em textos sobre a vida dos Santos, mas em especial, nas imagens produzidas, que para o historiador da cultura é uma evidência visual que se torna uma evidência histórica. Estudar as representações da adoração dos Reis Magos faz com que o historiador analise como a sociedade pensava a sua realidade, refletindo, assim, o seu imaginário, seja no medievo, seja no Brasil, não significando que represente como era o período, mas como eles se pensavam através daqueles personagens e quais mentalidades estavam sendo construídas e propagadas. Voltando ao mosaico apresentado na primeira parte, percebemos que os Magos estão trajando roupas exóticas, muito coloridas e estampadas, uma alusão ao imaginário popular construído do Oriente, local que é reconhecido como origem dos Magos desde a literatura canônica. As estampas indicam conjuntos de estrelas, lembrando que a estrela é um símbolo dos Magos, por associarem à astronomia e também pelo jeito que narrativa bíblica os tratam. Ao olharmos de perto as cores 6 visualizadas as que predominam são azul, verde, vermelho e o branco. Fazendo uma pesquisa sobre essas cores, percebemos que a teologia auxilia em tal. Assim, o verde representa a cor dos eleitos, o que mais apropriada para a mensagem sobre esses personagens. O azul é associado ao céu, que é o símbolo da morada de Deus, de sua transcendência, já o vermelho, muitas vezes ligado aos pecados, é a cor da realeza, como também simboliza o amor misericordioso e o branco é a 6 O hebraico não tem designações propriamente ditas para as cores, mas as toma pelas coisas com cores características (LURKER, 1993, p. 69). Lembrando que o cristianismo é de origem hebraica. Em virtude de considerações meramente pictóricas, o emprego da simbologia das cores na pintura cristã pode-se constatar com alguma regularidade em determinadas pessoas (LURKER, 1993, p. 70). Como Cristo e Maria. 1598
8 representação da alegria e festividade, como também a pureza perfeita e a inocência. (LURKER, 1993); (HEINZ-MOHR, 1994). Entre os séculos XIII e XIV os Magos em adoração são Reis, demonstrando que isto influenciou na transformação do imaginário popular ocorrida desde os Magos de Ravena. Assim, diversos artistas passam a os retratarem dessa maneira, porém, sempre em vista a questão da originalidade de sua obra, pois se trata de um período que o artífice, denominação da ocasião para artista, recebe destaque social. Voltando ao quadro de Giotto da primeira parte, o elemento diferencial por excelência desta obra é halo ou auréola, este vem num momento propício para a história da trajetória dos Reis Magos, pois o quadro analisado foi confeccionado poucos anos depois que ocorreu a transladação das relíquias, consideradas dos Magos, do Oriente para a Europa, que, depois de uma estadia em Milão, foi fixada em Colônia, local que se encontra atualmente (VARAZZE, 2006). Dessa forma, conferindo uma nova mudança na construção do seu imaginário, agora são Santos Reis Magos. O halo ou auréola presente nos Magos originalmente não é símbolo cristão, vem da Ásia, e representa o sol e a coroa do rei visto na arte helênica nas figuras dos deuses. Com o advento da Idade Média tornou-se item de personagens considerados santos, algo que já fazia anteriormente com Jesus e Maria. Assim, neste momento os Magos são colocados neste hall. Já o uso das coroas, os Magos serem reis, desde religiões mais antigas, o rei é o deus visível, e também o representante do deus. Na Idade Média o rei era o representante de Cristo e receber a coroa significava receber o feudo de Cristo (LURKER, 1993); (HEINZ-MOHR, 1994). Já a questão vista no quadro de Belchior Paulo, do negro ou mouro, na arte cristã está relacionado a reinos (Rainha de Sabá em Reis), a quem busca a Cristo (Filipe em Atos dos Apóstolos) e também a santos e mártires. Um dos Magos sendo um negro encontra-se neste contexto de simbolismo, de um sábio representante da África (HEINZ-MOHR, 1994). Portanto, isso denota uma saída da visão europeia da imagem dos Magos, assim já é visualizado em obras de artistas contemporâneos à Giotto compondo os Magos com um Negro ou Mouro entre eles. E com a expansão marítima, e certa globalização, é cada vez mais enraizada essa proposta, ao 1599
9 ponto de ter, no mesmo período desta obra da América Portuguesa, outro quadro em Portugal com um dos Magos sendo um Índio do além-mar. Atualmente os Magos são pintados com vestimentas de diversas regiões do Brasil e também de distintas profissões. Em todas as imagens há uma estrela (no quadro de Belchior Paulo é representada nas roupas dos Magos), a sua presença para os Magos foi o sinal do nascimento de um rei, e ela, posteriormente, fica sobre a casa em que se encontrava o menino e a mãe. A simbologia em torno da estrela da narrativa mateana tem algumas considerações: o apócrifo Evangelho Árabe da Infância defende a ideia de ser um anjo; já Jacopo Varazze ( ) em sua Legenda Aurea expõe que não é qualquer estrela, pois essa se difere por três motivos das demais estrelas, em localização, brilho e movimento, e ainda apresenta seu significado, que fica evidente no momento em que ele mostra a estrela com cinco definições: material, espiritual, intelectual, racional e suprasubstancial 7. Com isso há a possibilidade de unir todos esses detalhes, fazendo a leitura desse código cultural, deciframos o que os Magos estão significando e representando para essa sociedade, o que refletiu na difusão dessas imagens, em especial, na política de propagação da religião empreitada pelos jesuítas, como no caso brasileiro. Dessa forma, todos esses detalhes indicam que a pretensão aqui era evidenciar os Magos perseguindo a estrela para entregar os seus presentes para o rei, do qual esperavam nascer, segundo a Tradição Cristã 8. Numa política de catequização dos índios está imagem acaba se tornando importante para a transmissão da religião cristã por conta de um porto em comum, os Magos também eram estrangeiros. 7 Ao comparar com Brown (2005), um teólogo atual que apresenta sobre a questão dos Magos, e consequentemente da estrela, ele expõe que a relação dos Magos com a estrela é explicado pela sua afinidade à astronomia e astrologia. Há vários relatos que relaciona fenômenos astronômicos com as grandes personalidades, como no caso de Eneida, em que uma estrela guiou Enéias a Roma. A estrela também era associada ao nascimento de pessoas de grande influência para a sociedade na qual nasceu, pois havia uma crença de que quando essa pessoa nascia uma estrela também nascia, e quando morria, esta morria junto com a pessoa. Na perspectiva que os Magos eram astrólogos, uma super-nova, que é uma estrela nascente, teriam levado a eles associarem com o nascimento de um rei. 8 Mt 2,
10 Considerações finais Neste artigo apresentei as influências da cultura popular europeia dos Reis Magos na cultura popular brasileira destes personagens, para tanto foi feito um histórico com base em elementos produzidos através de referências públicas, as imagens e a literatura da antiguidade e medieval. No Brasil a influência é refletida pela escolha do nome da região em que se erguiu uma igreja em honra a estes personagens, como também a nomeação do rio, do qual permanece até hoje. Quanto aos simbolismos, vemos os elementos que com o tempo foram naturalizados, fazem parte de uma construção histórica com base no contexto, tanto social como artístico e teológico (por se tratar de personagens religiosos). Na edificação desse imaginário, vista a partir do quadro presente na Igreja e Residência dos Reis Magos está muito além das heranças religiosas e assume um caráter cultural para o Brasil que perpassa o período colonial e chega aos dias atuais. Referências Bibliográficas BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, BROWN, Raymond E. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, DUPRAT, Annie. Images et Histoire. Paris: Berlin, FARIA, Jacir de Freitas. Apócrifos aberrantes, complementares e cristianismos alternativos: poder e heresias! introdução crítica e histórica à Bíblia Apócrifa do Segundo Testamento. Petrópolis, RJ: Vozes, HEINZ-MOHR, Gerd. Dicionário dos Símbolos: Imagens e sinais da arte Cristã. São Paulo: Paulus, HILDESHEIM, João de. O livro dos Magos. Milão: Lucerna, LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. In: Enciclopédia Einaudi. (Dir. Ruggiero Romano) v.1 Memória/História. Porto: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, O Imaginário Medieval. Lisboa: Estampa, LURKER, Manfred. Dicionário de Figuras e Símbolos Bíblicos. São Paulo: Paulus,
11 RUSSO, Daniel. Les représentations mariales dans l art d Occident Essai sur la formation d une tradition iconographique. In: IOGNA-PRAT, Dominique; PALAZZO, Éric; RUSSO, Daniel. Marie: lê culte de la vierge dans la societé médiévale. Paris: Beauchesne, VARAZZE, Jacopo de. Legenda Áurea: vidas de santos. São Paulo: Companhia das Letras,
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