Desenvolvimento de Aplicações Web Acessíveis
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- Cármen Galvão Varejão
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1 Desenvolvimento de Aplicações Web Acessíveis Lucinéia Souza Maia, Marcelo A. Santos Turine, Débora M. Barroso Paiva Departamento de Computação e Estatística Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) Caixa Postal Campo Grande MS Brasil {lucineiamaia, turine, debora}@dct.ufms.br Abstract. The use of Internet has become common due to diversity of services and quick access to information. However, people with different disabilities face problems of web content accessibility. This subject has motivated researches to improve quality of access to content for any user. In this work we are investigating activities introduced in development process of web applications for ensure the accessibility. Additionally, we intend to adapt the Pantaneiro framework to support development of applications regarding elements of the model. Resumo. O uso da Internet é cada vez maior devido à diversidade de serviços oferecidos e ao rápido acesso às informações. Porém, pessoas com deficiência enfrentam problemas de acessibilidade ao conteúdo Web. Tal contexto tem motivado pesquisas computacionais para melhorar a qualidade de acesso ao conteúdo Web para todos os usuários. Neste trabalho, são propostas atividades a serem inseridas no processo de desenvolvimento de aplicações Web para garantir a acessibilidade. Pretende-se adaptar o framework Pantaneiro a fim de facilitar o desenvolvimento e a instanciação de novas aplicações. 1. Caracterização do Problema O crescimento da Internet, impulsionado pela popularização dos computadores pessoais, pelos serviços oferecidos na Web e pelas várias formas e locais de acesso, tem impactado na rotina em que as pessoas realizam seus trabalhos, estudos, negócios e entretenimento. Porém, esta tecnologia não pode atingir todo seu potencial se projetistas e desenvolvedores não seguirem as regras e recomendações de acessibilidade Web. Problemas de acessibilidade no conteúdo Web provocam a exclusão de pessoas com deficiência, pessoas com limitação física momentânea, idosos, usuários que possuem hardware e/ou incompatível com o desejado pela aplicação Web, pessoas com conexão de acesso a Internet lenta, dentre outras coisas. A acessibilidade Web permite reunir diferentes necessidades, preferências e situações do usuário [W3C/WAI 1997], diminuindo barreiras que impedem as pessoas de acessarem o conteúdo Web, além de adequar o website às leis e regulamentações de acessibilidade Web e aumentar a sua audiência [Paddison e Englefield 2003]. Logo, é necessário conduzir os projetistas na implantação da acessibilidade Web no processo de desenvolvimento, impulsionando a conscientização dos desenvolvedores sobre a importância do tema.
2 Existem várias publicações de técnicas e métodos para promover a acessibilidade Web [Law et al. 2005; Levi et al. 2006; Sloan et al. 2006; Martín et al. 2007] entretanto, eles não consideram a acessibilidade em todas as atividades do processo de desenvolvimento [Freire et al. 2007], dificultando a implantação da acessibilidade Web no projeto e a continuidade da mesma. Com este intuito, o presente trabalho propõe uma coleção de atividades a serem inseridas no processo de desenvolvimento de aplicações Web para garantir a conteúdo. Pretende-se ainda, adaptar o framework Pantaneiro de forma a atender o modelo durante a instanciação de aplicações. Na seção 2 será apresentado o conceito e as regulamentações de acessibilidade Web e a problematização da acessibilidade Web no Brasil. A seção 3 abordará o desenvolvimento de aplicações Web. A seção 4 apresentará a metodologia do trabalho e as atividades para o desenvolvimento de aplicações Web acessíveis. E a seção 5 constará de trabalhos relacionados ao tema deste artigo. 2. Acessibilidade Web Acessibilidade diz respeito ao direito de acesso a algo e a eliminação de barreiras que impeçam tal acesso [W3C/WAI 1997]. Uma forma de amenizar os obstáculos de acessibilidade Web é a utilização de recomendações que direcionam a promoção da mesma. A principal delas é o WCAG (Web Content Accessibility Guidelines) [WCAG ], criado pelo W3C/WAI (World Wide Web Consortium/Web Accessibility Initiative). O WCAG ampara o desenvolvimento da acessibilidade dentro de quatro princípios: perceptividade, operabilidade, compreensibilidade e robustez. Estes agrupam recomendações que reúnem critérios de sucesso divididos em níveis, sendo o Nível A o nível mínimo de acessibilidade e AAA o nível máximo observado. Para cada critério de sucesso o WCAG 2.0 disponibiliza técnicas direcionadas para HTML (HiperText Markup Language), CSS (Cascade Style Sheets), Scripting e SMIL (Synchronized Multimedia Integration Language). Diversos países têm suas próprias leis e regulamentações de acessibilidade Web, baseadas ou não no WCAG. No Brasil foram regulamentadas, em dezembro de 2004, as Leis e , através do Decreto-Lei [Brasil 2004]. E em janeiro de 2005 foi criado o e-mag (Modelo de Acessibilidade do Governo Eletrônico) [e-mag 2005] para padronizar a s websites e portais do governo eletrônico. Ele é baseado nos princípios, diretrizes, recomendações e níveis de prioridade do WCAG 1.0. Porém, mesmo com estas iniciativas, a acessibilidade é muito pouco observada em projetos de aplicações Web no Brasil, alguns fatores são: falta de conhecimento sobre como as pessoas com deficiência utilizam a Internet; falta de conhecimento das recomendações e do Decreto-Lei acima citados e falta de treinamento sobre acessibilidade Web [Freire et al. 2007]. Sendo assim, é necessário sensibilizar e informar os desenvolvedores e projetistas sobre o assunto e oferecer suporte aos mesmos para que eles possam promover a acessibilidade Web [Paiva et al. 2009].
3 3. Desenvolvimento de Aplicações Web As páginas Web combinam uma variedade de mídia, tais como textos, sons, vídeos e imagens que permitem diferentes representações de concepções e possibilidades de visualizar a informação. Sobretudo, elas exigem interações e operações com o usuário e possuem complexidade semelhante a aplicações não baseadas na Web. Logo, tornam-se necessários projetos Web com processos bem definidos. A definição do modelo de processo empregado é importante para o gerenciamento das atividades que envolvem a engenharia Web. Através dele é possível visualizar os estágios do desenvolvimento e como estes são integrados no processo de desenvolvimento geral. Ele não descreve técnicas específicas usadas para realizar as atividades, mas fornece um framework onde é possível entender e planejar o processo de desenvolvimento. Os processos, por vez, determinam atividades interrelacionadas que transformam entradas em saídas através de tarefas específicas [IEEE/EIA ]. A Norma ISO/IEC [IEEE/EIA ] oferece um padrão de desenvolvimento de que contém um conjunto de processos separados em fundamentais, de apoio e organizacionais. Cada um deles é dividido em atividades e cada atividade subdivide-se em tarefas. A definição clara destas atividades e tarefas é importante para direcionar o desenvolvimento de forma que os membros da equipe sejam conduzidos à criação de aplicações que atendam as necessidades de quem as adquire. 4. Metodologia e Estado Atual do Trabalho As atividades a serem acrescentadas no processo de desenvolvimento de aplicações Web de forma a garantir a acessibilidade foram baseadas nas atividades do Processo de Desenvolvimento da Norma ISO/IEC 12207, nas diretrizes do WCAG Nível A, outros documentos do W3C/WAI e publicações científicas. A Tabela 1 mostra as 13 atividades do Processo de Desenvolvimento da ISO/IEC 12207, as respectivas atividades para promoção da acessibilidade Web e resumidamente suas tarefas. Tabela 1. Atividades da ISO/IEC 12207, atividades de acessibilidade relacionadas e suas tarefas ISO/IEC Implementação do processo Análise de requisitos do Atividades de acessibilidade Implementação da acessibilidade no processo Análise dos requisitos de com Tarefas Planejar a implantação da acessibilidade Web na organização; adaptar as atividades de acessibilidade propostas em um modelo de ciclo de vida de e; selecionar padrões, métodos, ferramentas e linguagens de programação que apóiam a acessibilidade. Especificar os requisitos de (12 recomendações de WCAG 2.0) e; avaliar requisitos de. Definir arquitetura de ; avaliar os componentes de.
4 Análise de requisitos do detalhado do Codificação e teste do Integração do Teste de qualidade do Integração do Teste de qualidade do Instalação do Suporte do componentes de acessibilidade Análise dos requisitos de com componentes de acessibilidade acessível do Codificação assegurando a acessibilidade e teste de Integração dos itens de acessíveis Teste de Integração do acessível Teste de Instalação do acessível Suporte e manutenção da Estabelecer e documentar os requisitos de acessibilidade do (Critérios de Sucesso de Nível A do WCAG 2.0); avaliar os requisitos de. Descrever a estrutura e identificar os componentes de ; desenvolver interfaces externas acessíveis; definir requisitos de teste de acessibilidade e a integração do e; avaliar a s componentes de. Desenvolver design acessível e detalhado para cada componente do item de ; desenvolver design acessível e detalhado para as interfaces externas do item de ; definir requisitos de teste de acessibilidade e planejar testes de acessibilidade para as unidades de ; atualizar requisitos de teste de acessibilidade e cronograma para integração do e; avaliar a design detalhado e os requisitos de teste de. Desenvolver e documentar cada unidade de acessível com base nas técnicas suficientes do WCAG Nível A; desenvolver e documentar procedimentos de teste de acessibilidade e dados para teste de acessibilidade de cada unidade de ; testar acessibilidade de cada unidade de ; atualizar requisitos de teste e cronograma para integração do e; avaliar o código quanto à promoção da acessibilidade e testar os resultados. Desenvolver plano de integração mantendo a s itens de ; integrar as unidades de ; planejar teste de acessibilidade para o integrado e; avaliar o plano de integração do. Conduzir o teste de acessibilidade Web do e; avaliar os resultados do teste. Integrar os itens de configuração do acessível; planejar teste de e; avaliar integrado. Conduzir teste de acessibilidade Web do ; avaliar a cobertura do teste de e os resultados; atualizar e preparar a entrega do acessível. Desenvolver plano de instalação do mantendo a acessibilidade; instalar o acessível. Realizar revisão da ; entregar o produto de acessível e; oferecer suporte de
5 acessibilidade acessibilidade Web ao cliente. A etapa que sucede a definição das atividades é a adequação do framework Pantaneiro [Sandim, 2009] para o apoio ferramental de algumas das atividades. O Pantaneiro foi desenvolvido no LEDES/UFMS (Laboratório de Engenharia de Software da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) com o objetivo de facilitar e agilizar o desenvolvimento de portais corporativos em uma plataforma e-gov. Sua arquitetura é composta pelos ambientes de Autoria, de Projeto Navegacional e de Publicação, fornecendo suporte às fases de modelagem conceitual, modelagem navegacional, modelagem da interface e publicação/teste. Para validar, avaliar e verificar a praticidade e eficiência das atividades de acessibilidade Web no processo de desenvolvimento e do Pantaneiro após os incrementos de acessibilidade, um projeto de portal e-gov será desenvolvido. As atividades propostas conduzem avaliações de acessibilidade, e ao final espera-se a certificação do portal pelo WCAG 2.0 Nível A. 5. Trabalhos relacionados Existem na literatura várias publicações referentes à promoção da acessibilidade em projetos Web, porém poucos deles tratam claramente de atividades que cobrem o processo de desenvolvimento que conduz a acessibilidade Web. Os estudos realizados por Freire mostram um levantamento de técnicas de desenvolvimento de aplicações Web acessíveis com base nas atividades do processo de desenvolvimento da Norma ISO/IEC [Freire et al. 2007]. Foi constatado que a maioria das publicações sobre acessibilidade Web trata da avaliação de acessibilidade, seguido por projeto de interfaces acessíveis. As fases de integração e instalação do não têm publicações específicas de acessibilidade Web. O Modelo de Processo para Inclusivo de Sistemas de Informação na Web proposto por Melo [Melo e Baranauskas 2006] é o que mais se aproxima da proposta deste trabalho, porém, baseia-se no modelo de processo da OMG (Object Managment Group) e não nos processos da ISO/IEC O modelo é composto de disciplinas, sendo elas: clarificação do problema, requisitos de s de informação, design da interface do usuário, design do de, implementação, verificação e validação, avaliação de interface do usuário, implantação e gerência de projeto. Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq (proc /2007-4) e (proc /2007-7) e à Fundect (proc. 23/ /2008) pelo apoio financeiro. 6. Referências Brasil (2004) Decreto-lei 5296, de 2 de dezembro de 2004, Regulamenta as Leis n s , de 8 de novembro de 2000, e , de 19 de dezembro de 2000, Publicado no D.O.U, nº 232, 03 de dezembro de e-mag (2005) Recomendações de Acessibilidade para a Construção e Adaptação de Conteúdos do Governo Brasileiro na Internet, Doc. de Ref., Versão 2.0., 13 p.
6 Freire, A. P., Goularte, R., Fortes, R. P. M. (2007) Techniques for Developing More Accessible Web Applications: a Survey Towards a Process Classification, 25 th Annual ACM International Conference on of Communication (SIGDOC 07), October 22-24, El Paso, Texas, USA, p IEEE/EIA (1998) Industry Implementation of International Standard ISO/IEC 12207: (ISO/IEC 12207) Standard for Information Technology Software life cycle processes. The Institute of Electrical and Electronics Engineers, Inc, New York, NY, USA. Law, C., Jacko, J., Edwards, P. (2005) Programmer-Focused Website Accessibility Evaluations, ACM SIGACCESS Conference on Assistive Technologies, Proceedings of the 7th International ACM SIGACCESS Conference on Computers and Accessibility, SESSION: Evaluating Accessibility, Baltimore, MD, USA. p Levi, F., Melo, P., Lucena, U. (2006) Accessibility Implementation Planning for Large Governmental Websites: a Case Study, Proceedings of the Fourth Latin American Web Congress (LA-WEB'06), Mexico City, p Martín, A., Cechich, A., Gordillo, S., Rossi, G. A (2007) Three-Layered Approach to Model Web Accessibility for Blind Users, Fifth Latin American Web Congress (LA-Web 2007), Santiago de Chile, p Melo, A. M., Baranauskas, M.C.C. (2006) para a Inclusão: Desafios e Proposta, IHC 2006 VII Simpósio Sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais, Novembro, 2006, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, p Paddison, C., Englefield, P. (2003) Applying Heuristics to Perform a Rigorous Accessibility Inspection in a Commercial Context, ACM Conference on Universal Usability, Proceedings of the 2003 Conference on Universal Usability 2003, Vancouver, British Columbia, Canada, p Paiva, D. M. B., Maia, L. S., Fortes, R. P. M., Turine, M. A. S., Freire, A. P (2009) Implantação de Acessibilidade em Organizações de Software, minicurso a ser apresentado no V Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação, Brasília, DF. Sandim, H. C. (2009) Pantaneiro: Framework de Aplicações Web para Plataformas E- Gov, Qualificação de Mestrado em Ciência da Computação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, abril de 2009, 101p. Sloan, D., Heath, A., Fraser, H., Kelly, B., Petrie, H., Phipps, L., (2006) Contextual Web Accessibility Maximizing the benefit of Accessibility Guidelines, ACM, W4A at WWW2006, Edinburgh, UK, p W3C/WAI (1997) Introduction to Web Accessibility, Abril. WCAG 2.0 (2008) Introduction to Understanding WCAG 2.0, Abril.
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