A missão da família é viver e testemunhar ao mundo o Amor como resultado prático e imitação do amor de Deus por nós.

Transcrição

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2 Este foi o tema do VIII Encontro Mundial do Papa com a Família, que aconteceu neste ano de 2015, entre os dias 22 e 27 de setembro, na Filadélfia, EUA. A missão da família é viver e testemunhar ao mundo o Amor como resultado prático e imitação do amor de Deus por nós. 2

3 O princípio Desde que começamos nossa caminhada com famílias, temos percebido que a realidade da vontade de Deus para nossa vida tem sido distorcida frente a tantas coisas oferecidas pela sociedade. O que é importante para uma pessoa? O que é importante para um homem e para uma mulher? Na vida, o que tem maior valor para cada um de nós? 3

4 Se uma pessoa não é chamada a viver uma missão específica - a vocação sacerdotal, religiosa ou celibatária leiga - ela é chamada a viver sua missão como casal. A vocação matrimonial, o chamado ao Matrimônio, mais que um simples casamento é um celebrar de vida, um sentido de ser para um homem e uma mulher. Sem esse sentido de vida, do encontro do casal, tudo perde o valor e o significado. O encontro por amor, que é vivido em uma dimensão de conjugar, embora seja o mesmo amor das demais dimensões paternal e maternal, filial, fraternal tem uma força construtiva imensa. 4

5 Quando se junta um homem e uma mulher nesse amor, a capacidade de construir é imensa, quando eles se dão conta de sua missão de amor. O poder que duas pessoas têm de transformar a sociedade à sua volta e, por consequência, o mundo, é inigualável. E é por isso que os sistemas políticos (ou politiqueiros) e econômicos deste mundo fazem de tudo para distrair os casais e tirar deles o foco desse objetivo que é bastante antigo: formar família. 5

6 A antropologia mostra claramente que os primeiros grupos humanos buscavam na união do homem e da mulher a construção da família. Quanto mais numerosa, mais forte e resistente aos perigos da vida. Portanto, em síntese, a vida pessoal aponta para o encontro. E o encontro tem por objetivo o viver e a sobrevivência. E esse é o objetivo principal da vida de qualquer pessoa, homem ou mulher: viver e sobreviver. E ainda hoje é assim. 6

7 O belo na Palavra de Deus é que tendo sido escrita antes do advento de qualquer ciência, tinha a sapiência inspirada por Deus. O que é que vemos no Gn 1,28a E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a! Hoje sabemos que ser fecundo não significa apenas gerar vida, mas dar a vida, oferecer a própria vida pela vida de outrem. E multiplicar não é somente colocar filhos no mundo, mas multiplicar a bênção de Deus tudo aquilo que Ele nos oferece por toda a família e por ela, família, para todo o mundo. Ao contrário do que hoje é dito e ensinado pela sociedade e pelo poder econômico, o destino final de uma pessoa não é obter sucesso, conquistar poder ou mesmo alcançar a fama. O fim, a finalidade da vida de cada homem e de cada mulher que são chamados ao Matrimônio é construir uma família. E nessa família viver os valores humanos e testemunhar o cristianismo. Nós, homens e mulheres, não somos um mero acaso evolutivo ou apenas o resultado de um somatório biológico que chegou ao topo da cadeia evolutiva. Deus existe! Deus é bom! E a ciência hoje nos mostra isso. (cf. Catequese 1 preparatório do VIII EMF 2015) 7

8 Mas os meios sucesso profissional, conquista do poder, do conforto, o atingimento dos objetivos pessoais, o alto nível educacional, o bom emprego, a casa própria, o carro, as viagens, etc. ocuparam o lugar do que de fato é importante. Atualmente é bastante difícil nos convencermos e dizermos aos nossos filhos e filhas que a verdadeira conquista é alcançar a plenitude de ser quem devemos ser e não o que o mundo nos leva a ser. É difícil convencer de que viver o que acreditamos, seguir o caminho da fé e viver plenamente, sem medos e na medida da honestidade, da honra e da justiça, com relacionamentos fraternos e solidários, e praticando a caridade é a missão de cada pessoa e também de um casal cristão. Essa é a finalidade da vida. O fim ao qual Deus nos criou. 8

9 Não fomos nós, André e Ritinha, que inventamos isso. Na verdade esse sentido da missão se expressa em todos os documentos da Igreja desde o Concílio Vaticano II, quando na Gaudium et Spes o Matrimônio e a família foram considerados uma urgência... 9

10 Deus, que criou o homem por amor, também o chamou para o amor, vocação fundamental e inata de todo ser humano. Pois o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, que é Amor. (CIC, nº 1604) 10

11 E ainda hoje, o Matrimônio e a família são uma urgência para a Igreja. E, temos que dizer em alto e bom som, que o Matrimônio e a família são uma urgência para o mundo de hoje. 11

12 Para salvar o mundo das trevas do egoísmo, do individualismo, do relativismo dos valores fundamentais e da praga dos relacionamentos superficiais que desprezam homens e mulheres como seres plenos. Somente a família com Deus tem a possibilidade de reverter o processo destrutivo que se está instalando em nossa sociedade e que quer transformar as pessoas em serem sem vontade, sem caráter e sem identidade. Somente o fortalecimento do casal e da família no Amor, imitação do Amor de Deus, poderá salvar o mundo e preservar a existência conforme a vontade de Deus. Somente a família resgatada e liberta do mal que a ronda, e que por vezes está conseguindo entrar em seus lares, poderá ser o início do Reino aqui na terra. 12

13 É preciso nos convencermos de que os títulos nada são. Não é preciso ter formação do jeito que a sociedade exige, mas é preciso conhecer a realidade da vida, refletir sobre cada coisa que nos acontece em nossos dias e buscar a sapiência, a verdadeira sabedoria que emana de Deus e se aprende ao longo de uma vida coerente com os valores humanos e cristãos. Por isso, algumas atitudes deveriam ser tomadas desde já pelas famílias cristãs: 1- Refletir e rever sua escala de valores: o que realmente importa para nós como pessoas, como casais e como famílias? Não é somente conquistar, atingir, alcançar objetivos e metas. Os maiores valores são intangíveis, não podem ser tocados, mas podem ser percebidos. A esperança de dias melhores apesar de tantos fracassos e maldades que existem no mundo; a confiança na providência divina, que não é um ato involuntário ou instintivo, mas uma atitude racional e bem pensada pois quando nos falta a força e a inteligência, Deus continua agindo; a honestidade ensinada nas pequenas coisas do dia a dia; o respeito pelas diferenças sem discriminações, sem preconceitos, sem julgamentos indevidos; a fraternidade vivida nos relacionamentos cotidianos; a caridade de dar não somente do que sobra, mas do que pode nos fazer falta. E tantas outras coisas. 13

14 2- Fazer de cada lar o lugar onde se educa para o amor, no testemunho de amar: pais e mães, antes de tudo devem se firmar como esposo e esposa. Somente esposos que se amam com profundo e doado amor têm condições de transmitir o amor a seus filhos. O casal cristão educa para o amor com a oração e com o beijo esponsal o beijo entre os esposos sinal visível do sentimento e da aliança que existe entre eles. As mãos dadas e o abraço afetuoso completam esse ensinamento. O perdão oferecido e aceito. Tudo sempre movido pela compaixão e pela misericórdia. É dessa forma que o casal cumpre duas de suas obrigações educativas para com os filhos educar para o amor e educar para o relacionamento. 14

15 3- O casal precisa SER mais que TER. Em um mundo onde tudo se confunde, onde busca-se conquistar coisas, que a cada dia são mais provisórias e passageiras, cada um precisa firmar-se e saber quem é e qual seu papel no mundo. O casal não pode mais tratar um ao outro como coisa que pode ser descartadas e trocada caso não esteja funcionando dentro do relacionamento. Em Mt 19,8 e em Mc 10,5 o próprio Senhor Jesus falou sobre a dureza do coração que faz com que seja possível despedir um ou outro e divorciar-se, terminando com um projeto de amor e de vida inspirado por Deus. Há casais que não deveriam ter existido e casamentos que, igualmente, nunca deveriam ter existido como cita pe. Jesus Hortal, canonista, que escreveu um livro sobre este tema. Então, concluímos que o casal dever aprender a SER verdadeiramente casal ainda antes de seu casamento. E isso nos leva ao nosso quarto ponto... 15

16 4- Educar os filhos a SERem pessoas plenas e a colocar o Matrimônio como objetivo de vida: Muitas famílias não criam seus filhos para saberem quem são, o que querem, como querem... Atualmente também as famílias apenas motivam seus filhos para conquistar os meios e esquecem-se de estimulá-los a usar o que conquistam na vida para atingir o verdadeiro objetivo de todos os que são chamados ao matrimônio ser uma só carne com outra pessoa. Senão o que acontece é somente conquistas sobre conquistas que nunca se plenificam, porque sempre faltará a finalidade. 16

17 5- O problema é que hoje nem se confia na Providência e nem se descruza os braços para fazer algo. Um dos grandes problemas atuais é que as pessoas, os casais e as famílias acham que o problema das outras famílias, casais e pessoas não são delas. E é verdade. Mas se não nos dispusermos a ajudar, a fazer algo por essas pessoas, o problemas delas poderá chegar às nossas casas e então, o problema também será nosso. Da falta de fé às crises conjugais; da falta de afeto à violência familiar, tudo é problema nosso. E para que possamos nos colocar à disposição, é preciso ouvir o chamado de Deus, colocar-mo-nos à disposição dele e confiarmos em sua Providência que não nos faltará. E de resto, é nosso trabalho. 17

18 5- que a família seja sempre valorizada: sem pessimismos, sem rodeios, sem relativismos. Não podemos ser ativistas da família. Precisamos ser ativos em favor da família. São coisas diferentes. O ativista é chato. O ativo é proativo e positivo. O ativista chama a atenção para si. O ativo em favor da família coloca Deus à frente e a família como um dom precioso d Ele. O ativista luta pelas suas ideologias. O ativo em favor da família luta por dias melhores para seus filhos, netos e bisnetos. Falemos sempre bem da família que carrega consigo a vontade de fazer o bem. Rezemos sempre pela família, tanto a nossa como as que estão próximas ou distantes de nós. Sejamos sempre positivos em relação à família e mantenhamos a esperança sempre viva de dias melhores. Porque somente assim é possível assumir esse trabalho diante das dificuldades que ele apresenta. E que pelo nosso testemunho de valorização da família, as pessoas que ainda não aderiram à essa causa de Deus, a família, possam sentir-se motivados a seguir conosco na mesma direção. 18

19 Porque, de verdade, a nossa missão, primeiro como casais unidos em Cristo e, depois, como agentes de pastoral, membros de movimentos familiares, e pessoas preocupadas com a família, é lutar para que cada casa seja verdadeiramente uma Igreja Doméstica. Lembrando que uma Igreja Doméstica não significa ter um lar perfeito, mas uma casa onde se busca a Deus e a paz. Isso me lembra um pequeno versículo de Jo 2, no episódio das Bodas de Caná: Sua mãe disse aos que estavam servindo: fazei tudo que Ele vos disser (Jo 2,5) e ao final do trabalho, lemos O encarregado da festa provou da água mudada em vinho, sem saber de onde viesse, embora os serventes que tiraram a água o soubessem. (Jo 2,9ab). Nossa missão é essa: levar a água e o Senhor Bom Pastor Jesus Cristo fará a transformação. Mas se não tivermos os empregados para levar a água, então... 19

20 As casas serão mais cheias de paz, alegria, esperança e fé. Viverão no amor! Os casais serão mais conscientes da aliança matrimonial. E serão mais responsáveis pela vida que gerarem ou que receberem da fertilidade do coração adotados e acolhidos como se fossem do próprio sangue. Porque serão capazes de amar como Deus ama. Ser família plenamente viva é... Santo Irineu, Padre da Igreja, proclamou a famosa máxima: a glória de Deus é o homem plenamente vivo. De modo similar, a glória dos homens e das mulheres é a sua capacidade de amar como Deus ama. A vida em família é um convite a encarnar este amor no dia a dia. 20

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