Pilotos da TAP "voam" para o Dubai à procura de carreira de sonho Empresas 12

Transcrição

1 Pilotos da TAP "voam" para o Dubai à procura de carreira de sonho Empresas 12

2 AVIAÇÃO Pilotos da TAP à procura do sonho no Dubai São cada vez mais os portugueses que rumam em direcção aos Emirados para tentar a sua sorte

3 Tiago Simões (à esquerda) candidatou-se à Emirates e agora o Dubai é a sua casa. Thierry Antonori (à direita) garantiu: "A Emirates ama Portugal e ama Lisboa".

4 ANA TORRES PEREIRA "A Emirates ama Portugal, a Emirates ama Lisboa", disse prontamente Thierry Antonori, vice-presidente de vendas mundial da Emirates, no dia do primeiro voo que une agora Lisboa ao Dubai. E o País e a sua capital também lhe retribuirão o sentimento, certamente, se trouxer turistas. O sonho de descobrir o Dubai está agora mais próximo, mas ainda só para algumas carteiras. Numa terra muito distante, onde o sol brilha mais quente e a história se ergue da areia do deserto, está uma cidade de sonho. No Dubai tudo pode acontecer e são cada vez mais os portugueses que rumam em direcção aos Emirados Árabes Unidos para tentar a sua sorte. O crescimento económico e as oportunidades profissionais têm aliciado a emigrar. Mas, para os que vêm de lá, Lisboa também pode ser um mistério. E os primeiros já chegaram. No passado dia 9 de Julho, o Boeing aterrou na Portela já passava das duas da tarde. O primeiro voo directo entre o Dubai e Lisboa trouxe convidados e turistas, todos mostravam alguma curiosidade pelo aparato montado no aeroporto da Portela para a recepção da entrada oficial da Emirates em terras lusas. Entre o piloto, co-piloto e pessoal de cabine também encontrámos portugueses. Tiago Simões veste as cores da Emirates há pouco mais de um ano confessou ao Negócios que o desafio profissional, aliado a uma boa proposta financeira, foram ingredientes suficientes para ir de malas e bagagens para o Dubai. Formou-se nos EUA e o serviço militar obrigou-o a regressar a Portugal. Foi no seu País que começou a ganhar horas de voo. Passou pela "defunta Air Luxor", como lhe chama, seguindo-se a SATÃ e por fim a TAP. "Na altura foi complicado, não é uma indústria fácil e sem experiência é difícil entrar, por isso fiz o curso de instrutor de voo para ter mais horas acumuladas", contou Tiago Simões. O comandante português da Emirates recordou ainda que o 11 de Setembro, em 2001, ainda veio complicar mais as coisas. Hádois anos quando surgiuahipótese de se candidatar à Emirates, as razões paraaceitar odesafio eram inúmeras. "0 desafio profissional era interessantíssimo, voar com uma companhia que voa para o mundo inteiro, com 180 aviões, com plano de crescimento enorme. E trabalhamos com mais de 100 nacionalidades no cockpit e na cabina". E os aliciantes não ficavam por aqui: "desde habitação, à educação, um pacote de salário livre de impostos, com complemento de reforma, uma progressão de carreira relativamente rápida, tudo é atractivo". Tiago Simões apenas precisava da "luz verde" damulher. "Sou casado e tenho uma filhota de três anos. Adecisãofinalfoidaminhamulher. Eu já tinha ido ao Dubai e a minha mulher não, quando eu fui fazer o 'assessemenf e a entrevista para a Emirates a minha mulher acompanhou-me e a decisão foi dela, porque a minha já estava feita". Em Janeiro de 2011 ingressou na Emirates. O comandante de 34 anos admite que o acesso à Emirates "foi difícil, a taxa de sucesso é entre 15 e 20%". Durante quatro dias, os candidatos passam desde provas de simulador, a entrevistas e provas psicotécnicas, o escrutínio é "duro".

5 E mais de um ano depois de ter saído da TAP, Tiago Simões afiança que as questões internas na companhia aérea nacional não pesaram na sua decisão. "Foi uma decisão pessoal e profissional. Porque os benefícios que dá a todos os níveis foi o que pesou", acrescentou. Recordese que um dos "road shows" que a Emirates fez em Lisboa, no ano passado, foi em plena greve dos pilotos da TAP. 'Tenho bastantes amigos na TAP", afirmou Tiago Simões, sem querer comentar o ambiente interno que se vive na companhia aérea nacional, que conduziu há pouco tempo a um pré-aviso de greve que acabou por ser cancelado. "Não sei se é uma crise da classe [pilotos], é uma crise do país e poucos sectores não são afectados. Eu olho para o País com preocupação e para a minha área, paraos meus colegas... deixei colegas e bons amigos na TAP e preocupa-me obviamente, com a privatização e todas as questões envolvidas". Já quanto ao regresso, o comandante da Emirates confirmou que "não está previsto a curto, médio prazo. A longo prazo não sei". Desde habitação, à educação, um pacote de salário livre de impostos, com complemento de reforma, uma progressão de carreira relativamente rápida, tudo é atractivo [naemiratesl. TIAGO Comandante SIMÕES na Emirates