AVES DE QUIXABA: UMA PEQUENA AMOSTRA
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- Herman Santarém do Amaral
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1 VOLUME 1; EDIÇÃO 1; RECIFE, 04 de Julho de AVES DE QUIXABA: UMA PEQUENA AMOSTRA Por Maurício Dália Neto Discente da disciplina Ecologia Geral II Curso de Ciências Biológicas ênfase Ciências Ambientais da UFPE, sob coordenação do prof. Gilberto Rodrigues Quixaba é um município do interior de Pernambuco, cerca de 330 Km de Recife, caracterizada pelo seu clima seco e vegetação original denominada: Caatinga. Situada na microrregião do Pajeú, possui habitantes do qual basicamente vivem do comércio, da agricultura e criação de galinhas. Essa região possui uma altitude de 543m em relação ao nível do mar, tornando-a úmida e fria em períodos de inverno e resistindo a degradação da mata original devido ao modo peculiar que é manejada (Fig. 1). Esse fato faz com que a presença da fauna seja mais evidente ao contrário do que vem sendo observado em regiões mais degradadas do Sertão Pernambucano. Devido a isso, essa microrregião torna-se importante para a preservação e da biodiversidade e conservação dos ecossistemas. A biodiversidade (animais, plantas e micro organismos) possui um papel importante para os serviços ecossistêmicos, como a dispersão de sementes, polinização, entre outros - fatores dos quais a biota não sobreviveriam sem. Entende-la e compreender suas funções é de grande importância para aprendermos a conciliar as ações degradantes do homem e a preservação do meio ambiente, a relação homem/sociedade-natureza. Fig. 1 - Microrregião do Pajeú Uma forma de entender a complexidade da biodiversidade é fazer inventários e identificação das espécies das regiões postas em questão, pois se podem evidenciar espécies que ocorrem apenas nessa região (podendo ser endêmicas que unicamente em uma determinada área), tornando-a uma espécie com risco de entrar em extinção. Para isto, foi feito em algumas áreas de Quixaba o registro e a identificação de algumas espécies de aves, propondo mais estudos para entender mais a biologia das mesmas. Em três dias de observação (de 4 a 7 de Julho de 2013), com o uso de máquina fotográfica (objetiva 300mm), foram registradas 24 espécies de 14 famílias diferentes de aves (Quadro 1). Porém, muitas outras espécies não foram adicionadas aos registros devido à falta de informações adequadas para a identificação. Fotos do autor.
2 Quadro 1 Registro de aves realizado ao extremo norte do Estado de Pernambuco (Município de Quixaba) em Julho de Família Nome científico Nome vulgar Accipitridae Rupornis magnirostris Gavião-carijó Egretta thula Garça-branca-pequena Ardeidae Ardea alba Garça-branca-grande Bubulcus ibis Garça-branca-vaqueira Cathartes burrovianus Urubu-cabeça-amarela Cathartidae Cathartes aura Urubu-cabeça-vermelha Charadriidae Vanellus chilensis Quero-quero Corebidae Coereba flaveola Cambacica Columba livia Pombo-doméstico Columbidae Columbina picui Rolinha-picuí Columbina talpacoti Rolinha-roxa Sporophila albogularis Golinho Emberezidae Volatinia jacarina Tiziu Falconidae Caracara plancus Carcará Fringillidae Euphonia violacea Gaturamo-verdadeiro Pseudoseisura cristata Casaca-de-couro Furnariidae Furnarius leucopus Casaca-de-couro-amarelo Icteridae Agelaioides fringillarius Asa-de-telha-pálido Psittacidae Forpus xanthopterygius Tuim Paroaria dominicana Cardeal-do-norte Thraupidae Tangara sayaca Sanhaçu-cinzento Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Arundinicola leucocephala Freirinha Tyranidae Fluvicola nengeta Lavadeira-mascarada Camptostoma obsoletum Risadinha Durante a expedição foram observadas muitas gaiolas nas residências dos moradores de Quixaba (Fig. 2). A captura de animais silvestres pode causar a diminuição de espécies e consequentemente afetar a biodiversidade das matas dessa região. Essa observação pode ser de grande valor para os moradores de Quixaba, pois a conservação das aves pode proporcionar uma melhor dispersão de sementes de plantas nativas da região, fator crucial para a conservação da natureza, até mesmo o incentivo ao turismo. Sendo essa região apresenta um potencial ao turismo regional e nacional, tornando-a, um local especial para a visita de observadores de aves; admiradores da natureza e da biodiversidade. Inúmeras ações podem ser realizadas na região, como a educação ambiental. Essa pode ser o melhor modo de conscientizar e mostrar aos moradores de Quixaba como aproveitar melhor a biodiversidade do local onde moram. Outro modo é desestruturar o comércio de gaiolas (Fig. 3), oferecendo alternativas de lazer e/ou renda, sendo que esse comércio pode ser o principal propulsor do aprisionamento das aves. Apesar de ser algo delicado, pois envolve toda uma cultura da região, é fato que a criação de animais em cativeiro gera uma fonte de renda para alguns comerciantes. Com isso, é necessária a troca desse comércio por práticas mais sustentáveis no uso da biodiversidade como fonte de renda. Fig. 3 Comércio/venda de gaiolas (Anúncio: Gaiolaria: gaiolas em Geral). Tomas Sigrist, Avifauna Brasileira: The avis brasilis field guide to the birds of Brazil, 1ª edição, São Paulo: Editora Avis Brasilis, ALGUMAS DICAS: - Evitar o desmatamento e principalmente o plantio de espécies exóticas; - Não capturar aves e outros animais; - Identificar áreas onde é possível uma boa visualização das aves e estabelecer pontos de observação para tornar um possível atrativo ao turismo; - Sempre incentivar a preservação dos recursos naturais, das plantas e dos animais; Fig. 2 - Golinho, engaiolado Baseado na INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 191, de 24 de setembro de 2008 que dispõe sobre o uso e conservação do licuri - Syagrus coronata.
3 Nome popular: Casaca-de-couro Nome científico: Pseudoseisura cristata Família: Furnariidae Descrição: Mede cerca de 30 cm de comprimento. Apresenta plumagem ruiva uniforme, íris amarela e um longo topete. Onívoros que vivem principalmente no alto das árvores, indo eventualmente ao solo para se alimentar. Habita a caatinga seca e florestas de galeria, freqüentemente em áreas pantanosas. É endêmico do Nordeste, ocorrendo nos estados da Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Piauí. Nome popular: Casaca-de-couro Nome científico: Volatinia jacarina Família: Emberizidae Descrição: Tem cerca de 10 centímetros de comprimento. O macho é todo preto com brilho azul-metálico, exceto por uma pequena mancha branca na parte inferior das asas. Estes pequenos pássaros são vistos com grande freqüência, geralmente aos pares, em áreas alteradas, descampados, savanas, campos e capoeiras baixas da América do Sul, exceto no extremo sul. Presente em todo o Brasil e também do México ao Panamá e em todos os países da América do Sul. Nome popular: Rolinha-roxa Nome científico: Columbina talpacoti Família: Columbidae Descrição: Medem 17 centímetros de comprimento e pesam 47 gramas. O macho, com penas marrons avermelhadas, cor dominante no corpo do adulto, em contraste com a cabeça, cinza azulada. Adaptase aos ambientes artificiais criados pela ação humana. Vive em áreas abertas; o desmatamento facilitou sua expansão, em especial nas áreas formadas para pasto ou agricultura de grãos. Ocorre em todo o Brasil, porém raramente vista em áreas densamente florestadas da Amazônia.
4 Nome popular: Rolinha-picui Nome científico: Columbina picui Família: Columbidae Descrição: No nordeste, a plumagem é toda branca, vindo daí um dos nomes comuns. No Pantanal, domina um tom pardo-amarronzado. Na asa, a listra escura (iridescente, sob ótimas condições de luz) é característica. É comum em regiões semiabertas, capoeiras, beiras de matas mesófilas, matas secas, cerrados, plantações, campos e pastos sujos. Apresenta uma ampla distribuição no Brasil Centro-Meridional. Nome popular: Cardeal-do-nordeste Nome científico: Paroaria dominicana Família: Thraupidae Descrição: É conhecido também como galo-dacampina, cabeça-de-fita e cabeça-vermelha. Mede cerca de 18cm. Plumagem de cabeça vermelha, curta e ereta, sobretudo na nuca do macho. Habita mata baixa rala e bem ensolarada (caatinga); beira de rios (cerrado). Um dos pássaros mais típicos do interior do Nordeste do Brasil. É uma das espécies que mais paga pesado tributo ao comércio ilegal de aves silvestres. Nome popular: Sanhaçu-cinzento Nome científico: Tangara sayaca Família: Thraupidae Descrição: Com tamanho aproximado de 18 centímetros e 42 gramas de peso (macho), tem o corpo cinzento, ligeiramente azulado, com as partes inferiores um pouco mais claras. Quando um macho apronta-se para agredir outro, seu canto torna-se rouco e monótono. Também é visto junto com outra espécie de sua família, como o sanhaçu-docoqueiro, cujo canto é bem parecido. Ocorre nas regiões tropicais e subtropicais ao sul da Amazônia e a leste dos Andes.
5 Nome popular: Gaturamo-verdadeiro Nome científico: Euphonia violacea Família: Fringillidae Descrição: O gaturamo-verdadeiro mede entre 11 e 12cm e pesam cerca de 15g (macho). A espécie apresenta dimorfismo sexual. É comum em bordas de florestas, florestas de galeria, clareiras, jardins, plantações de cacau e citrinos, fruteiras em plantações, árvores densas em parques, evitando áreas abertas mais áridas. Encontrados na Amazônia brasileira, no Nordeste e em direção sul até o Rio Grande do Sul. Encontrado também nas Guianas, Venezuela, Paraguai e Argentina. Nome popular: Cambacica Nome científico: Coereba flaveola Família: Corebidae Descrição: Mede aproximadamente 10,8 centímetros e pesa cerca de 10 gramas. Vive solitária ou aos pares e é bastante ativa. Toma banho muitas vezes, por causa do contato com o néctar pegajoso. Seu canto é relativamente forte, simples e monótono, e emitido incansavelmente. Ocorre em quase todas as regiões do país, podendo estar ausente de regiões extensivamente florestadas. É encontrada desde o México, e em todos os países da América do Sul, com exceção do Chile. Nome popular: Golinho Nome científico: Sporophila albogularis Família: Emberezidae Descrição: Mede cerca de 10 cm. de comprimento. O macho possui a cabeça enegrecida e o restante das partes superiores cinza, a garganta branca, cuja tonalidade estende-se para cima, formando um colar incompleto na nuca, a fêmea e os filhotes são marrom-acinzentados nas partes superiores e amarelo-esbranquiçados nas inferiores. Encontra-se em todo o nordeste, excepcionalmente no norte do Espírito Santo e Minas Gerais.
6 Nome popular: Casaca-de-couro-amarelo Nome científico: Furnarius leucopus Família: Furnariidae Descrição: Mede de 16,5 a 19 cm de comprimento. Um pouco menor do que o joão-de-barro(furnarius rufus), possui o mesmo formato de corpo e proporções gerais. É muito comum em paisagens abertas - como campos, cerrados, pastagens, áreas agrícolas e florestas de galeria. Vive solitário ou aos pares, andando no chão. Vive nas áreas abertas da Região Amazônica, Mato Grosso, Goiás, Região Nordeste e Minas Gerais. Encontrado também na Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Nome popular: Asa-de-telha-pálido Nome científico: Agelaioides fringillarius Família: Icteridae Descrição: Mede cerca de 18 centímetros é também conhecido no Nordeste por cajaca e casaca-decouro. É uma ave parasita e tem hábitos bem parecidos com os da espécie vira-bosta. Nome popular: Tuim Nome científico: Forpus xanthopterygius Família: Psittacidae Descrição: É a menor ave da família dos papagaios e periquitos no Brasil, com o corpo todo verde, um pouco mais escuro nas costas mede 12 centímetros e pesa em media 26 gramas. Vivem em bandos de até 20 e sempre que pousam, se agrupam em casais. Habitam as bordas das mata ribeirinha, mata seca e cerrados. Muito ativos, deslocam-se por grandes áreas, sempre com gritos de contato. Ocorre no nordeste, leste e sul do Brasil até o Paraguai e Bolívia, também no alto Amazonas até o Peru e a Colômbia.
7 Nome popular: Lavadeira-mascarada Nome científico: Fluvicola nengeta Família: Tyrannidae Descrição: Mede cerca de 16 centímetros de comprimento. Seu habitat é, preferencialmente, junto a rios ou lagoas. Podendo ser encontrada em parques e jardins em centros urbanos. Vem frequentemente ao chão, mesmo barrento, em busca de alimento. É ave de espaços abertos. A distribuição desta ave é curiosa, pois existem duas populações muito distantes, uma no leste brasileiro e outra no noroeste da América do Sul. Nome popular: Garça-branca-pequena Nome científico: Egretta thula Família: Ardeidae Descrição: Mede de 51 a 61 centímetros de comprimento e apresenta grandes egretes no período reprodutivo. Habita bordas de lagos, rios, banhados e à beira - mar. Comum em manguezais, estuários e poças de lama na costa, sendo menos numerosa em pântanos e poças de água doce. Vivem em grupos e migram em pequenas distâncias para dormir. Todo o Brasil e desde o sul dos Estados Unidos e Antilhas à quase totalidade da América do Sul. Nome popular: Risadinha Nome científico: Camptostoma obsoletum Família: Turannidae Descrição: Também conhecido como alegrinho, assovia-cachorro, miudinho (Pernambuco) e papamosquito, mede cerca de 9,5 centímetros. Está sempre movimentando-se bastante, desde a copa das árvores mais destacadas até próximo ao chão. Aprender a identificá-lo bem auxilia no encontro das outras espécies de tiranídeos pequenos, parecidas no formato, cores ou que possuem cantos próximos. Além do tamanho e comportamento, característica marcante é o canto.
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